30 de maio de 2021

Prémios BPF Premier League 2020/ 21



Trinta e oito jornadas depois, a Premier League chegou ao fim. O campeonato dos dois finalistas da Champions acabou com o Manchester City de Pep Guardiola como campeão (3.ª vez nos últimos quatro anos), não permitindo o clube azul celeste o embalo do Liverpool para um bicampeonato que se tornou sonho bem mais difícil quando Virgil van Dijk se lesionou gravemente ainda em meados de Outubro, hipotecando toda a época. Para ajudar na decisão entre os 2 principais candidatos, outro central (Rúben Dias) chegou a Inglaterra e, qual efeito van Dijk em 2018 e 2019, transmitiu segurança a todos à sua volta, elevando o jogo do City que, estabilizado atrás, cresceu jogo após jogo numa consistência que parecia impossível de atingir em Novembro passado, mas que desaguou em 19 jogos consecutivos sem perder, entre os quais 15 vitórias seguidas entre as jornadas 14 e 29.
    Pep não teve um matador, nem tão pouco teve Sterling ao nível de outrora, mas a equipa dividiu os louros, com significativo crescimento do predestinado Phil Foden, com Mahrez a fazer do corredor direito o palco perfeito para desfilar as suas habilidades, emergindo a espaços Gündogan como goleador improvável. Rúben Dias e John Stones entenderam-se e complementaram-se na perfeição e o belga Kevin De Bruyne, nos períodos em que pôde contribuir, jogou num nível só seu.
    O Leicester City de Brendan Rodgers (equipa que venceu a FA Cup) passou praticamente toda a Premier League no Top-4 para morrer na praia, em moldes semelhantes à edição anterior, repetindo-se assim o quarteto com acesso à Champions: os rivais de Manchester, Liverpool e Chelsea. Falar de 2020/ 21 é, invariavelmente, falar de um West Ham muito acima do esperado, de um Leeds United que, agitado por El Loco Bielsa, escalou até ao 9.º lugar na primeira vez que se viu no 1.º escalão desde 2004, desiludindo Liverpool (terminou com menos 17 pontos do que o City, quando se assumia como mais forte candidato ao título), Tottenham, Arsenal e o "lanterna vermelha" Sheffield United, que passou de equipa-sensação (9.º lugar em 19/20) para indiscutível pior emblema em competição.

    Individualmente, Harry Kane marcou mais que todos e assistiu mais que todos, mantendo consistente um nível como mais nenhum atleta conseguiu em terras de Sua Majestade, chegando a aproximar-se na qualidade que colocou em campo de grandes figuras das Big 5 como Lewandowski e Messi.
    Rúben Dias foi o MVP dos campeões, revelando-se o reforço da temporada, crescendo e respondendo aos novos estímulos como poucos imaginariam; de resto, também Bamford, Emiliano Martínez (farto de ser 2ª opção no Arsenal virou melhor guardião da Liga no Aston Villa), Soucek, Calvert-Lewin e Stones evoluíram a olhos vistos. Desta edição ficam ainda as arrancadas do polivalente João Cancelo, o regresso do melhor Luke Shaw, a mestria de Bruno Fernandes a carregar o Manchester United nos seus ombros, a brutal regularidade de Mason Mount e a verticalidade de Son Heung-Min.

    Como todos os anos, é chegada a altura de indicarmos aqueles que foram para nós os melhores do ano: o nosso 11, o Jogador do Ano e o Jovem Jogador do Ano, o Treinador do Ano, e ainda algumas categorias complementares.



