Série: Dexter
Actor: Michael C. Hall
por Lorena Wildering
Tonight’s the night.
“Dexter” é aquele tipo de séries que nos deixa um pouco desconfortáveis.
Porquê? Porque nos vemos a apoiar e torcer pela personagem que dá nome à série.
E não haveria qualquer problema em relação a isso, se Dexter Morgan não
fosse... um serial killer.
Dexter Morgan (Michael C. Hall) é um analista forense no Departamento
Policial Miami-Metro, especialista em analisar padrões de
sangue. Tem uma irmã adoptiva, Debra (Jennifer Carpenter), detective no mesmo
departamento e com a habilidade de conseguir dizer uma asneira a cada duas
palavras. Embora se distancie emocionalmente do resto da humanidade e se prive
de sentimentos amorosos ou interesse sexual, tem uma namorada, Rita, que também
evita este último por ter sido vítima de um casamento abusivo. Tudo para manter
o seu hobby um segredo.
Mas Dexter não é um assassino em série qualquer e por
isso é que é tão difícil não torcer por ele. Tem um código moral muito estrito
imposto pelo pai adoptivo, Harry Morgan. Quando descobre que Dexter matou
animais de estimação dos vizinhos, motivado pela sua voz interior, o “Dark
Passenger”, apercebe-se de que o filho é um psicopata com uma enorme sede de
matar. Decide canalizar as suas vontades assassinas numa direcção positiva,
incentivando-o a matar apenas pessoas que cometeram um crime e escaparam à
justiça e que, portanto, merecem.
Sendo ele próprio um detective no Departamento
Policial de Miami-Metro, Harry ensina Dexter a ser cuidadoso e meticuloso no
seu modus operandi. Anos depois, já sem Harry fisicamente por perto
depois de morrer quando Dexter tinha 20 anos, tornou-se num ritual: 1) prepara
um local resguardado e com relevância simbólica para a vítima e forra tudo com
lençóis de plástico; 2) aproxima-se dela por trás e injecta-lhe um
tranquilizador animal; 3) a vítima acorda nua e presa por uma película de
plástico e fita cola; 4) Dexter confronta-a com um resumo dos seus crimes; 5)
dá um golpe fatal com uma de várias armas; 6) desmembra o corpo, embrulha-o em
sacos de lixo e larga-os no meio do oceano depois de um passeio no seu barco
(de nada pela checklist). Guarda sempre lamelas com uma gota de sangue
das vítimas como “troféu”, organizadas numa caixa, guardada dentro do ar
condicionado do seu apartamento.
Ao longo de 8 temporadas, este anti-herói prendeu-nos
ao ecrã em jogos de gato e rato com personagens assustadoras como Ice Truck
Killer (o próprio irmão que desconhecia existir, também ele assassino em
série…), Trinity Killer (que mata Rita, já esposa de Dexter, na banheira da sua
casa, deixando o filho Harrison numa poça de sangue, espelhando o trauma de
infância de Dexter quando a sua própria mãe foi assassinada); e Doomsday Killer
(um fanático religioso que Dexter acaba por matar numa igreja, não sem antes
ser finalmente descoberto por Debra).
Na sétima temporada, uma das vítimas de Dexter é
Hannah McKay, uma envenenadora em série que em adolescente arrancou pelo país
fora com o então namorado numa farra de assassinatos. Dexter prepara todo o seu
ritual para matá-la, mas pára quando percebe que Hannah não tem medo dele.
Sentem-se atraídos um pelo outro e Dexter acaba por se apaixonar por ela.
Enquanto se prepara para matar outro homicida, o “Neurocirurgião”, que remove
parte do cérebro das suas vítimas, Dexter apercebe-se de que o seu amor por
Hannah é mais forte do que a sua necessidade de matar. Poupa-lhe a vida, chama
Debra para o prender e despede-se dela, com a intenção de fugir com Hannah e o
filho para a Argentina. É aí que o assassino escapa e dispara em direcção a
Debra, que acaba por resultar num dos momentos mais dolorosos de toda a série:
quando Dexter descobre, corre para o hospital e Debra acaba por ficar em estado
vegetativo. Destroçado, percebendo que vai sempre destruir aqueles que ama,
desliga as máquinas de suporte de vida e atira ao mar o corpo da própria irmã,
uma das suas vítimas colaterais, e motivo pelo qual simula a sua morte no meio
de um furacão e recomeça uma nova vida sozinho… como lenhador.
No meio de outras personagens como o latino Ángel
Batista, o mulherengo Vince Masuka e o “surprise, motherfucker” James
Doakes, Dexter é o anti-herói perfeito, e Michael C. Hall é também ele perfeito
em conseguir fazer-nos torcer para que os bons da fita continuem sem desconfiar
de nada, enquanto nos faz gostar de um assassino que quer fazer justiça pelas
próprias mãos. Quem nunca?
Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.