26 de maio de 2021

Prémios BPF Liga NOS 2020/ 21


Chegou ao fim a edição de 2020/ 21 da Liga NOS. Determinado em relembrar a toda a gente porque é que de facto são 3 os "grandes" do futebol português, o Sporting pôs fim a uma espera de 19 anos e sagrou-se campeão, assumindo o trono após as conquistas do Porto em 2020 e do Benfica em 2019.
    Numa prova em que a invencibilidade dos leões durou 32 jornadas e só claudicou depois dos pupilos de Rúben Amorim terem garantido o título, os lugares de Champions ficaram atribuídos a Sporting e Porto, com o Benfica (após investimento milionário e hipoteca do projecto num Novo Testamento de Jorge Jesus) a falhar quase tudo aquilo a que se propôs, deixando o acesso à Liga dos Campeões em suspenso.
    Desta vez, todos os caminhos têm que ir dar a Rúben Amorim (e, por isso, em certa medida também a Frederico Varandas) que fez o Sporting crescer de forma impensável em apenas 1 ano, queimando distâncias, ultrapassando os rivais, mantendo um discurso inteligente e positivo, apostando na juventude, valorizando activos e construindo um grupo unido, que soube sofrer e soube criar a sua própria sorte, o seu próprio destino. Uma vitória na tempestade na Madeira, o golo de Matheus ao rival Benfica aos 90+2, aquele bis de Coates em Barcelos nos 10 minutos finais, e outro tento de Matheus Nunes em Braga, com a equipa reduzida a 10 desde os 18 minutos, foram apenas alguns dos emocionantes capítulos numa história improvável mas com um final justo.
    Na hora de eleger os melhores há, como seria de esperar, muito Sporting. 2020/ 21 teve não só o Sporting a surpreender mas também o Paços de Ferreira (a meio do campeonato tinha os mesmos pontos que o Benfica) e o Santa Clara (pela primeira vez qualificado para as competições europeias). Pela negativa, um Rio Ave que passou de equipa de Liga Europa para a luta pela manutenção, um Boavista que não correspondeu às expectativas geradas em torno do seu renovado e ambicioso projecto, e o Benfica, que em teoria tinha plantel mais do que suficiente para se sagrar vencedor.

    A nível individual, entre a equipa campeã os principais destaques foram Pedro Gonçalves (melhor marcador da Liga com 23 golos), o capitão e herói Coates, João Palhinha como elemento que ligou toda a equipa, sem esquecer os relevantes contributos de Porro, Adán ou Nuno Mendes. Haris Seferovic quase foi Bota de Prata pela 2.ª vez, numa equipa onde Weigl foi talvez o único atleta que Jesus fez render o triplo, e na Invicta Mehdi Taremi e Sérgio Oliveira assumiram-se como figuras incontornáveis.
    Mas nem só de Sporting, Porto e Benfica se fez este campeonato a nível de craques. Muito longe disso. Al Musrati esteve em todo o lado, Carlos Jr. fartou-se de espalhar técnica, Beto tornou-se o ponta de lança que todos querem, Mario González revelou um raro instinto matador, e tudo isto sem esquecer Ryan Gauld, Stephen Eustáquio, Kriticiuk ou Elis.

    O futebol é feito de jogadores e por isso os prémios abaixo são, praticamente, só deles. Abaixo encontrarão o nosso 11 do Ano, Jogador e Jovem do Ano, Treinador do Ano e algumas categorias adicionais. Vamos lá a isto:



