Filme: V for Vendetta
Actor: Hugo Weavingpor Miguel Pontares
Sob uma máscara de Guy Fawkes (o responsável em 1605 por guardar os barris de pólvora que teriam o propósito de explodir o Parlamento na Conspiração da Pólvora), V é um ideal, o corpo ou símbolo de uma revolução. Sem passado, identidade própria ou rosto.
V pode ser encarado como um terrorista mascarado, ou como um herói, um Salgueiro Maia em 2020. Não deve ser interpretado como um anarquista, porque não o é verdadeiramente. Em V for Vendetta, filme baseado nas BD's de Alan Moore e David Lloyd, o Reino Unido é governado pelo fascismo, num regime totalitário, de opressão e censura. Neste contexto, V - que escapara de uma prisão forçada, injusta e traumática - torna-se a bandeira da Revolução do povo, inspirado pelo sofrimento de uma Valerie de quem sabemos também pouco.
A personagem interpretada por Hugo Weaving é em certa medida um poeta (o que dizer daquele monólogo com 48 palavras começadas por V, ao conhecer Evey?), manipulador, alguém que crê que as ideias são à prova de bala e, embora pareça redundante dizer isto, é vingativo. Revela-se manipulador na forma como, embora queira o melhor para Evey (Natalie Portman), a sujeita a ser presa e torturada, numa encenação com o objectivo de a libertar do medo, garantindo que pode confiar nela, e que ela abraça o seu ideal. Ficou célebre a citação People shouldnt be afraid of their government / Governemnts should be afraid of their people que, interpretada com a devida racionalidade, faz sentido apenas em contextos de ditadura, uma vez que é a Democracia em dois versos.
V, por vezes uma caricatura - como naquele momento em que sozinho mata 12 soldados à la badass - ou não fosse ele uma personagem de BD, consegue levar avante a sua Vingança e no fim morre em nome da sua causa.
Tal como a personagem, o importante neste caso não é o actor, é o ideal em si. Esteve para ser James Purefoy (também com uma voz distinta) a ser V, mas acabou por ser o camaleão Hugo Weaving a usar a máscara.
O melhor é concluir com as palavras de Evey sobre quem era V: Ele era Edmond Dantès (referência à personagem principal de O Conde de Monte Cristo), era o meu pai, a minha mãe, meu irmão e meu amigo. Ele era eu, era você, era todos nós.
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Daniel Machado, Lorena Wildering, Nuno Cunha, Sara Antunes Santos e Carolina Moreira.
Foram tidos em consideração filmes lançados até 20 de Novembro de 2014. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou aos filmes que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.
