Optimus Alive'12
Ainda estão algumas pessoas a fungar castanho e a retirar o pó dos sapatos, tudo graças ao SBSR, e já estamos na iminência de outro grande festival de Verão. Não tão mediático quanto o Rock in Rio, o Alive é habitualmente o festival cujas bandas e artistas mais vão ao encontro do que nós gostamos (este ano o cartaz do Sudoeste TMN é melhor, para nós, mas é assim pela primeira vez). Com o habitual indie, grunge e rock alternativo que lhe são indissociáveis, o único problema do Alive costuma ser (fica bem exagerar) o palco cair. É um inconveniente chato, por vezes. Mas enquanto isso não acontece, vamos lá falar deste festival, abordando em cada um dos 3 dias os nomes que merecem maior destaque para nós. É de acrescentar ainda que este ano o Alive teve uma inovação: no ano passado os Klepht, The Pretty Reckless e os You Me At Six viram os seus concertos cancelados porque certo e determinado palco optou por se suicidar. Este ano a diferença é que em vez de ser a organização a dizer não aos artistas, foram os artistas (a Florência) a dizer não à organização. Ligeiramente mais normal e recorrente, porém no Alive foge ao procedimento corriqueiro.
13 de Julho
- Palco Heineken/ Optimus Clubbing - Olá Miuda. Começamos por ti. Tu dormes com quem tu queres e fazes o que te apetece, nós não temos nada a ver com isso. Porém, aconselhamos-te a que escrevas letras ligeiramente menos levianas. Não querendo nós dar numa de Dr.Phil pareces ser uma jovem rapariga normal, e a letra não tem um sentido literal mas é metafórica, és livre de saltar de liana em liana, mas o que tu queres Miuda, é um e só Miudo. Nós já te topámos. Não nos enganas. Mas antes da Miuda, vêm miúdas. Não uma, não duas, não três, mas quatro gajas! Quatro gajas que combatem mosquitos... Elas são as Dum Dum Girls! Que trocadilho tão infeliz... nós sabemos. Mas a parvoíce sai-nos assim. E eis que... Pumba! Dois grandas malucos que dão na rádio quase mais vezes que o Pablo Alborán (nada bate o Pablo...). Eles dizem que vêm trazer a festa rock esta noite para toda a gente se divertir e dizem ainda que todos os dias eles estão baralhando (shufflin'). Eles são os LMFAO. São tio e sobrinho e vêm para cá animar a malta com a sua música. Não é grande espingarda mas diverte. Neste último dia, os palcos secundários não fazem muito o nosso jeito. Desse modo, apenas destacamos mais os Buraka Som Sistema. A banda portuguesa tem um grande valor e também promete meter o público a dançar. Irá ser um concerto cheio de energia como tanto nos habituaram.
- Palco Optimus - Tempos houve em que nós inocentemente acreditámos que os Lostprophets vinham ao Alive. Porém, armados em Florências, não puderam vir e presentar-nos com "Last Train Home". Não vieram eles, mas vieram os canadianos Danko Jones. O vocalista chama-se, vejam bem, Danko Jones... Parece-nos que há alguém com o síndrome Bon Jovi... Não são maus, servirão certamente para acordar os humanos na abertura do palco principal neste Alive'12, com suas músicas vampirescas. Este estereótipo vem apenas dum videoclip deles em que eles são vampiros. Veremos como esta banda de rock puro se sairá. Depois será a vez dos Refused. Estes suecos que gritam muito não serão por nós muito abordados. Porquê? Porque nos recusamos (refused)! Que piada estúpida. Depois a coisa melhora. Porém, muito sinceramente, os Snow Patrol não se encaixam muito neste dia. Já tiveram aqui um top inteiramente dedicado a eles e são uma banda com um portefólio decente, considerando sobretudo o material dos álbuns "Eyes Open" e "A Hundred Million Suns". Gary Lightbody é um bom vocalista, os SP proporcionarão de certeza um bom concerto, descansando as pessoas dos moches nos Refused, e pode ser que ponham o Passeio Marítimo de Algés numa noite de luzes humanas, como fizeram no Rock in Rio 2010. Não nos esqueçamos que são os Snow Patrol a fazerem a transição do lusco-fusco para a noite (é apenas um lembrete e uma dica para os lobisomens, para eles saberem quando se devem esconder). Já à noitinha sobem ao palco britânicos. Britânicos antigos, mas não tão antigos. Contudo, ainda começaram um movimento com mais duas bandas de seu nome Madchester. Os The Stone Roses são assim... eles começam cenas só deles! São uma das grandes bandas dos anos 80 e 90 e um dos grandes atractivos deste cartaz. Para fechar o palco, temos DJ's! Han? Muita bem... Um dia muito coeso no que toca ao estilo de música. Temos Rock, Indie, um Rock mais Pop e... música electrónica. Os Justice são dos DJ's mais carotes, mas a organização quis gastar os seus dinheiros neles. Lá vêem eles a Algés com sua música "punts-punts" e com suas camisolas que mudam de ilustração enquanto caminham.
