Série: Skins
Actor: Jack O'Connell
por Miguel Pontares
É 'Skins', e é Cook.
Effy, anteriormente descrita pela Lorena Wildering, é provavelmente a personagem que melhor dá forma ao espírito da série britânica que durou entre 2007 e 2013; no entanto, há qualquer coisa na mistura de carisma com vulnerabilidade, e de medo com coragem, que fazem de James Cook o elemento de 'Skins' com cotação mais alta aqui no Barba Por Fazer e dono deste 30.º lugar.
Ele é o centro de problemas e de energia em qualquer festa onde esteja. É a garantia de diversão, a irresponsabilidade que não sabe quando parar. Ele vive, e reage, sem pensar nas consequências. É um dano colateral constante, um impulso a caminho da auto-destruição. Filho indesejado (a cena no barco com o pai é um dos vários momentos que reforça O'Connell como o melhor actor que esteve ao serviço da série), desprezado por toda a família, Cook preocupa-se apenas com o irmão mais novo, Paddy (alguém que o idolatra, e que ele protege incondicionalmente, consciente de que deve evitar que o miúdo siga os seus passos) e com os grandes amigos, Freddie e JJ, com os quais forma um trio quase inseparável, e ainda a confidente Naomi.
As temporadas 3 e 4 de 'Skins' trabalham a duplicidade de Effy (a hipnotizante Kaya Scodelario), uma rapariga imprevisível que coloca Freddie e Cook em competição. Embora a história de amor "clássica" de 'Skins' seja Effy e Freddie, é curioso verificar os momentos de Cook e Effy - muitas vezes parece que Cook seria a pessoa indicada para ela, embora pudessem também destruir-se juntos.
É difícil encontrar tanta raiva e tanto sofrimento no universo 'Skins' como aqueles que Jack O'Connell coloca na sua personagem. É o rapaz que abdica da única coisa boa que lhe aconteceu na vida (Effy) em nome da amizade com Freddie, e é ele quem vinga o amigo - depois de se desmanchar ao ver aquele caderno cheio de I love her - enquanto grita "I Am Cook!".
Os últimos 2 capítulos de sempre de 'Skins', na sétima temporada, foram-lhe entregues e é com ele que pudemos fazer a despedida a uma geração que marcou a televisão neste século. E nessa temporada final - na qual Effy e Cassie também foram protagonistas - vemos um Cook mais maduro, que deixa de fugir e torna-se por fim alguém bem resolvido, que insiste em relações condenadas à partida, preso em triângulos, mas que sabe sair deles. Cook, o perdedor; Cook, o rejeitado; Cook, que aprendeu a estar em paz e que sabe de facto o que é a morte e a vida:
You think you know death, but you don't, not until you've seen it. Really seen it. And it gets under your skin, lives inside you.
You also think you know life. Stand on the edge of things and watch it go by, but you're not living it. Not really. You're just a tourist. A ghost. Then you see it. Really see it. It gets under your skin and lives inside you, and there's no escape. There's nothing to be done. And you know what? It's good. It's a good thing. And that's all I've got to say about it.
Quem viu Jack O'Connell em 'Skins', 'Starred Up', 'Unbroken' e ''71' tem consciência do actor que ali está, do futuro que pode ter. Como Cook ensinou-nos o mais simples: o que interessa não é o destino, é a viagem.
Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.