Criado por
Drew Goddard
Elenco
Charlie Cox, Vincent D'Onofrio, Deborah Ann Woll, Elden Henson, Vondie Curtis-Hall, Rosario Dawson, Ayelet Zurer
Canal: Netflix
Classificação IMDb: 8.8 | Metascore: 75 | RottenTomatoes: 98%
Classificação Barba Por Fazer: 85
- Abaixo podem encontrar Spoilers -
A História:
Os super-heróis estão para ficar na televisão. A "guerra" Marvel-DC já leva algum tempo no grande ecrã (com vantagem para a DC Comics graças ao trabalho de Christopher Nolan na trilogia 'The Dark Knight') e nos últimos tempos as séries têm-se tornado a nova casa dos heróis e vilões das bandas desenhadas. Para além de séries antigas ('Smallville' terá sido a mais recente), pode-se considerar que a competição ganhou vida a partir do momento em que a CW estreou 'Arrow'. As aventuras de Oliver Queen continuam a ser sinónimo de consistência e qualidade no género, mais cativantes do que 'The Flash', que a mesma rede televisiva lançou no ano passado.
Pois bem, a Marvel já tinha 'Agents of S.H.I.E.L.D.' mas agora, com o cunho especial e único que as produções da Netflix têm, recuperou Daredevil. Longe vai o ano de 2003 quando Ben Affleck foi Matt Murdock num filme fraquinho e fácil de esquecer. Charlie Cox dá 40 a zero a Affleck na pele do super-herói cego que encontra "outras formas de ver", mas o mais importante é que este 'Daredevil' é o projecto mais maduro e negro do género na televisão. Já foi comparado a 'The Wire', teve cenas associadas ao clássico sul-coreano 'Oldboy' e a 'True Detective' mas é preciso não entrar em comparações descabidas - 'Daredevil' é bom, isso é, e passo a explicar porquê.
Os fãs de BD's irão venerar este 'Daredevil' mas também quem não seja fanático poderá gostar graças à sua abordagem humana e terra-a-terra. Durante 12 episódios e meio, Matt Murdock (Charlie Cox) veste apenas roupas escuras e uma venda (se não fosse o respeito pela banda desenhada, seria melhor ficar sempre assim), não precisando de fatos típicos de super-herói, e o facto de acompanharmos a ascensão simultânea do herói e do vilão Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) dá-nos uma nova perspectiva. No entanto, a série criada por Drew Goddard e assumida depois por Steven S. DeKnight afasta-se de algumas práticas recorrentes quando se inicia o conto de um super-herói. 'Marvel's Daredevil' fica-se pelas ruas, não sobe aos céus, e não se coíbe de mostrar sangue, acabando por ser quase um filme de 13 horas e não uma série com 13 episódios.
Apenas com alguns flashbacks rumo à infância de Matt Murdoch e de Wilson Fisk, 'Daredevil' arranca a partir do momento em que Matt e o seu melhor amigo Foggy Nelson (Elden Henson) abrem a sua firma de advogados, e cresce a partir daí, envolvendo poucas mas boas personagens e opondo Matt, a querer defender a sua cidade, e Fisk a querer renovar a cidade de acordo com as suas ideias. Um dos vários factores que faz com que 'Daredevil' resulte é o elenco. Quando se atrai Vincent D'Onofrio para uma série é porque a coisa é capaz de ser prometedora, e todos os actores parecem escolhidos a dedo, sendo que o britânico Charlie Cox passa perfeitamente por americano e a ascensão de Matt Murdock é interessante, porventura com umas influências do que Nolan e Bale fizeram com Batman.
As sequências de combate são brutais (o episódio 9 é exemplo disso) e magnificamente coreografadas (ai aquele fim do 2.º episódio...), os crimes são progressivos e não são megalómanos, a Realização e a Fotografia são acima da média, a melodia do genérico é apelativa, há tensão por todos os lados e tudo parece real. E talvez isso seja significativo numa série sobre um super-herói da Marvel.
Pois bem, a Marvel já tinha 'Agents of S.H.I.E.L.D.' mas agora, com o cunho especial e único que as produções da Netflix têm, recuperou Daredevil. Longe vai o ano de 2003 quando Ben Affleck foi Matt Murdock num filme fraquinho e fácil de esquecer. Charlie Cox dá 40 a zero a Affleck na pele do super-herói cego que encontra "outras formas de ver", mas o mais importante é que este 'Daredevil' é o projecto mais maduro e negro do género na televisão. Já foi comparado a 'The Wire', teve cenas associadas ao clássico sul-coreano 'Oldboy' e a 'True Detective' mas é preciso não entrar em comparações descabidas - 'Daredevil' é bom, isso é, e passo a explicar porquê.
