Realizador: Lenny Abrahamson
Argumento: Emma Donoghue
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, Sean Bridgers, Tom McCamus, William H. Macy
Classificação IMDb: 8.2 | Metascore: 86 | RottenTomatoes: 94%
Classificação Barba Por Fazer: 81
É provável que 'Room' tenha o óscar de Melhor Actriz (Brie Larson) de 2016, mas mais provável ainda é o seu estatuto enquanto filme que puxa pela lágrima e mexe sem pedir licença com as nossas emoções. Trata-se, acima de tudo, de um poema sobre a relação e os laços que unem mãe e filho.
O simpático irlandês de 49 anos, Lenny Abrahamson, realizou 'Frank' em 2014, um indie que passou despercebido a muita gente mas que, no meio da sua bizarria, teve o condão de nos devastar emocionalmente quando o carismático Michael Fassbender - que passa 98% do tempo a usar uma grande cabeça postiça de papel machê - canta, vulnerável, uma "I Love You All". Um ano depois, numa produção canadiana e irlandesa, está na rota dos óscares num mérito conjunto - Emma Donoghue adaptou o seu próprio livro para Argumento, Brie Larson - que já deixara muito boas indicações em 'Short Term 12' - segura o filme numa demonstração da força maternal, e o pequeno Jacob Tremblay (9 anos de idade) faz-nos perguntar "onde é que eles foram arranjar este miúdo?" tal é o talento precoce e a rara capacidade de influenciar dramaticamente o espectador, num ano particularmente forte em actores muito jovens (Abraham Attah, em 'Beasts of No Nation', está igualmente incrível). Coube a Lenny Abrahamson conduzir uma orquestra com uma premissa forte, e assente na relação Larson-Tremblay.
'Room' oferece-nos a história de uma mãe e um filho, presos num cubículo ou barracão, confinados a um simples quarto por um homem que raptara Joy "Ma" Newsome (Brie Larson) quando esta tinha 17 anos. Jack (Jacob Tremblay), com 5 anos, é resultado do abuso do raptor, e cresce convencido de que a realidade e o mundo se resume apenas àquele espaço e que não há nada para lá das quatro paredes, a não ser uma outra realidade que passa apenas na televisão.
É impossível ficar indiferente a este Quarto, especialmente por nos fazer adoptar - tal como o livro faz - a visão do mundo e perspectiva inocente dos acontecimentos de uma criança de 5 anos. O livro, publicado em 2010 e inspirado em parte pelo caso Fritzl na Áustria, é transposto na escrita para ecrã numa divisão não-literal em dois: o interior e o exterior, chamemos-lhes assim. Nessa dicotomia, e enquanto Jacob se mantém como um miúdo a percepcionar tudo e a quebrar barreiras, Ma é simultaneamente explorada como uma força da natureza capaz de tudo para manter o filho são e salvo, e depois uma mulher em colapso, cujo instinto maternal é posto em causa e confundido com egoísmo. Porque a Sociedade opina, mas só uma mãe sente o que é ver o filho crescer, e tê-lo ali ao lado, seguro.
Nos desempenhos secundários a mais-valia é Joan Allen, até porque o contributo de William H. Macy é bastante curto, mas num filme como este o coração em termos de interpretação é o mesmo da história: a química entre Ma e Jack. Quando se vê um actor com 9 anos ter um desempenho destes há três conclusões - tem um potencial gigante, foi bem orientado em termos de realização e, sobretudo, foi bem guiado pela sua "mãe", Brie Larson (nome artístico para Brianne Desaulniers). A entrega de Larson a este filme passa primeiro por ter conseguido criar uma relação incrivelmente genuína com Jacob Tremblay, que nos faz acreditar em todas as cenas, em todos os momentos, garantindo - à imagem das personagens - o bem-estar e à vontade do seu co-protagonista, trabalhando depois sobre isso.
Com isto, Brie Larson deve estar pelo menos a caminho da sua primeira nomeação da Academia, embora seja legítimo acreditar que pode suceder a Julianne Moore como Melhor Actriz. Já Jacob Tremblay enfrenta um mar de concorrentes numa categoria (Melhor Actor Secundário) mais lotada do que nunca, embora até pudesse ser considerado Actor principal. Já nomeado para 3 Golden Globes (Melhor Actriz, Melhor Filme Dramático e Melhor Argumento) poderá variar o seu número de nomeações da Academia consoante o amor que esta tenha pelo filme, mas o instinto (palavra tão apropriada no contexto deste filme) diz-nos que Brie Larson e Emma Donoghue (argumento adaptado) estarão nomeadas, bem como o filme na categoria mais valiosa.
A simplicidade de 'Room' é a chave para ser tão profundo, tão genuíno e emocional. Aqui não há efeitos especiais, e o único ingrediente especial é o amor de uma mãe. Limita-se a um espaço pequeno, mas aspira a coisas muito grandes. Preparem-se, porque este é dos que vale realmente a pena ver!
