Criado por
Jenji Kohan
Elenco
Taylor Schilling, Uzo Aduba, Danielle Brooks, Samira Wiley, Kate Mulgrew, Lori Petty, Jessica Pimentel, Diane Guerrero, Laura Prepon, Laura Gómez, Nick Sandow, Michael Harney, Blair Brown, Taryn Manning, Dascha Polanco, Laverne Cox
Canal: Netflix
Classificação IMDb: 8.3 | Metascore: 86 | RottenTomatoes: 95%
Classificação Barba Por Fazer: 84
- Abaixo podem encontrar Spoilers -
A História:
E foi à quarta temporada que 'Orange is the New Black' explodiu, dando-nos a sua melhor temporada até à data, e uma das mais intensas da televisão recente! Não é exagero, é mesmo assim.
Depois da sua temporada mais fraca (terceira), Jenji Kohan desenhou uma fórmula quase oposta ao prado calmo que foi a season anterior, agora com vários momentos dignos de nos deixarem de coração na boca e a boca aberta. As emoções estão à flor da pele como nunca antes, acompanhadas como sempre pelos flashbacks que nos ajudam a perceber o passado de cada uma daquelas reclusas: duas novidades desta vez, o facto de alguns episódios não terem qualquer analepse, e a visita ao passado de alguns guardas (também por isso, com maior destaque do que anteriormente).
No separador "O Futuro" da nossa Revisão do capítulo de 2015 da série tínhamos lançado alguns palpites, acreditando que a prisão de Litchfield "pegaria fogo". E pegou. Seguindo as pistas que Kohan nos deixou, confirmou-se a criação de fracções, a chegada de Judy King, o regresso de Nicky e a aproximação de Soso ao clã afro-americano, por influência da sua relação com Poussey.
Não pensem que a série perdeu o seu humor inconfundível, mas todos os momentos que nos provocam gargalhadas são desta vez uma espécie de festinhas na cabeça para levarmos depois com um murro no estômago no fim. Mas tudo nesta temporada faz sentido, tudo tem uma razão de ser. Tudo é conflito, segregação, revolta e finalmente união. Se há 1 ano víamos o estabelecimento prisional de Litchfield a ser privatizado, e guardas sem preparação a serem contratados para reduzir gastos, a componente organizacional e operacional continua a ser focada - desta vez com a prisão sobrelotada e veteranos de guerra a serem contratados para guardas, comportando-se de forma desumana com as reclusas. O director Caputo é uma das personagens mais focadas, num limbo constante a tentar agradar a gregos (a administração) e a troianos (as presidiárias). A protagonista Piper (Taylor Schilling), habitualmente pouco apreciada pelos fãs, está desta feita construída como anti-heroína, acabando - com o intuito de proteger o seu esquema de negócio, que vem da temporada anterior, da concorrência latina - por criar acidentalmente um grupo neo-nazi. Mas resulta porque, para além de vermos Piper ao fumar no meio da horta a fazer finalmente um exame de consciência, vemo-la a sofrer por duas vezes ao pé de um fogão (uma suástica que se transforma numa janela, com a "mãe" Red a fechar um episódio com referências a 'Fight Club').
É absolutamente sensacional a forma como a série nos faz repugnar completamente os guardas Piscatella e Humphrey, com flashbacks de outros 2 guardas já conhecidos (Healy e Bayley) a serem mostrados, permitindo explorar a relação Healy-mãe, transpondo-a para Healy-Lolly, e oferecendo-nos um presente improvável - quem diria que o melhor episódio da temporada teria inserts do passado de Bayley?! Ao todo, Maria, Soso, Maritza, Lolly, Blanca, Suzanne e Poussey acabam por ser as reclusas sobre as quais ficamos a saber mais nesta temporada, num conjunto de 13 episódios que voltam a mostrar os "podres" do sistema, uma Judy King acima-da-lei, um segredo enterrado numa horta, a toxicodependência de Nicky, Burset na solitária, e uma rebelião digna do Clube dos Poetas Mortos. A quarta temporada de 'Orange is the New Black' acentua a existência de diferentes "famílias" na prisão, mas dá-lhes, no final, um inimigo comum.
Depois da sua temporada mais fraca (terceira), Jenji Kohan desenhou uma fórmula quase oposta ao prado calmo que foi a season anterior, agora com vários momentos dignos de nos deixarem de coração na boca e a boca aberta. As emoções estão à flor da pele como nunca antes, acompanhadas como sempre pelos flashbacks que nos ajudam a perceber o passado de cada uma daquelas reclusas: duas novidades desta vez, o facto de alguns episódios não terem qualquer analepse, e a visita ao passado de alguns guardas (também por isso, com maior destaque do que anteriormente).
