15 de agosto de 2016

Antevisão da Liga NOS 2016/ 17

 Liga NOS - Depois da sua época mais escaldante dos últimos anos largos, a Liga Portuguesa regressou e promete apaixonar-nos uma vez mais. O tricampeão Benfica tentará fazer em 2016/ 17 aquilo que nunca na sua História conseguiu - o tetra. Sempre que o clube encarnado dispôs da possibilidade de conseguir o seu 4.º título consecutivo, foi o Sporting campeão. Uma curiosidade estatística e antiga.
    Depois de conseguir 88 pontos e marcar 88 golos na época passada, a fasquia está altíssima para o Benfica, que parece partir para esta temporada com menor pressão do que leões e dragões, impedidos de falhar outra vez. Se por um lado o campeão perdeu dois dos seus jogadores mais importantes, Nico Gaitán e Renato Sanches, por outro revelou ter aprendido a lição no defeso passado. As águias geriram bem a sua pré-época, apetrechando o seu plantel com reforços de qualidade e tendo soluções inclusive que percavejam uma ou outra saída até ao fim do mercado. O Sporting (86 pts, e não foi campeão), pelo contrário, vive um clima de indefinição, precisando ainda de escolher entre segurar os seus melhores jogadores (aparentemente desejosos de rumar a outros campeonatos) ou vendê-los para rapidamente contratar substitutos de qualidade. Para além disto, importa referir que desta vez não há um catalisador como foi a chegada de Jesus, que tudo inflamou e motivou pela novidade. O treinador dos leões é, ainda assim, um trunfo determinante do clube verde e branco na procura dum título que foge desde 2001/ 02.
    O Porto apostou em Nuno Espírito Santo e procurará reencontrar-se com os títulos, atravessando uma seca de 3 anos (coisa igual só se viu entre 2000 e 2002 recentemente) e uma completa descaracterização em relação ao seu ADN. Cabe a Nuno, que deve fazer do jovem André Silva o seu novo ponta-de-lança titular, espremer a qualidade dos jogadores que baixaram de rendimento ou simplesmente não corresponderam com outros treinadores. Numa análise global, esperamos uma luta a três até bem perto do fim e não somente a 2, e é perfeitamente natural se acontecer Benfica e Sporting perderem mais pontos do que na época passada.
    Depois, como sempre, há um Braga (achamos que Salvador poderia ter encontrado melhor que Peseiro), e várias equipas com uma boa abordagem de mercado e que prometem um campeonato mais equilibrado entre si (o fosso entre os 3 grandes e o resto continua a ser demasiado grande, infelizmente) como Vit. Guimarães, Arouca, Rio Ave, Estoril e Paços de Ferreira. Da Ledman LigaPro, e depois das descidas da Académica e União da Madeira, vêm o Chaves do "Xico das Cassetes" e o Feirense.
    Em 18 equipas, 14 treinadores portugueses. Os dados estão lançados, e o espectáculo termina a 20 de Maio. Esta é a nossa previsão em termos de destaques colectivos e individuais, sujeita naturalmente às vicissitudes do mercado de transferências até final de Agosto:



 BENFICA (1)

   Na prática já sabemos que o futebol é completamente imprevisível. Porém, em teoria, o tricampeão nacional é o grande favorito a vencer o campeonato perfazendo assim o tetra. Se no ano passado as dúvidas eram muitas, desta vez pode-se dizer que Luís Filipe Vieira entregou o plantel que havia prometido a Rui Vitória, mas com um ano de atraso. Condições (na Liga NOS ter as invidualidades que o Benfica tem pesa muito) mais que perfeitas para se fazer História no clube da Luz com uma inédita 4.ª vitória consecutiva para o campeonato.
    É inevitável fazermos comparações e verificar o grande contraste. Se há 12 meses atrás o comandante Rui Vitória conduzia o seu navio entre tempestades e marés agitadas, hoje tem condições melhores e estabilidade. Depois de vencer o tricampeonato com uma equipa que todos desprezavam tudo se solidificou. Mesmo com lesões atrás de lesões foi encontrando sempre solução e hoje tem ao seu dispor o mesmo plantel - "apenas" sem dois craques (Nico e Renato) - e contando ainda com uma panóplia imensa de jogadores novos de qualidade. Principalmente na frente de ataque que conta com as entradas de Cervi, Zivkovic e André Carrillo. Para o lugar do insubstituível Renato Sanches, chegaram dois jogadores - um jogador-adepto e um jogador de grande potencial. E é o menino jogador-adepto que vai partindo em vantagem no onze. Falamos de André Horta. O jovem ainda tem algumas falhas no comportamento sem bola, mas quando tem o esférico nos pés, finge que está no pátio da escola e dribla os rivais em busca do golo. Ainda assim, é provável que vá alternando com Danilo no centro do terreno. O brasileiro chegou emprestado pelo Braga, é jogador dos pés à cabeça e tem tudo para representar um encaixe significativo para o Benfica e para Jorge Mendes a médio-prazo.
    Com esta equipa é legítimo que os dirigentes encarnados definam como objectivo vencer todos os troféus nacionais, e até fazer um brilharete na Liga dos Campeões. Quanto aos jogadores em si, Jonas e Fejsa são os pilares para uma grande temporada das águias. O goleador brasileiro, jogador mais influente e decisivo no futebol português, começa com o pé esquerdo, ao ser submetido a uma intervenção cirúrgica que o afastará, pelo menos, 3 jornadas. Já o sérvio é fulcral na recuperação e equilíbrio da equipa. Fejsa estar bem, significará o Benfica estar bem. Este autêntico "monstro" em campo tem sido um talismã para todos os clubes por onde tem passado (será Fejsa novamente campeão?).
    De resto, Vitória deve continuar a apostar na dupla Lindelöf-Jardel (muito importante segurar ambos), contando com 2 laterais mais atrevidos dos quais esperamos bastante - Semedo e Grimaldo - e dois mais conservadores, Almeida e Eliseu. Se na direita a rotação deve ser significativa, de acordo com os adversários, na esquerda Grimaldo tem-se destacado na pré-época e vem com tudo para roubar o lugar ao campeão europeu Eliseu. O ataque terá sempre golos não só com Jonas, mas também com o determinante Mitroglou e o suplente de luxo Jiménez, sem esquecer Gonçalo Guedes, que entre o corredor e a posição de segundo avançado deve ter em 2016/ 17 a sua temporada de progressiva afirmação. Pizzi é intocável, e faz sentido que seja, para o técnico; mas contando ainda com Salvio, Carrillo, Cervi e Zivkovic, é natural que 1 extremo saia (ou 2 caso chegasse algum reforço). O peruano ex-Sporting procura a melhor forma, e em relação a Zivkovic, parece-nos ser de todos o extremo com potencial para se tornar o caso mais sério. No entanto, as linhas que sobram usamo-las para falar de dois pequenos jovens. Cervi tem craque escrito por todos os lados e Nico Gaitán afirma de boca bem aberta que o jovem Franco é melhor que ele. Por enquanto, ficamos de pé atrás quanto à opinião do outrora 10 dos encarnados, mas concordamos que Cervi será um dos jogadores decisivos deste Benfica, por ser um desequilibrador nato e um quebra-cabeças que vem com ritmo da Argentina. Por fim, o adepto André Horta está no clube do coração cuja data de fundação está eternizada no seu pulso. Quando vemos Horta vemos uma criança feliz a cumprir o seu sonho, e tudo isso nos faz crer que terá uma muito boa época de águia ao peito. Fazem falta ao futebol português jogadores que tenham tal amor pelo clube como o miúdo número 8 transparece, e com mais Hortas teríamos um campeonato mais competitivo e apaixonante.

