Série: Skins
Actriz: Kaya Scodelario
por Lorena Wildering
Antes de mais nada, vamos lá clarificar uma coisa desde já: “Skins” é a
Effy. Ponto.
“Skins” é uma série britânica que esteve no ar entre 2007 e 2013, um drama
adolescente que acompanhava a vida de um grupo de jovens em Bristol,
Inglaterra. Sempre foi uma série polémica pela forma como entrava pelas
televisões adentro, a relatar questões como famílias disfuncionais,
homossexualidade, doenças mentais, disfunções alimentares, sexo na
adolescência, abuso de drogas, bullying e morte. Sempre foi a série que
os pais evitavam que os filhos vissem para que aquele mundo conduzido pelo dubstep
não os enfeitiçasse.
Ao longo de sete temporadas, cada episódio tem o nome de uma personagem e
foca-se nela e nas suas lutas. O elenco chega a mudar três vezes, cada um com
direito a duas temporadas. Effy Stonem, interpretada pela brilhante Kaya
Scodelario, é a constante (à excepção da quinta e sexta temporadas).
Conhecemo-la logo na primeira: é irmã do protagonista, Tony Stonem (Nicholas
Hoult), mas só ouvimos a voz dela no oitavo episódio, dedicado a ela. Até lá,
vemo-la sempre no fundo, em silêncio, com um olhar frio e sorriso irónico
entortado.
Cheia de segredos e mistérios, nunca se sabe ao certo o que se passa dentro
da cabeça da promíscua Effy. Ao longo do decorrer da série, vamos descobrindo o
porquê de ser como é. Chega a confessar os seus sentimentos misantrópicos ao
irmão, dizendo que tem pavor de se aproximar emocionalmente das pessoas, mas
depois vemos que não é bem assim e que Effy é uma rapariga muito vulnerável e
sofre, sim, de uma grande depressão. Ironicamente, embora tenha esta
dificuldade em se aproximar de quem gosta e embora procure não se importar com
os sentimentos de ninguém, tem um talento para reparar as relações dos outros.
A terceira temporada é onde Effy (ou Scodelario) brilha. A seguir ao irmão,
torna-se ela na personagem principal e numa femme fatale na sua nova
escola secundária. Apesar da sua aparente postura calma, rapidamente caminha em
direcção a uma verdadeira psicose, motivada pela separação dos pais e pelo
triângulo amoroso onde se coloca, entre os melhores amigos Freddie McClair (Luke
Pasqualino) e James Cook (Jack O'Connell). Freddie é de quem gosta de verdade,
mas como tem medo de lidar com os seus sentimentos, desenvolve uma relação
doentia e puramente física com Cook. No final da temporada vemos uma Effy
paranóica, com um ar completamente esgotado e descuidado.
Na quarta, Effy volta a Bristol depois de passar o verão em Veneza. Decide
enfrentar os seus sentimentos e finalmente começa uma relação com Freddie, mas
os seus episódios psicóticos e delírios persistem, e tenta suicidar-se por duas
vezes. É internada e, para agravar as coisas, é revelado que o seu psiquiatra
utiliza métodos não convencionais e hipnóticos para a tratar e para ela se
esquecer dos amigos. Quando Freddie o confronta, acaba por ser assassinado pelo
médico. A temporada termina sem ela saber, mas não sem antes confirmar que,
sim, Freddie ama-a e ela ama-o também. Trágico.
Só voltamos a rever Effy três anos depois, na sétima e última temporada,
uma temporada especial que escolheu seguir três das personagens da série
durante dois episódios. A primeira delas foi Effy, agora com 21 anos e a viver
em Londres, mais madura e assertiva. Trabalha na Bolsa e depois de obter
informações ilícitas fornecidas por Dominic, um rapaz perdido de amores por
ela, persegue uma relação com Jake, o seu patrão rico, e começa a ter um nível
de vida muito elevado. Contudo, é de pouca dura, quando as autoridades obtêm
provas de que o seu sucesso foi resultado de insider trading. Effy é
detida, sem se esquecer de nos deixar com a sua imagem de marca: o sorriso
irónico entortado.
A MTV americana esforçou-se para recriar “Skins”, mas falhou pateticamente
e a série não passou da primeira temporada. O à vontade e a rebeldia dos
ingleses é o que permitiu esta série ter o sucesso que teve, incluindo as
festas infames à la Skins que se foram espalhando pelo Reino Unido,
muito para o desespero da polícia e de muitos pais. Foi o primeiro palco de
vários talentos como Nicholas Hoult, Dev Patel, Jack O’Connell e Hannah Murray,
mas a estrela sempre foi Kaya Scodelario e a sua interpretação de Effy. A
emoção que passou foi tanta, que quase nos fez querer ser como ela e passar
pelo mesmo, se isso significasse ser tão livre como ela era. Fiquemo-nos só
pelo seu encanto.
Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.