Guarda-Redes: Se o Sporting foi a melhor defesa do campeonato com apenas 20 golos sofridos em 34 jornadas, muito o deve a este homem. Veterano de 34 anos, com passagens como actor secundário nos rivais de Madrid e várias épocas como titular na La Liga ao serviço de Bétis, Antonio Adán chegou a Alvalade a custo zero e tranquilizou os colegas. Fonte inesgotável de segurança, papel que assumiu principalmente em conjunto com Coates e Palhinha, Adán mostrou como deve ser um guarda-redes de equipa grande. Depois da saída de Rui Patrício, a baliza leonina está, alguns anos depois, novamente bem entregue.
    Além do portero campeão, é impossível não mencionar o impacto que Hélton Leite teve no futebol dos encarnados. Curiosamente sempre nos pareceu que seria um guardião mais ao jeito de JJ do que Odysseas. Kritciuk e Léo Jardim (ambos muito acima da média na nossa Liga) foram verdadeiras dádivas para Petit e Jesualdo Ferreira, e Dênis coleccionou intervenções milagrosas.


Lateral Direito: Quanta garra, quanta correria, quanto pulmão. Que tiro do meio da rua contra o Boavista e que livre fulminante em Famalicão. O Sporting pediu Pedro Porro emprestado ao Manchester City e o autor do único golo da final da Taça da Liga revelou-se um reforço de sonho. Perfeito como ala no 3-4-3 de Rúben Amorim, brilhou ao ponto de ser chamado pela 1.ª vez à selecção espanhola, e seria óptimo para todas as partes que os 8,5 milhões da cláusula de rescisão fossem activados.
    Este foi também um ano de afirmação para Diogo Gonçalves, que se fixou em definitivo como lateral e parece ter deixado essa posição resolvida para 21/ 22 (ano em que esperamos que expluda), os manos Esgaio estiveram em grande plano, Ricardo mais incorporação do ataque e Tiago no capítulo defensivo, e Reggie Cannon foi uma aposta certeira do departamento de scouting do Bessa.


Defesa Central (Lado Dto.): Que época monstruosa realizou Sebastián Coates! O capitão do Sporting passou de auto-goleador gozado pelos adversários e de uma época que teve no seu fundo um célebre jogo contra o Rio Ave, em que o uruguaio cometeu 3 grandes penalidades e acabou expulso, para um dos 3 justos candidatos a MVP desta edição. Exemplar no comando da sua defesa, teve aos 30 anos a melhor época da sua carreira juntando às monumentais prestações defensivas (a sua exibição em Braga fica definitivamente na História desta edição) inúmeros golos decisivos, quase sempre em período de descontos.
    Também no centro de outras defesas, Nicolás Otamendi ganhou o respeito dos adeptos encarnados, que já o consideram hoje um dos seus, Mikel Villanueva roubou a Fábio Cardoso o habitual estatuto de grande destaque defensivo do Santa Clara, Mbemba foi o complemento certo para Pepe, e Ferraresi (acabou a época a lateral-direito) mostrou que nem só o Sporting soube ir às compras em Manchester. 


Defesa Central (Lado Esq.): Um dos 2 únicos repetentes no nosso 11 do Ano em comparação com o ano passado. Há um ano atrás escrevíamos "Pepe não foi incrível" e podíamos escrevê-lo outra vez, estaria novamente certo. Pepe não foi o super-defesa que Portugal já viu nos europeus de 2016 e 2012 e espera ver uma última vez agora em 2021, mas foi, com 38 anos, o melhor defesa central a actuar pelo lado esquerdo no nosso futebol.
    Feddal foi um herói quase sempre silencioso na defesa do Sporting, Vertonghen (individualmente, quase não teve falhas) foi vítima do contexto em que se viu inserido, Maracás foi o central mais consistente do Paços e Tomás Ribeiro prosseguiu o seu crescimento. Aos 22 anos, é um dos jovens centrais portugueses mais interessantes e dificilmente continuará no Belenenses SAD.


