Realizador: Tom McCarthy
Argumento: Josh Singer, Tom McCarthy
Elenco: Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Brian d'Arcy James, John Slattery, Stanley Tucci
Classificação IMDb: 8.1 | Metascore: 93 | RottenTomatoes: 96%
Classificação Barba Por Fazer: 80
De tempos a tempos aparece um filme no Cinema que aspira a mudar a percepção da sociedade sobre as coisas. 'Spotlight' é um desses casos.
Dado como o mais provável vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2016, o novo filme de Tom McCarthy tem vários pontos fortes: sem ser um thriller asfixiante à David Fincher, consegue manter o espectador interessado e faz dele quase um membro do elenco, mais um na investigação; depois, e embora os Óscares muitas vezes tendam para premiar ou valorizar o filme que "dá jeito naquele momento", 'Spotlight' seria sempre bom, qualquer que fosse o ano de lançamento; e, por fim, o equilíbrio do elenco - Mark Ruffalo destaca-se mas nota-se o compromisso de todos os actores com o projecto, respeitando o espaço dos outros e querendo fazer o resultado final sobressair, e não tanto a individualidade. Reunir nomes como Ruffalo, Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber ou Stanley Tucci ajuda, claramente.
'Spotlight' foca-se na Spotlight Team do jornal The Boston Globe, que arrecadou o Pulitzer por Serviço Público em 2003 graças ao seu extenso trabalho de investigação capaz de comprovar e denunciar inúmeros casos de abuso de crianças por parte de padres católicos, bem como o esquema de "protecção" a estes.
O recém-chegado editor chefe Marty Baron (Liev Schreiber), achando que pode haver história por detrás de um pequeno artigo no qual um advogado afirmou que a Igreja local sabia que um padre era pedófilo e nada fez, orienta a sua melhor equipa de investigação para aprofundar o caso. Liderada por Walter "Bobby" Robinson (Michael Keaton), a Spotlight composta ainda por Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d'Arcy James) faz da investigação o centro absoluto das suas vidas, e quando começa a detectar um padrão e a compreender a amplitude/ escala do caso, não pára até ter o material certo (documentos, testemunhas) para tornar a história pública, e ver justiça ser feita.
É peculiar que Tom McCarthy passe no espaço de um ano de um filme como 'The Cobbler' para um potencial filme vencedor de óscar (nomeado garantido, pelo menos), e uma das melhores sensações de 'Spotlight' é transmitir de certa forma uma aura semelhante à que a série 'The Wire', da qual McCarthy fez parte como actor, tinha. O argumento está irrepreensível - tudo o que lá está, marca presença por um motivo, nada está a mais, e denota uma vasta investigação na sua construção -, o filme mantém o ritmo certo de uma ponta à outra, e é positiva a forma como trabalha uma história de heróis, sem que eles nunca façam transparecer que o são, mas que estão sim a fazer o que é certo. 'Spotlight' é, sem exageros (e conscientes nós de que vivemos na Era do 8 e do 80, embora aqui no BPF sejamos ponderados e procuremos ser justos) um dos melhores filmes sobre jornalismo.
Podendo ser nomeado para algo como 5 ou 7 óscares, é de esperar que marque presença em várias categorias fortes (Melhor Filme, Realizador, Argumento Original, e logo se verá se consegue uma ou duas nomeações nos desempenhos secundários). É curioso verificar que Michael Keaton poderá fazer parte do elenco de dois vencedores consecutivos do óscar principal, escolhendo o projecto certo depois de 'Birdman'; mas embora em termos de interpretações o nível seja alto pautando pela qualidade, acaba por ser Mark Ruffalo quem sobressai na pele de Mike Rezendes. Em termos de nomeações o problema pode ser quem vota não saber quem é principal/ secundário, porque na realidade todos assumem um papel secundário, em respeito da história, honrando o Jornalismo, pelo que Keaton e Ruffalo podem anular-se entre si, enquanto que Rachel McAdams acaba por ter a vida mais facilitada em parte. A haver nomeações de actores serão, portanto, uma ou duas entre Ruffalo, Keaton e McAdams, pese embora o contributo de Liev Schreiber e Stanley Tucci para o filme seja muito bom.
Assim é 'Spotlight', espelho do mundo do jornalismo e da procura da verdade. É a história que tinha que ser contada sobre quem teve coragem e não fechou os olhos ou olhou para o lado como muitos outros.
