3 de julho de 2016

Balanço Final - Premier League 15/ 16

  Barclays Premier League - Neste momento só temos olhos para o Euro-2016 mas, embora tarde e a más horas, ainda vamos a tempo de recapitular a última Premier League.
    A temporada de 2015/ 16 ficará para sempre na História do futebol (inglês e mundial) como um dos maiores feitos de que há memória. O Leicester City, com um plantel de raposas guerreiras, deu esperança à modalidade (inspiração para selecções como a Islândia e o País de Gales?) e saiu por cima no campeonato que, não tendo as melhores equipas da Europa, é o mais competitivo, equilibrado e imprevisível. Manchester City, Manchester United, Chelsea, Liverpool, Arsenal e Tottenham ficaram todos abaixo da equipa de Vardy e Mahrez.
    O milagre de Ranieri fica gravado na memória de qualquer adepto de futebol, e as expectativas para 2016/ 17 não podiam estar mais altas. Até ver, Mahrez, Kanté e Vardy continuam nos foxes (Vardy renovou mas, entre os outros, ou 1 ou ambos sairão), mas é nos crónicos candidatos que as coisas prometem: Mourinho no United com Ibrahimovic e Mkhitaryan, Guardiola no Manchester City, Antonio Conte no Chelsea, juntando a isto treinadores como Pochettino, Klopp, Wenger, Bilic e Koeman (no Everton na próxima época, ficando o Southampton entregue a Puel).  
    Em Agosto chega a nova temporada, por isso viajem connosco nesta saudosista Antevisão da Premier League 2015/ 16, equipa a equipa:


 LEICESTER CITY (1)
    Comecemos por Andy King, o 10 galês do Leicester. Aos 27 anos, passou todo o seu percurso sénior no clube e, por isso mesmo, ganhou a League One em 2008/ 09, o Championship em 2013/ 14 e agora a Premier League em 2015/ 16. A conquista da Premier por parte do Leicester, com odds de 5000/1 no início da época, era considerado um acontecimento menos provável do que: David Moyes tornar-se jurado do X-Factor britânico, Simon Cowell virar primeiro-ministro e Andy Murray nomear o seu filho Novak.
    Mas se há campeonato pautado pelo equilíbrio e pela competitividade (enquanto a Bundesliga, a Ligue 1 e a Serie A tiveram sempre o mesmo vencedor nos últimos 4 anos, e na La Liga só o Atlético conseguiu retirar um título ao Barcelona, na Premier League em 4 anos há 4 vencedores diferentes - Leicester City, Chelsea, Manchester City e Manchester United) e no qual é permitido a um "pequeno" um desenvolvimento sustentável e segurar os seus jogadores, graças aos super-orçamentos transversais a todos os clubes, esse campeonato é a Premier League.
    "Mágica" foi a palavra utilizada por Ranieri - homem de infortúnios sucessivos cuja contratação nos deixou de pé atrás, mas que merecia ser distinguido pela FIFA como Treinador do Ano - para definir esta época. Os foxes fizeram o impossível e serviram de inspiração para todo o mundo na mais atípica das épocas da Premier League. Com 81 pts (mais 10 que o 2.º lugar), graças a 23 vitórias, 12 empates e apenas 3 derrotas (duas delas com o Arsenal), o Leicester foi a melhor equipa tanto em casa como fora, e desde que reconquistou o 1.º lugar na jornada 23, não mais o largou. O percurso dos underdogs ficou marcado por uma entrega, união e níveis de concentração brutais, com muito coração na primeira volta (várias reviravoltas, e aquele recorde absoluto de Jamie Vardy com 11 jogos consecutivos a marcar) e muita cabeça na segunda metade (10 clean sheets, premiadas com pizzas por parte de Ranieri, em 19 jogos). Com vários favoritos irregulares e frágeis, coube ao Leicester transcender-se: Schmeichel saiu da sombra do pai, os limitados Morgan e Huth formaram uma dupla impressionante, Drinkwater e Albrighton mostraram que noutros clubes não os valorizaram devidamente, Vardy bateu recordes e deu uma festa que ficou para a História, Kanté encheu o campo com uma energia e posicionamento capazes de nos fazer acreditar que havia 2 jogadores iguais (foi rei em desarmes e intercepções, com larga vantagem) e o argelino Mahrez, a "raposa do deserto", foi a luz da equipa e o melhor jogador da Premier.
    Temos muita curiosidade de ver a abordagem do Leicester neste defeso, e a capacidade do clube - que precisa de ampliar o seu plantel, segurar os melhores jogadores, e aumentar o nível em algumas posições do 11 inicial - de responder à sobrecarga provocada pelas competições europeias. Mas a História está feita (os jogadores começaram a acreditar na jornada 25, quando ganharam em casa do Manchester City), e foi um dos trajectos desportivos que mais gosto nos deu acompanhar.