14 de Julho
- Palco Heineken/ Optimus Clubbing - Neste segundo dia não vamos naturalmente destacar todas as bandas do Palco Heineken... mas quase o fizemos. Começamos por destacar um macho e uma fêmea que cantam músicas melancólicas e moderadamente agradáveis. Os Big Deal não assumiram que estão enamorados um pelo outro, mas tudo aparenta que sim... Desde a música até à forma como se relacionam em palco onde a cumplicidade é bastante. Será certamente um concerto algo intimista e o público estará agradavelmente entretido. Depois surgem os nova-iorquinos Here We Go Magic que não só virão espalhar magia como o seu Indie Rock que foi reconhecido pelo vocalista dos Radiohead Thom Yorke como o melhor concerto do festival Glastonbury. Logo a seguir às 20h15 actuam aqueles que para nós são o destaque maior deste palco secundário - The Antlers. Este é mesmo um dos concertos que não devem perder se são apreciadores de Indie e Folk (de resto, como quase todas as bandas presentes no festival). É também uma pena que estes norte-americanos compitam com nomes do Palco Optimus... irão certamente ter menos gente. Contudo, se não estiverem a simpatizar com as bandas (possivelmente o concerto apanhará um pouco de Noah And The Whale e Mumford & Sons), o nosso conselho é que dêem um saltinho até ao Heineken. Posteriormente temos um nome que quando foi confirmado pela organização fez saltar muito tuga de felicidade - os Awolnation. Quantas músicas conhecem essas pessoas da banda californiana? Provavelmente uma que é a do anúncio da PT... Quanto a nós, esta banda é uma incógnita que apenas foi catapultada pelo hit "Sail". Seguidamente temos um artista inglês que é um pouco mais "darkside" e apresenta um som um bocado obscuro onde tenta misturar o Rock e o Hip Hop - Tricky. Mas para o fim da noite, o DJ francês SebastiAn trará música electrónica a Algés onde os The Cure certamente continuarão a sua cena no palco principal. Para fechar o palco uns tugas grandas malucos - Blasted Mechanism. Os portugueses virão cheios de energia mostrar o seu Rock Alternativo e muitas cenas só deles... Quanto ao Palco Optimus Clubbing não temos grandes destaques a fazer. Será um dia com muita música electrónica ou música pão-com-grão como também é conhecida. Apenas destacamos os vencedores do Optimus Live Act - Ninja Kore. Os portugueses serão os que mais energia trarão a este palco.
