7 de janeiro de 2015

Crítica: Whiplash

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2015 
Realizador: Damien Chazelle
Argumento: Damien Chazelle
Elenco: Miles Teller, J.K. Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser
Classificação IMDb: 8.5 | Metascore: 88 | RottenTomatoes: 94%
Classificação Barba Por Fazer: 92

    Depois de 'Interstellar' e 'Boyhood' cá temos a terceira obra-prima desta temporada cinematográfica. Damien Chazelle, responsável pelo argumento e pela realização de 'Whiplash' queria ter feito este filme há mais tempo mas não reuniu apoios suficientes. Confiante no projecto, levou-o como curta de 18 minutos a Sundance em 2013, deu a conhecer o seu potencial e passado 1 ano está a caminho dos Óscares. Isto depois de, novamente em Sundance, já ter conquistado a distinção máxima.
    Intenso, provocador e electrizante, 'Whiplash' tem um batimento próprio. Evolui de acordo com as noções de ambição e perfeição das duas principais personagens - Andrew Neiman (Miles Teller) e Terrence Fletcher (J.K. Simmons) -, impressionando o espectador a vários níveis e fazendo com que o ritmo a que Andrew percute o chimbal, o surdo e os tons se confunda com o nosso próprio batimento cardíaco. É um filme contagiante, cativante, e que nos envolve a todos, mesmo se não tocarmos um instrumento ou não estivermos familiarizados com o que é competir.
    Andrew Neiman é um jovem baterista focado em ser um dos melhores do Jazz. O rapaz que idolatra Buddy Rich é aceite no melhor Conservatório de música do país, e vê o seu sonho ficar mais perto quando o aclamado professor/ mentor/ maestro Terrence Fletcher o escolhe para tocar entre os melhores. O turbilhão de emoções, manipulação emocional, abuso e coação na procura da perfeição que se segue depois é o coração de 'Whiplash', um coração ao mesmo tempo negro e extasiado, mas enérgico e capaz de iluminar com talento uma sala de espectáculos inteira.
    Numa época do Cinema em que poucas vezes acontece não sabermos para onde é que estamos a ser conduzidos, Damien Chazelle conduz o seu filme com mestria, explorando tudo nos seus dois actores. J.K. Simmons, o super-favorito ao óscar de Melhor Actor Secundário em 2015, consegue o papel e a personagem da carreira - Fletcher aterroriza os seus alunos, sendo um extremista no método, um perfeccionista (Not quite my tempo) visceral, uma monstruosa fonte de medo mas também de inspiração, acreditando que só assim poderá esculpir e potenciar uma estrela cadente do Jazz. De olhos postos em Andrew (que revelação Miles Teller!) vemos alguém que afasta tudo e todos rumo a um só objectivo, a imortalidade artística. 'Whiplash' tem a capacidade de tocar na mesma pauta vários conceitos: índice de trabalho, motivação, a necessidade de aprovação, a batalha por um sonho e a aprendizagem por via do erro, da repetição.
    Que nem um cisne negro mas com baquetas na mão, 'Whiplash' é candidato a amealhar nomeações da Academia. A presença entre os 10 nomeados dos Producers Guild Awards é um excelente indicador, sendo J.K. Simmons uma certeza, e Melhor Argumento Adaptado uma forte hipótese. Embora os rumores não apontem nesse sentido, olhar para o trabalho de Damien Chazelle (o seu próximo filme terá Teller e Emma Watson) e de Miles Teller não era, de todo, descabido. É que enquanto por exemplo Jack O'Connell é um actor cujo talento e potencial já estava há muito à vista de todos, Miles Teller revela-se ao atingir um nível inesperado. Deu tudo o que tinha, foi mesmo ele a tocar bateria (instrumento que o actor toca desde os 15 anos, embora tenha tido lições para se preparar) na grande maioria das cenas, com Chazelle a não gritar "Corta!" para o levar ao limite, com a violência nas cenas Andrew/ Fletcher a ser real e, para quem gosta destas curiosidades - do género DiCaprio em 'Django Unchained' - não há nada de fictício nas feridas de Andrew obtidas na sua percussão sem parar.

    'Whiplash' pergunta-nos se se pode educar um génio, alude em parte à ideia de Thomas Edison sobre inspiração/ transpiração, enquanto nos mostra que não devemos desistir de nada e como devemos olhar o medo nos olhos e desrespeitá-lo acreditando em nós. Todos os elogios são poucos para Simmons, Teller e Chazelle neste filme em que o suor se funde com lágrimas e sangue. Abracem aquilo que vos distingue, atrevam-se a sonhar e a escrever novos capítulos das vossas histórias, e deixem-se inspirar por aquele solo final.

1 comentários:

  1. "Whiplash - Nos Limites" é um filme que me agradou bastante e recomendo que o vejam e a realização, o argumento e o elenco desta película cativaram-me.
    "Whiplash - Nos Limites" demonstra que para sermos os melhores em algo que amamos temos de nos esforçar, temos de nos pressionar e temos de ir ao limite e é bem representado no filme.
    4*
    Está convidado(a) a ler a análise completa em: http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/03/whiplash-nos-limites.html
    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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