Treinador: Rui Vitória
Onze-Base (4-4-2): Júlio César; Nélson Semedo, Lindelöf, Jardel, Grimaldo; Fejsa, André Horta (Danilo), Pizzi, Cervi; Jonas, Mitroglou

Atenção a: Jonas, Fejsa, Franco Cervi, Álex Grimaldo, André Horta

 PORTO (2)

    Depois de 3 anos sem ganhar, Pinto da Costa deu o murro na mesa e procura construir um novo ciclo, deixando no passado os tempos de Lopetegui e Peseiro, que desperdiçaram um bom plantel numa época desastrosa e mal organizada face ao esforço financeiro realizado. Em jeito de pedido de desculpas aos adeptos, o presidente portista prometeu redimir-se e quer investir fortemente no presente ano para quebrar um jejum impróprio para um clube como o Porto. Desde bem cedo, Nuno Espírito Santo foi definido como o Homem do Leme, assumindo a famosa cadeira de sonho por ser um treinador portista e que saberá transmitir os valores do clube e a sua identidade aos jogadores melhor do que ninguém. Afinal, ele mesmo foi jogador do Porto em tempos áureos do clube.

    Nesta segunda metade de Agosto e até ao final do mercado de transferências impõe-se a chegada de 3 ou 4 reforços à Invicta. Elementos como Brahimi e Aboubakar não parecem contar, e devem rumar a outros campeonatos, mas é obrigatório os azuis e brancos contratarem 2 craques para o ataque, capazes de colocar o nível deste plantel noutro patamar (Rafa e Óliver?), bem como um ou dois defesas centrais. O clube esteve à beira de contratar Boly e Alex, e tem Ricardo Carvalho livre, e é fundamental encontrar o "patrão" desta defesa, uma voz de comando capaz de actuar ao lado do reforço Felipe ou de Marcano. Ainda na defesa que actuará à frente do espanhol Iker Casillas, os corredores laterais estão longe de ser um problema - Maxi Pereira é duma regularidade extrema, e do lado esquerdo a novidade Alex Telles terá uma luta bem acesa com Layún, já que são dois belíssimos jogadores (o brasileiro tem maior qualidade técnica, o mexicano é mais polivalente e faz quase tudo bem).
    Contudo, as estrelas que prometem cintilar mais este ano já pertenciam aos quadros dos dragões. André Silva é o matador em que todos os portistas confiam para fazer a diferença e muitos golos, enquanto que Otávio parece ser o agitador do futebol ofensivo da equipa, com muita criatividade, visão de jogo e qualidade de passe. Este ano espera-se um Porto mais à imagem da sua História, com maior agressividade (positiva), energia, raça e com um futebol mais cativante. Como dissemos atrás, esperamos uma explosão do jovem goleador e guerreiro André Silva, que lhe valerá as portas da Selecção Nacional escancaradas e muita cobiça dos tubarões daqui a um ano, e igualmente do brasileiro Otávio, que muito evoluiu na cidade de Guimarães e parece capaz de continuar a encantar com um pé direito que faz maravilhas, quer jogue a extremo esquerdo ou como médio ofensivo. Para além destes dois, pode ocorrer o boom do futebol de Jesús Corona - que brilhou na Copa América -, cujo nº de golos pode ser maior do que expectável, enquanto que Alex Telles e Héctor Herrera vão certamente habituar-nos a um nível alto e constante durante todo o campeonato.
    Feito este exercício, importa não esquecer o poço de força e estabilidade que é Danilo Pereira, desejando os portistas que André André volte ao nível que exibiu na primeira metade de 2015/ 16. Não parece fácil, mas seria bom Rúben Neves ter espaço para evoluir, e veremos como Nuno gere o plantel, tendo ainda muito futebol para tirar de Bueno, João Carlos Teixeira e Adrián, e contando ainda com o tanque belga Depoitre.
    Esperamos um Porto à Porto, não no discurso mas no futebol praticado em campo. Para que os dragões se aproximem da qualidade do elenco do tricampeão nacional Benfica, é fundamental que haja ainda 3 ou 4 reforços. E aí, ainda mais, teremos candidato.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (4-3-3): Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Marcano, Alex Telles (Layún); Danilo, André André, Herrera; Corona, Otávio, André Silva

Atenção a: André Silva, Otávio, Jesús Corona, Alex Telles, Héctor Herrera

 SPORTING (3)