No separador "O Futuro" da nossa Revisão do capítulo de 2015 da série tínhamos lançado alguns palpites, acreditando que a prisão de Litchfield "pegaria fogo". E pegou. Seguindo as pistas que Kohan nos deixou, confirmou-se a criação de fracções, a chegada de Judy King, o regresso de Nicky e a aproximação de Soso ao clã afro-americano, por influência da sua relação com Poussey.
Não pensem que a série perdeu o seu humor inconfundível, mas todos os momentos que nos provocam gargalhadas são desta vez uma espécie de festinhas na cabeça para levarmos depois com um murro no estômago no fim. Mas tudo nesta temporada faz sentido, tudo tem uma razão de ser. Tudo é conflito, segregação, revolta e finalmente união. Se há 1 ano víamos o estabelecimento prisional de Litchfield a ser privatizado, e guardas sem preparação a serem contratados para reduzir gastos, a componente organizacional e operacional continua a ser focada - desta vez com a prisão sobrelotada e veteranos de guerra a serem contratados para guardas, comportando-se de forma desumana com as reclusas. O director Caputo é uma das personagens mais focadas, num limbo constante a tentar agradar a gregos (a administração) e a troianos (as presidiárias). A protagonista Piper (Taylor Schilling), habitualmente pouco apreciada pelos fãs, está desta feita construída como anti-heroína, acabando - com o intuito de proteger o seu esquema de negócio, que vem da temporada anterior, da concorrência latina - por criar acidentalmente um grupo neo-nazi. Mas resulta porque, para além de vermos Piper ao fumar no meio da horta a fazer finalmente um exame de consciência, vemo-la a sofrer por duas vezes ao pé de um fogão (uma suástica que se transforma numa janela, com a "mãe" Red a fechar um episódio com referências a 'Fight Club').
É absolutamente sensacional a forma como a série nos faz repugnar completamente os guardas Piscatella e Humphrey, com flashbacks de outros 2 guardas já conhecidos (Healy e Bayley) a serem mostrados, permitindo explorar a relação Healy-mãe, transpondo-a para Healy-Lolly, e oferecendo-nos um presente improvável - quem diria que o melhor episódio da temporada teria inserts do passado de Bayley?! Ao todo, Maria, Soso, Maritza, Lolly, Blanca, Suzanne e Poussey acabam por ser as reclusas sobre as quais ficamos a saber mais nesta temporada, num conjunto de 13 episódios que voltam a mostrar os "podres" do sistema, uma Judy King acima-da-lei, um segredo enterrado numa horta, a toxicodependência de Nicky, Burset na solitária, e uma rebelião digna do Clube dos Poetas Mortos. A quarta temporada de 'Orange is the New Black' acentua a existência de diferentes "famílias" na prisão, mas dá-lhes, no final, um inimigo comum.
Escolher a personagem que marca esta temporada é um exercício praticamente impossível. Crazy Eyes reforça o estatuto de melhor personagem da série como um todo, percebendo-se o acidente dramático que a condenou, e vendo-se toda a raiva dela explodir no episódio 11, com a sua cara-metade Kukudio; Red continua a ser a figura de maior respeito (se ela cai, todas se levantam com e por ela); se na anterior 'Pennstacuky' roubou os holofotes para si, desta vez Lolly - aka a Ellen DeGeneres com óculos - faz o mesmo com os seus problemas mentais, as vozes e uma máquina do tempo que nos fazem empatizar com ela e percebê-la como nunca.
Depois, a nova cabecilha Maria, a persuasiva Maritza e a revolucionária Blanca são menções honrosas numa temporada que fica forçosamente ligada a Poussey e a Taystee. O sorriso da bem disposta e doce Poussey torna-se uma imagem digna de nos cortar a respiração (sim, para quem já viu a temporada esta referência tem um certo subtexto) mas quando pensamos n'A Personagem o mais justo é eleger Taystee, agigantada por Danielle Brooks ser o destaque desta temporada quando avaliado o trabalho das actrizes. Taystee torna-se nesta season a secretária de Caputo, mas há 2 momentos, nos episódios 12 e 13 que a fazem disparar neste Ranking: aquele berro em lágrimas, contagiante e profundo, e a capacidade de gerar uma revolta que lança a 5.ª temporada.
Depois, a nova cabecilha Maria, a persuasiva Maritza e a revolucionária Blanca são menções honrosas numa temporada que fica forçosamente ligada a Poussey e a Taystee. O sorriso da bem disposta e doce Poussey torna-se uma imagem digna de nos cortar a respiração (sim, para quem já viu a temporada esta referência tem um certo subtexto) mas quando pensamos n'A Personagem o mais justo é eleger Taystee, agigantada por Danielle Brooks ser o destaque desta temporada quando avaliado o trabalho das actrizes. Taystee torna-se nesta season a secretária de Caputo, mas há 2 momentos, nos episódios 12 e 13 que a fazem disparar neste Ranking: aquele berro em lágrimas, contagiante e profundo, e a capacidade de gerar uma revolta que lança a 5.ª temporada.
