11 de abril de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 37



Série: Skins
Actriz: Kaya Scodelario


por Lorena Wildering

    Antes de mais nada, vamos lá clarificar uma coisa desde já: “Skins” é a Effy. Ponto.

    “Skins” é uma série britânica que esteve no ar entre 2007 e 2013, um drama adolescente que acompanhava a vida de um grupo de jovens em Bristol, Inglaterra. Sempre foi uma série polémica pela forma como entrava pelas televisões adentro, a relatar questões como famílias disfuncionais, homossexualidade, doenças mentais, disfunções alimentares, sexo na adolescência, abuso de drogas, bullying e morte. Sempre foi a série que os pais evitavam que os filhos vissem para que aquele mundo conduzido pelo dubstep não os enfeitiçasse.
    Ao longo de sete temporadas, cada episódio tem o nome de uma personagem e foca-se nela e nas suas lutas. O elenco chega a mudar três vezes, cada um com direito a duas temporadas. Effy Stonem, interpretada pela brilhante Kaya Scodelario, é a constante (à excepção da quinta e sexta temporadas). Conhecemo-la logo na primeira: é irmã do protagonista, Tony Stonem (Nicholas Hoult), mas só ouvimos a voz dela no oitavo episódio, dedicado a ela. Até lá, vemo-la sempre no fundo, em silêncio, com um olhar frio e sorriso irónico entortado.

    Cheia de segredos e mistérios, nunca se sabe ao certo o que se passa dentro da cabeça da promíscua Effy. Ao longo do decorrer da série, vamos descobrindo o porquê de ser como é. Chega a confessar os seus sentimentos misantrópicos ao irmão, dizendo que tem pavor de se aproximar emocionalmente das pessoas, mas depois vemos que não é bem assim e que Effy é uma rapariga muito vulnerável e sofre, sim, de uma grande depressão. Ironicamente, embora tenha esta dificuldade em se aproximar de quem gosta e embora procure não se importar com os sentimentos de ninguém, tem um talento para reparar as relações dos outros.
    A terceira temporada é onde Effy (ou Scodelario) brilha. A seguir ao irmão, torna-se ela na personagem principal e numa femme fatale na sua nova escola secundária. Apesar da sua aparente postura calma, rapidamente caminha em direcção a uma verdadeira psicose, motivada pela separação dos pais e pelo triângulo amoroso onde se coloca, entre os melhores amigos Freddie McClair (Luke Pasqualino) e James Cook (Jack O'Connell). Freddie é de quem gosta de verdade, mas como tem medo de lidar com os seus sentimentos, desenvolve uma relação doentia e puramente física com Cook. No final da temporada vemos uma Effy paranóica, com um ar completamente esgotado e descuidado.
    Na quarta, Effy volta a Bristol depois de passar o verão em Veneza. Decide enfrentar os seus sentimentos e finalmente começa uma relação com Freddie, mas os seus episódios psicóticos e delírios persistem, e tenta suicidar-se por duas vezes. É internada e, para agravar as coisas, é revelado que o seu psiquiatra utiliza métodos não convencionais e hipnóticos para a tratar e para ela se esquecer dos amigos. Quando Freddie o confronta, acaba por ser assassinado pelo médico. A temporada termina sem ela saber, mas não sem antes confirmar que, sim, Freddie ama-a e ela ama-o também. Trágico.

    Só voltamos a rever Effy três anos depois, na sétima e última temporada, uma temporada especial que escolheu seguir três das personagens da série durante dois episódios. A primeira delas foi Effy, agora com 21 anos e a viver em Londres, mais madura e assertiva. Trabalha na Bolsa e depois de obter informações ilícitas fornecidas por Dominic, um rapaz perdido de amores por ela, persegue uma relação com Jake, o seu patrão rico, e começa a ter um nível de vida muito elevado. Contudo, é de pouca dura, quando as autoridades obtêm provas de que o seu sucesso foi resultado de insider trading. Effy é detida, sem se esquecer de nos deixar com a sua imagem de marca: o sorriso irónico entortado.
    A MTV americana esforçou-se para recriar “Skins”, mas falhou pateticamente e a série não passou da primeira temporada. O à vontade e a rebeldia dos ingleses é o que permitiu esta série ter o sucesso que teve, incluindo as festas infames à la Skins que se foram espalhando pelo Reino Unido, muito para o desespero da polícia e de muitos pais. Foi o primeiro palco de vários talentos como Nicholas Hoult, Dev Patel, Jack O’Connell e Hannah Murray, mas a estrela sempre foi Kaya Scodelario e a sua interpretação de Effy. A emoção que passou foi tanta, que quase nos fez querer ser como ela e passar pelo mesmo, se isso significasse ser tão livre como ela era. Fiquemo-nos só pelo seu encanto.                             
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

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