Os fãs de BD's irão venerar este 'Daredevil' mas também quem não seja fanático poderá gostar graças à sua abordagem humana e terra-a-terra. Durante 12 episódios e meio, Matt Murdock (Charlie Cox) veste apenas roupas escuras e uma venda (se não fosse o respeito pela banda desenhada, seria melhor ficar sempre assim), não precisando de fatos típicos de super-herói, e o facto de acompanharmos a ascensão simultânea do herói e do vilão Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) dá-nos uma nova perspectiva. No entanto, a série criada por Drew Goddard e assumida depois por Steven S. DeKnight afasta-se de algumas práticas recorrentes quando se inicia o conto de um super-herói. 'Marvel's Daredevil' fica-se pelas ruas, não sobe aos céus, e não se coíbe de mostrar sangue, acabando por ser quase um filme de 13 horas e não uma série com 13 episódios.
Apenas com alguns flashbacks rumo à infância de Matt Murdoch e de Wilson Fisk, 'Daredevil' arranca a partir do momento em que Matt e o seu melhor amigo Foggy Nelson (Elden Henson) abrem a sua firma de advogados, e cresce a partir daí, envolvendo poucas mas boas personagens e opondo Matt, a querer defender a sua cidade, e Fisk a querer renovar a cidade de acordo com as suas ideias. Um dos vários factores que faz com que 'Daredevil' resulte é o elenco. Quando se atrai Vincent D'Onofrio para uma série é porque a coisa é capaz de ser prometedora, e todos os actores parecem escolhidos a dedo, sendo que o britânico Charlie Cox passa perfeitamente por americano e a ascensão de Matt Murdock é interessante, porventura com umas influências do que Nolan e Bale fizeram com Batman.
As sequências de combate são brutais (o episódio 9 é exemplo disso) e magnificamente coreografadas (ai aquele fim do 2.º episódio...), os crimes são progressivos e não são megalómanos, a Realização e a Fotografia são acima da média, a melodia do genérico é apelativa, há tensão por todos os lados e tudo parece real. E talvez isso seja significativo numa série sobre um super-herói da Marvel.
A Personagem: Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio).
O brutal Wilson Fisk, popularizado como Kingpin no universo Marvel, é o grande destaque desta temporada. É tão raro ver uma abordagem assim para um antagonista hoje em dia.. A história de amor que existe em 'Daredevil' é a do vilão, o que nos mostra 2 coisas - que é um vilão capaz de amar e, mais importante, que alguém é capaz de o amar. Sim, porque até Hitler tinha Eva Braun. Para além disto, 'Daredevil' ensina a 'Arrow' ou 'The Flash' que por vezes não é preciso rodar episódio a episódio as ameaças existentes, sendo preferível aprofundar um "mau" como acontecia quando éramos miúdos (quantas horas é que o Son GoKu lutou com o Freeza?) nos desenhos animados.
Não é aquele vilão ao lado do qual queremos estar (no 8.º episódio 'Shadows in the Glass' visitamos o seu passado e vemos a ténue fronteira entre a criança meiga e o monstro em ebulição) mas há parte de nós que pede que Daredevil não o mate. É excelente também o facto de Wilson Fisk, tanto para a audiência como para Matt Murdoch, demorar uns episódios a ganhar corpo, e é ele que nos demonstra pela 1.ª vez quão brutal e sangrenta é a série.
Não é aquele vilão ao lado do qual queremos estar (no 8.º episódio 'Shadows in the Glass' visitamos o seu passado e vemos a ténue fronteira entre a criança meiga e o monstro em ebulição) mas há parte de nós que pede que Daredevil não o mate. É excelente também o facto de Wilson Fisk, tanto para a audiência como para Matt Murdoch, demorar uns episódios a ganhar corpo, e é ele que nos demonstra pela 1.ª vez quão brutal e sangrenta é a série.
O Episódio: 13 'Daredevil'.
Os dois primeiros episódios são bastante bons (sobretudo o final do segundo com a sequência de 5 minutos no corredor que já se tornou viral entre os fãs, e que merece destaque não só pela criatividade com que foi realizada mas pela sinceridade física do combate), 'In the Blood' (04) e 'Shadows in the Glass' (08) são fundamentais no trajecto de Fisk, 'Speak of the Devil' (09) tem uma sangrenta luta entre Daredevil e Nobu; mas o último episódio, para além de ser um culminar, faz justiça à temporada. Um dos pontos altos é a história do bom samaritano de Wilson Fisk na carrinha do FBI.
O Futuro:
O plano da Marvel, em cooperação com a Netflix, parece ser apostar ainda nas storylines de Jessica Jones, Iron Fist e Luke Cage e juntá-los numa mini-série ('The Defenders'). De qualquer modo, Charlie Cox como Daredevil merece mais temporadas (ainda há por exemplo Bullseye e Elektra como personagens-ícone ligados ao diabo de Hell's Kitchen) e não é impossível, analisando a transição de Agent Carter do Cinema para a Televisão, que Matt Murdock faça o caminho inverso.