25 de abril de 2015

100 Melhores Personagens de Filmes - Nº 45



Filme: Law Abiding Citizen
Actor: Gerard Butler

por Tiago Moreira

A nossa personagem de hoje entra num filme que não é extremamente bem cotado no IMDb - com os seus 7.4 -, mas de facto merecia um pouco mais. Afirmo isto porque é um filme que nos faz pensar bastante sobre a definição de justiça e do que seríamos capazes de fazer em casos extremos. A história escrita por Kurt Wimmer leva a pensar até o mais puro Homem sobre a sua sanidade mental se lhe retirassem tudo o que mais ama na vida e ainda por cima não se fizesse justiça.
    O nosso actor é Gerard Butler e a personagem que aqui hoje vos falo é Clyde Shelton. Clyde tinha-se aposentado da sua profissão para passar mais tempo com o que mais amava - a sua família. Contudo, um assalto a sua casa encabeçado pelo criminoso Clarence Darby e pelo seu cúmplice Rupert Ames, acaba por destruir toda a sua vida. Darby acaba por matar a sangue frio a mulher e a filha de Shelton - mesmo à sua frente -, sem que o mesmo pudesse fazer nada. Os assaltantes são apanhados, mas a justiça não funcionou bem. A defesa das vítimas - Nick Rice - acabou por fazer um acordo com Darby de modo a servir melhor os seus interesses. Darby ficou apenas com 10 anos de prisão e Shelton foi condenado à morte. Não contente com a decisão de Rice, Clyde acaba por fazer justiça com as suas próprias mãos. Não só com Darby, mas com todo o sistema de justiça envolvido no caso da morte da sua mulher e da sua filha. Isto até podia ser um filme do Steven Seagal se não fosse tão bem escrito e inteligente e se Butler não fizesse um papel tão bom com o seu Clyde...
    Clyde Shelton teve uma mente doentia ao executar todas as suas vinganças. Estudou tudo ao pormenor e executou tudo também ao pormenor. O ser humano é muito complexo e - de facto - não podemos afirmar que não faríamos "X" ou "Y" porque é contra todos os moralismos e contra a nossa pessoa. Não há nada pior que um homem sem nada a perder. Clyde Shelton acabou por sofrer na pele a demência de dois criminosos e viu a justiça ser branda nas punições para pura e simplesmente servir interesses. O nosso cérebro é bastante complexo. Sabemos sempre responder de forma moralmente correcta quando as situações não se passam connosco. Mas a verdade é que se se passasse connosco, poderia não ser bem assim. Em situações extremas - embora possamos pensar que não - usamos a vingança como maior arma da justiça. Acabamos por achar que é a única coisa que nos saciaria o sentimento de injustiça. Isto porque quando perdemos tudo o que amamos, agimos quase sempre inconscientemente. Quando nos tiram o tapete sem que estejamos à espera é difícil mantermo-nos de pé, conscientes. Somos seres humanos. Todos temos sentimentos. E em casos extremos (já me estou a repetir) podemos perder o controlo da mente e acabarmos por ceder à loucura.


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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

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