Série: Downton Abbey
Actriz: Maggie Smith
por Lorena Wildering
“Downton Abbey” é daquelas séries em que bastou ver o nome “Dame Maggie
Smith” para perceber que seria televisão de qualidade. Mas a qualidade desta
série britânica (uma associação redundante, na verdade) não se deixou arrastar
atrás da sombra desta rainha da cultura inglesa.
É em pleno 1912, no momento em que a tragédia do Titanic passou a estar de
boca em boca por todo o mundo, que conhecemos a família Crawley e os seus
empregados pela primeira vez. Todos vivem em Downton, uma pequena aldeia no
norte de Yorkshire, em Downton Abbey, a propriedade da família.
Entre um enorme elenco (contou com 56 personagens), onde chapéus vistosos
abundam e os corpetes estão bem apertados e escondidos por baixo de elegantes
vestidos, surge Violet, Condessa de Grantham, a matriarca da família Crawley. É
mãe de Robert, o sétimo Earl de Grantham, e avó da fria e arrogante Mary; da
ignorada e “patinho feio” Edith; e da bondosa e ambiciosa Sybil.
O papel de Violet é consistente ao longo das seis temporadas: é a avó que
defende as netas independentemente das suas escolhas controversas para a
altura, nem que seja só para não gerar polémica e arruinar a reputação da
família (como Mary perder a virgindade fora do casamento com um diplomata
turco; Edith engravidar também fora do casamento; e Sybil fugir e casar com o
motorista Tom Branson); é a mãe e sogra que torce o nariz à mudança para os
tempos modernos; e é a mulher que nos deu as frases mais memoráveis da série,
especialmente com as suas brigas com a prima Isobel Crawley, mãe de Matthew,
com quem Mary casa e que, mais tarde, em jeito Downton, morre num acidente de
viação.
Decorrida a Primeira Guerra Mundial e até ao desfecho da série, já em 1925,
o seu carácter teimoso nunca deixa de estar presente, mas também vamos
conhecendo um pouco da sua história de quando o seu marido ainda era vivo. Na
quinta temporada descobrimos que Violet, já casada, apaixonou-se pelo monarca
russo Igor Kuragin, e que num momento de loucura quase fugiram juntos.
Revêem-se anos mais tarde, Igor agora um refugiado devido à Revolução Russa,
mas Violet encerra esse capítulo quando o ajuda a reencontrar a sua esposa
perdida. Certamente terá sido este momento da sua vida que a permitiu ser tão
compreensiva com os “erros” das suas netas.
Ao longo dos anos em que a série decorreu, muitos foram os rumores de que a
temporada seguinte seria a última com Maggie Smith, algo que felizmente nunca
chegou a acontecer, uma vez que provavelmente resultaria na morte da
personagem. Contudo, a actriz terá sido um dos motivos pelos quais a sexta
temporada foi a última: Maggie estava farta de usar corpetes e era contra a
improbabilidade de uma pessoa com a idade da personagem (84 anos), naquela
altura, ter uma esperança de vida tão elevada.
A febre de “Downton Abbey” que nos permitiu conhecer melhor os costumes da
alta sociedade inglesa dos anos 10-20 espalhou-se um pouco por todo o mundo,
como aliás se comprova pelas 27 nomeações que recebeu para os Emmys, e só ao
fim das duas primeiras temporadas. Maggie Smith por si só, ganhou dois, sempre
merecidos quando toca a esta grande actriz. “Classic Granny” como diz
Mary, e classic Maggie.
Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.