Lateral Esquerdo: Com 18 aninhos, campeão pelo Sporting, desejado pelos grandes tubarões do futebol europeu, e convocado por Fernando Santos para o Euro. Nuno Mendes é um fenómeno e assusta um pouco pensar que ainda tem imenso para evoluir. Indiscutível para Rúben Amorim, galgou metros e metros ao longo do seu corredor. Um diamante em bruto.
    Entre esquerdinos, Rúben Vinagre chegou a Famalicão apenas em Janeiro mas fez o suficiente para deixar águias e leões a pensarem em contratá-lo, Grimaldo teve melhores números (9 assistências) do que rendimento global, Zaidu não acusou a pressão na passagem dos Açores para o Dragão, e Ricardo Mangas deixou-nos convencidos que o Boavista tem ali um lateral com muito para dar nos próximos anos.


Médio Defensivo: Para além de Pepe, João Palhinha é o único jogador que se mantém no nosso 11 do Ano de 2019/ 20 (à data como jogador do Sporting de Braga) para 2020/ 21. Numa prova em que o seu nome foi tantas vezes dito pelos rivais ("Caso Palhinha"), o trinco leonino assumiu-se como um dos craques deste Sporting - apenas Pedro Gonçalves, Coates e Palhinha poderiam ser eleitos MVP deste campeonato -, demonstrando uma regularidade impressionante, e uma fortíssima capacidade de ler o jogo, antecipar, condicionar e destruir. Foi duro quando teve que ser, e sem ele muitos virtuosos do Sporting não teriam tido tamanha liberdade e descontracção para fazer a diferença na frente. É esse o papel de João Palhinha: deixar os outros respirar, com as costas quentes, e os adversários sem oxigénio.
    O alemão Julian Weigl foi porventura o jogador do Benfica mais consistente (pela positiva) ao longo da época, sendo por várias vezes a salvação num marasmo custoso, Uribe foi igual a si mesmo, Ugarte revelou-se e provou estar pronto para outros voos, e Fábio Pacheco desarmou e interceptou vezes e vezes sem conta.


Médio Centro: O único jogador que integra o nosso 11 que não pertence a Sporting, Porto ou Benfica (há um ano atrás havia João Palhinha, Fábio Martins e Paulinho). Contratado a custo zero ao rival Vitória, acompanhando Carlos Carvalhal que o orientara no Rio Ave, o médio líbio de 25 anos e 1,89m deixou-nos deliciados. Médio inteligente a posicionar-se e de pulmão infinito, seria um reforço muito útil para qualquer um dos 3 grandes.
    Otávio (óptima notícia para o futebol português a sua renovação) foi sempre uma mais-valia e um dos jogadores "especiais" do Porto, Luiz Carlos mostrou aos 35 anos que a idade é mesmo só um número, João Mário não foi tão cativante como noutros tempos, mas não perdeu a classe e o seu QI a temporizar e definir, e Dener foi consistente ao longo de toda a temporada.


Médio Centro: Embora o seu maior brilho tenha sido na Liga dos Campeões (5 golos em 8 jogos da prova milionária), Sérgio Oliveira foi também em Portugal um dos médios em destaque, sendo hoje em dia não só um dos indiscutíveis como um dos mais frequentes heróis dos azuis e brancos. Com 20 golos marcados entre todas as competições, aos 28 anos está no ponto.
    Stephen Eustáquio foi o melhor jogador do sensacional Paços de Ferreira, e pode tornar-se colega de equipa de Sérgio Oliveira dentro de pouco tempo; Lucas Mineiro não precisou de muito tempo para que o Braga percebesse que o Gil Vicente encontrara um jogador diferenciado; Lincoln deslumbrou com a sua criatividade, e o pequeno Luquinha (20 anos e 1,67m) deu os primeiros passos numa carreira que pode vir a ser bem interessante.