É provável que 'Room' tenha o óscar de Melhor Actriz (Brie Larson) de 2016, mas mais provável ainda é o seu estatuto enquanto filme que puxa pela lágrima e mexe sem pedir licença com as nossas emoções. Trata-se, acima de tudo, de um poema sobre a relação e os laços que unem mãe e filho.
O simpático irlandês de 49 anos, Lenny Abrahamson, realizou 'Frank' em 2014, um indie que passou despercebido a muita gente mas que, no meio da sua bizarria, teve o condão de nos devastar emocionalmente quando o carismático Michael Fassbender - que passa 98% do tempo a usar uma grande cabeça postiça de papel machê - canta, vulnerável, uma "I Love You All". Um ano depois, numa produção canadiana e irlandesa, está na rota dos óscares num mérito conjunto - Emma Donoghue adaptou o seu próprio livro para Argumento, Brie Larson - que já deixara muito boas indicações em 'Short Term 12' - segura o filme numa demonstração da força maternal, e o pequeno Jacob Tremblay (9 anos de idade) faz-nos perguntar "onde é que eles foram arranjar este miúdo?" tal é o talento precoce e a rara capacidade de influenciar dramaticamente o espectador, num ano particularmente forte em actores muito jovens (Abraham Attah, em 'Beasts of No Nation', está igualmente incrível). Coube a Lenny Abrahamson conduzir uma orquestra com uma premissa forte, e assente na relação Larson-Tremblay.
'Room' oferece-nos a história de uma mãe e um filho, presos num cubículo ou barracão, confinados a um simples quarto por um homem que raptara Joy "Ma" Newsome (Brie Larson) quando esta tinha 17 anos. Jack (Jacob Tremblay), com 5 anos, é resultado do abuso do raptor, e cresce convencido de que a realidade e o mundo se resume apenas àquele espaço e que não há nada para lá das quatro paredes, a não ser uma outra realidade que passa apenas na televisão.
É impossível ficar indiferente a este Quarto, especialmente por nos fazer adoptar - tal como o livro faz - a visão do mundo e perspectiva inocente dos acontecimentos de uma criança de 5 anos. O livro, publicado em 2010 e inspirado em parte pelo caso Fritzl na Áustria, é transposto na escrita para ecrã numa divisão não-literal em dois: o interior e o exterior, chamemos-lhes assim. Nessa dicotomia, e enquanto Jacob se mantém como um miúdo a percepcionar tudo e a quebrar barreiras, Ma é simultaneamente explorada como uma força da natureza capaz de tudo para manter o filho são e salvo, e depois uma mulher em colapso, cujo instinto maternal é posto em causa e confundido com egoísmo. Porque a Sociedade opina, mas só uma mãe sente o que é ver o filho crescer, e tê-lo ali ao lado, seguro.
Nos desempenhos secundários a mais-valia é Joan Allen, até porque o contributo de William H. Macy é bastante curto, mas num filme como este o coração em termos de interpretação é o mesmo da história: a química entre Ma e Jack. Quando se vê um actor com 9 anos ter um desempenho destes há três conclusões - tem um potencial gigante, foi bem orientado em termos de realização e, sobretudo, foi bem guiado pela sua "mãe", Brie Larson (nome artístico para Brianne Desaulniers). A entrega de Larson a este filme passa primeiro por ter conseguido criar uma relação incrivelmente genuína com Jacob Tremblay, que nos faz acreditar em todas as cenas, em todos os momentos, garantindo - à imagem das personagens - o bem-estar e à vontade do seu co-protagonista, trabalhando depois sobre isso.
Com isto, Brie Larson deve estar pelo menos a caminho da sua primeira nomeação da Academia, embora seja legítimo acreditar que pode suceder a Julianne Moore como Melhor Actriz. Já Jacob Tremblay enfrenta um mar de concorrentes numa categoria (Melhor Actor Secundário) mais lotada do que nunca, embora até pudesse ser considerado Actor principal. Já nomeado para 3 Golden Globes (Melhor Actriz, Melhor Filme Dramático e Melhor Argumento) poderá variar o seu número de nomeações da Academia consoante o amor que esta tenha pelo filme, mas o instinto (palavra tão apropriada no contexto deste filme) diz-nos que Brie Larson e Emma Donoghue (argumento adaptado) estarão nomeadas, bem como o filme na categoria mais valiosa.
A simplicidade de 'Room' é a chave para ser tão profundo, tão genuíno e emocional. Aqui não há efeitos especiais, e o único ingrediente especial é o amor de uma mãe. Limita-se a um espaço pequeno, mas aspira a coisas muito grandes. Preparem-se, porque este é dos que vale realmente a pena ver!