Destaques: Riyad Mahrez, Jamie Vardy, N'Golo Kanté, Danny Drinkwater, Christian Fuchs

 ARSENAL (2)

    Estranha época a do Arsenal. Os gunners voltaram a falhar o título, não conseguindo aproveitar o falhanço dos restantes tubarões, e conseguiram ganhar os 2 jogos diante do campeão Leicester - 2-1 em casa, 5-3 no King Power Stadium - sendo a única equipa a consegui-lo, representando assim duas das três derrotas do líder.
    A equipa de Wenger pareceu destinada durante muito tempo ao terceiro ou quarto lugares, e quando parecia impossível o 2.º lugar escapar ao grande rival Tottenham, a terrível recta final dos comandados de Pochettino permitiu aos adeptos do Arsenal terem algum motivo de festa. A contratação de Petr Cech (arrecadou as luvas de ouro com 16 clean sheets) contribuiu de forma muito positiva, na primeira época em que Mesut Özil mostrou aquilo que vale realmente em Inglaterra. O alemão fez 19 assistências, ficando ainda assim a sensação que poderia ter feito muitas mais se jogasse com outra determinação. O inevitável Alexis Sánchez voltou a brilhar, tal como o espanhol Bellerín (parece impossível quando verificamos que tem 21 anos!).
    Como sempre, as lesões voltaram a desempenhar um papel relevante no trajecto da equipa do Norte de Londres, tal como a falta de um ponta de lança de topo, muito provavelmente aquilo que impede o Arsenal de dar o derradeiro salto para atingir o patamar necessário.

Destaques: Mesut Özil, Alexis Sánchez, Héctor Bellerín, Laurent Koscielny, Petr Cech

 TOTTENHAM (3)
    Dentro da imprevisibilidade gigantesca desta edição de 2015/ 16, o Tottenham conseguiu surpreender duas vezes. Primeiro pelo futebol vistoso, dinâmico, com pressão alta e processos desenvolvidos ao primeiro toque, tornando-se esta jovem equipa a única capaz de fazer frente ao sensacional Leicester, dando luta até à jornada 36. E depois com um adeus traumatizante, que atirou os spurs para o 3.º lugar, abaixo do eterno rival Arsenal, quando o segundo lugar parecia certo.
    O trabalho de Mauricio Pochettino é impressionante: o argentino está a construir um projecto sólido, alicerçado em jogadores jovens, dispostos a lutar até ao limite e a correrem mais do que qualquer equipa, uns pelos outros e em prol dos objectivos comuns. Na equipa mais intensa da Premier League (que revelou, simultaneamente, capacidade de dominar a posse de bola), Harry Kane destacou-se como o melhor marcador (25 golos) da Liga, carregando a equipa às costas em vários jogos, servindo como farol e mostrando a todos nós que 2014/ 15 não foi um acaso. Dele Alli explodiu, e agora resta-nos vê-lo dominar o futebol europeu na próxima década; e os restantes destaques foram o "patrão" Alderweireld, o invisível mas precioso Dembélé (impossível tirar-lhe a bola e passar por ele), o assistente Eriksen, o improved player Dier e os laterais Rose/ Walker.
    Tiveram a melhor diferença de golos (+34), que foi claramente afectada pela goleada imposta pelo Newcastle (5-1) na jornada 38, e prometem continuar a crescer - Pochettino renovou até 2021, interessa segurar todo o plantel e acrescentar soluções, tanto a nível de banco como 1 ou 2 jogadores para entrar no onze.

