O cartaz não deslumbra, a publicidade até já nem precisa de ser a mesma porque o Rock in Rio tornou-se quase uma tradição. Porém, considerando os tempos difíceis a nível económico, ficava bem à Roberta Medina e ao pai dela organizar melhor a coisa. As infra-estruturas e todas as condições que o festival reúne são sem dúvida as melhores de qualquer um dos festivais em Portugal, o Parque da Bela Vista é o melhor local possível e imaginário, só que o senhor Medina andou a esbanjar tudo no festival no Brasil e nós cá ficamos com artistas/ bandas que não sendo maus, não cativam por aí além. O que mais nos chateia é até o facto de, considerando o que alguns artistas ou bandas presentes irão cobrar, bem que se podia fazer um evento mais em conta, com maior lucro e maior qualidade musical. Para o Brasil, o Roberto Medina leva, ora vejam só: Elton John, Rihanna e Katy Perry, tudo num dia (não é que gostemos por aí além delas, mas era um bom dia para estar no backstage. Quando dizemos elas não estamos a incluir o Elton John, que é um grande cantor), um dia dispendioso e com nomes muito pesados na indústria musical; no dia seguinte, Red Hot Chili Peppers, Snow Patrol e Stone Sour (um dia interessante, bem que os Stone Sour podiam ter vindo cá); no 3º dia os Slipknot (não bastava o Roberto ter o Corey Taylor uma vez no Brasil, quis tê-lo duas vezes no mesmo festival. Em Portugal, zeros). Nos restantes dias, nomes como Coldplay, Guns N' Roses, Jay-Z, System of a Down ou Shakira achamos que mostram bem quanto Roberto investiu para fazer os seus amigos zucas felizes.
Não somos pessoas muito dadas ao metal, mas muito sinceramente, já chega de
Metallica. Eles são bons, mas é assim... Lasanha é muito bom, mas se comermos lasanha todos os dias fica toda a gente a perder. A lasanha não sabe tão bem, e às tantas temos que deixar de comer lasanha. Sim, agora o leitor quer comer lasanha. É normal, um de nós também. Isto para dizer que os Metallica não deviam cá vir tanto.
Evanescence é um nome diferente e que o Roberto manteve da versão brasileira de 2011, não é nada do outro mundo mas a Amy Lee tem uma voz engraçada e encaixaria bem num dia, por exemplo com Slipknot e Avenged Sevenfold. Relativamente aos
Mastodon e aos
Sepultura, confessamos que mais rapidamente nos apanham na sepultura do que a ouvir as músicas deles...
Sem estarmos com meias palavras, é o melhor dia. No nosso entender. Para um de nós,
Linkin Park (oxalá se lembrem da "Pushing Me Away" em acústico) e
The Offspring serão reencontros,
Limp Bizkit é uma banda que talvez algumas pessoas já não pensassem que ainda ouviriam em Portugal e o destaque maior são mesmo os
Smashing Pumpkins. Quanto mais músicas antigas Billy Corgan, sua brilhante careca e os seus compadres tocarem, melhor decorrerá o concerto - músicas como "Disarm", "Tonight, Tonight" (sobretudo estas duas), "Today" ou "1979" é o que se espera. Bem sabemos que eles não gostam muito de tocar músicas que os relacione ao passado... Mas é isto que o povo quer, co'a porra! Basicamente, é um dia consistente, rock. Podia ser melhor? Podia. Mas não está mau.
Chega-se ao dia da Criança e quem é que se vê? O Justin Bieber? Os One Direction? A Miley Cyrus?... não a Miley Cyrus agora já faz o sexo, e se ela o diz é claramente porque não quer cantar para pessoas imberbes. O dia da Criança é afinal de contas o dia Comercial. Para este dia o Roberto decidiu juntar: o
Lenny Kravitz, que foi fazer uma perninha aos "Hunger Games" e que agora volta ao seu modo cantor; os
Maroon 5 que são mais um daqueles nomes que não nos convence a 100% mas parcialmente sim. Normalmente gozaríamos com a voz do Adam Levine, só que olhando para as raparigas que o rapaz consegue, ficamos de pé atrás. Os
Expensive Soul vão lá aquecer o pessoal e gritar "É Má-gi-co!" e depois chega a rainha do Rock in Rio - a
Ivete Sangalo. E como nós estamos fartos da Ivete Sangalo. Não sabemos como é convosco, mas a Ivete para nós levanta poeira a mais e simboliza aquilo que não gostamos - "Nova edição, mesmos artistas". A Ivete é um João Baião cantante que vem ao Parque da Bela Vista cantar praticamente sempre a mesma coisa e, sempre que pode, junta-se a Alejandro Sanz para juntos cantarem o coração partido.
2 Junho
Não vamos ver este dia. Mas o
Stevie Wonder também não.
Eia, os Barba Por Fazer são tão porcos. Sim, gozámos com um cego. E o leitor riu-se. Vamos dividir as culpas, e seguir em frente. O Stevie é um senhor da música e um dos nomes que valem claramente a pena nesta edição do Rock in Rio. Com o maior respeito, temos pena de não poder assistir ao seu concerto, mas o dinheiro não estica. No dia dele, actuará ainda o
Bryan Adams, que trará tantas músicas do amor, a
Joss Stone, que é um nome que também vale a pena como complemento dum dia, distribuirá suas rosas pelo público espectacularmente feliz e os
The Gift. Um saltinho do festival da EDP no Rio Douro para o Palco Mundo no Rock in Rio han? Quem os viu e quem os vê... Contudo, julgamos que é consensual, esperemos que eles não cantem a "Gaivota".
3 Junho
Pela lógica, neste dia a média de idades dos espectadores vão subir. Vamos lá usar o acordo ortográfico, dizer espetadores como mandam agora as regras e ter uma piada fácil feita.
Bruce Springsteen, acompanhado pela The E Street Band, acaba por ser invariavelmente um dos destaques do cartaz e faz-se acompanhar pelos sempre titulares
Xutos e Pontapés (claramente a banda portuguesa com maior reputação e que, tocando sempre as mesmas coisas, consegue sempre ter sucesso e pôr o público português contente e saltitante), pelos
James (que são também um nome diferente e que vale a pena) e os
Kaiser Chiefs, que se calhar fazia sentido gritarem "Ruby, Ruby, Ruby, Ruby!" num dia mais... jovem. Contudo, gente mais velha, não se acanhem e contagiem-se com a energia do vocalista Ricky Wilson. Os Kaiser são sem dúvida uma das bandas que melhor interage com o público. Disfrutem!
Um dia nós faremos um exercício que será criar e partilhar aqui como post cartazes hipotéticos mas realistas consoante o tipo de música e artistas que cada festival português acaba por escolher. Até lá, vão ao parque da Bela Vista, coleccionem todos os brindes (o tuga adora o grátis), andem nas diversões e no fundo pensem que se a vida começasse agora e o mundo fosse nosso outra vez, e a gente não parasse mais de cantar, de sonhar... Ok, já chega, estamos apenas a incluir o jingle do Rock in Rio num texto. Provavelmente estariam a pensar uma de duas coisas: "Que coisa tão rabiças" ou "Mas, mas, mas eu conheço isto...".
E já sabem, dia 26, os Barba Por Fazer passearão seus corpos pelo parque da Bela Vista. Sim, também vamos encher os bolsos do Roberto Medina. Porquê? Porque é tradição fazê-lo. E porque gostamos de brindes.
Atenciosamente,
MP. TM.