    Não subvalorizamos o clube leonino na disputa pelo título. Apenas achamos que neste momento os leões têm demasiadas indefinições e isso pode prejudicar bastante o início da prova. João Mário (negociado para o Inter, se não saísse seria o maior reforço e o nosso destaque nº 1, por ser o melhor jogador do Sporting) já esvazia o cacifo, Slimani parece estar contrariado e não devemos ignorar o potencial interesse e cobiça dos tubarões em Adrien, e mesmo em Rui Patrício e William. Ainda assim, e para já, com o dossier João Mário a encontrar solução para as duas partes, o maior problema é mesmo o de Slimani, já que o clube despachou Teo e Barcos para a América do Sul, viu Spalvis lesionar-se e não tem agora nenhuma alternativa para o ataque. Castaignos parece ser um dos alvos, mas as exigências monetárias parecem dificultar a vida dos leões e a concorrência começa a aparecer para garantir o jogador. Em duas semanas tudo se pode resolver, mas é uma questão que já devia ter sido resolvida com antecedência.
    Jorge Jesus vai ter que organizar uma equipa mais ou menos à sua imagem enquanto não chega o seu... Pokémon. Se será um ou mais, dependerá das pokébolas do clube.
    Se as questões forem ultrapassadas e Slimani ficar, sem birra e em total compromisso com o clube, e ainda assim tiver a colaboração de um outro avançado de qualidade (reforço), é muito provável que os leões se apresentem ao nível do ano passado. Ainda assim, importa não ignorar a perda do "efeito surpresa" - o ataque que lançaram ao coração do grande rival Benfica não foi fatal e as feridas estão saradas, com Jesus e Bruno de Carvalho a aprenderem certamente com a época passada, na qual o alarido, as polémicas e as provocações sistemáticas acabaram por se virar contra o Sporting, ajudando a unir o balneário encarnado. Tudo isto acontece agora num ano em que a luta será maior do que há um ano atrás, já que o campeonato parece estar mais competitivo.
    Quem conta com Jesus conta obrigatoriamente com bom futebol e uma ideia de jogo entusiasmante e exigente na qual os jogadores entram relativamente rápido, mas desta vez há que ser capaz de segurar vantagens pontuais e não vacilar em momentos-chave. A manutenção do 11 base é um ponto a favor (perde-se João Mário, melhor jogador português da última Liga NOS; mais grave será se sair também Slimani, ou outro dos campeões europeus), mas o clube dos cinco violinos e dos quatro Ruiz (Bryan e Alan na equipa principal, Federico e Leonardo na B) tem, de qualquer forma, de atacar o mercado nestas duas semanas que faltam.
    A confirmarem-se as suas permanências, o ponta-de-lança argelino Slimani (dificílimo encontrar um jogador que marque o nível de pressão e intensidade a partir da frente como ele, juntando a isso o instinto goleador), Adrien Silva (a alma da equipa, o capitão, cuja regularidade de jogo para jogo impressiona!) e Rui Patrício (melhor guarda-redes do último campeonato, melhor guarda-redes do Euro-2016, apresentando uma evolução extraordinária) serão extremamente fulcrais na equipa. Sumariamente, o homem-golo, o comandante em campo e a barreira praticamente intransponível. Olhando para o 11 leonino, Jesus parece continuar a promover bastante rotatividade entre os laterais, estabilizando a dupla Coates-Semedo no centro da defesa (muita atenção para Rúben Semedo, já que prevemos a continuação da sua evolução e novo salto qualitativo); William é o 6 da equipa, e a saída de João Mário pode originar uma aposta num talento da casa (temos grande fé em Iuri Medeiros, embora não nos pareça que seja uma aposta a sério; há também Gelson, Podence ou Matheus), a contratação dum reforço ou a adaptação do ex-Boca Marcelo Meli a interior direito, um pouco como Jesus fizera com Ramires em 2009/ 10. Dos reforços já vistos em campo, Alan Ruiz parece ser aquele que acrescenta qualidade, e do costa-riquenho Bryan Ruiz já se sabe o que se pode esperar - classe por todos os lados, fazendo a diferença.
    Para atacar o título a fórmula é simples: Jesus faz crescer a matéria-prima que tem em mãos, e por isso interessa perceber-se quanto antes qual será o elenco ao dispor do técnico. Ou o Sporting segura os seus melhores jogadores, ou vende a bom preço e ataca o mercado em força para encontrar novos craques. Seja como for, os leões têm trabalho para fazer, e é por essas indefinições que os apontamos ao bronze.

Treinador: Jorge Jesus
Onze-Base (4-4-2): Rui Patrício; Schelotto, Coates, Rúben Semedo, Zeegelaar; William Carvalho, Adrien, Meli, Bryan Ruiz; Alan Ruiz, Slimani

Atenção a: Slimani, Adrien Silva, Bryan Ruiz, Rui Patrício, Rúben Semedo

 BRAGA (4)

    Por enquanto, ainda é um Braga muito curto para aquilo a que estamos habituados e para que o objectivo definido seja a aproximação ao Top-3, e não somente a capacidade de ser uma ilha entre os 3 grandes e o resto do mundo. A equipa é boa e as soluções são muitas. Porém, a escolha de José Peseiro suscita-nos muitas dúvidas e o derby contra o Vitória foi mais uma prova de que ainda falta muito futebol a este Braga transformado. De um futebol de risco e apaixonante de Paulo Fonseca a um contido futebol de Peseiro que quer que os jogadores percebam que há momentos de jogo e não quer que os mesmos disparem logo para o ataque. A mudança de filosofia pode não combinar com o plantel e com as ambições do clube no campeonato, ficando na dúvida se este Braga actuará em 4-2-3-1, 4-3-3, podendo em algumas ocasiões privilegiar o 4-4-2 da temporada passada. Pelo menos, tem jogadores para tal.
    Ainda assim acreditamos que este Braga de Peseiro permanecerá na 4.ª posição, ainda que poderia muito bem estar mais próximo do pódio se optasse por um treinador mais ousado. Rafa parece estar prestes a assinar pelo Porto, mas a ficar será certamente a estrela da equipa; não ficando deve abrir espaço para Ricardo Horta, com Pedro Santos a escolha preferencial no flanco oposto. Tal como em relação ao irmão mais velho de André Horta, temos também expectativas altas para Bakic, com o montenegrino a acrescentar muita qualidade e a poder formar uma boa dupla com o compatriota Vukcevic. A defesa continua basicamente a mesma, com Marafona entre os postes, e o goleador da equipa deve ser Hassan, embora haja Stojiljkovic, Wilson Eduardo e possa ainda chegar outro nome. No meio de tudo isto, destacamos ainda o argentino Tomás Martínez - uma promessa do River Plate que ainda não teve minutos com Peseiro, mas cujo talento é evidente, saiba ele agarrar as oportunidades, se estas lhe forem concedidas.