Destaques: Harry Kane, Dele Alli, Toby Alderweireld, Moussa Dembélé, Christian Eriksen

 MANCHESTER CITY (4)
    O Manchester City termina na posição prevista na nossa antevisão (do Top-4 só acertámos Arsenal e City) mas ficam claras duas ideias: 1) se Kompany (titular em 13 jogos, nos quais a equipa teve 9 clean sheets) e De Bruyne (durante a sua lesão, em 7 jogos o City perdeu 4) não se lesionassem, o desfecho seria outro; 2) o momento do anúncio de Guardiola como novo treinador foi prejudicial ao rendimento colectivo. Embora tenha sido o melhor ataque (71 golos) desta Premier League, o Manchester City conseguiu garantir só no limite que Guardiola terá um play-off de acesso à Champions (competição na qual o City perdeu nas meias-finais), mesmo tendo a equipa sido fraquíssima nos duelos com as restantes equipas do Top-8, ora vejam: Leicester (derrota e empate), Arsenal (derrota e empate), Tottenham (duas derrotas), United (empate e derrota), Southampton (vitória e derrota), West Ham (derrota e empate) e Liverpool (duas derrotas).
    Agüero marcou 24 golos, deixando a ideia de que sem lesões renovaria o seu título de melhor marcador sem grande dificuldade; De Bruyne carregou a equipa durante jogos a fio, e mal podemos esperar para ver o nível que o belga apresentará com Guardiola; Sterling foi um fracasso, embora ainda vá a tempo de justificar o brutal investimento. Pellegrini falhou (5 derrotas em casa quando antes o Etihad era palco de goleadas atrás de goleadas) com o plantel mais valioso em termos de mercado da competição, e agora resta-nos aguardar para ver que retoques Guardiola faz naquela que tem tudo para ser a equipa que parte na pole position em 2016/ 17.

Destaques: Kun Agüero, Kevin De Bruyne, David Silva, Fernandinho, Bacary Sagna

 MANCHESTER UNITED (5)
    Mesmo que a tabela indique que a época do Manchester United foi bastante similar à do rival citadino, o que nem é propriamente um elogio neste caso, é indiscutível que van Gaal descaracterizou o United, com o seu rigor, disciplina e "ideias fixas" a desfeitarem a identidade do clube e o ADN que Sir Alex Ferguson construiu durante décadas. Um bom treinador consegue retirar o melhor dos melhores jogadores que tem ao seu dispor, colocando-os ao serviço da equipa - não foi o que van Gaal fez em 2014/ 15 com Di María, e esta época com Depay. O técnico holandês, cuja cotação caiu a pique desde o Mundial 2014, apostou na juventude do clube (Fosu-Mensah ou Borthwick-Jackson estrearam-se mas foram Rashford e Lingard os que mereceram a confiança de forma continuada), acreditou em Martial e não pôde contar com Rooney durante alguns jogos. O campeonato deixou a desejar, sobretudo em termos do futebol produzido (muito aborrecido), e a equipa foi salva pela conquista da FA Cup, algo que não acontecia desde 2003/ 04.
    Basicamente, voltou a ser De Gea a dar pontos ao United e a fazer a diferença, com Smalling a liderar a defesa à sua frente. Enquanto aguardamos impacientes pela versão 2016/ 17 com Mourinho e Ibrahimovic, importa recordar que os red devils foram a melhor defesa (35 golos sofridos, registo igual ao Tottenham), mas marcaram apenas 49 golos (das equipas abaixo na tabela, Southampton, West Ham, Liverpool, Chelsea e Everton marcaram todas mais, e o salvo-à-tangente Sunderland marcou apenas menos um).

