A CAMINHO DOS ÓSCARES 2016
Realizador: Ridley Scott
Argumento: Drew Goddard, Andy Weir
Elenco: Matt Damon, Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Jeff Daniels, Kate Mara, Michael Peña, Kristen Wiig, Sebastian Stan, Mackenzie Davis, Sean Bean, Benedict Wong, Aksel Hennie
Classificação IMDb: 8.0 | Metascore: 80 | RottenTomatoes: 92%
Classificação Barba Por Fazer: 76
'Blade Runner', 'Gladiator', 'Alien', 'Thelma & Louise', 'Black Hawk Down'. Estes são alguns exemplos da versatilidade que Ridley Scott tem demonstrado ao longo dos anos. O realizador de 78 anos que nunca ganhou um óscar (foi nomeado para três) criou clássicos da ficção científica, imortalizou heróis nas grandes arenas de Roma, explorou a guerra, a emancipação das mulheres, o mundo da droga e muito mais. Nos últimos anos, no entanto, filmes como 'Exodus: Gods and Kings' ou 'The Counselor' pouco acrescentaram ao legado que um dia nos deixará. Destino e mérito diferente tem o seu filme deste ano. 'The Martian', ou Perdido em Marte, já está a ser capaz de fazer Scott regressar ao falatório geral - a HFPA nomeou o filme, Matt Damon e Ridley Scott para três categorias dos Globos -, e não será surpresa se conjugar o bom Box Office com umas quantias nomeações por parte da Academia em Janeiro.
Baseado num livro de Andy Weir, adaptado por Drew Goddard (argumentista de 'The Cabin in the Woods' e produtor de séries como 'Daredevil' ou 'Lost') ao ecrã, 'The Martian' é um náufrago 2.0. É, com certeza, redutor afirmar isto; porque é muito mais do que isso, mas também muito menos do que o hype inicial gerado em torno do filme.
O filme que tem Matt Damon como protagonista passa-se num futuro a 20 anos de distância. A tripulação da missão Ares III é obrigada a deixar o solo de Marte graças a uma tempestade de poeira, mas Mark Watney (Damon) é deixado para trás, julgado morto. Sozinho, Watney faz contas à vida e sabe que terá que sobreviver quatro anos até à Missão Ares IV chegar. Botânico ("o melhor do planeta", em Marte) de formação, acaba por inventar soluções para se adaptar, mantendo sempre um optimismo e um sentido de humor (excessivo?) que caracteriza o filme do princípio ao fim, e procurando comunicar com a Terra, com a NASA.
Num exercício estereotipado e imaturo, 'The Martian' seria o resultado de uma mistura de 'Cast Away' com 'Gravity' e com uns quantos episódios do MacGyver, sempre com uma banda sonora disco (ABBA, Donna Summer, Thelma Houston, Gloria Gaynor) como música diegética. Embora seja uma jornada envolvente - capaz de ligar e deixar em sintonia dois planetas -, bem realizada por Ridley Scott, para quem o espaço já não tem segredos, e com o apoio da NASA em consultadoria, 'The Martian' parece também um longo espectáculo de stand-up de Matt Damon em Marte. A recente nomeação para Melhor Filme de Comédia/ Musical nos Golden Globes fez comichão/ confusão a muitos espectadores, mas não é descabido: bom para o filme, que poderá muito bem levar o Globo para casa, pois é provável que bata 'The Big Short' e 'Joy', os maiores opositores; e compreensível na medida em que o humor está presente em doses invulgares para filmes do género "salvem-me que estou aqui sozinho". Há filmes em que a não-definição de um tom resultam bem ('The Wolf of Wall Street', por exemplo) mas neste caso torna-se estranho. É particularmente curioso e sintomático como, tendo o filme 144 minutos de duração, só bem perto do fim é que tememos pela vida de Watney. Algo explicável pelo optimismo e sentido de humor que Matt Damon transpira em praticamente todas as suas intervenções no seu diário de bordo.
Depois de 'Gravity' em 2014 e 'Interstellar' em 2015, 'The Martian' parece ser quem ocupa a vaga de filme espacial em 2016. Não é a melhor criação de ficção científica do ano ('Ex Machina' é superior, mais cativante e original), mas está bem conseguido na forma como consegue colocar a Terra e Marte em diálogo na procura de condições de sobrevivência e resgate. E aprendemos todos um bocadinho com as ideias de Mark Watney.