Treinador: José Peseiro
Onze-Base (4-3-3): Marafona; Baiano, Ricardo Ferreira, André Pinto, Marcelo Goiano; Vukcevic, Mauro (Tiba), Bakic; Pedro Santos, Rafa (Ricardo Horta), Hassan (Stojiljkovic)

Atenção a: Rafa, Ricardo Horta, Bakic, Vukcevic, Tomás Martínez

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Pedro Martins faz sempre grandes trabalhos em todos os clubes por onde passa. Grande trabalho no Marítimo e no Rio Ave, que o fazem chegar hoje a um clube histórico com uma massa adepta exigente e que merece mais. E a verdade é que, com o sósia de Passos Coelho, o clube já está a construir um plantel digno para lutar com o eterno rival Braga, usando a mesma inteligência na hora de contratar. Roubou Tiquinho Soares e João Aurélio ao Nacional aproveitando ainda a viagem à Madeira para trazer Rúben Ferreira do Marítimo. Adquiriu Marega por empréstimo e ainda fez regressar Rafael Miranda a Portugal, jogador que já havia sido treinado por Pedro Martins na Madeira.
    O Vitória mudou completamente de estilo de jogo e agora para além de ser mais acutilante ofensivamente, tem maior organização defensiva. Embora o mais provável é ficarem abaixo do Top-4, não é impossível que consiga um brilharete e fique à frente de Braga. Porém, para isso era necessário que José Peseiro fizesse um trabalho mesmo muito negativo, pois a diferença de qualidade entre plantéis é bastante significativa.
    Bem sabemos que acabaram por perder o jogo contra o eterno rival este Domingo, mas mostraram mais atitude que o Braga e até José Peseiro concordou - Braga inteligente a aproveitar as poucas falhas, Vitória a encostar os guerreiros do Minho às cordas, vacilando na finalização. E é aí que têm seriamente que melhorar, embora a equipa tenha razões para sonhar.
    A chegada de Pedro Martins trouxe Douglas de regresso à baliza, relegando Miguel Silva para o banco (parece-nos sensato), a dupla de laterais João Aurélio e Rúben Ferreira promete ser uma das melhores da Liga, e a meio-campo João Pedro (já associado ao Porto, e com um cabelo que lhe dá pinta de craque) pode beneficiar muito ao ter Rafael Miranda ao seu lado. Fica a ideia, no entanto, que falta à equipa um médio do estilo de Otávio, capaz de "rasgar" defesas através do drible e do passe. Soares tem tudo para fazer mais golos do que em 2015/ 16, e por certo Pedro Martins fará uma boa gestão entre Marega, Hurtado, Rafinha, Ricardo Valente e Alex. Com a equipa B a servir sistematicamente de fonte de talentos da formação amadurecidos, atenção aos primeiros passos que jovens valores como Hélder Ferreira, André Almeida e Dénis Martins podem dar já esta época.

Treinador: Pedro Martins
Onze-Base (4-3-3): Douglas; João Aurélio, Josué Sá, Pedro Henrique (Moreno, João Afonso), Rúben Ferreira; Rafael Miranda, João Pedro, Tozé (Ricardo Valente); Hurtado (Rafinha), Marega, Soares

Atenção a: Soares, Marega, Rafael Miranda, Rúben Ferreira, Hurtado

 AROUCA (6)

    Entrando na máquina do tempo e viajando até 2007 o que é que encontrávamos? Jorge Gabriel como treinador do Arouca. Pois é, o que o clube evoluiu entretanto... A equipa de Lito Vidigal (não conseguimos compreender como nenhuma equipa o tentou contratar) foi a sensação de 2015/ 16 e promete dar sequência ao crescimento sustentável do projecto esta temporada. O Play-Off da Liga Europa contra o Olympiacos de Paulo Bento pode ter influência na classificação dos arouquenses - o mais provável é a equipa grega qualificar-se para a fase de grupos, deixando o Arouca totalmente focado na Liga mas, se por acaso Lito tramar Bento, o Arouca pode sofrer q.b.. Vemos na Liga NOS a capacidade que apenas os 3 grandes e o Braga revelam para competir na Europa sem beliscar as competições europeias, e mesmo esses chegam a fazer escolhas e abdicar para procurar ter maior sucesso interno, pelo que as outras equipas (Rio Ave, Belenenses, Estoril, etc.) costumam "sofrer" com um presente semi-envenenado chamado fase de grupos da Liga Europa.
    No entanto, como o cenário mais provável será o afastamento do Arouca, a equipa de Lito deve conseguir uma temporada muito próxima da jornada incrível que culminou no 5.º lugar. Com a equipa sempre preocupada primeiro em defender bem, o "engraçadinho" da turma dos treinadores perdeu Lucas Lima, David Simão e Ivo Rodrigues mas ganhou um plantel com mais soluções - Anderson Luís (um dos melhores laterais-direitos que por cá têm andado), Thiago Carleto (à partida o substituto de Lucas Lima), e os regressados André Santos e Crivellaro. A qualidade de Bracali, subvalorizado mas claramente um dos melhores guardiões do nosso campeonato, a boa dupla de centrais (é escolher 3 entre Hugo Basto, Jubal e Velázquez), a regularidade e liderança com e sem bola de Nuno Valente e Nuno Coelho e a irreverência do paraguaio Walter (na retina desde os 2 golos marcados ao Porto), Jorginho, Sancidino e Bruno Lopes conjugada com a experiência de Mateus, são tudo ingredientes para que o Arouca mostre que a época passada esteve longe de ser um acaso.

Treinador: Lito Vidigal
Onze-Base (4-3-3): Bracali; Anderson Luís (Gegé), Jubal, Hugo Basto, Thiago Carleto; Nuno Coelho, Nuno Valente, André Santos; Crivellaro (Zequinha), Mateus, Walter González 

Atenção a: Bracalli, Walter González, Hugo Basto, Nuno Valente, Crivellaro

 RIO AVE (7)

    Depois de várias temporadas com Pedro Martins no comando técnico, a mudança do treinador para Guimarães levou os vilacondenses a apostar em Nuno Capucho. O antigo extremo do Porto, natural de Barcelos, deixou boas indicações no Varzim e promete fazer deste Rio Ave um osso duro de roer, com muita juventude sedenta de demonstrar o seu valor.
    Podemos esperar deste Rio Ave 2016/ 17 uma equipa com uma ideia de jogo ambiciosa, com grande propensão ofensiva. Cássio continua entre os postes, mantendo Marcelo (importante segurá-lo) e Roderick como dupla de centrais, acompanhados por duas novidades - os jovens Eliseu "Nadjack" Cassamá e Rafa Soares, prontos para dinamizar a equipa, com Rafa mais atrevido do que Cassamá. A permanência do tanque Wakaso, fundamental na posição 6, ainda não é certa, com o veterano Tarantini a comandar um balneário do qual pode sobressair o virtuosismo técnico de Rúben Ribeiro (extraordinária contratação!) e do jovem Krovinovic, a quem foi entregue a camisola 10. Gil Dias, um jogador do Mónaco e da carteira Jorge Mendes, deve ter bastante preponderância na equipa, depois de já ter trabalhado com Capucho na Póvoa do Varzim, e veremos quantos minutos serão dados a miúdos como Vitó ou Jaime Pinto. O futebol deste Rio Ave corre o risco de vir a ser algo inocente, mas Capucho parece-nos uma escolha adequada e condizente com o plantel que tem ao seu dispor, passando a mensagem certa e regando o potencial deste elenco.