Destaques: David De Gea, Chris Smalling, Anthony Martial, Daley Blind, Marcus Rashford

 SOUTHAMPTON (6)

    Oitavo lugar em 2013/ 14, 7.º lugar em 2014/ 15 e agora isto. A continuar assim, os saints vão à Champions em 2017/ 18. Já não deveriam restar dúvidas a ninguém em relação à qualidade de Koeman como treinador, um homem cuja capacidade de estudar os adversários e ler o jogo melhorou substancialmente com o passar dos anos, e cuja decisão de trocar o Southampton pelo Everton é compreensível em certa medida, embora não deixe de ser um passo atrás, saindo de num clube cujas contratações raramente são tiros ao lado. Por isso mesmo, Puel pode ser o herdeiro legítimo de Koeman e Pochettino.
    Com uma segunda metade da época sensacional (em 2016 só o Leicester pontuou mais), que coincidiu com o regresso de Forster à baliza, o Southampton acabou por ficar à frente do West Ham, equipa muito mais falada ao longo da época, e beneficiou do facto de ser uma equipa esculpida para competir também na Europa (o Midtjylland tirou o Southampton da Liga Europa). Afinal de contas, quando Pellè (11 golos) não apareceu em grande, houve Shane Long; Sadio Mané (11 golos e 9 assistências) e Tadic (8 golos e 13 assistências) melhoraram os seus números em relação ao ano anterior, mas a figura maior foi mesmo o central Virgil van Dijk. Justamente eleito Jogador do Ano nos prémios do clube, o holandês chegou para substituir Alderweireld e foi um dos melhores defesas da competição. Dá gosto ver um clube tão bem gerido, capaz de substituir peças-chave (vendeu Lallana, Lambert, Lovren, Shaw, Clyne e Schneiderlin nos últimos 2 anos), sempre com ambição e bom futebol.

Destaques: Virgil van Dijk, Dusan Tadic, Sadio Mané, Graziano Pellè, Shane Long

 WEST HAM (7)
    "We've got Payet, Dimitri Payet! I just don't think you understand. He's Super Slavs man, he's better than Zidane. We've got Dimitri Payet!" - um cântico que resume praticamente na íntegra a fantástica época dos hammers. O francês Payet, proveniente do Marselha, passeou uma classe e um virtuosismo técnico apaixonantes, jogo após jogo, e foi o talismã do West Ham, a equipa papa-grandes desta época. 2-0 em casa do Arsenal, 3-0 em Anfield, 2-1 no terreno do City, e aquelas recepções frenéticas (3-3 contra o Arsenal, e 3-2 ao United no último jogo em Upton Park), jogos impossíveis de esquecer num percurso que passou de estar na luta pelo Top-4 para ter a presença europeia a depender de terceiros (a qualificação para a Liga Europa foi garantida graças à vitória do Manchester United na final da Taça).
    Payet (9 golos e 13 assistências) espalhou magia, com livres directos impossíveis de defender, e um conjunto de pormenores deliciosos e decisões quase sempre bem tomadas, bem apoiado pelo seu colega de flanco Cresswell, pelo polivalente Antonio, pelos operários Noble e Kouyaté e, numa última fase, pelo gigante Andy Carroll.
    A nova época traz como desafio/ estímulo a mudança para o Estádio Olímpico, uma nova casa de uma equipa que pretende gastar bastante dinheiro para dar a Bilic (excelente treinador, com um perfil perfeito para a "nova cara" do clube) um plantel ainda melhor.