Guarda-Redes: Num ano em que Alisson baixou muito o nível, aparecendo somente na recta final, onde até um golo marcou, Ederson arrecadou as Luvas de Ouro com uns impressionantes 19 jogos sem sofrer qualquer golo. O ex-Benfica, que lá somou mais uma assistência esta época graças ao seu jogo de pés e pontapé sem igual, esteve soberbo, mas não o suficiente para bater Emiliano Martínez. O argentino de 28 anos e 1,95m, contratado ao Arsenal por 17,4 milhões, coleccionou defesas impossíveis, foi o melhor em campo em inúmeros jogos e, em suma, arrecadou a pole position por nenhum GR ter sido tão preponderante no trajecto da sua equipa. Nesta altura, os gunners estarão seguramente arrependidos...
    Além de Martínez e Ederson, destacou-se o menino Illan Meslier (raríssimo encontrar um guarda-redes que aos 21 anos não acuse a pressão, brilhando como última barreira das sempre exigentes ideias de Bielsa), Sam Johnstone adiou ao máximo a despromoção do WBA ao bater toda a concorrência no nº de defesas efectuadas, e há ainda que sublinhar o brutal impacto que o senegalês Édouard Mendy teve no futebol do Chelsea, até aí tão frágil e mal entregue a Kepa.  


Lateral Direito: Demorou mais do que prevíamos, mas João Cancelo conquistou por fim Manchester, sendo não só o melhor lateral direito da Premier League como possivelmente o melhor na sua posição em todo o futebol europeu em 2020/ 21 (Silas Wamangituka, Hakimi e Cuadrado teriam também uma palavra a dizer neste raciocínio). Na maioria das vezes à direita, mas por várias vezes também à esquerda, com muito superior capacidade de jogar por dentro e preencher o miolo como Delph ou Zinchenko já faziam no passado neste City, Cancelo impressionou e mostrou porque é que já fora destaque na Juventus, no Inter e em Valência.
    Reforço dos hammers em Outubro, Coufal revelou-se uma autêntica "pechincha" por 6 milhões, sendo cansativo acompanhar o seu fulgor e pulmão na sua incessante procura de alimentar o ataque e o seu amigo e compatriota Soucek; Stuart Dallas acabou a temporada a médio centro mas foi um faz-tudo, daqueles que ainda por cima faz tudo bem feito; Alexander-Arnold acabou em bom plano mas esteve irreconhecível durante largo período da competição e, por fim, Wan-Bissaka continuou a primar pelo rigor e intensidade de quem tem gosto em defender bem. O pequeno e enérgico Tariq Lamptey, se não se tivesse lesionado, tiraria provavelmente o lugar a alguém deste quinteto. 


Defesa Central: Quem o viu e quem o vê. À quinta época com a camisola do Manchester City, John Stones (27 anos) foi um dos centrais goleadores desta Premier com 4 golos (só Dunk e Zouma marcaram mais), mas a principal nota de destaque foi mesmo a sua competência defensiva, formando uma parceria perfeita ao lado de Rúben Dias. Curiosamente, decorridas 9 jornadas quando o City parecia bem longe da luta pelo 1.º lugar, o central natural de Barnsley só tinha estado em campo 90 minutos. A jornada 10 marcou o começo de uma jornada de renascimento para Stones, que encontrou em Rúben Dias (central mais dominante, líder natural) um parceiro com a sintonia e a comunicação dignas das melhores duplas que há memória nos últimos anos em Inglaterra.
    Do lado direito dos centrais, Jan Bednarek foi um rochedo (enorme 1.ª volta ao serviço do Southampton), James Tarkowski recordou a todos uma vez mais porque é que tinha condições ideais para já ter dado o salto há um ou dois anos, Joachim Andersen foi bombeiro na defesa do Fulham e Ben White não acusou a pressão na transição do Championship para a melhor Liga do mundo, dando sequência no Brighton à qualidade com bola e polivalência (jogou a central, médio defensivo e até a lateral direito) que tinham feito dele em Leeds um dos centrais da moda no país.


