No seu segundo ano de utilização, espera-se o aperfeiçoar do VAR, e fazemos votos para que o ruído à volta das quatro linhas diminua, o que infelizmente não deve acontecer.
O Porto defende o título tendo preservado a maioria das suas peças, necessitando apenas de responder às saídas de Ricardo Pereira e Marcano. Os substitutos encontrados, até ver, já moravam no Dragão. À procura do bicampeonato, capaz de cimentar o poder do passado e mostrar que a última época não foi somente um deslize do então tetracampeão Benfica, os azuis e brancos contam com o melhor treinador dos 3 grandes, o que pode ter o seu peso.
Reconquista será a palavra de ordem na Luz. Os encarnados reforçaram-se com qualidade, seguraram Jonas e Rúben Dias, continuando a dar oportunidade aos jovens diamantes (Gedson, neste caso) para mostrarem o seu valor de águia ao peito. Parece-nos indiscutível que o Benfica tem o melhor plantel do campeonato (não o melhor onze) e a brutal qualidade técnica de vários intervenientes da frente conjugada com a multiplicidade de soluções obriga Rui Vitória a ser campeão.
O Sporting iniciou 2018/ 19 à procura de estabilidade, depois de viver uma tragédia e combater um cancro que, infelizmente, promete ainda atormentar o quotidiano do clube mais uns tempos. As eleições (8 de Setembro) serão um momento crucial numa época em que é impossível não saudar o milagre que Sousa Cintra tem operado. Sinceramente, vimos a coisa muito mal parada. À espreita de aproveitar potencial desnorte leonino está um Braga cada vez mais candidato ao título. A época não começou bem para Abel, mas o clube que tem como meta ser campeão no espaço dos próximos 4 anos deve ser respeitado, já não fazendo muito sentido falar em 3 grandes.
Nacional da Madeira e Santa Clara substituiram Paços de Ferreira e Estoril, proporcionando umas quantas viagens às Ilhas, num ano em que esperamos significativo crescimento do Vit. Guimarães sob o comando de Luís Castro, e em que saudamos a chegada ao futebol português de jogadores como Nani, Facundo Ferreyra, Castillo, Gudelj, Sturaro ou Danny, guardando saudades de Rui Patrício, William Carvalho, Raúl Jiménez, Ricardo Pereira, Gelson, Marcano, Vukcevic, Francisco Geraldes, Fabrício e da explosão que nunca chegámos a ver (cá) de Diogo Dalot.
A viagem dura até 19 de Maio e promete emoções fortes e espaço para jovens valores - entusiasmante pensar nos minutos que terão Gedson Fernandes, Rúben Dias, Zivkovic, Diogo Leite, Éder Militão, Xadas, Trincão, Matheus Pereira, Galeno, Gelson Dala, Joel Pereira ou Heriberto, entre outros.
Cabe-nos então apresentar a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita como sempre às vicissitudes do mercado de transferências até final de Agosto, convictos que teremos uma bela época pela frente e desejando que em Maio festeje o mais justo campeão:
Reconquista. Não se fala noutra palavra para os lados da Luz. Depois de 4 anos a vencer de forma consecutiva, o Benfica hipotecou o inédito penta por mérito do Porto (justo campeão) e devido a alguma sobranceria: deu a entender que LFV achou que a máquina estava tão oleada que se podia dar ao luxo de atacar uma época sem substituir Ederson, Nélson Semedo e Lindelöf.
A presença nas eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões, conjugada com o reduzido nº de internacionais presentes no Mundial, permitiu/ obrigou as águias a fazerem tudo com tempo. Em Agosto, a equipa já apresenta índices competitivos interessantes, e os reforços contratados dão margem zero a Rui Vitória.
Os benfiquistas sentiram, mais do que nunca, a importância de Jonas (o melhor jogador da Liga) quando percepcionaram como real a possibilidade do 10 rumar às Arábias. Mas o craque continua, bem como Rúben Dias. À manutenção do elenco da época passada - a vitamina Raúl Jiménez foi a única perda, ficando por exemplo Grimaldo que já dávamos como perdido - o Benfica acrescentou os golos de Ferreyra (principal candidato a assumir-se como goleador máximo no pós-Jonas) e Castillo (amor à primeira vista para os adeptos), resolveu a importantíssima questão da baliza com Vlachodimos, e terá, depois de recuperado, Corchia para dar ao lado direito o que Grimaldo dá do lado esquerdo.