Médio Ofensivo: Quem acompanhou o Famalicão em 2019/ 20 sabia que Pedro Gonçalves era um jogador distinto, um médio muito acima da média que, contratado por 6 milhões e meio, só podia vir a revelar-se uma "pechincha". Mas, convenhamos, ninguém conseguiria prever que o mesmo rapaz que marcara 7 golos (5 na Liga) pelo Famalicão viria a tornar-se o melhor marcador desta edição com 23 golos. "Pote" acabou a época em grande (5 golos nas últimas duas jornadas) e brilhou sobretudo no arranque, quando fez o Sporting disparar com os seus 10 golos em seis jogos. Um híbrido, exímio a perceber que espaços ocupar. Bruno Fernandes já tem sucessor.
    Entre criativos, Ryan Gauld (quem o contratar ficará muito bem servido) não merecia que o seu Farense descesse, Angel Gomes espalhou magia, Ricardo Horta baixou o nível em relação à época passada, e Rochinha foi porventura o único motivo para os adeptos vimaranenses sorrirem.


Avançado / Extremo: Melhor marcador do campeonato em 2019, com 23 golos e uma parceria mortífera com João Félix sob o olhar atento de Bruno Lage, o eternamente mal amado Haris Seferovic quase voltou a conquistar a Bota de Prata, que acabou por ficar entregue a Pedro Gonçalves. O suiço de 29 anos ficou-se desta vez pelos 22 golos, sendo no entanto pertinente recordar que atingiu esta marca disputando cerca de 2.200 minutos (só se fixou, em definitivo, como titular à jornada 18).
    Mesclando pontas de lança e extremos, Carlos Jr. (14 golos) marcou de todas as formas, Mario González (não o conhecíamos) foi uma tremenda surpresa e pode tornar-se um caso sério se escolher bem o próximo passo na carreira; Jesús Corona manteve o seu perfume, embora bastante abaixo do nível que fez dele o MVP de 19/ 20, e Alberth Elis fechou esta edição como um dos elementos em melhor forma, não surpreendendo que o Porto alegadamente o queira.


Avançado/ ExtremoEm comum com Seferovic, o iraniano Mehdi Taremi também demorou a ter a sua oportunidade no 11 inicial do Porto. Ao serviço dos dragões, somou no campeonato 16 golos e 11 assistências (ninguém assistiu mais do que ele), ficando a certeza de que é ponta de lança de equipa grande, e que a sua época em Vila do Conde não foi um acaso.
    Dono de uma estampa física impressionante e de elevado potencial, Beto foi para nós o Most Improved Player deste ano, faltando apenas saber qual será a sua próxima equipa; Rafa e Nuno Santos tiveram por várias vezes mais futebol do que os números o que quiseram mostrar; e Samuel Lino é um talento singular, que deve ser nutrido, estimado e estimulado devidamente.



    Depois de nomes como Enzo Pérez, Nico Gaitán, Jonas (por duas vezes), Pizzi, Bruno Fernandes ou Corona, Pedro Gonçalves é a nossa escolha para MVP deste campeonato.
    Sendo certo que entendemos como aceitável a distinção quer de Sebastián Coates (é muito provável que seja o eleito oficial da Liga, pela fortaleza defensiva que o Sporting foi e pela sua capacidade de aparecer em tantos momentos-chave) quer de João Palhinha (peça basilar do esquema de Rúben Amorim, sendo talvez o jogador mais difícil de substituir neste elenco), foi-nos impossível resistir à veia goleadora do médio que se transformou em tudo o que o golo pediu. Um jogador especial com rendimento inesperado num campeonato igualmente especial e supreendente.
    Sendo certo que Sérgio Oliveira, Pedro Porro, Adán, Al Musrati, Weigl, Otávio, Mario González, Beto e Ryan Gauld também merecem uma palavra, o nosso Top-6 deste ano fica completo com Haris Seferovic (extraordinária segunda volta), Mehdi Taremi (16 golos e máximo assistente com 11 assistências) e Carlos Jr., numa última vaga que poderia ficar perfeitamente preenchida por qualquer um dos nomes antes elencados.