É pouco provável que vá reunir muitas nomeações nos nossos sempre modestos Óscares BPF, mas é quase certo que a Academia nomeará 'The Martian' no conjunto de candidatos a Melhor Filme. Matt Damon e especialmente Ridley Scott também têm fortes hipóteses de receber uma nomeação, isto sem nos prolongarmos nas categorias técnicas (Edição, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Visuais).
'Blade Runner', 'Gladiator', 'Alien', 'Thelma & Louise', 'Black Hawk Down'. Estes são alguns exemplos da versatilidade que Ridley Scott tem demonstrado ao longo dos anos. O realizador de 78 anos que nunca ganhou um óscar (foi nomeado para três) criou clássicos da ficção científica, imortalizou heróis nas grandes arenas de Roma, explorou a guerra, a emancipação das mulheres, o mundo da droga e muito mais. Nos últimos anos, no entanto, filmes como 'Exodus: Gods and Kings' ou 'The Counselor' pouco acrescentaram ao legado que um dia nos deixará. Destino e mérito diferente tem o seu filme deste ano. 'The Martian', ou Perdido em Marte, já está a ser capaz de fazer Scott regressar ao falatório geral - a HFPA nomeou o filme, Matt Damon e Ridley Scott para três categorias dos Globos -, e não será surpresa se conjugar o bom Box Office com umas quantias nomeações por parte da Academia em Janeiro.
Baseado num livro de Andy Weir, adaptado por Drew Goddard (argumentista de 'The Cabin in the Woods' e produtor de séries como 'Daredevil' ou 'Lost') ao ecrã, 'The Martian' é um náufrago 2.0. É, com certeza, redutor afirmar isto; porque é muito mais do que isso, mas também muito menos do que o hype inicial gerado em torno do filme.
O filme que tem Matt Damon como protagonista passa-se num futuro a 20 anos de distância. A tripulação da missão Ares III é obrigada a deixar o solo de Marte graças a uma tempestade de poeira, mas Mark Watney (Damon) é deixado para trás, julgado morto. Sozinho, Watney faz contas à vida e sabe que terá que sobreviver quatro anos até à Missão Ares IV chegar. Botânico ("o melhor do planeta", em Marte) de formação, acaba por inventar soluções para se adaptar, mantendo sempre um optimismo e um sentido de humor (excessivo?) que caracteriza o filme do princípio ao fim, e procurando comunicar com a Terra, com a NASA.
Num exercício estereotipado e imaturo, 'The Martian' seria o resultado de uma mistura de 'Cast Away' com 'Gravity' e com uns quantos episódios do MacGyver, sempre com uma banda sonora disco (ABBA, Donna Summer, Thelma Houston, Gloria Gaynor) como música diegética. Embora seja uma jornada envolvente - capaz de ligar e deixar em sintonia dois planetas -, bem realizada por Ridley Scott, para quem o espaço já não tem segredos, e com o apoio da NASA em consultadoria, 'The Martian' parece também um longo espectáculo de stand-up de Matt Damon em Marte. A recente nomeação para Melhor Filme de Comédia/ Musical nos Golden Globes fez comichão/ confusão a muitos espectadores, mas não é descabido: bom para o filme, que poderá muito bem levar o Globo para casa, pois é provável que bata 'The Big Short' e 'Joy', os maiores opositores; e compreensível na medida em que o humor está presente em doses invulgares para filmes do género "salvem-me que estou aqui sozinho". Há filmes em que a não-definição de um tom resultam bem ('The Wolf of Wall Street', por exemplo) mas neste caso torna-se estranho. É particularmente curioso e sintomático como, tendo o filme 144 minutos de duração, só bem perto do fim é que tememos pela vida de Watney. Algo explicável pelo optimismo e sentido de humor que Matt Damon transpira em praticamente todas as suas intervenções no seu diário de bordo.
Depois de 'Gravity' em 2014 e 'Interstellar' em 2015, 'The Martian' parece ser quem ocupa a vaga de filme espacial em 2016. Não é a melhor criação de ficção científica do ano ('Ex Machina' é superior, mais cativante e original), mas está bem conseguido na forma como consegue colocar a Terra e Marte em diálogo na procura de condições de sobrevivência e resgate. E aprendemos todos um bocadinho com as ideias de Mark Watney.
É pouco provável que vá reunir muitas nomeações nos nossos sempre modestos Óscares BPF, mas é quase certo que a Academia nomeará 'The Martian' no conjunto de candidatos a Melhor Filme. Matt Damon e especialmente Ridley Scott também têm fortes hipóteses de receber uma nomeação, isto sem nos prolongarmos nas categorias técnicas (Edição, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Visuais).