Defesa Central: Liderança, compromisso, concentração, ambição, um capitão dos pés à cabeça. Poucos poderiam adivinhar que, no seu ano de estreia na Premier League, Rúben Dias teria um impacto similar ao que Virgil van Dijk tivera recentemente no Liverpool. Habituado a privilegiar centrais evoluídos com bola e muito capazes no auxílio ao processo ofensivo, Guardiola rendeu-se ao encontrar em Rúben um defesa central fortíssimo naquilo que é realmente prioritário: defender. O MVP dos campeões deu o corpo ao manifesto, celebrou cada corte e cada clean sheet, e com a sua garra e fome catapultou toda a equipa para outro patamar, assumindo-se como voz de comando e resolvendo, quase sozinho, as principais lacunas da equipa.
    No entanto, convém destacar o poderoso Harry Maguire, capitão do Manchester United, o estreante Wesley Fofana que aos 20 anos joga como se tivesse 27, um gigante chamado Tyrone Mings e Lewis Dunk, central goleador.  


Lateral Esquerdo: Quando a maioria dos adeptos pensava que o trono da posição de lateral esquerdo seria disputada na Premier League entre Andrew Robertson (um habitué, e o melhor do mundo nos últimos anos) e Ben Chilwell, reforço dos blues, Luke Shaw não só deixou bem claro que Alex Telles chegara para ser seu suplente, como brilhou ao ponto de ser o 2.º melhor jogador do United somente atrás de Bruno Fernandes, e o melhor lateral esquerdo desta edição. Tão bom ver Luke Shaw, valorizado por Solskjaer, a recuperar um nível que talvez só tivera em 2014 na sua super-época como revelação no Southampton.
    Chilwell correspondeu às expectativas no seu 1.º ano no Chelsea, Aaron Cresswell foi camaleão entre a lateral e o centro da defesa, e um mestre na cobrança de livres indirectos, Digne arrancou muito bem (perdeu muito com o apagão de James Rodríguez) e Robertson, embora menos ligado à corrente do que tem sido apanágio, não deixou de acumular assistências e desequilibrar a partir do seu corredor.


Médio Centro: Nas melhores épocas da sua carreira, Ilkay Gündogan marcara 6 golos. Nesta, foram 17 (13 no campeonato). Uma das principais surpresas da época do City foi mesmo o improvável instinto goleador do médio alemão originário de Gelsenkirchen, fantástico a interpretar o jogo, a entender o espaço e a temporizar as suas aparições. Com De Bruyne (estando todos a 100%, continua a ser aquele que faz a diferença e está num patamar diferente) a falhar parte da época por lesão, Gündogan puxou para si os holofotes e, à falta de outros números de Agüero, Gabriel Jesus ou Sterling, disse ele mesmo presente. Impossível não relembrar o seu bis em Anfield e o jogão que realizou diante do Tottenham em jornadas consecutivas.
    Para encaixar os melhores no 11, Gündo surge acompanhado pelos melhores médios defensivos desta edição, papel que o alemão desempenhou apenas ocasionalmente. Declan Rice deixou os "grandes" loucos por ele, não deixando dúvidas que é o melhor trinco britânico da actualidade, Kalvin Phillips foi sistematicamente um regalo para os nossos olhos, brilhando na posição mais importante do modelo de Bielsa; Bissouma evoluiu sem pedir licença a ninguém, parecendo irrealista que o Brighton o segure; e Ndidi manteve a toada das últimas temporadas, equilibrando os foxes com as suas recuperações, e protegendo a progressão de Tielemans e Maddison com os seus tentáculos. N'Golo Kanté fez um brilharte nos jogos finais da Champions (2 vezes contra Real Madrid e na final com o City) mas a nível interno realizou uma época bastante abaixo do habitual, principalmente enquanto orientado por Lampard.