- Palco Optimus - Para abrir o palco principal neste segundo dia, a organização decidiu apostar num nome nacional - We Trust. Tal como a banda, a organização também confia no potencial dos mesmos para mandarem o palco abaixo (agora batamos três vezes na madeira para que isto não tenha um sentido literal). E eis que o Passeio Marítimo de Algés é visitado por Noé e uma baleia... E esta? Noah And The Whale vêm de terras de sua majestade para conquistar os portugueses. Novamente o Indie está presente, mas desta vez chega a roçar um pouco o Pop. Têm uma musicalidade bem agradável e irá cativar, certamente. Depois de Noé, temos um dos destaques deste dia 14 de Julho - Mumford & Sons. Os londrinos têm sido uma das grandes revelações do Reino Unido nos últimos anos onde inclusive estiveram nomeados para ganhar dois Grammys - um para melhor artista revelação e outro para melhor música rock. Não ganharam, é verdade... Mas ganharam um Brit Award para melhor álbum britânico de 2011 congratulando assim o seu excelente "Sigh No More". Posteriormente vêm os Florence + The Machine!... Ahhh... Enganaram-vos... Acreditaram todos... Então? Não podem acreditar em tudo o que vos dizem... Onde está esse pouco cepticismo? Vá... Agora a sério. A Florência adoeceu e diz (por escrito, obviamente) que ficou sem voz, que nem uma Ariel. Os fãs estão bastante irados e pedem o seu dinheiro de volta. Contudo, a organização diz que não devolve os dinheiros por não se tratar do cabeça de cartaz. Um tema que ainda vai fazer correr alguma tinta. Até ao momento ainda não há nenhum nome previsto para substituírem a Florência e a Máquina. Nós sugeríamos uma banda portuguesa porque o nosso país também tem qualidade. Porque não os Klepht? No ano passado iam actuar no Palco Optimus, todos felizes... e o palco começou a cair... Conclusão: concerto cancelado. Não era mal pensado darem uma nova oportunidade aos rapazes... Porém, isto somos nós a sugerir. O público tuga certamente que iria refilar porque quereria um nome sonante ao invés de boa música. É o povo que temos... Por fim, para fechar o dia... Os The Cure! A banda de Robert Smith é uma das bandas mais influentes no que toca ao Rock Alternativo e arrastou gerações consigo. Certamente que, sobretudo, as gerações de 80 e 90 encherão Algés para não perder a oportunidade de ver este grande concerto que, segundo Robert Smith, vai durar e durar e durar... Este ano a organização decidiu apostar forte nos cabeças de cartaz e este dia não foge à regra. The Cure serão a maior atracção do dia.
15 de Julho
- Palcos Heineken/ Optimus Clubbing - No último dia do Alive’12, apesar do peso que tem a principal banda deste ano, nem por isso os palcos secundários estão mal servidos. De qualquer forma, os maiores destaques do palco Heineken são internacionais, talvez porque todos os que actuam no palco da bejeca neste dia sejam extra-comunitários, enquanto que no Optimus Clubbing os nomes que decidimos destacar são tugas. O palco Heineken contará com Miles Kane. O britânico, muito amigo de Alex Turner, e vocalista dos The Last Shadow Muppets, trará ao Passeio Marítimo de Algés aquela onda inerente aos Beatles e aos irmãos Gallagher dos Oasis. Dará para ver um cheirinho do Miles antes de ir ao palco principal ver os PAUS a percutir. Outro destaque são as Warpaint - a banda norte-americana tem tudo para hipnotizar quem as ouvir. Emily Kokal, Theresa, Jenny Lee e Stella dão ao indie rock um toque suave, com qualquer coisa de Memoryhouse. Deixando o melhor dos palcos secundários deste dia para o fim, refiro primeiro Mazzy Star. A banda encabeçada por Hope Sandoval e David Roback teve o seu auge nos anos 90, mas até quase por respeito e porque vale a pena devem ir ouvi-los. Aliás, na hora dos Caribou podem ouvir Mazzy Star e também, antes deles, o maior destaque do palco Heineken – The Maccabees. A banda britânica, cada vez mais em voga, destronou recentemente Adele dos tops britâncos e com o novo álbum “Given to the Wild” (lançado a 9 de Janeiro de 2012) demonstraram ter claramente valor e potencial no mundo da música.
