23 de maio de 2016

Barba no Euro: Os Nossos 23 (Portugal)

    Com o Euro-2016 cada vez mais próximo, chegou a hora de reintroduzirmos a nossa rubrica «Os Nossos 23». Desta vez, decidimos começar pela nossa Selecção ao invés de a deixarmos para último lugar, como fizemos na antevisão do Mundial-2014. A Selecção das Quinas é assim a primeira de 7 selecções sobre a qual iremos opinar, antes de prever cada grupo da competição.
    Nos nossos apuramentos para as grandes competições raramente abunda o bom futebol, temos que confessar. Apesar de termos passado o grupo exemplarmente, começámos com a derrota perante a Albânia que acabou por provocar a separação entre Paulo Bento e a equipa das Quinas. A chegada do consensual Fernando Santos trouxe sangue novo à Selecção Nacional, reabrindo as portas a elementos que não contavam para o seleccioandor anterior, e o futebol - apesar de não deslumbrar - melhorou consideravelmente, o que culminou em 7 vitórias nos 7 jogos que restavam do apuramento.
    No que toca ao sorteio, não nos podemos queixar. De todo. Com Hungria, Áustria e Islândia temos obrigação de passar a fase de grupos com distinção, embora Portugal se dê normalmente mal ao ter o estatuto de favorito, conjugado com o facto desta Selecção parecer mais forte em transição, quando não é obrigada a assumir o jogo. Ainda assim, o plantel ao dispor de Fernando Santos é uma das melhores gerações dos últimos anos (e o futuro é risonho, graças ao bom trabalho da Federação).
    Não levaríamos todos os que Fernando Santos levou, mas não diferimos muito das suas escolhas. Temos apenas pequenas alterações (5), tratando-se claro está de jogadores cuja integração deveria ter sido feita anteriormente, quer em jogos oficiais, quer em amigáveis.


A Convocatória


  • Guarda-Redes: Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon), Marafona (Braga)
  • Defesas: João Cancelo (Valência), Vieirinha (Wolfsburgo), Pepe (Real Madrid), Ricardo Carvalho (Mónaco), José Fonte (Southampton), Raphaël Guerreiro (Lorient), Eliseu (Benfica)
  • Médios: Danilo Pereira (Porto), William Carvalho (Sporting), Adrien Silva (Sporting), João Moutinho (Mónaco), João Mário (Sporting), André Gomes (Valência), Renato Sanches (Benfica)
  • Extremos: Rafa (Braga), Pizzi (Benfica), Nani (Fenerbahçe)
  • Avançados: Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Hugo Vieira (Estrela Vermelha), André Silva (Porto)
Lista de Contenção: Eduardo (Dínamo Zagreb), André Almeida (Benfica), Rúben Semedo (Sporting), André André (Porto), Iuri Medeiros (Moreirense), Ricardo Quaresma (Besiktas), Éder (Lille)

