Argumento: Alex Garland
Elenco: Domhnall Gleeson, Oscar Isaac, Alicia Vikander
Classificação IMDb: 7.7 | Metascore: 78 | RottenTomatoes: 93%
Classificação Barba Por Fazer: 83
Tinha todos os ingredientes certos. E não desaponta. Muito pelo contrário.
'Ex Machina' é o melhor filme que encontrarão por esta altura nas salas de cinema. Numa fase em que habitualmente fazem fila indiana os blockbusters e filmes de acção e comédia pouco marcantes, a criação de Alex Garland não é nada disso.
Falar em ingredientes certos é, neste caso, falar em três coisas: um bom conceito, os novos Star Wars e uma revelação. Passo à explicação. Depois da Inteligência Artificial ter sido explorada por Stanley Kubrick e Ridley Scott, manteve-se viva graças a 'Artificial Intelligence: AI', 'The Matrix', 'The Terminator' ou 'I, Robot', mas o caso que mais se assemelha a este filme é 'Her', embora 'Ex Machina' opte por uma abordagem bem mais perturbadora mas igualmente profunda. O conceito e força criativa do filme é o seguinte: Caleb (Domhnall Gleeson), um jovem programador, é seleccionado para passar uma semana na casa isolada do génio informático Nathan (Oscar Isaac) com o intuito de participar numa experiência invulgar e avaliar/ testar um robot chamado Ava (Alicia Vikander). Desde o começo o filme é intrigante - claramente a palavra mais adequada -, fazendo-nos levantar questões e duvidar de tudo e todos em vários momentos. Só a dada altura percebemos qual é o verdadeiro teste que está em causa, porque de certa forma também o espectador é levado a participar na experiência ao antecipar cenários e atentar nas relações deste triângulo improvável mas hipnotizante.
Passado o conceito, porquê falar em Star Wars e numa Revelação? 'Ex Machina' é o Futuro, a vários níveis. Toca em vários pontos fundamentais quando se fala no avanço tecnológico e na partilha de informação pessoal, e lança 4 estrelas. Domhnall Gleeson e Oscar Isaac têm crescido por intermédio de pequenos passos nas suas carreiras mas vão ambos integrar a nova geração do 7.º Star Wars. 'Ex Machina' funciona como uma rampa de lançamento perfeita, aproximadamente meio ano antes de J. J. Abrams pegar no legado de George Lucas. Para além destas 2 estrelas que brilharão em breve numa galáxia muito, muito distante, importa falar do realizador-argumentista Alex Garland. Uma brilhante estreia na realização de uma mente que certamente nos pode dar muito mais. E, por fim, a sueca Alicia Vikander, já mencionada internacionalmente como the next big thing. Não há margem para dúvidas que estamos perante uma actriz para marcar os próximos anos, candidata a Rookie desta temporada cinematográfica porque ao longo de 2015 a sua notoriedade vai disparar. Há quem diga que Vikander tem tudo para ter um 2015 semelhante aos anos de 2011 e 2014 de Jessica Chastain. A jovem actriz de quem não conseguimos tirar os olhos enquanto Ava passará o ano ao lado de actores como Christoph Waltz e Judi Dench em 'Tulip Fever', fazendo ainda de mulher de Michael Fassbender em 'The Light Between Oceans' e acompanhado a transformação do marido Eddie Redmayne em 'The Danish Girl'. O seu conjunto de projectos lançados em 2015-16 não fica por aqui, mas este leque já dá uma ideia da sua omnipresença este ano.
Vejam 'Ex Machina', participem na experiência sob o mote "Não há nada mais humano do que a vontade de sobreviver". Até o próprio nome do filme é rico em significado - a expressão Deux ex machina refere-se literalmente a "Deus surgido da máquina", e a tríade máquina-homem-Deus é tocada com elegância e inteligência; e o facto da expressão latina representar sobretudo um final inesperado para uma obra é a prova que tudo bate certo. Tal como em 'Her', 'Ex Machina' é uma nova reflexão sobre o Futuro e o boom tecnológico. Talvez daqui a uns anos olhemos para ele como um clássico que marcou a carreira de Alicia Vikander e no qual Oscar Isaac (já aclamado por 'Inside Llewyn Davis' e 'A Most Violent Year') convenceu de vez.