No palco Optimus Clubbing os destaques são, como tínhamos dito, nacionais. Apesar de Best Youth ter potencial, focamo-nos noutros 3 projectos portugueses: Laia, Marcia e B Fachada. Os Laia podem muito bem ser a primeira banda que ouvirão neste dia, se assim o quiserem, e não ficarão desiludidos sobretudo com a qualidade instrumental do quinteto masculino. Depois falemos da Marcia. A rapariga não tem um vozeirão, mas tem musicalidade e todos a conhecemos por “A pele que há em mim”. Por fim, deste O.Clubbing, destacamos um cantautor – Bernado Fachada ou, como é mais conhecido, B Fachada. Boa música portuguesa.
- Palco Optimus - A fechar o cartaz deste Optimus Alive’12 o palco principal conta com quatro nomes: PAUS, The Kooks, Caribou e Radiohead. Relativamente aos PAUS, desde cedo que temos divulgado o trabalho deles e esta presença no palco Optimus do Alive é um reconhecimento notável para eles, também demonstrativo da boa imprensa que sempre têm tido (ao contrário de por exemplo Linda Martini) e que nos deixa relativamente orgulhosos. Se querem um concerto animalesco, certamente o terão. Hélio Morais (elemento comum a Linda Martini e PAUS), João “Shela”, Quim Albergaria e Makoto Yagyu convencerão com as baterias, o baixo e teclado com que criam a sua essência instrumental e contagiante. Seguidamente, chega indie puro e cru. Originários de Brighton, no Reino Unido, os The Kooks contam já com 8 anos de existência e 3 álbuns lançados. Luke Pritchard e companhia actuaram no ano passado no Super Bock Super Rock e este ano conseguiram ainda maior destaque, por actuarem no dia dos Radiohead. Já têm bastantes músicas que toda a gente sabe e veremos o Passeio Marítimo de Algés cantar “Naive” em plenos pulmões, esperando-se também por “Sway”, “Seaside”, “Always Where I Need to Be”, entre tantas outras. Músicas geralmente mais curtas que o habitual, mas qualidade garantida. Não vamos abordar os Caribou porque não vamos com a cara deles e da música deles. Não é a nossa praia. Preferimos as Caraíbas. E assim mais linhas ficam para serem ocupadas pelo nome principal deste ano – Radiohead. A banda de Thom Yorke era um desejo já antigo da organização que finalmente este ano se tornou realidade. Não os víamos em Portugal desde 2002 e foram o 1º nome confirmado para este Alive. Com uma reputação que os distingue de toda a gente no mundo da música, pela voz inconfundível de Thom Yorke, esperemos no entanto que os Radiohead não privilegiem a apresentação do último álbum “The King of Limbs” e prefiram tocar as músicas que os tornaram quem são. A verdade é que “The King of Limbs” só tem 8 músicas portanto nunca ocuparia uma fatia assim tão grande do concerto. Basicamente, os Radiohead sempre foram estranhos e diferentes. Mas admiramo-los pela fase em que o eram apenas porque era assim que eles eram, e não como agora que dá a ideia por vezes que querem ser mais estranhos ainda para reforçar que são estranhos e diferentes. Toquem tudo o que há de “Pablo Honey”, “The Bends” e “Ok Computer” – será difícil encontrar uma banda com 3 primeiros álbuns tão consistentes – porque quem tiver pago o bilhete para este dia, que já esgotou há algum tempo, quererá certamente ouvir, e deixamos apenas uma súmula, “Creep”, “You”, “High and Dry”, “Fake Plastic Trees”, “Paranoid Android” ou “Karma Police”. Épico, é o que provavelmente será.
E é assim que nos despedimos de vocês, pessoas maravilhosamente encantadoras. Voltamos naquele que, para nós, tem o melhor cartaz deste verão. Não tem nomes extremamente sonantes, mas a qualidade está presente em quase todas as bandas do cartaz. Falamos naturalmente do Sudoeste TMN.
Até à vista!!
MP. TM.