Treinador: Nuno Capucho
Onze-Base (4-3-3): Cássio; Nadjack, Marcelo, Roderick, Rafa; Wakaso, Tarantini, Krovinovic; Rúben Ribeiro, Gil Dias (Héldon), Ronan (Yazalde)

Atenção a: Rúben Ribeiro, Wakaso, Krovinovic, Rafa, Gil Dias
 ESTORIL (8)

    Honestamente, ordenar equipas como Vit. Guimarães, Arouca, Rio Ave, Estoril e Paços de Ferreira no lançamento de 2016/ 17 é um desafio tremendo, tal o equilíbrio e o bom trabalho realizado por todas no defeso. Na Linha, a demonstração de que o projecto está a ser pensado com pés e cabeça foi dada quando Fabiano Soares renovou até 2020. Entretanto, e depois do 8.º lugar (primeira volta fraca, mas grande futebol praticado na segunda metade com Bonatini e Mattheus a carregarem a equipa) de 2015/ 16, os canarinhos disseram adeus ao seu máximo goleador, Léo Bonatini, que merecia melhor destino do que a Arábia Saudita. Jogadores como Gerso ou Anderson Luís transferiram-se para outras equipas da Liga NOS, mas a pujança ofensiva deste Estoril pós-Bonatini faz-se por intermédio duma dupla temível: Paulo Henrique e Kléber. O ex-Trabzonspor e o ex-Porto e Estoril, com 27 e 26 anos, podem destruir muitas defesas e, no nosso campeonato, ter avançados como estes pode fazer uma diferença gigante.
    O veterano José Moreira (memórias de Rosenborg, benfiquistas?) deve assumir a baliza, embora tenha a concorrência do cabo-verdiano Thierry Graça, e na defesa Lucas Farias, Dankler e Ailton Silva devem ser as novidades, num sector que precisa de ganhar coesão o que, a acontecer, pode fazer deste Estoril um caso sério. Dizemos isto porque no ataque, para além da dupla de pontas-de-lança, surgem muitas e interessantes soluções, quase todas com sotaque brasileiro. Mattheus promete continuar a espalhar o seu futebol perfumado, com Esiti e Afonso Taira a garantirem o lado operário da equipa. Alisson (o talento está lá todo, veremos como se adapta), Felipe Augusto, Matheus Índio, Gustavo Tocatins e Bruno Gomes são alguns dos talentos que Fabiano Soares tem ao seu dispor para pôr este Estoril a sambar pela tabela acima.

Treinador: Fabiano Soares
Onze-Base (4-4-2): Moreira; Lucas Farias, Dankler, Diakhité, Ailton Silva; Anderson Esiti, Afonso Taira (Matheus Índio), Mattheus, Alisson (Felipe Augusto); Paulo Henrique, Kléber

Atenção a: Paulo Henrique, Kléber, Mattheus, Alisson, Lucas Farias

 PAÇOS FERREIRA (9)

    Novamente, um plantel jovem e corajoso. É tudo o que se espera da equipa da Mata Real em 2016/ 17, agora com Carlos Pinto, um técnico que não conhecemos tão bem, mas que deverá ter o seu valor para suceder a nomes como Paulo Fonseca e Jorge Simão. Ao olharmos para este Paços, vemos um certo patrocínio do Porto - Leandro Silva, Gleison e Ivo Rodrigues estão os 3 emprestados pelos dragões e podem tornar-se figuras do 11 inicial dos castores.
    Para percebermos como o plantel mudou, é preciso recordar que a asa esquerda voou para Espanha - o prodígio Diogo Jota, a nossa aposta forte neste Paços no lançamento de 15/ 16 há um ano, rumou ao Atlético Madrid, e Hélder Lopes fez as malas para o Las Palmas. Fábio Cardoso, Bruno Moreira ou Pelé são outras caras que não veremos esta temporada, e quando acreditávamos que o jovem Raúl poderia ser o novo Jota, o Porto antecipou-se, desviando-o por empréstimo.
    A defesa não muda muito - Mário Felgueiras ou Defendi calçarão as luvas, Bruno Santos e João Góis competem pelo lado direito, com Filipe Ferreira (Belenenses) a substituir Hélder Lopes, no centro Pedro Monteiro (Braga) pode ser aposta ao lado de Ricardo, havendo ainda Baixinho. Chegando ao meio-campo, e sem descurar os irmãos Rocha, Romeu e Vasco (boa época a rodar no Feirense), Minhoca, Christian e Andrézinho podem subir para outro patamar, acreditando nós que Leandro Silva, tendo em conta o que mostrou na Académica, pode rapidamente tornar-se uma das figuras deste Paços. Welthon parece ser sinónimo de golos, Ivo Rodrigues e Gleison podem rodar nas alas com Barnes, mas a nossa aposta nº 1 para esta temporada é mesmo Pedrinho. O pequeno craque do Freamunde era grande demais para a Ledman LigaPro (13 golos e muita qualidade técnica) e originou um corte de relações entre os dois clubes com a sua transferência. Aos 23 anos tem muito futebol para deslumbrar na Liga NOS e é um reforço de peso.

