Argumento: Lawrence Kasdan, J. J. Abrams, Michael Arndt
Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Harrison Ford, Adam Driver, Oscar Isaac, Carrie Fisher, Domnhall Gleeson, Peter Mayhew, Lupita Nyong'o, Andy Serkis, Mark Hamill
Classificação IMDb: 8.1 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 92%
Classificação Barba Por Fazer: 78
Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Harrison Ford, Adam Driver, Oscar Isaac, Carrie Fisher, Domnhall Gleeson, Peter Mayhew, Lupita Nyong'o, Andy Serkis, Mark Hamill
Classificação IMDb: 8.1 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 92%
Classificação Barba Por Fazer: 78
Regra geral, como poderão ter visto ao longo dos últimos anos, criticamos e escrevemos sobre Filmes não para bater neles ou assumindo uma posição superior, mas sim por um conjunto de razões mais saudáveis: referimos um filme quando merece ter público mas corre o risco de passar ao lado, analisamos os blockbusters, e passamos a pente fino quem está e/ou devia estar na corrida aos Óscares. Tudo isto com uma onda positiva, mas racional. Racionalidade essa que, na Crítica a este 'Star Wars VII', não existe (excepcionalmente), dilacerada a partir do momento em que no ecrã surgiu A long time ago in a galaxy far, far away... a anteceder a entrada do logo e da banda sonora de John Williams.
Nostálgico. Como entrar numa máquina do tempo.
Começando pelo fim, há quatro bons sintomas que nos assaltam quando este sétimo
episódio termina: embora tenha 2 horas e 16 minutos, parece pouco, porque
facilmente ali ficávamos mais tempo; J. J. Abrams conseguiu a proeza de
recuperar a alma da trilogia original de 77, 80 e 83; 'The Force Awakens' deixa habilmente inúmeras perguntas por responder, enquanto trabalha em sintonia o saudosismo
das personagens antigas com um conjunto de novas personagens bem apresentadas e
com muito para dar; e no dia seguinte, o desejo é poder ver logo o episódio
VIII, ou pelo menos rever este.
O Despertar da Força, em muito
semelhante a 'Star Wars: A New Hope', o primeiro contacto de sempre da saga
mítica com os fãs, passa-se trinta anos depois do final do sexto episódio. Se
já viram o filme podem continuar a ler, senão passem para o parágrafo seguinte.
Logo na contextualização, como sempre apresentada naquele texto rolante,
ficamos a saber que Luke Skywalker está desaparecido, mas que a sua irmã e
líder da Resistência, General Leia Organa tudo está a fazer para ter um mapa
com o seu paradeiro. Se de um lado está a Resistência e a República, do outro
está a Primeira Ordem (o novo Império), igualmente focada em encontrar Luke. O
enredo e a vida dos novos protagonistas ganha sentido quando Leia envia o "melhor
piloto da galáxia" Poe Dameron (Oscar Isaac) em busca do mapa, tendo este
que o esconder no seu fiel amigo BB-8 (um robôzinho, instantaneamente magnético para os
espectadores de todas as faixas etárias). O pequeno BB-8 intromete-se no
caminho de uma "sucateira" independente e solitária chamada Rey (Daisy
Ridley), que vive no planeta Jakku (uma espécie de Tatooine) e cujo destino se
cruza com um stormtropper desertor
designado FN-2187 e a seu tempo renomeado Finn (John Boyega).
A
fórmula deste 'Star Wars VII' não tem segredos, mas toca eficazmente no coração
dos fãs. É muito superior ao nível dos episódios I, II e III (principalmente
aos dois primeiros), supera expectativas, justifica a sua existência -
recuperar algo bem fechado era um risco valente -, e representa uma passagem de
testemunho perfeita. E esse mérito tem-no J. J. Abrams, que inteligentemente
recrutou Lawrence Kasdan e Michael Arndt, para juntos criarem uma história
capaz de nos apresentar novas personagens sólidas e com potencial, com as quais
nos preocupamos e das quais queremos saber mais.
Há
falhas, seja um plot point demasiado
conveniente/ preguiçoso envolvendo o lendário R2-D2, ou um Líder Snoke (Andy
Serkis) para já fraquinho em termos de CGI, embora seja uma personagem com muito de oculto e por explicar. Mas, de uma forma geral, deu-se
efectivamente um Despertar do maior dos franchises, num ano em que outras coisas que também pareciam enterradas como 'Mad Max' e 'Rocky' (este fazendo 'Creed' calçar as luvas) ganharam vida, mostrando ter muito para dar.
No conjunto de personagens clássicas, pode-se dizer que este é muito mais um filme de Han Solo do que dos irmãos Luke e Leia. E nas
novidades, BB-8, a pequena bola de futebol que afinal é um robô, é amor à
primeira vista; Maz Kanata (Lupita Nyong'o) carrega uma sapiência com trejeitos
de Yoda; o General Hux (Domnhall Gleeson) tem um discurso visceral, qual Hitler
em Nuremberga, e parece disputar com Kylo Ren as atenções do Líder Snoke; e a
Capitã Phasma (Gwendoline Christie) foi até ver quase irrelevante.
O
que nos traz ao quarteto interpretado por Daisy Ridley, John Boyega, Oscar
Isaac e Adam Driver. Rey (Skywalker?) tem qualidade para ser o rosto da nova
trilogia, passando num ápice de desconhecida a alguém com muito de Luke e
Anakin. Já o Finn de Boyega, embora no arranque pareça forçar as piadas, isto
para além de ser basicamente um stormtrooper que
de repente tem um ataque de bom senso, tem muito para crescer e interage bem
com Rey. Já Poe - Oscar Isaac é um dos actores da moda - não é tão explorado
ainda mas tem aquele carisma à Han Solo. Kylo Ren (Adam Driver) é...
inesperado. É uma surpresa por ser um vilão muito longe do poder e,
principalmente, da maturidade de Darth Vader e Darth Sidious, ou até mesmo
Darth Maul, o que o torna "gozável". Mas esta fórmula villain in the making pode
ser bastante interessante, dando a Kylo Ren muito mais para evoluir a partir do
epicentro de revolta, frustração e descontrolo actual. O seu passado pouco explicado com Luke, e o seu futuro treinado pelo Líder Snoke, deixam antever um episódio VIII de amadurecimento paralelo tanto para Kylo Ren como para Rey.
Resta-nos esperar que chegue o episódio VIII, em meados de 2017, com Rian
Johnson como realizador e (pelo menos) Benicio del Toro a juntar-se ao elenco. Até lá
há a spin-off 'Rogue
One: A Star Wars Story' com Felicity Jones, Diego Luna, Riz Ahmed, Mads
Mikkelsen, Forest Whitaker e Ben Mendelsohn.
Para já, este episódio VII respeita e honra o passado, e aponta ao
futuro numa simbiose mágica entre a mística e o moderno. A Força acordou, e há
uma nova esperança, que promete marcar os próximos anos do Cinema.