Destaques: Dimitri Payet, Aaron Cresswell, Michail Antonio, Mark Noble, Cheikhou Kouyaté

 LIVERPOOL (8)


    Podemos considerar este o "ano zero" de Jürgen Klopp. Não é assim tão evidente que a troca de Rodgers por Klopp tenha sido benéfica para a classificação final do Liverpool nesta temporada, tal como é evidente que a gestão que o alemão fez nas últimas jornadas (apostando tudo na Liga Europa) acabou por não servir de nada - a derrota com o Sevilha na final hipotecou a qualificação para a Champions, e a nível interno os reds deixaram escapar qualquer hipótese de estar na Europa.
    No entanto, e depois duma época pautada pela magia dos brasileiros Firmino e Coutinho, o Liverpool deve encarar 2015/ 16 como um estágio para o reinado de Klopp começar "a sério" na próxima temporada. Milner, Moreno ou Lallana conseguiram destacar-se, enquanto que Sturridge e Henderson falharam muitos jogos lesionados, enfraquecendo a equipa.
    Klopp é um dos treinadores mais apaixonantes da actualidade e, sem a sobrecarga dos jogos europeus, daqui a pouco tempo pode ter início uma época bastante diferente desta.

Destaques: Roberto Firmino, Philippe Coutinho, James Milner, Alberto Moreno, Adam Lallana

 STOKE (9)

    A equipa de Mark Hughes foi, sem dúvida, uma das equipas mais regulares da prova. No Britannia Stadium, a manutenção esteve sempre mais-do-que-segura, mas a Europa manteve-se de igual modo um oásis distante. Longe vão os tempos do futebol duro e baseado apenas no jogo aéreo, e o Stoke City prosseguiu a sua transformação identitária com Arnautovic e Shaqiri (o suiço, a espaços) a espalharem bom futebol. Bojan deu um ar da sua graça, o capitão Shawcross ajudou a estabilizar a equipa quando esteve operacional, mas o grande destaque da época foi o guardião Jack Butland. O substituto de Begovic encheu a baliza em diversos jogos, e só uma lesão lhe robou uma justíssima presença no Euro-2016, competição na qual a baliza deveria ficar para ele e não para Hart.

Destaques: Jack Butland, Marko Arnautovic, Xherdan Shaqiri, Bojan

 CHELSEA (10)


    A grande desilusão da época em Inglaterra. O campeão em 2014/ 15 perdeu a chama, e José Mourinho (brevemente poderão vê-lo no banco em Old Trafford) acabou despedido de forma precoce, parecendo "tramado" pelo seu balneário. Numa época tão renhida, ficou difícil para Hiddink fazer algo, até porque internamente todos sabiam que o holandês era uma solução temporária, e foi chocante ver a décalage em termos de desempenho da temporada passada para esta: de defesa de betão passámos a ver uma defesa aos papéis, um super-craque como Hazard eclipsou-se por completo, aparecendo apenas para oficializar o título do Leicester, e jogadores como Fàbregas, Matic, Diego Costa e Ivanovic estiveram muitos furos abaixo do expectável. No meio de tudo isto, o brasileiro Willian acabou por ser o único destaque verdadeiramente positivo e regular.

Destaques: Willian, César Azpilicueta, Cés Fàbregas, Diego Costa

 EVERTON (11)

    Adeus Roberto Martínez. Os toffees esgotaram a paciência (Koeman foi uma aposta brilhante) depois de Martínez voltar a falhar, com uma equipa desligada e quase sempre partida em todos os jogos. Quando o ataque funcionou (Lukaku e Barkley tiveram períodos de forma extraordinários) a equipa esteve brilhante, mas ao contrário doutras épocas, ficou a ideia que Martínez nunca tinha um plano B e raramente conseguiu que o seu Everton segurasse os jogos e equilibrasse o tabuleiro.
    Na última época do mítico Tim Howard, individualmente Jagielka e Stones saíram valorizados, e Romelu Lukaku chegou aos 18 golos, embora tenha "secado" cedo (a dada altura pareceu-nos que chegaria a números muito mais interessantes).
    Como para muitas outras equipas, 2016/ 17 marca uma nova etapa. Estaremos atentos ao defeso da equipa da cidade de Liverpool, quer em termos de entradas como de saídas.