    Para a baliza a diferença é Eduardo. Embora seja um elemento que faz "bom grupo" e que lida bem com o estatuto de suplente, revelando-se sempre um brilhante profissional e cantando o hino como poucos, - e merece por isso mesmo todo o nosso respeito - deixamo-lo em terra, tal como fizemos em 2014. Não somos seguidores atentos da Liga croata, mas optámos por Marafona, merecedor desta chamada depois de, aos 29 anos, ter apresentado grande consistência ao serviço do Paços e do Braga. Rui Patrício e o valor emergente Anthony Lopes são indiscutíveis, com o primeiro a fazer a sua melhor época de sempre.
    Na defesa a única surpresa é a não inclusão do 4.º central (a polivalência de Danilo Pereira permite-nos isso). Deixamos Rúben Semedo na lista de contenção, por considerarmos o central leonino uma opção melhor que Bruno Alves nesta altura, e levamos apenas Pepe, Ricardo Carvalho e José Fonte. De resto, como Fernando Santos. Nos laterais, Raphaël Guerreiro e Eliseu merecem sem dúvida alguma a chamada, sendo que o último apenas avança graças à lesão de Fábio Coentrão. Do lado direito, Cédric não entra nas nossas contas e até colocamos André Almeida à sua frente na lista de contenção. João Cancelo deveria já ter tido uma oportunidade, pelo nível que apresentou esta época no Valência, tendo ainda o bónus de poder jogar nos dois lados, e a extremo. O nosso outro escolhido é Vieirinha, um dos poucos destaques dum Wolfsburgo que desiludiu (8.º lugar). Acrescentou sempre qualidade quando teve oportunidades a lateral, e é o mais provável titular na Selecção.
    Chegando ao miolo, a qualidade é muita e é muito difícil vetar a entrada de um ou outro elemento. André André era um dos jogadores mais bem colocados para ir ao Euro, porém, as lesões e a fase negativa do Porto acabaram por afectar as suas exibições, pelo que o deixámos de fora. O mesmo acontece com Tiago, que nem marca presença na contenção, apenas e só pela falta de ritmo. A lesão grave retirou aquele que seria um dos indiscutíveis tanto para Fernando Santos como para nós. Para o vértice mais recuado do nosso losango (embora na prática o esquema se aproxime de um 4-1-3-2), Danilo e William são os que melhor têm jogado, com alguma vantagem para o jogador do Porto que acabou por se mostrar mais consistente que o jogador leonino. Segurança à frente da defesa não faltará. Mais à frente há 3 jogadores que realizaram épocas extraordinárias. João Mário e Adrien protagonizaram uma época de sonho no Sporting, com o primeiro a ser, para nós, o 2.º melhor jogador da Liga, e Adrien o capitão perfeito duma equipa que, tal como ele, cresceu imenso. Já André Gomes tem espalhado magia em Espanha, merecendo transferir-se para uma equipa doutro nível, e tem mostrado que valeu cada cêntimo pago ao Benfica e que foi algo desperdiçado por Jesus no Benfica. João Moutinho não teve a melhor das temporadas, muito por culpa de lesões, mas é inevitável convocar quem tanto contribuiu para a presença de Portugal no Euro e cujo rendimento a alto nível é sempre fiável nas fases finais. Por fim, temos Renato Sanches, o benjamim do grupo e português mais jovem de sempre numa fase final. Não para começar a titular, ou algo parecido. O médio, que foi uma das revelações europeias, oferece à equipa características que poucos têm - extraordinária capacidade física, bom controlo no transporte e condução de bola, juntando a isso a sua irreverência. Por vezes é necessário levar um jogador que traga algo de novo, agitando o jogo e Renato pode muito bem ser opção nesse sentido.
    Num sector no qual deixamos de fora Ricardo Quaresma (foi importante na qualificação, mas privilegiámos outros jogadores, com Rafa ou Cancelo a apresentarem também capacidade de desequilibrar e arriscar em 1 para 1) e o jovem Iuri Medeiros, o recente campeão da Taça de Portugal Rafa é uma escolha fácil. Foi um dos melhores jogadores a actuar em Portugal na sua posição, atravessa um momento de extrema confiança e encaixa que nem uma luva no modelo táctico. Nani é um dos melhores jogadores portugueses e a sua chamada é óbvia. Já a última vaga seria para Bernardo Silva. Com a impossibilidade de convocar o criativo do Mónaco (que connosco seria titular, por ser um predestinado cujo pé esquerdo vai fazer muita falta) por estar lesionado, optámos por Pizzi. O campeão nacional rendeu muito mais ao actuar na sua verdadeira posição, e é o jogador mais parecido com Bernardo do ponto de vista táctico - conjuga a capacidade de jogar numa das alas, com o dom de jogar por dentro. Com alguns altos e baixos de forma, Pizzi não deixou de ser fulcral na temporada do Benfica, chegando mesmo a ser o melhor jogador dos encarnados num determinado período da época.
    Na frente, não é tão grave assim Portugal não ter nenhum ponta-de-lança no seu 11 porque tem um jogador que marca mais de 50 golos há 6 anos seguidos - Cristiano Ronaldo, inserido agora num modelo mais equilibrado, com a sua passividade defensiva a pesar muito menos do que no anterior 4-3-3, e a maior qualidade técnica à sua volta (João Mário, Nani, Rafa, André Gomes, Moutinho) a tornarem-no mais um e não o farol exclusivo do nosso jogo. Para nós, Éder não pode ser opção por não adicionar nada ao jogo da Selecção. Assim sendo, a chamada de um dos maiores goleadores portugueses da actualidade é quase que imperativa. Hugo Vieira merecia uma oportunidade para mostrar que não brilha só na Sérvia, e para provar que merecia estar no Euro... Vieira evoluiu imenso, mostrou incrível força mental para responder a um drama pessoal, está confiante, tem características que lhe permitem encaixar-se no sistema de jogo preferencial, e ao saltar do banco Portugal poderia estar mais próximo do golo. Por fim, para haver uma referência no ataque, capaz de dar à Selecção a flexibilidade de se transformar tacticamente, achamos que André Silva seria a opção mais natural. Brilhou na Segunda Liga, finalmente teve uma oportunidade na equipa principal, mas a actual forma do Porto acabou por influenciar negativamente a performance do jovem avançado. É o futuro da Selecção, e embora já o tivéssemos escolhido, o Braga 2-2 Porto só reforçou a nossa decisão de incluí-lo nos nossos 23.
    De forma resumida, e comparativamente com os eleitos de Fernando Santos, 5 alterações: Eduardo, Cédric, Bruno Alves, Ricardo Quaresma e Éder dão lugar a Marafona, João Cancelo, Pizzi, Hugo Vieira e André Silva.