De tempos a tempos aparece um filme no Cinema que aspira a mudar a percepção da sociedade sobre as coisas. 'Spotlight' é um desses casos.
Dado como o mais provável vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2016, o novo filme de Tom McCarthy tem vários pontos fortes: sem ser um thriller asfixiante à David Fincher, consegue manter o espectador interessado e faz dele quase um membro do elenco, mais um na investigação; depois, e embora os Óscares muitas vezes tendam para premiar ou valorizar o filme que "dá jeito naquele momento", 'Spotlight' seria sempre bom, qualquer que fosse o ano de lançamento; e, por fim, o equilíbrio do elenco - Mark Ruffalo destaca-se mas nota-se o compromisso de todos os actores com o projecto, respeitando o espaço dos outros e querendo fazer o resultado final sobressair, e não tanto a individualidade. Reunir nomes como Ruffalo, Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber ou Stanley Tucci ajuda, claramente.
'Spotlight' foca-se na Spotlight Team do jornal The Boston Globe, que arrecadou o Pulitzer por Serviço Público em 2003 graças ao seu extenso trabalho de investigação capaz de comprovar e denunciar inúmeros casos de abuso de crianças por parte de padres católicos, bem como o esquema de "protecção" a estes.
O recém-chegado editor chefe Marty Baron (Liev Schreiber), achando que pode haver história por detrás de um pequeno artigo no qual um advogado afirmou que a Igreja local sabia que um padre era pedófilo e nada fez, orienta a sua melhor equipa de investigação para aprofundar o caso. Liderada por Walter "Bobby" Robinson (Michael Keaton), a Spotlight composta ainda por Michael Rezendes (Mark Ruffalo), Sacha Pfeiffer (Rachel McAdams) e Matt Carroll (Brian d'Arcy James) faz da investigação o centro absoluto das suas vidas, e quando começa a detectar um padrão e a compreender a amplitude/ escala do caso, não pára até ter o material certo (documentos, testemunhas) para tornar a história pública, e ver justiça ser feita.
É peculiar que Tom McCarthy passe no espaço de um ano de um filme como 'The Cobbler' para um potencial filme vencedor de óscar (nomeado garantido, pelo menos), e uma das melhores sensações de 'Spotlight' é transmitir de certa forma uma aura semelhante à que a série 'The Wire', da qual McCarthy fez parte como actor, tinha. O argumento está irrepreensível - tudo o que lá está, marca presença por um motivo, nada está a mais, e denota uma vasta investigação na sua construção -, o filme mantém o ritmo certo de uma ponta à outra, e é positiva a forma como trabalha uma história de heróis, sem que eles nunca façam transparecer que o são, mas que estão sim a fazer o que é certo. 'Spotlight' é, sem exageros (e conscientes nós de que vivemos na Era do 8 e do 80, embora aqui no BPF sejamos ponderados e procuremos ser justos) um dos melhores filmes sobre jornalismo.
Podendo ser nomeado para algo como 5 ou 7 óscares, é de esperar que marque presença em várias categorias fortes (Melhor Filme, Realizador, Argumento Original, e logo se verá se consegue uma ou duas nomeações nos desempenhos secundários). É curioso verificar que Michael Keaton poderá fazer parte do elenco de dois vencedores consecutivos do óscar principal, escolhendo o projecto certo depois de 'Birdman'; mas embora em termos de interpretações o nível seja alto pautando pela qualidade, acaba por ser Mark Ruffalo quem sobressai na pele de Mike Rezendes. Em termos de nomeações o problema pode ser quem vota não saber quem é principal/ secundário, porque na realidade todos assumem um papel secundário, em respeito da história, honrando o Jornalismo, pelo que Keaton e Ruffalo podem anular-se entre si, enquanto que Rachel McAdams acaba por ter a vida mais facilitada em parte. A haver nomeações de actores serão, portanto, uma ou duas entre Ruffalo, Keaton e McAdams, pese embora o contributo de Liev Schreiber e Stanley Tucci para o filme seja muito bom.
Assim é 'Spotlight', espelho do mundo do jornalismo e da procura da verdade. É a história que tinha que ser contada sobre quem teve coragem e não fechou os olhos ou olhou para o lado como muitos outros.