Destaques: Romelu Lukaku, Ross Barkley, Phil Jagielka, John Stones

 SWANSEA (12)
    Embora tenhamos apontado os swans precisamente ao 12.º lugar em Agosto, nada fazia crer que esta seria a classificação do Swansea. A 10 jornadas do fim, a equipa do País de Gales morava no 16.º lugar, apenas a 6 pontos da zona de descida. Em pézinhos de lã, com o sexagenário Guidolin a orientar a equipa em conjunto com o interino Alan Curtis, e também graças a uma recta final fantástica (fechou a época com Liverpool, West Ham e Manchester City, conquistando 7 pontos em 9), o Swansea acabou por cumprir as expectativas iniciais.
    O islandês Sigurdsson foi o elemento mais regular da equipa, sempre contagiada pela liderança do intransponível Ashley Williams. Sem uma referência ofensiva (Gomis, e muito menos Éder, foram incapazes de fazer esquecer Bony), que será a prioridade no próximo defeso, acabou por ser o ganês André Ayew a brilhar, com 12 golos - começou a época em alto nível, acabou-a da mesma maneira, mas pelo meio foi claramente intermitente.

Destaques: Gylfi Sigurdsson, André Ayew, Ashley Williams, Jack Cork

 WATFORD (13)


    O Watford, depois do campeão Leicester e de equipas como o Southampton e o West Ham, foi a equipa-sensação. Entre as equipas promovidas, a manutenção garantida pelo Bournemouth foi um feito maior, mas é indiscutível que Quique Flores conseguiu fazer do Watford uma equipa combativa, compacta defensivamente, contando depois com uma dupla de ataque capaz de infernizar a vida a qualquer defesa. Troy Deeney e Odion Ighalo fizeram a diferença, com o capitão a ser a alma da equipa e a peça mais importante da mesma, e Ighalo a ser o goleador de serviço, um rato de área mortífero à espera de qualquer erro.
    Posto isto, pareceu-nos um erro e principalmente uma injustiça o afastamento de Quique Flores. O tempo o dirá.

Destaques: Troy Deeney, Odion Ighalo, Gomes, Allan Nyom

 WEST BROMWICH (14)

    Se o Stoke City (curiosamente outrora orientado por Pulis) já foi capaz de fugir ao rótulo daquilo que definia o futebol britânico há uma década atrás, o WBA ainda não conseguiu fazer essa travessia do deserto. Como é sabido, equipa que tenha Tony Pulis não desce, mas também nunca é garantido um futebol de encher o olho.
    Elementos defensivos como Dawson, Evans ou Gardner conseguiram assim ser destaques, enquanto que praticamente só o venuzuelano Rondón marcou pontos no ataque. Com Pulis dificilmente o ADN da equipa vai mudar, mas face ao crescimento que se espera de várias equipas, seria bom a Direcção e o treinador tentarem fazer o clube caminhar com outras ambições e diferentes ideias.

Destaques: Craig Dawson, Salomón Rondón, Craig Gardner, Jonny Evans

 CRYSTAL PALACE (15)

    O finalista vencido na final da FA Cup. Entre os técnicos ingleses, Alan Pardew é possivelmente o melhor da actualidade, entre os que têm provas dadas. E isto diz bastante do momento dos treinadores britânicos... Este Crystal Palace acabou por ser uma das grandes equipas da primeira volta, mas caiu depois a pique. Um misto entre várias lesões de jogadores-chave e o foco na Taça acabou por condenar o Palace ao 15.º lugar, a apenas 5 pontos do Newcastle.
    O central golador Scott Dann, o irreverente Bolasie e jogadores consistentes como Cabaye e Delaney foram os principais destaques duma equipa que parece ter tudo para voos mais altos. Townsend e Mandanda são os primeiros sinais de que 16/ 17 será melhor.