    Sem surpresa, e visto que o nosso MVP do ano tem ainda 22 anos (idade limite para a nossa consideração dos candidatos a Jovem jogador do Ano), Pote é também o vencedor da categoria dos jovens talentos. Um duplo prémio que é inédito no Barba Por Fazer desde que introduzimos esta cerimónia digital em 2014. Pedro Gonçalves junta-se assim a uma lista com William Carvalho, Óliver, Renato Sanches, Gelson, Rúben Dias, João Félix e Marcus Edwards.
    A fazer companhia ao melhor marcador da Liga, naturalmente os dois jovens laterais do Sporting, preponderantes na dinâmica do Sporting, ambos irreverentes, bem como o pequeno mago Angel Gomes, uma força da natureza chamada Manuel Ugarte, e Samuel Lino, um prodígio brasileiro que pode transformar-se em ouro em Barcelos na próxima época.



Treinador do Ano: O treinador do momento e os treinadores que têm tido muitos momentos, mas só agora parecem estar finalmente a colher o (muito) merecido crédito.
    Comecemos pelo fim. Ricardo Soares substituiu Rui Almeida no Gil Vicente e conduziu a equipa a uma posição confortável. No entanto, fê-lo com uma ideia carregada de personalidade e convicção, abdicando de posturas ultra-defensivas e revelando astúcia não só a preparar os jogos como a lê-los no seu decorrer. Armando Gonçalves Teixeira, mais conhecido por Petit, quase chegou à Europa com um Belenenses SAD que, olhando para o plantel, podia em teoria ter ficado perto da linha de água. 35 golos sofridos (5.ª melhor defesa da Liga) serviram de atestado do "dedo" de Petit, que merece ser posto à prova numa equipa com outros argumentos.
    Daniel Ramos acabou a temporada mascarado de vaca, no cumprimento de uma aposta, depois de levar o Santa Clara pela primeira vez às competições europeias. Perto do término do campeonato, Daniel Ramos disse que considerava que o Santa Clara tinha sido a equipa mais regular, sem significativas flutuações de rendimento, ao longo da prova. É uma opinião bem aceitável.
    O Paços de Ferreira de Pepa (próximo treinador do Vit. Guimarães) caiu bastante na 2.ª volta, mas os castores não deixaram de ser uma das equipas-sensação da prova, e basta lembrar que, terminada a primeira volta, o Paços tinha os mesmos pontos que o Benfica, para se perceber a dimensão do trabalho de Pepa, que insistiu sempre num futebol ofensivo e retirou o melhor de quase todos os seus jogadores.
    Mas claro, Treinador do Ano só podia ser um: Rúben Amorim. O jovem técnico de 36 anos deu sequência ao seu bom trabalho em Braga e liderou os leões à conquista do campeonato dezanove anos depois. Com alguns castigos e alguma perseguição pelo meio, Amorim revelou inteligência e sensibilidade na gestão do grupo, identificando em conjunto com Hugo Viana um leque de alvos perfeitos escolhidos a dedo, e confiando na juventude, em consonância com o ADN do clube. Temos muita curiosidade para assistir ao seu 2.º ano no Sporting, e sentimos que há uma certa probabilidade de 2021/ 22 ser a última vez que o temos cá por Portugal.



Melhor Marcador: 1. Pedro Gonçalves (Sporting) - 23
2. Haris Seferovic (Benfica) - 22
3. Mehdi Taremi (Porto) - 16

Melhor Assistente: 1. Mehdi Taremi (Porto) - 11
2. Darwin Núñez (Benfica) - 9
3. Álex Grimaldo (Benfica) - 9

Clube-Sensação: Santa Clara
Desilusão: Rio Ave
Most Improved Player: 1. Beto, 2. Al Musrati, 3. Diogo Gonçalves
Reforço do Ano: Pedro Gonçalves (Sporting)
Flop do Ano: Everton (Benfica)
Melhor Golo: Beto (Portimonense 3 - 0 Tondela) (Link)






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