Médio Centro: Na época seguinte a ter sido o Jogador do Ano da Premier League, destacando-se como máximo intérprete individual numa temporada em que o Liverpool dividiu o brilho entre vários elementos, Kevin De Bruyne voltou a carregar o City, tendo falhado no entanto desta vez vários jogos por lesão. O belga terminou com 6 golos e 12 assistências mas nem chegou a totalizar 2.000 minutos. Nos 25 jogos do campeonato em que participou, fez mais do que suficiente para constar no 11 do Ano, destacando-se sempre com a sua visão de jogo, qualidade de passe sem concorrência e pujança a transportar a equipa para o ataque. Na sua zona, esteve igualmente impressionante Mason Mount (o médio inglês integra mesmo o nosso 11 do ano, apresentado no final do artigo, onde abdicamos do extremo direito eleito), o jogador mais consistente na época do Chelsea, passando de craque de Lampard para jogar enormidades com Tuchel.
    KDB e Mount têm ainda a companhia do checo Soucek, um gigante que dominou nos ares a Premier League, o completíssimo e muitas vezes subvalorizado Tielemans, e Hojbjerg, um jogador "à Mourinho" que acabou por ser um dos poucos destaques dos spurs este ano.


Médio Centro: Entre os médios mais ofensivos, o nosso Bruno Fernandes foi um dos reis deste campeonato. Já um líder natural nos red devils, o craque português deu sequência ao que já apresentara na 2.ª volta de 19/ 20 e fechou a época com números estratosféricos (18 golos, 9 dos quais grandes penalidades, e 12 assistências, embora no conjunto de todas as competições tenha chegado mesmo aos 28 golos). O actual Manchester United está construído em torno do camisola 18 e, embora continue a "desaparecer" em alguns jogos cabeça-de-cartaz, foi uma das figuras deste campeonato e um mimo para quem joga Fantasy.
    Lembrando o impacto de Bruno Fernandes na época anterior, Jesse Lingard jogou barbaridades ao assinar pelo West Ham no mercado de Inverno, renascendo e espalhando técnica jogo atrás de jogo. James Ward-Prowse deu autênticas lições de como cobrar bolas paradas; James Maddison deu um toque de (boa) arrogância ao futebol do Leicester; e Bernardo Silva não voltou ao seu nível de 18/ 19 mas trabalhou imenso e ajudou o City a embalar para o título, sacrificando-se e vestindo o papel de operário ao acrescentar muita dinâmica e muita capacidade de pressão.


Extremo Direito: Numa das posições menos fortes desta Premier League, e também por isso abdicamos dela no nosso 11 do Ano apresentado no final do artigo para colocar mais um médio, Mo Salah voltou a destacar-se, desta vez com 22 golos (menos 1 que o melhor marcador Harry Kane), embora longe de conseguir por si só salvar um Liverpool cheio de problemas.
    Foi difícil a escolha entre Salah e Mahrez (9 golos, 6 assistências e o terror espalhado nas suas venenosas diagonais a partir da direita), com o argelino a ser uma das principais fontes de criatividade dos azuis de Manchester, numa posição onde fazemos questão de destacar o crescimento do jovem Bukayo Saka (faz bem todas as posições que lhe pedem), a facilidade com que Raphinha entrou no ritmo da Premier League e na filosofia de Bielsa e a ousadia de Matheus Pereira, o jogador que deu algum encanto ao relegado West Brom. Sair de Stamford Bridge com 2 golos e duas assistências não é para qualquer um...


Extremo Esquerdo: Numa posição recheada de craques, Jack Grealish parecia estar lançado para figurar de caras no 11 do Ano mas uma lesão deixou-o fora de combate a partir da jornada 24, acabando por regressar apenas nas quatro jornadas finais, com pouco ritmo. Enquanto esteve bem, Grealish chegou aos 6 golos e 10 assistências, liderando um Aston Villa que chegou a marcar 7 golos ao Liverpool e deixando em campo uma pergunta aos grandes ingleses: qual deles vai conseguir assinar com este craque de meias para baixo?
    Diogo Jota entrou no Liverpool como se sempre tivesse jogado na turma de Klopp, "obrigando" o técnico alemão a ter que encostar por vezes um dos supostamente intocáveis Firmino, Mané e Salah; Marcus Rashford baixou a sua produção na cara do golo mas foi fundamental para o 2.º lugar do United, faltando-lhe apenas maior consistência e uma 2.ª volta ao nível da primeira.
    Escolher entre Phil Foden e Son Heung-Min foi difícil visto que a magia do predestinado inglês de 20 anos não aparece na ficha de jogo e nas folhas de Excel, mas o que é certo é que o jovem fenómeno jogou apenas cerca de 1.600 nesta edição, e não há como fugir ao avassalador e determinado registo do sul-coreano Son Heung-Min (17 golos e 10 assistências) que, a jogar de olhos fechados com Harry Kane, foi de forma recorrente um dos melhores desta Premier League.