Treinador: Carlos Pinto
Onze-Base (4-2-3-1): Rafael Defendi; Bruno Santos, Ricardo, Pedro Monteiro (Marco Baixinho), João Góis (Filipe Ferreira); Mateus Silva (Christian), Leandro Silva; Gleison, Pedrinho, Ivo Rodrigues; Welthon

Atenção a: Pedrinho, Welthon, Gleison, Ivo Rodrigues, Leandro Silva

 VIT. SETÚBAL (10)

    Não somos grandes fãs de José Couceiro, mas o sobrinho-neto de Peyroteo já fez um bom trabalho no Sado. É verdade que no futebol há a velha máxima "ninguém é feliz duas vezes na mesma casa", mas depois do 15.º lugar na temporada passada, apontarmos agora o Setúbal ao 10.º lugar mostra bem o peso que colocamos na chegada de Couceiro, neste contexto.
    Com um plantel muito português, o Vit. Setúbal acaba por ser uma das equipas que mais jogadores emprestados tem dos 3 grandes, uma solução que alguns clubes procuram evitar porque obriga a uma reconstrução anual. A presença de Bruno Varela no Jogos Olímpicos deve permitir a Trigueira ser dono da baliza pelo menos nos primeiros tempos, e a dupla Venâncio-Cardoso (não deve haver espaço para o promissor Pedro Pinto, ex-Leixões, e Cardoso deve ganhar o lugar a Vasco Fernandes) tem potencial. Gorupec é substancialmente melhor que Geraldes, enquanto Nuno Pinto continua no clube, tal como para já André Claro, o jogador mais influente na manobra ofensiva da equipa ao longo de 2015/ 16, tornando-se referência depois da venda de Suk. O escocês Ryan Gauld tem finalmente uma oportunidade de começar a trilhar o seu caminho no primeiro escalão, acreditando nós que agarrará a oportunidade, e para extremos, para além de Arnold, o clube tem agora dois emprestados - Zé Manuel e Nuno Santos. O nível que Zé Manuel exibiu no Boavista leva-nos a crer que pode ser importante nesta equipa, na qual antecipamos Nuno Santos como o craque e figura primordial. O extremo do Benfica vai crescer e de que maneira com este empréstimo, numa fase em que precisa de se sentir importante e ter minutos todos os fins-de-semana.
    De resto, já se sabe que o Setúbal é um clube de aposta na formação e no jogador português, com jogadores como Hassan, Costinha, Vasco Costa, João Amaral ou André Pedrosa na calha para terem a sua dose de utilização. A pré-época foi planeada com antecipação suficiente, mas para deixar a equipa com outras aspirações poderia chegar ainda um avançado (o lendário Meyong conta, com certeza), sobretudo se o clube for incapaz de segurar André Claro.

Treinador: José Couceiro
Onze-Base (4-3-3): Pedro Trigueira; Gorupec, Frederico Venâncio, Fábio Cardoso, Nuno Pinto; Fábio Pacheco, Nené Bonilha, Gauld (Agu); Nuno Santos, Zé Manuel (Arnold), André Claro

Atenção a: Nuno Santos, André Claro, Fábio Cardoso, Ryan Gauld, Zé Manuel

 NACIONAL (11)

    Será a quinta época consecutiva (oitava no total da carreira) de Manuel Machado como treinador do Nacional. Na última época assistimos a uma perda de fulgor por parte dos clubes da Madeira, Nacional e Marítimo. Os restantes clubes hão-de estar gratos pela despromoção do União, o que representa menos uma deslocação às Ilhas e menos uma possibilidade de jogo adiado por questões climatéricas.
    Manuel Machado sofreu algumas baixas significativas (os irmãos Aurélio, Soares e Bonilha) que por sua vez fortaleceram alguns rivais directos, e com alguns empréstimos o Nacional consegue propor um 11 curioso, com algumas dúvidas por dissipar. Não é tão certo assim que Rui Silva seja o titular da baliza, com a chegada de Vítor São Bento (mostrou qualidade no Farense), enquanto que na defesa Rui Correia deve formar dupla com Tobias ou César. No quarteto defensivo, ainda assim, as nossas maiores expectativas dizem respeito ao venezuelano Víctor García, uma das figuras do Porto B na temporada passada e que já merecia este salto há mais tempo.
    Tiago Rodrigues voltou ao Nacional, no qual deve assumir novamente o papel de maestro e mestre das bolas paradas, e depois há vários extremos ao jeito de Manuel Machado - Agra, Witi, Roniel, Willyan - faltando perceber o que os reforços Hamzaoui e Bonilla podem dar de facto a esta equipa.

Treinador: Manuel Machado
Onze-Base (4-3-3): Rui Silva; Víctor García, Rui Correia, Tobias Figueiredo, Sequeira; Aly Ghazal, Vítor Gonçalves (Washington), Tiago Rodrigues; Salvador Agra, Hamzaoui (Roniel, Willyan), Nelson Bonilla (Witi)

Atenção a: Tiago Rodrigues, Víctor García, Salvador Agra, Witi, Roniel

 BOAVISTA (12)

    A troca de uma figura da casa por outra (Petit por Erwin Sánchez) acabou por ser benéfica tanto para o Boavista como para o Tondela, e os axedrezados parecem ter encontrado no boliviano o homem certo. No Bessa, as saídas de Rúben Ribeiro, Afonso Figueiredo, Paulo Vinícius e Zé Manuel serão certamente sentidas, tal era a influência deste quarteto, e o sucesso desta época passará muito pelo rendimento das soluções identificadas para os substituir. Atrás continuam Mika, Henrique ou Tiago Mesquita (lateral bastante subvalorizado), e no meio-campo o clube encontrou em Fábio Espinho o herdeiro de Rúben Ribeiro. O ex-Moreirense não tem a mesma qualidade técnica e de desequilibrar em situações de 1 contra 1, mas é um jogador mais intenso e trabalhador, que ajudará a manter a equipa sempre equilibrada, mas de olhos postos no ataque.
    Renato Santos (peça-chave nos cantos e livres) deve continuar em boa forma, sendo o principal criador de oportunidades, e o novo ponta-de-lança Erivelto procurará ser feliz, como já foi na Covilhã (26 golos na II Liga em 2014/ 15). As alternativas a Erivelto devem passar por Idé, pelo croata Medic e ainda por Schembri, internacional maltês. É possível que a luta pela manutenção seja renhida entre várias equipas, pelo que mesmo o próprio Boavista, apontado aqui ao 12.º lugar, não está safo.