Cada vez mais em 4-3-3 - a sério que o Benfica quer mesmo o luxo de ainda garantir Ramires e Gabriel? - pede-se a Rui Vitória que por fim consiga potenciar extremos como Rafa e Zivkovic, embora o técnico prefira sempre Salvio e Cervi, e à monstruosidade do imprescindível Fejsa juntam-se os jogadores em destaque neste arranque de época: Pizzi e Gedson Fernandes. O camisola 21 está a mostrar porque é que foi o melhor jogador da Liga há dois anos, prometendo melhores números que nunca e justificando em campo o porquê dos colegas o procurarem sempre que levantam a cabeça. Já Gedson, é tudo aquilo que este Benfica precisava - a capacidade de transporte, a pressão alta com fome de bola, o quebrar de linhas. Mas há um bónus: Krovinovic. Para se perceber a importância do croata, ficou a sensação que se não se tivesse lesionado em 17/ 18 talvez o Benfica tivesse alcançado o penta, coincidindo a sua presença com o período em que as águias praticaram melhor futebol e foram mais dominantes. Boa dor de cabeça para Vitória a futura coexistência de Pizzi, Gedson e Krovinovic no mesmo onze.
Embora haja 4 candidatos ao título, as candidaturas de Benfica e Porto parecem-nos mais fortes. Os encarnados conquistam connosco a pole position com ligeiríssima vantagem, essencialmente pelo potencial técnico e pela multiplicidade de opções que Rui Vitória tem do meio-campo para a frente. Saiba o treinador gerir todo este talento.
No papel, o FC Porto parte como favorito a erguer o troféu em Maio. Mas a qualidade individual e técnica do lado do Benfica faz-nos pender para as águias. Mantendo as suas características preservadas - elevada intensidade de jogo e combatividade, pujança física e perfeição na execução de bolas paradas - o Porto procura o bicampeonato numa edição que, quanto mais for para homens de barba rija e menos de rodriguinhos, mais favorecerá os dragões. Convém recordar: 1) Sérgio Conceição é para nós superior a Rui Vitória e José Peseiro, 2) Na época passada o Porto foi a melhor equipa em campo em todos os clássicos disputados.
Sérgio Conceição disciplina o plantel e não tem medo de sentar qualquer jogador, potenciando a evolução de supostos suplentes e descobrindo sistemáticas soluções internas, isto numa época em que o primeiro desafio é substituir devidamente Ricardo Pereira e Marcano. Maxi e o jovem Diogo Leite têm sido os escolhidos, podendo Éder Militão entrar na discussão para qualquer um dos lugares no decorrer de 18/ 19. Que a Direcção do Porto não funciona como dantes fica evidente pela gestão ineficaz dos processos de Ricardo e Dalot, podendo por exemplo Brahimi e Herrera sairem do clube no próximo Verão a custo zero.
Para lutar com o mesmo número de armas do Benfica, determinado em reconquistar o 1º lugar, o Porto merecia uns 2 reforços de qualidade. Marega continuará por cá a aterrorizar defesas com a sua dimensão física, e a Aboubakar pede-se por fim regularidade toda a época. No corredor esquerdo, Brahimi mantém-se o jogador iluminado deste plantel, esperando-se mais uma super-época de Alex Telles (será ele o único jogador de classe mundial da Liga NOS se considerarmos ser Top-10 na sua posição para essa classificação?). Herrera e Sérgio Oliveira são muito importantes na forma como SC vê este Porto, mas a inclusão de Danilo (que saudades) nos próximos meses pode elevar os campeões nacionais para outro patamar.
Perante a falta de reforços, Otávio e Corona terão que render o dobro como aconteceu com vários jogadores no ano passado; Óliver não deixou de ser craque, e num ápice pode passar de corpo estranho no sistema a jogador-chave; Conceição gosta de André Pereira, e mesmo uma nova vida para Adrián não está excluída.
A 15 de Maio um acto monstruoso (ou "chato" nas palavras do ex-presidente do Sporting) podia ter afundado o clube. Na verdade, o narcisismo, a loucura e o ódio ao rival sobreposto ao amor pelo próprio clube, características de Bruno de Carvalho que só se intensificaram com o tempo, colocaram em causa a sustentabilidade do Sporting e a sua identidade. As rescisões com justa causa de Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Bas Dost, Battaglia, Rafael Leão, Podence, Rúben Ribeiro foram entretanto geridas na medida do possível. Dos mais relevantes, Patrício rumou ao Wolves, William ao Bétis, Gelson ao Atlético e Leão ao Lille, mas Sousa Cintra (incrível trabalho durante estes meses!) segurou Bruno Fernandes, Dost e Battaglia.
