Olá humanos. Noto que estão mais belos do que da última vez que vos vi. Hoje fazemos check a mais dois filmes. Um melhor que o outro. O western de Tarantino que reúne Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio, com sangue jorrado num mar de tulipas brancas e os gatilhos mais rápidos do faroeste. E depois, um maremoto de emoções. Epá, esta saiu mesmo bem, han? Como o filme é sobre o tsunami, um marem… Sim senhor, boa piada pá!
Django Unchained
Realizador: Quentin Tarantino
Argumento: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson
Classificação IMDb: 8.7
Quando pensamos nas palavras Western e Tarantino, a ligação não é imediata e nem parece muito lógica. Mas a verdade é que era algo que, depois de uns minutos de Django, se percebe que tinha que acontecer mais tarde ou mais cedo no Cinema. O filme que esteve para se chamar The Angel, The Bad and the Wise.
Django Unchained conta-nos a história dum escravo, Django (Jamie Foxx) que é liberto por um caçador de recompensas (Christoph Waltz) para o ajudar a matar uns pilantras/ patifes/ bandidos. Em contrapartida, Dr. Schultz (Waltz) ajuda Django a tentar recuperar a sua mulher, que “pertence” a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio).
O mérito de Tarantino está, primeiro que tudo, em conseguir conciliar 3 actores com egos grandes e que normalmente assumem eles próprios a totalidade do ecrã. DiCaprio, mesmo assim, tem desenvolvido um factor X que o faz “roubar a cena” sistematicamente, mas Waltz e Foxx fazem o filme funcionar da melhor forma. Tarantino deixa a sua impressão digital em diversos momentos, obviamente com muito sangue jorrado e com toda a violência explícita como não podia deixar de ser num filme seu. Como qualquer outro filme de Tarantino, Django Unchained não é para mornos, ou se gosta muito ou não. Django não é um Pulp Fiction, mas um Pulp Fiction só se torna um Pulp Fiction com os anos e portanto Django estreou-se em alta, mas ainda poderá crescer enquanto filme de culto no futuro. Ah, sim, nunca tinha dito tantas vezes Pulp Fiction numa só frase.
Nomeado para 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Argumento Original, Melhor Actor Secundário (Christoph Waltz) e 2 categorias técnicas, ficou a faltar a nomeação para Melhor Realizador, e consoante a moldura total (que ainda se está a formar, dos filmes todos) DiCaprio tinha aspirações legítimas a uma nomeação, e Foxx também, a uma escala menor. Por falar em DiCaprio, anotem e preparem-se para o filme deste ano – de Scorsese – “The Wolf of the Wall Street” com DiCaprio, Jonah Hill, Matthew McConaughey, Jon Bernthal (“Shane” em Walking Dead) e Jean Dujardin.
Quem gosta de Tarantino, é 100% certo que gostará de Django, 7º filme do realizador. Quem não gostava, pode começar a gostar agora. Na senda de Inglourious Bastards, Pulp Fiction e Kill Bill, Tarantino mantém a sua marca muito própria e Christoph Waltz encaixa que nem uma luva, mais uma vez, neste género “tarantiniano”. O filme conta ainda com Samuel L. Jackson, que volta a trabalhar com o realizador, Franco Nero (que foi “Django” num western de 1966) e claro, Tarantino faz uma perninha no seu próprio filme.
Bem nomeado para Melhor Filme, não desilude quem tinha expectativas da combinação Western + Tarantino + DiCaprio + Waltz + Foxx. Liberdade, Vingança e Vida, mas sempre com estilo. Deixo a última frase para Christoph Waltz, maior destaque do filme e que, apesar da sua carreira já falar por si, podia muito bem ser galardoado este ano pela Academia.
The Impossible
Realizador: Juan Antonio Bayona
Argumento: Sergio G. Sánchez, María Belón
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland
Classificação IMDb: 7.7
Sim, é o filme do tsunami. A Naomi Watts, sem o King Kong, e o Ewan McGregor, sem sabres de luz e sem cantar a “My Song”, são um casal com três filhos – o Lucas e mais dois. Assumir tom sério e polido. The Impossible é baseado na história verídica de uma família durante o tsunami do sudeste asiático de 26 de Dezembro de 2004. E agora, a sinopse insensível em 1 frase: o McGregor vai passar férias de Natal com a família, vai à piscina, vem uma onda e leva todos. Foi o King Kong que deu um pum no mar. Que piada tão fraca, porra! Tão fraca! Porquê? Porque é que esta piada saiu tão fraca? E porque é que eu, leitor, estou a ler isto tudo tão estranho e agora me estou a aperceber?!
The Impossible, realizado pelo senhor Bayona, é um filme emotivo. Tem pontos altos, momentos familiares intensos, mas também tem muita coisa que faz alguma impressão. Eu não me impressiono porque sou um campeão, naturalmente, mas se me impressionasse (eu impressiono-me, confesso) algumas feridas e momentos de sofrimento da Naomi Watts mexeriam comigo. A história relata bem o sofrimento durante a tragédia, o estado deplorável consequente do tsunami e é um filme muito humano. Escrever isto dá a entender que poderia ter sido um alien roxo a realizar o filme, mas eu opto por reforçar que foi um humano. É estúpido. Bom papel de Naomi Watts e bom papel do pequeno Lucas. Interessante também ver Ewan McGregor a desmanchar-se a chorar, acho que nunca antes tinha visto na sua carreira. O filme está nomeado para uma categoria – Melhor Actriz Principal (Naomi Watts) – sendo que é a segunda nomeação da actriz, depois de 21 gramas. Pessoalmente, não sei se o seu papel é suficiente para ser papel de óscar e, sendo, é inferior aos de Jennifer Lawrence e Jessica Chastain. Ao nível da pequena Quvénzhane, talvez. Só que a Quvénzhane tem a vantagem de ter 9 anos, e de se chamar Quvénzhane. É um filme interessante pelo tema que aborda, não me encheu as medidas mas é emotivo e exalta o espírito humano, a família, sendo um excelente mergulho no tsunami. Não interpretem esta frase final como uma piada, porque aí eu vou para o inferno. E eu não queria isso. MP