Ponta de Lança: Que jogador que é actualmente Harry Kane! Naquela que pode muito bem ter sido a sua última época nos spurs, Kane foi "só" o melhor marcador (23 golos) e melhor assistente (14 assistências), assumindo-se como indiscutível figura ofensiva deste campeonato, mantendo regular um nível que o aproximou por exemplo das performances de Lewandowski e Messi noutros campeonatos. Está no ponto para abraçar um projecto que o faça finalmente arrecadar títulos, mas que lhe permita continuar de mira apontada ao mítico recorde de Alan Shearer, e ao longo do último ano ficámos deslumbrados com a forma como foi capaz de conjugar a sua facilidade em marcar golos com a sua absurda qualidade de passe para um ponta de lança, fazendo estragos ao baixar no terreno para lançar sobretudo Son Heung-Min.
    Lá bem na frente, Patrick Bamford emergiu como Most Improved Player do ano, passando de avançado que só rendia no Championship para autor de 17 golos na Premier League; Jamie Vardy continuou a ser o homem-golo do sempre interessante Leicester City; Calvert-Lewin deu o salto e passou muito tempo a saltar mais do que todos os adversários, e a fechar Ollie Watkins confirmou-se como óptima contratação do Aston Villa, chegando aos 14 golos na sua estreia no 1.º escalão.





    É compreensível que o prémio da PFA seja entregue a Rúben Dias, como foi o dos jornalistas britânicos, e torcemos para que assim seja como confessos fãs do central português, um centralão e figurão nesta Premier e o clarríssimo MVP dos novos campeões. Rúben Dias mudou o City e, sem ele, a equipa de Pep Guardiola jamais teria chegado ao 1.º lugar. No entanto, seria desonesto não eleger como Jogador do Ano aquele que acumulou um maior número de exibições num nível à parte, que marcou e assistiu num patamar de classe mundial, recusando-se a exibir um nível abaixo de excelente e insistindo em ser, perante a intermitência física de Kevin De Bruyne, o representante da Premier League na hora de ombrear com Robert Lewandowski e Lionel Messi. Harry Kane jogou muito, e a máxima distinção individual ficaria bem entregue tanto a ele como a Rúben Dias.
    Numa lista de seis onde também podiam estar Son Heung-Min, Phil Foden, João Cancelo ou Emiliano Martínez, optámos pelo maestro dos red devils Bruno Fernandes, pelo box-to-box Kevin De Bruyne, que mesmo sem jogar um terço do campeonato merece estar aqui, por Ilkay Gündogan, médio resguardado que virou goleador e peça-chave durante o melhor período do City e, finalmente, o brutalmente consistente Mason Mount.