O Onze

    No que toca ao nosso 11 inicial, não somos assim tão revolucionários. Apesar de algumas individualidades não estarem completamente entrosadas com a maioria da equipa, acabámos por escolher aqueles que, no nosso ponto de vista, seriam os onze eleitos para levar inicialmente a nossa equipa das quinas o mais longe possível neste Euro.
    Na baliza não há que inventar. Rui Patrício é a escolha mais do que óbvia. Titularíssimo na Selecção e acabou por realizar a sua melhor época ao serviço do Sporting contribuindo imenso para que o seu clube tivesse a defesa menos batida do campeonato.
    Na defesa Pepe e Ricardo Carvalho continuam os titulares após se apresentarem em boa forma nesta época que findou e a verdade é que - salvo alguma surpresa - devem ser os escolhidos de Fernando Santos. Porém, tudo muda nos laterais. Se na realidade é provável Fernando começar com Vieirinha e Eliseu, nós revolucionamos um pouco, optando por 2 laterais bastante ofensivos, algo necessário para conferir à nossa equipa maior capacidade de desequilibrar no último terço. Escolhemos um jogador que decidiu ficar no seu clube para ter a certeza que jogava e fazia uma boa época para ser convocado (Raphaël Guerreiro), e João Cancelo, que tem vindo a ser constantemente destaque (dos poucos, diga-se) no Valência. Raphaël tem as características mais parecidas ao ausente por lesão Fábio Coentrão e achamos que seria uma opção mais interessante que Eliseu (apesar da sua 2.ª metade da época bastante positica). Já João Cancelo apresenta características que poucos laterais em Portugal oferecem, fundamentais neste 4-4-2.
    No centro do terreno tivemos que excluir João Moutinho (na realidade, será titular) e só o colocaríamos no onze se provasse mesmo que está em forma. Caso contrário, e mediante o nível altíssimo deste meio-campo, pelo que apresentou esta época não tem hipóteses neste nosso meio-campo que premeia as épocas fantásticas de João Mário, Adrien e André Gomes. Como ainda assim precisamos de alguma segurança defensiva, Danilo é a nossa escolha na posição 6. Embora Portugal, à frente de Danilo, deva apresentar neste Euro Moutinho, João Mário e André Gomes/ Rafa, as nossas escolhas visam dotar a zona nevrálgica do campo com jogadores de qualidade técnica, capazes de estar sempre em alta rotação, com boa capacidade de decisão e boa chegada à área. João Mário tem condições para ser o jogador mais influente a seguir a Ronaldo, André Gomes agiganta-se sempre nos grandes momentos e sabe galgar metros como poucos, e a raça e energia de Adrien seriam fundamentais para equilibrar uma equipa com Cancelo e Guerreiro como laterais.
    Na frente, é simples. Ronaldo é sinónimo de golos e Nani parte na pole position para jogar ao lado do capitão português, com Rafa a morder os calcanhares ao jogador do Fenerbahçe no que diz respeito à titularidade. Certo é que com Ronaldo e Nani, móveis no ataque, o perigo será constante e os golos dificilmente não aparecerão.




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