Treinador: Erwin Sánchez
Onze-Base (4-3-3): Mika; Tiago Mesquita, Henrique, Lucas, Talocha (Anderson Correia); Idris, Fábio Espinho, Carraça; Renato Santos, Anderson Carvalho, Schembri (Erivelto)

Atenção: Renato Santos, Fábio Espinho, Tiago Mesquita, Schembri, Lucas

 DESP. CHAVES (13)

    Acompanhem-nos neste pequeno conto. Era uma vez um homem que adorava cassetes e que as vendia em feiras, era casado com a cantora pimba Ágata, e geriu a dada altura várias carreiras da música popular portuguesa. Nomes como Tony Carreira, Quim Barreiros ou Toy. Agora imaginem que este homem, de sua alcunha "Xico das Cassetes", juntava aos seus abastados cofres um prémio do Euromilhões no valor de 66 milhões. Francisco Carvalho nunca o confirmou, mas toda a gente diz que foi o que aconteceu. O grande investidor do Chaves apadrinhou a subida do clube de Vila Real, ele que é pai do presidente do clube e do presidente da SAD.
    Jorge Simão saiu da Mata Real e substituiu o herói das subidas, Vítor Oliveira (Portimonense em 2017/ 18 na Liga NOS, portanto) e o Chaves tem manifestado grande vigor neste defeso, parecendo determinado em aguentar-se no primeiro escalão. Ricardo, Paulinho, Pedro Queirós, Miguel Oliveira, Luís Alberto e Rafael Lopes foram vários dos reforços com experiência adquirida na Liga, impressionando o reforço do plantel com o montenegrino Simon Vukcevic, ex-Sporting, Felipe Lopes, vindo do Wolfsburgo, ou o lateral-esquerdo Petrovic.
    O mais provável será vermos este Chaves num tradicional 4-3-3, que ainda é o sistema tradicional em Portugal, sendo hipótese um trio Luís Alberto - Francisco Ramos - Rafael Assis no miolo, e tendo nós elevadas expectativas para Ramos, médio emprestado pelo Porto que falhará os primeiros meses por lesão. No ataque, Braga é um senhor neste plantel, elementos como Perdigão ou Fábio Martins acrescentam profundidade e podem servir de "abre-latas" em vários jogos, faltando perceber se Fall ou Rafael Lopes serão o ponta-de-lança desta equipa, ou se ainda chegará um reforço. Gonçalo Paciência seria uma opção interessante.

Treinador: Jorge Simão
Onze-Base (4-3-3): Ricardo; Paulinho, Miguel Oliveira, Felipe Lopes, Petrovic; Luís Alberto, Francisco Ramos, Rafael Assis; Vukcevic (Perdigão), Braga, Fall (Rafael Lopes)

Atenção a: Vukcevic, Braga, Luís Alberto, Felipe Lopes, Francisco Ramos

 BELENENSES (14)

    Na temporada passada a troca de Sá Pinto para Julio Velázquez, escolha exótica do clube do Restelo, acabou por ajudar a equipa. A chegada do técnico espanhol mexeu com a equipa, que passou a trocar melhor a bola, embora tenha levado também goleadas dos grandes de Lisboa ao querer jogar de igual para igual e concedendo muito espaço entre sectores, somando erros individuais uns a seguir aos outros. Elementos a corrigir.
    Mais uma vez, e um pouco como o Vit. Setúbal, o Belenenses entra na nova época com um plantel que sabe cantar A Portuguesa. Depois de sofrer 66 golos (pior defesa da competição) em 2015/ 16, chegaram novos jogadores para o sector mais recuado, com André Moreira a poder fazer a diferença na baliza, isto desde que o Atlético não o resgate depois da lesão de Moyà. João Diogo, bom lateral do Marítimo, e o francês Florent Hanin devem ocupar as faixas laterais. No miolo, voltou ao futebol português uma cara bem conhecida, o argelino Yebda, que terá ao seu lado Palhinha, Rúben Pinto ou Llorente, muito provavelmente um pedido específico do treinador. Gerso trocou o Estoril pelo Belenenses, os anos passam por Carlos Martins mas a qualidade continua lá, e jogadores como Miguel Rosa ou Sturgeon (há Andric e Caeiro, mas até pode ser o número 17 a jogar ocasionalmente a falso 9) terão um papel crucial a desempenhar. Já Juanto, voltou às divisões secundárias de Espanha, um caso estranho depois de mostrar qualidade por cá.
    Temos algumas dúvidas em relação à capacidade de Velázquez de aguentar toda a época mas, por simpatizarmos com o clube, torcemos para que o campeonato decorra da melhor forma. Certo é que parecem faltar argumentos a este Belenenses para ombrear com as equipas acima referidas. 

Treinador: Julio Velázquez
Onze-Base (4-2-3-1): André Moreira (Ventura); João Diogo, Domingos Duarte, Gonçalo Brandão, Mica Pinto; Rúben Pinto, João Palhinha (Yebda); Gerso, Carlos Martins, Miguel Rosa (Sturgeon); Andric (Caeiro)

Atenção a: Gerso, André Moreira, Miguel Rosa, João Palhinha, Carlos Martins

 MARÍTIMO (15)

    Num campeonato com 18 equipas, 14 têm treinadores portugueses. As excepções são o Boavista (Sánchez), o Belenenses (Velázquez), o Estoril (Fabiano Soares) e este Marítimo. No entanto, o que pode jogar contra a equipa insular é o facto de PC Gusmão ser o único destes estrangeiros que cai de pára-quedas no futebol português, podendo claro está ser uma agradável surpresa.
    O plantel do Marítimo não mudou muito, embora Tiago Rodrigues faça falta e notar-se-ão diferenças se as saídas dos laterais João Diogo e Rúben Ferreira não forem devidamente colmatadas. Verdade seja dita, João Diogo chegou a jogar grande parte de 15/ 16 a extremo, com Patrick já a lateral. No ataque, o temperamental mas talentoso Dyego Sousa será uma valente dor de cabeça para as equipas adversárias, secundado por Edgar Costa (para nós o autor do golo do ano de 2015/ 16) e outro elemento - Babá, Gevaro, Esquerdinha ou Xavier são todos candidatos ao 11 inicial. Para um bom campeonato o Marítimo precisará de retirar o melhor dos seus centro-campistas, com Jean Cleber a ser contratado para "pegar" na equipa, e a dupla Fransérgio - Éber Bessa à procura de dar seguimento à época passada, onde tiveram nota positiva.
    A adaptação de Paulo César Gusmão ao nosso futebol será um ponto importante na temporada do Marítimo, que não nos surpreendia se se visse em maus lençóis, embora não seja um cenário normal para o clube de Carlos Pereira.