O Episódio: 12 'The Animals'.
É um desafio e pêras escolher entre os 3 últimos episódios da temporada, 'People Persons' (11), 'The Animals' (12) e 'Toast Can't Never Be Bread Again' (13). Vejamos, no episódio onze temos Suzanne 'Crazy Eyes' Warren no seu apogeu, com flashbacks que explicam os motivos dela estar presa, terminando numa atitude execrável do guarda Humphrey que desencadeia uma verdadeira explosão sangrenta. No episódio de fecho da temporada temos um luto vivido no presente, mas celebrando a vida ao olhar para o passado, com um corte perfeito no clímax em que a arma roda pelo chão até ficar nas mãos de Daya. É quase um desrespeito, num bom sentido, pela estrutura tradicional de esquematização/ organização de uma temporada, com dois clímaxes (final do episódio 12 e última cena do 13).
Mas é impossível não escolher o episódio 12. Totalmente inesperado se pensarmos que os flashbacks são do guarda Bayley. Os minutos finais são do mais emocionante e tenso que se viu ultimamente na televisão, com uma revolta a fugir ao controlo e a gerar um final... que nunca ninguém esquecerá. E é sensacional a comparação e consequente extrapolação que os flashbacks permitem fazer entre Bayley (12) e Poussey (13).
Mas é impossível não escolher o episódio 12. Totalmente inesperado se pensarmos que os flashbacks são do guarda Bayley. Os minutos finais são do mais emocionante e tenso que se viu ultimamente na televisão, com uma revolta a fugir ao controlo e a gerar um final... que nunca ninguém esquecerá. E é sensacional a comparação e consequente extrapolação que os flashbacks permitem fazer entre Bayley (12) e Poussey (13).
O Futuro:
Superar esta temporada, um enorme desafio que Jenji Kohan e a sua equipa de argumentistas, realizadores e editores têm pela frente, depois da tríade escrita - realização - interpretação ter estado perfeita.
Há quem se queixe que não deveria ser Daya a apanhar a arma no meio da rebelião, mas dificilmente poderia haver personagem mais interessante para o fazer. Ao longo da temporada, vemos a mãe Aleida a abandonar a prisão e a procurar adaptar-se à Sociedade, e com isso Daya tem a oportunidade de fazer finalmente as suas próprias escolhas, e juntar-se às companhias erradas. Ao termos esta "nova" Daya, imprevisível, temos alguém que de facto não sabemos o que fará com a armã na mão. E a cena de fecho serve precisamente para traduzir a vida e as escolhas daquelas mulheres em OitNB - às vezes é tudo uma lotaria e uma conjugação de variáveis, uma arma que gira até cair aos pés de alguém que se define depois pela decisão que tomar, racional ou instintivamente.
Ao contrário da season 3, que se preocupou em preparar esta, desta vez temos poucas pistas para o que aí virá. A morte do episódio 12, e todo o seu processo, deve alimentar grande parte do corpo principal da história; supõe-se que Burset apareça mais na próxima temporada, mas para além disso é difícil apontar a direcção que iremos seguir, e ainda bem. Poucas séries valorizam tanto as suas personagens secundárias. Afinal, todas elas são principais.
Superar esta temporada, um enorme desafio que Jenji Kohan e a sua equipa de argumentistas, realizadores e editores têm pela frente, depois da tríade escrita - realização - interpretação ter estado perfeita.
Há quem se queixe que não deveria ser Daya a apanhar a arma no meio da rebelião, mas dificilmente poderia haver personagem mais interessante para o fazer. Ao longo da temporada, vemos a mãe Aleida a abandonar a prisão e a procurar adaptar-se à Sociedade, e com isso Daya tem a oportunidade de fazer finalmente as suas próprias escolhas, e juntar-se às companhias erradas. Ao termos esta "nova" Daya, imprevisível, temos alguém que de facto não sabemos o que fará com a armã na mão. E a cena de fecho serve precisamente para traduzir a vida e as escolhas daquelas mulheres em OitNB - às vezes é tudo uma lotaria e uma conjugação de variáveis, uma arma que gira até cair aos pés de alguém que se define depois pela decisão que tomar, racional ou instintivamente.
Ao contrário da season 3, que se preocupou em preparar esta, desta vez temos poucas pistas para o que aí virá. A morte do episódio 12, e todo o seu processo, deve alimentar grande parte do corpo principal da história; supõe-se que Burset apareça mais na próxima temporada, mas para além disso é difícil apontar a direcção que iremos seguir, e ainda bem. Poucas séries valorizam tanto as suas personagens secundárias. Afinal, todas elas são principais.