Destaques: Scott Dann, Yannick Bolasie, Yohan Cabaye, Damien Delaney

 BOURNEMOUTH (16)

    Milagre? Não, mas quase. Num ano mágico em Inglaterra, Eddie Howe (o treinador britânico mais promissor da actualidade) conseguiu que os cherries garantissem a manutenção depois de uma temporada azarada. Sempre com um futebol vistoso e rendilhado - algo que traíra o verdinho Burnley na época anterior -, o Bournemouth não teve os reforços doutros clubes, e ainda viu uma onda de lesões roubar toda a época ao recém-chegado Mings, e quase toda à época a Max Gradel e a Callum Wilson, cujo início (5 golos nas primeiras 6 jornadas) deixou água na boca.
    É preciso recordar o brutal crescimento do clube - em 2012/ 13, já com Howe no banco de suplentes, o Bournemouth estava na League One; à 2.ª época no Championship, Howe levou a equipa a festejar o título, e na primeira vez da História do clube no escalão máximo, o objectivo de não descer foi alcançado. Impossível não gostar deste Bournemouth, uma equipa que vale sempre pelo todo, homogénea e sem estrelas, e que foi a equipa que mais correu nesta Premier League (Surman foi o jogador que mais quilómetros percorreu ao longo da época, com 460km que o fariam ir de Londres a Paris, e Dan Gosling o jogador com média mais alta por jogo, fixada nos 11,98km). Objectivos para 2016/ 17: segurar o treinador (tem 38 anos e ideias novas, não faltará quem o queira) e atrair jogadores de outro patamar qualitativo.

Destaques: Charlie Daniels, Steve Cook, Simon Francis, Matt Ritchie, Callum Wilson

 SUNDERLAND (17)

    Pois é, eles conseguiram-no outra vez. O padrão é evidente: em 2013 Martin O'Neill era o treinador dos black cats, o "louco" Di Canio chegou para o substituir a meio da época e a temporada 2012/ 13 foi salva. O mesmo aconteceu em 2013/ 14 (saiu Di Canio, e Poyet salvou a equipa), 2014/ 15 (saiu Poyet, e Advocaat foi o salvador) e agora, com a troca Advocaat - Allardyce a garantir a manutenção. Ao contrário das 3 equipas abaixo, o Sunderland - a equipa que mais tempo teve ao longo da época nos bottom three (237 dias) - demonstrou realmente querer ficar, com várias exibições com uma electricidade e garra incríveis perto do cair do pano da Premier League. Ficam para a História as vitórias caseiras diante de Chelsea e Everton, numa curva ascendente que começou com uma vitória expressiva (3-0) em casa do relegado Norwich. O veterano Defoe foi o melhor marcador da equipa, com o lateral-esquerdo van Aanholt a garantir o estatuto de defesa com mais golos do campeonato. Koné foi um dos reforços-chave a meio da época, mas caso queira andar longe do sofrimento e da matemática nas últimas jornadas, o Sunderland precisa claramente de dar um passo em frente e melhorar todos os sectores em 2016/ 17.

Destaques: Jermain Defoe, Patrick van Aanholt, Lamine Koné, Fabio Borini

 NEWCASTLE (18)

    Sofrimento em dose dupla para o Newcastle - os magpies descem, e caem no Championship às custas do grande rival Sunderland. Depois do incrível 5.º lugar em 2011/ 12 (época de Demba Ba e Papiss Cissé) o Newcastle veio por ali abaixo, e este castigo pune uma Direcção que depois de Pardew nunca foi capaz de encontrar o treinador certo para potenciar um elenco de luxo (Wijnaldum, Sissoko, Mitrovic, Townsend, entre outros), mas sempre desequilibrado - várias boas dores de cabeça do ponto de vista ofensivo, e carências constantes na defesa. Rafa Benítez acabou bem a época (nos últimos 6 jogos o Newcastle nunca perdeu, empatando com Liverpool e City e despedindo-se da Premier League com um 5-1 que atirou o Tottenham para o 3.º lugar) mas não foi suficiente.
    Inocentes, apontávamos o Newcastle ao 11.º lugar no antevisão da época, e a equipa do nordeste de Inglaterra só não foi a maior desilusão porque o anterior campeão Chelsea "achou por bem" ficar em décimo. O percurso do Newcastle foi de certa forma esquizofrénico, com um bom comportamento em alguns dos jogos grandes (ganhou os 2 jogos ao Tottenham, e nunca perdeu com Liverpool e Manchester United), mas uma duplicidade evidenciada nos jogos casa e fora - diante dos seus adeptos, foram a 10.ª equipa com mais pontos (28), enquanto que fora conseguiram somar apenas 9. O holandês Wijnaldum, cujo brilhou foi sempre maior em St. James Park, foi claramente a grande figura da equipa, ele que - tal como Moussa Sissoko - é bom demais para o Championship.

