11 de janeiro de 2015

Crítica: Birdman

A CAMINHO DOS ÓSCARES 2015 
Realizador: Alejandro González Iñárritu
Argumento: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo
Elenco: Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Zach Galifianakis, Naomi Watts, Amy Ryan
Classificação IMDb: 7.8 | Metascore: 88 | RottenTomatoes: 91%
Classificação Barba Por Fazer: 83


    Pois é, chegou a altura de fazer um raio-X a um dos filmes mais elogiados do Cinema em 2014/ 2015. O papa-nomeações Birdman (tem, por exemplo, 7 nomeações nos Globos de Ouro), que deve rivalizar com 'Boyhood' em várias entregas de prémios, é o melhor filme do mexicano Alejandro González Iñárritu até à data, depois de coisas como '21 Grams', 'Babel' e 'Biutiful'.
    'The Unexpected Virtue of Ignorance' (o outro nome de 'Birdman') está repleto de pequenos pormenores, é uma sátira à indústria do entretenimento, uma comédia negra/ drama luminoso capaz de explorar a linha ténue que separa a personagem do actor em si, com um elenco fantástico, personagens mentalmente perturbadas mas interessantes e um fino, ousado e ambicioso recorte técnico na filmagem.
    Riggan Thomson (Michael Keaton) é a alma deste indie que no último take nos deixa a pensar. Riggan é um actor outrora aclamado quando era Birdman, um super-herói. Claro está que a escolha de Michael Keaton, outrora Batman, é tudo menos inocente num casting que chamou a este projecto excelentes actores. Mas já lá vamos. Com o intuito de recuperar a fama, atingir a glória do passado e satisfazer o seu ego, Riggan adapta ao teatro What We Talk About When We Talk About Love, uma peça que acaba por confundir ficção e realidade. E é precisamente essa dicotomia que Iñárritu explora com inteligência e criatividade. Riggan é um homem mentalmente perturbado, que ouve e  o seu alter-ego Birdman a atormentá-lo, a aconselhá-lo. E por falar em personagens mentalmente perturbadas, é essencial acrescentar Sam (Emma Stone), a filha de Riggan que serve de assistente na peça e que está em recuperação por uso de drogas; e Mike (Edward Norton), um actor que acredita que a verdade é o melhor caminho, embora em palco impressione pela forma demasiado (?) dedicada como se funde com a personagem que desempenha.
    'Birdman' não é um filme fácil. Mas é um filme perspicaz, repleto de criatividade, com inside jokes sobre a indústria e com um modo de filmar único: Alejandro González Iñárritu, com a Cinematografia/ Fotografia de Emmanuel Lubezki, consegue dar ao espectador a sensação de que todo o filme é captado num único take. A câmara vai serpenteando pelos bastidores da Broadway, de camarim em camarim e ao longo do palco, saltando de personagem para personagem como se de um (bom) parasita se tratasse, dando-nos uma experiência singular. Num olhar atento nota-se o que parece ser 1 pequena falha de edição num dado momento, e na interpretação final do filme certamente tem importância o facto da derradeira cena não surgir do mesmo modo sequencial de tudo até aí. É verdade que o final não faz um filme, mas pode ajudar a atribuir-lhe um valor diferente. Neste caso, valoriza-o.
    Não é o filme do ano, mas tem muita coisa muito boa. Michael Keaton, um dos mais fortes candidatos a ganhar o óscar de Melhor Actor, tem o papel da carreira; mas os bons desempenhos não param aí - Edward Norton volta à alta roda do cinema, com uma interpretação mais próxima de tantas personagens suas nos anos 90, e Emma Stone tem o seu melhor papel até hoje, cativando o espectador num longo e profundo discurso sobre o pai, e encerrando o filme naquele seu olhar para os céus que nos faz ter a nossa própria interpretação de 'Birdman'.
    Por vários motivos, diz a lógica que 'Birdman' poderá ser nos Óscares - tal como foi nos Globos de Ouro - a película mais nomeada. É que para além da componente técnica (Edição, Fotografia, Banda Sonora, nomeadamente) é muito provável que também Iñárritu, Keaton, Stone e Norton e tanto o filme como o argumento em si sejam nomeados. Assim sendo, é bem possível que estejamos a falar de umas 9/ 10 nomeações.

    Não nos podemos queixar. Este ano tivemos obras-primas como 'Interstellar' e 'Whiplash', uma excelente comédia como é 'The Grand Budapest Hotel' e duas inovações do ponto de vista do conceito e da criatividade como 'Boyhood' e 'Birdman'. E depois desta viagem ao backstage, com um elenco arrebatador, Alejandro González Iñárritu já está a filmar o seu filme de 2016 - 'The Revenant' com Leonardo DiCaprio e Tom Hardy. Resta-nos aguardar impacientemente.

1 comentários:

  1. "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" tem uma história bastante boa mas com o passar do tempo torna-se algo confusa e aborrecida
    4*

    Lê mais em: http://osfilmesdefredericodaniel.blogspot.pt/2015/01/birdman-ou-inesperada-virtude-da.html

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