Filme: Ratatouille
Actor: Patton Oswalt (voz)por Sara Antunes Santos (Escritora Convidada)
A minha colaboração no Barba Por Fazer não poderia começar
de melhor maneira. Apresento-vos Rémy. Um rato. Que tem a pequena
particularidade de nos transmitir grandes lições no filme em que é
protagonista, Ratatouille. A Disney Pixar construiu mais um clássico de
animação com este filme, com nome de comida típica francesa, que tem uma
sonoridade imediata com a palavra rato.
Rémy tem um dom especial de sentido de paladar e olfacto o
que faz dele um rato único, que não se limita a comer a comida “roubada” do
lixo, mas sim a apreciar os alimentos, os temperos e a conjugação de sabores,
tal e qual como os humanos. Inspira-se em Auguste Gusteau, um jovem conceituado
chef de cozinha parisiense que detém um restaurante imensamente requisitado,
muitos livros publicados e ainda um programa de cozinha na Tv. Ele é o seu
ídolo, pois o vive sob o lema de que “qualquer um pode cozinhar”. Rémy, que a
Disney não se preocupou em “embonecar” é mesmo um rato, ele e o seu clã podem
ser até repugnantes em algumas partes do filme, mas este jovem rato destaca-se
pela sua higiene e sentido crítico, incutidos por Gusteau.
Após a morte do grande chef a reputação do seu restaurante
cai a pique. Simultaneamente o jovem rato afasta-se do seu clã e fica sozinho
nos subterrâneos da capital francesa, onde começa a contar com a companhia
conselheira de Gusteau, uma personagem que é somente fruto da sua imaginação.
Este leva-o ao seu famoso restaurante e mostra-lhe que este sempre esteve na
cidade dos grandes chefs, Paris.
É nesta aventura que acidentalmente Rémy conhece Linguini,
filho desconhecido de Gusteau, que mais não é do que um jovem sem o mínimo
talento para a cozinha mas que precisa desesperadamente de um emprego.
Inesperadamente eles compreendem-se e graças à sensibilidade de Linguini e ao
talento de Rémy, fazem em conjunto criações gastronómicas que cedo se destacam
na cozinha até agora acinzentada de Gusteau. Com Rémy ao comando, Linguini é manobrado
em cada gesto na cozinha e vai assim elevar a reputação do restaurante e chamar
a atenção do mais acérrimo crítico gastronómico parisiense Ego (pormenor
delicioso que veste como uma luva esta personagem).
Quando tudo descamba e os cozinheiros descobrem que afinal,
Linguini não passa de uma marionete de Rémy, um rato, abandonam o restaurante e
desistem de impressionar o Ego que nesse dia os visita. O mini-chef não baixa
os braços e com a ajuda do seu clã, põe em prática os ensinamentos de Auguste
Gusteau.
O prato confecionado pelo mini-chef é a típica refeição
camponesa La Ratatouille. Ego ao prová-lo é imediatamente transportado para a
sua infância, recordando afectos e a sua inocência, baixando a guarda face à
cozinha e aos pratos medianos.
Na verdade Ratatouille nada mais é que um filme inspirador
que nos fala sobre a coragem de lutar por aquilo que gostamos, mesmo que seja
contra a nossa natureza. Também nos ensina que comer é um acto de memória que
nos remete para os afectos. Cozinhar com o coração é no fundo a chave do sabor.
Conjugação. Unir alimentos é criar experiências sensoriais inesquecíveis. Nem
todos podemos ser grandes artistas, mas um artista pode estar em qualquer
parte.
La Ratatouille cozinhada por um rato…. “Topam”?
Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.