Destaques: Georginio Wijnaldum, Moussa Sissoko, Chancel Mbemba

 NORWICH (19)

    Os números deviam fazer da descida do Norwich uma surpresa - afinal, o Sunderland escapou à descida depois de 237 dias passados nos três últimos lugares, enquanto que os relegados Aston Villa (233 dias) e Newcastle (206 dias) até estiveram menos tempo com a corda na garganta. Já a equipa de Alex Neil regressa ao Championship uma época depois de voltar ao primeiro escalão com apenas 60 dias em zona de despromoção. Como sabemos, os campeonatos são maratonas e o que interessa é como tudo acaba.
    Em relação aos canários de Norwich tudo aconteceu como esperado - faltou qualidade, equilíbrio e experiência. O mercado de Janeiro serviu para acrescentar valor (Klose, Ivo Pinto, Bamford e sobretudo Naismith) - numa altura em que também Newcastle e Sunderland reforçaram as suas equipas, ao contrário do Aston Villa - mas as últimas jornadas ditaram um destino justo para o Norwich, que nos derradeiros 6 jogos só foi capaz de conquistar 3 pontos. Os irlandeses Robbie Brady e Hoolahan, e principalmente Redmond, não devem ter dificuldade em continuar num clube de Premier League.

Destaques: Robbie Brady, Wes Hoolahan, Nathan Redmond, Dieumerci Mbokani

 ASTON VILLA (20)

    Depois de várias épocas próximo da zona de descida (16.º lugar em 2011/ 12, 15.º lugar em 2012/ 13 e 2013/ 14, e 17.º lugar em 2014/ 15), foi desta que o Aston Villa desceu mesmo. A quinta equipa com mais sucesso na História do futebol inglês desce a uma realidade que não enfrentava desde 1987, nunca tendo conhecido o amargo sabor da despromoção no formato Premier League.
    Depois de perderem Benteke, Delph e Vlaar, os villans nunca deram sinais de ser uma equipa, com os vários reforços a revelarem pouco impacto (Gueye cumpriu, e Ayew teve os seus momentos) e a falta de maturidade e entrosamento a ser evidente ao longo de toda a época. Começou Sherwood no comando técnico, foi substituído pelo francês Remi Garde (péssima opção, tornando-se um prolongamento da apatia e conformismo da equipa, em vez de provocar um "abanão"), e acabou Eric Black como treinador interino. O registo de apenas 17 pontos (3 vitórias, 8 empates e 27 derrotas nos 38 jogos) fazem deste Aston Villa a 3.ª pior equipa da Premier League - pior só o Sunderland em 2005/ 06 e o Derby County em 2007/ 08 com 15 e 11 pts respectivamente. Veremos que capacidade terá este histórico de se reerguer, depois desta época não ter nenhum verdadeiro destaque: se há um ano eram Benteke e Delph a carregarem a equipa, esta temporada o único jogador capaz de remar contra a maré foi o senegalês Idrissa Gueye que só perdeu para o fantástico N'Golo Kanté em desarmes e intercepções (Gueye fecha a época com 143 desarmes e 141 intercepções, perdendo apenas para os 175 desarmes e 157 intercepções de Kanté).

Destaques: Idrissa Gueye, Jordan Ayew, Ashley Westwood

0 comentários:

Enviar um comentário