Treinador: Paulo César Gusmão
Onze-Base (4-3-3): Gottardi; Patrick, Maurício, Raúl Silva (Dirceu), Christianno; Jean Cleber, Fransérgio, Éber Bessa (Alex Soares); Edgar Costa, Dyego Sousa, Babá (Gevaro)

Atenção a: Dyego Sousa, Jean Cleber, Edgar Costa, Fransérgio, Éber Bessa

 TONDELA (16)

    Abram alas para um dos mais entusiasmantes treinadores do futebol português. As equipas de Petit podem não praticar o melhor futebol, mas são o espelho do treinador - muita alma e coração, e uma brutal capacidade de lutar que nem guerreiros, sem nunca se darem por vencidos. Foi assim que o Tondela conseguiu o impensável no final de 2015/ 16, garantindo a manutenção no limite e, com isso, Petit deve continuar a dominar o balneário como poucos, retirando total compromisso dos seus jogadores.
    O plantel é idêntico em qualidade ao de 2015/ 16, talvez ligeiramente superior (embora para isso Crislan precise de mostrar que consegue fazer esquecer o abono de família Nathan Júnior), pelo que a nossa previsão é que o Tondela volte a escapar à descida de forma tangencial, mas um pouco mais tranquila. Jogadores como Pica, Cláudio Ramos, Kaká, Hélder Tavares, Wagner ou Murillo transitam da época passada, e dos reforços o mais interessante parece mesmo ser Crislan, emprestado pelo Braga. Miguel Cardoso voltou a Portugal depois da aventura espanhola e o olímpico Pité é uma das várias opções para os flancos (Fábio Nunes e Murillo também o são, embora esperemos mais de Wagner e de Zé Turbo). Cabe a Petit fazer com que os jogadores acreditem que a manutenção é capaz, e quem melhor que ele para tal?

Treinador: Petit
Onze-Base (4-3-3): Cláudio Ramos; Jaílson, Pica, Rafael Amorim (Kaká), Mamadu; Hélder Tavares, Bruno Monteiro, Dylan Flores (Claude Gonçalves); Wagner (Pité), Zé Turbo (Miguel Cardoso, Murillo), Crislan 

Atenção a: Crislan, Pica, Dylan Flores, Zé Turbo, Miguel Cardoso

 MOREIRENSE (17)

    Trinta e cinco anos. O treinador do Moreirense, Pepa, tem a mesma idade de Luisão e Casillas. O final precoce da carreira de Pepa como jogador levou-o desde bem cedo a arregaçar as mangas para treinar, algo que o faz ter uma carreira invulgarmente longa para um treinador com 35 anos: muitos anos passados a formar (camadas jovens do Benfica, inclusive), juntando a isso as experiências no Sanjoanense e finalmente no Feirense.
    O factor P(epa) é claramente um ponto a favor deste Moreirense, que equilibra bastante experiência a defender e muita juventude e irreverência no ataque. A defesa mantém-se coesa, com Diego Galo a revelar-se uma boa aquisição, e Rebocho a ter uma boa oportunidade para evoluir, caso ganhe o lugar a Jander, jogador que também pode actuar no miolo. Na baliza há Stefanovic, mas muita atenção a Makaridze, guardião da Geórgia que brilhou na baliza do Feirense. Do meio-campo para a frente, Cauê deverá trancar os caminhos para a baliza (uma dupla Cauê-Jander daria muito trabalho para qualquer equipa ultrapassar), e temos elevadas expectativas para ver o que rende Francisco Geraldes, talento do Sporting com 21 anos que pode muito bem acrescentar grande qualidade na construção. No tridente ofensivo, Pepa terá que trabalhar as pérolas africanas ao seu dispor (Boateng, Caleb e Ernest, um trio do qual temos maiores certezas sobre o valor de Emmanuel Boateng), parecendo-nos no entanto que o avançado Roberto Rodrigo (ou ele, ou Dramé) sabe a pouco, sobretudo para uma equipa que há um ano tinha Rafael Martins. Mas podemos estar enganados.
    Depois duma época em que Iuri Medeiros e Rafael Martins desbloquearam tantos e tantos jogos, Pepa tem pela frente uma missão complicada. Apontamos o Moreirense à descida, mas seria bom sinal a salvação dos cónegos.

Treinador: Pepa
Onze-Base (4-3-3): Makaridze; Sagna, Marcelo Oliveira, Diego Galo, Pedro Rebocho (Jander); Cauê, Ângelo Neto, Francisco Geraldes; Boateng, Nildo (Ernest), Roberto

Atenção a: Francisco Geraldes, Boateng, Cauê, Pedro Rebocho, Roberto

 FEIRENSE (18)

    Na cauda, temos uma das equipas recém-promovidas. A equipa de Santa Maria da Feira, orientada pelo experiente José Mota (na Liga NOS só Jorge Jesus e Manuel Machado têm mais jogos disputados do que ele) apresenta-se com um plantel bastante similar ao que alcançou a subida, e cuja união e conhecimento mútuo pode até originar alguma surpresa, caso aproveite um deslize ou outro e maus períodos da concorrência.
    A saída de Makaridze teve como resposta um reforço chamado Peçanha (quando engata, é tramado marcar-lhe) e na defesa Paulo Monteiro e Vítor Bruno são bons reforços, esperando nós boas exibições do veterano Barge do lado direito. No meio-campo há várias soluções, mas jogadores extremamente fiáveis e determinantes em 15/ 16 como Cris e Rúben Oliveira devem ter uma elevada utilização, mesmo considerando a presença de Ricardo Dias, Semedo ou Luís Aurélio. O papel de criativo da equipa pode ficar a cargo de Tiago Silva (esperávamos que já estivesse noutro nível actualmente), mas à partida é de Fabinho, jovem craque de 21 anos cuja qualidade não engana ninguém.
    Platiny (17 golos na II Liga o ano passado, apenas Simy marcou mais) é goleador, faltando só perceber se consegue manter o nível no primeiro escalão. Apostaríamos que sim, e aos 25 anos tem ainda bastante tempo para dar o salto. Como José Mota já prometeu, o Feirense continuará a apostar na sua formação (Vieirinha, Lane e David Induitua devem dar os primeiros passos na Liga NOS), havendo ainda Luís Machado e Etebo, nigeriano que marcou um póker num dos jogos dos torneio olímpico.

Treinador: José Mota
Onze-Base (4-3-3): Peçanha; Barge, Ícaro, Paulo Monteiro, Vítor Bruno; Cris, Rúben Oliveira, Fabinho (Tiago Silva); Etebo, Luís Aurélio (Luís Machado), Platiny 

Atenção a: Platiny, Fabinho, Barge, Etebo, Tiago Silva

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