Numa temporada perigosa - a realidade actual do clube deixará o nervosismo vir ao de cima se as coisas não estiverem a correr bem, e o ruído exterior existirá em maior ou menor dose - o Sporting procura a sua estabilidade. Tentará o título, mas julgamos que na melhor das hipóteses ficará em 3º lugar. O mercado de treinadores tinha melhores opções do que José Peseiro, habitualmente azarado, mas Sousa Cintra tem presenteado o técnico com verdadeiros reforços.
Embora a atravessar o pós-crise, aquilo que nos faz colocar o Sporting acima do Braga é precisamente a qualidade dos jogadores. A baliza ainda levanta bastantes questões, mas a dupla de centrais Coates-Mathieu é boa. Jogadores como Bruno Fernandes, Dost e Nani (esperamos muito dele) prometem ser pedras basilares deste novo Sporting, no qual Gudelj e Sturaro são extraordinários reforços, Diaby uma solução melhor que Montero ou Doumbia, existindo ainda margem para a evolução dos jovens Raphinha, Matheus Pereira e Jovane Cabral.
No decorrer de 18/ 19 perceberemos se Jefferson ou Acuña assumem o lugar de lateral-esquerdo, isto assumindo que não é contratado ninguém para a posição até dia 31, e daqui a uns meses o melhor Sporting pode recomendar a coexistência em campo de Battaglia, Gudelj, Sturaro, Bruno Fernandes e Nani. Há, claro, margem para Diaby emparelhar com Dost na frente, e flanqueadores como Acuña, Raphinha ou Matheus mostrarem a Peseiro que são obrigatórios no flanco contrário ao de Nani.
À procura de construir uma nova identidade - perder Rui Patrício, William e Gelson pesa - e numa época em que vai deixar de se ouvir o "Siim!" a cada defesa no estádio, ficará claro o porquê do verde ser cor de esperança.
Podemos estar equivocados, mas acreditamos que a 4 jornadas do fim do campeonato será clara a existência de dois fortes candidatos ao título (Benfica e Porto) e duas equipas a lutar pelo terceiro lugar.
O contexto de um Sporting ferido pode significar uma oportunidade única para o Braga assaltar o pódio, dando sequência ao incrível futebol praticado em 2017/ 18.
Abel Ferreira é treinador, e mesmo depois de um arranque de época em falso merece toda a confiança para continuar a desenvolver o seu trabalho. Em Braga, numa época em que o grande rival quererá encurtar distâncias, o farol dos bracarenses é ambicioso. A meta foi definida: conquistar o título no espaço dos próximos 4 anos.
Sem Europa, Abel deve continuar a promover uma sábia gestão do seu plantel, continuando a contar com craques que estão à porta da Selecção como Ricardo Horta e Paulinho. Estamos certos que a dinâmica ofensiva será entusiasmante, seguros de que João Novais (golos de livre directo garantidos em Braga!), Ailton, Murilo, Eduardo e Claudemir foram bons reforços, e torcemos para o subvalorizado Esgaio continue uma máquina e para que seja dada liberdade para Xadas e Trincão singrarem na Pedreira.
Golos não serão problema, faltando sim perceber se o clube tem o que é preciso para vencer os grandes e não vacilar na Hora H como aconteceu na recta final de 2017/ 18. Fenómeno passageiro ou não, a verdade é que a defesa não tem impressionado, acusando a lesão de Raúl Silva. No entanto, mais importante para Abel nesta fase parece-nos o encontrar do seu meio-campo. Vukcevic, Danilo e André Horta tinham um peso significativo no equilíbrio e controlo das operações, e cabe ao treinador encontrar a melhor solução para essa zona do terreno. Fransérgio acaba por ser à sua maneira um reforço, mas não é tão linear assim que Abel consiga promover em Palhinha o salto que conseguiu que Esgaio produzisse.
Não nos surpreenderá uma intromissão do Braga no Top-3, mas o plantel do Sporting e especialmente o potencial 11 titular continua a dar uma ligeira vantagem aos leões. No entanto, como um predador, o Braga não hesitará se o Sporting, essencialmente por motivos extra-quatro linhas, tremer.