    Talvez seja um pouco injusto não premiar Phil Foden, o talento mais evidente da nova fornada do futebol inglês e um regalo para os olhos de qualquer adepto, mas terá pesado na nossa decisão 1) esta ser a última oportunidade de Mason Mount vencer esta categoria (para a qual definimos como idade máxima 22 anos), enquanto Foden ainda tem mais dois anos para ser distinguido, e 2) a maior consistência e influência no jogo do Chelsea que Mount apresentou ao longo de toda a prova. Aposta pessoal de Frank Lampard, polido e refinado por Thomas Tuchel, Mason Mount passou de "médio que dá gosto ver jogar" para o patamar de médio que não vacila em qualquer momento do jogo, decidindo sempre bem, definindo correctamente na frente, sem descurar as suas responsabilidades atrás. A geração é de Phil Foden, mas o ano é de Mason Mount, que sucede assim a nomes como Alexander-Arnold, Sané, Dele Alli ou Harry Kane.
    Mount e Foden são diamantes de outra vitrine, mas há ainda a reforçar a época brutal de Declan Rice, melhor médio defensivo neste ano convidando os principais emblemas do futebol inglês a entrar em loucuras por ele, a polivalência e irreverência do imprevisível Bukayo Saka, a maturidade que o guardião Illan Meslier já apresenta com apenas 21 anos, e o nosso Pedro Neto, que até à sua grave lesão (estaria no Euro-2020 seguramente) foi quem levou os wolves para a frente.



Treinador do Ano: Convém salvaguardar que a nossa distinção, tanto nesta categoria como em todas as outras, contempla apenas a Premier League. Caso contrário, Thomas Tuchel levaria esta para casa, da mesma maneira que levou a medalha na final da Liga dos Campeões após masterclass a partir do banco.
    Feita a adenda, falar desta Premier League 2020/ 21 é falar da recuperação de Pep Guardiola. O técnico espanhol parecia ter perdido a chama, mas reinventou-se e cozinhou novas soluções, dotando a equipa de predicados diferentes: com Rúben Dias passou a ter um verdadeiro sucessor de Kompany, ficando a defesa entregue a um patrão que tem gosto em defender e não a centrais ou médios adaptados com elevada qualidade na saída a jogar mas elevado número de turnovers; sem poder espremer os golos que se deviam exigir a Gabriel Jesus, Sterling ou Agüero, encontrou forma de Gündogan virar matador, perdendo a equipa uma referência mas passando os adversários a ter dores de cabeça e total impotência para travar os golos do City, que poderiam vir de uma diagonal de Mahrez, de uma leitura hábil do momento de aparecer de Gündo, de um tiro do meio da rua de KDB ou de um ziguezague elegante de Foden. Guardiola entende os jogadores, inventa, é certo, sobretudo em jogos a eliminar, mas ninguém desenvolve jogadores como ele. São 3 campeonatos em 4 anos para o City, para quem continua a faltar a Liga dos Campeões.
    Para nós, David Moyes foi uma gigante surpresa, recuperando todo o crédito que perdera desde que abandonou Goodison Park para falhar na sucessão a Sir Alex Ferguson. O técnico escocês fez do West Ham a equipa-sensação da prova, estatuto que também podia ser reclamado pelo Leeds United de Marcelo Bielsa, com El Loco a comandar uma equipa que correu e suou como nenhuma outra. Brendan Rodgers voltou a demonstrar que é um dos melhores em Inglaterra, dando sequência ao projecto sustentado do Leicester e deixando o Top-4 escapar mesmo no fim, e Thomas Tuchel chegou à Premier League para garantir a presença entre o sempre tão disputado quarteto de luxo, objectivo que, mesmo vacilando a nível interno, teria sempre alcançado mediante a conquista de uma competição chamada.. Champions League.



Melhor Marcador: 1. Harry Kane (Tottenham) - 23
2. Mohamed Salah (Liverpool) - 22
3. Bruno Fernandes (Manchester United) - 18

Melhor Assistente: 1. Harry Kane (Tottenham) - 14
2. Kevin De Bruyne (Manchester City) - 12
3. Bruno Fernandes (Manchester United) - 12

Clube-Sensação: West Ham
Desilusão: Liverpool
Most Improved Player: 1. Patrick Bamford, 2. Emiliano Martínez, 3. Tomas Soucek
Reforço do Ano: Rúben Dias (Manchester City)
Flop do Ano: Timo Werner (Chelsea)
Melhor Golo: Erik Lamela (Arsenal 2 - 1 Tottenham) (Link)







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