Aos 40 anos, Pepa chega ao maior desafio da sua carreira enquanto treinador: o Vit. Guimarães, clube de massa adepta exigente, e que pode ser o exame final antes de rumar a um grande. O técnico excedeu as expectativas em Tondela, colocou o Paços de Ferreira no 5.º lugar, e agora terá nas mãos um plantel recheado com a qualidade que merece, aguardando-se com ansiedade o quanto fará vários jogadores evoluir e, principalmente, a equipa como um todo.
O Vitória corre o risco de ser uma ilha, em certa medida como o Paços foi em 20-21, num campeonato só seu abaixo dos 4 assíduos moradores do Top-4 e acima de todos os outros. O objectivo desta época passa por estabilizar uma base, espremer muito melhor o potencial de diversos elementos e, sem distracções a nível de competições europeias, ambicionar provocar um desgosto a alguém dos lugares cimeiros.
Na verdade, Pepa não recebeu quase reforços, destacando-se apenas Alfa Semedo (desenvolvimento promissor para acompanhar, caso o treinador entenda precisar de um 6 impetuoso) e Borevkovic (central com qualidade a mais para descer com o Rio Ave à II Liga). Ao contrário do Verão passado em que o Vitória se fartou de arriscar em adquirir jovens promessas em busca de novos Tapsoba e Edwards, desta feita será privilegiado o trabalho realizado na formação do clube, entre Equipa B e Sub-23.
O gigante checo Trmal deve assumir a baliza esta época, partindo em vantagem o quarteto defensivo formado por Sacko, Jorge Fernandes, Borevkovic e Rafa Soares. É no centro da defesa que nos surgem algumas dúvidas, podendo Mumin ou André Amaro vir a ter algo a dizer. Depois de fazer disparar os índices de rendimento de Eustáquio, Luiz Carlos e Bruno Costa na Mata Real, Pepa pode agora puxar por novo leque de médios - já se esperava que esta fosse a época de André Almeida, mas Alfa Semedo e Tomás Händel (um em substituição do outro ou em parelha) podem ser boas surpresas, sem esquecer o experiente André André.
Rochinha (está no momento indicado para carregar a equipa), Marcus Edwards (se ficar), Quaresma e Lameiras são os abre-latas no estojo de Pepa; em termos de finalização, Bruno Duarte e Estupiñán oferecem coisas bastante distintas, estando à espreita Herculano Nabian (17 anos), um fenómeno vitoriano em potência e uma espécie de Lukaku luso-guineense.
SANTA CLARA (6) É bastante improvável que a época do Santa Clara termine com uma melhor imagem do que aquela a que assistimos na 34.ª jornada da Liga NOS 20-21: o treinador Daniel Ramos e o presidente, Rui Cordeiro, mascarados de vacas. Nos Açores, tudo está a correr bem e as boas decisões sucedem-se, apesar de Diogo Boa Alma (fantástico trabalho como director desportivo desde 15-16) ter deixado o clube insular.
O Santa Clara entra nesta época depois de progressivo crescimento na tabela (10.º lugar em 18-19, 9.º lugar em 19-20 e 6.º lugar em 20-21) e, até ver, os açorianos terão que se dividir entre a Liga e a nova Conference League.
O plantel, ao contrário do que é habitual no ano após uma performance sensacional de um clube abaixo do Top-4, parece preparado para lidar com o cenário de maior carga de jogos. A equipa orientada por Daniel Ramos manteve quase todos os elementos mais utilizados (saiu apenas Fábio Cardoso para o FC Porto) e ao olhar para as opções ao dispor do técnico de 50 anos vemos vários jogadores muito acima da média na nossa realidade e que não costumam ficar mais do que 1-2 anos neste patamar - Carlos Jr. (15 golos no ano passado) é disso o melhor exemplo, tendo qualidade de sobra para fazer parte do plantel de um candidato ao título em Portugal.
O profundo entrosamento e elevada química no plantel jogam a favor de uma boa previsão para esta época, passando o venezuelano Mikel Villanueva a liderar a defesa e ficando no ar a expectativa de números superiores por parte de Lincoln e Allano. Cryzan, Rui Costa e Bouldini competirão pelo lugar de ponta de lança, e em relação a Carlos Jr. e ao nipónico Morita... é aproveitar enquanto estão no clube.
Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Marco; Rafael Ramos, João Afonso, Villanueva, Mansur; Anderson Carvalho, Morita, Lincoln; Allano, Carlos Jr., Cryzan (Rui Costa, Bouldini)
Atenção a: Carlos Jr., Lincoln, Hidemasa Morita, Allano, Mikel Villanueva
FAMALICÃO (7)
O Famalicão deslumbrou tudo e todos em 19-20 quando Pedro Gonçalves, Fábio Martins, Gustavo Assunção, Nehuén Pérez, Uros Racic, Diogo Gonçalves e Toni Martínez integraram um super-plantel de uma equipa recém-promovida com os contactos certos. Na temporada seguinte, apareceram as dores de crescimento, alicerçadas numa revolução em quase toda a linha face à valorização de ínumeros activos; a coisa não esteve famosa mas a chegada de Ivo Vieira recolocou o clube no caminho certo, ainda a tempo de Rúben Vinagre, Ugarte, Gil Dias ou Heriberto renderem muito mais. O 9.º lugar quando o campeonato terminou deixava a interrogação: qual seria a classificação dos famalicenses orientados uma época inteira por Ivo Vieira?
O treinador madeirense tem uma aptidão especial para elevar os seus atletas a uma nova dimensão: basta pensar em Lucas Evangelista no Estoril, Chiquinho e Loum no Moreirense, ou Tapsoba e Marcus Edwards no Vit. Guimarães.
David Tavares e Pedro Marques (disputará com Bruno Rodrigues o papel de referência do ataque) são dois dos novos projectos do treinador, que confiará a Ivo Rodrigues a responsabilidade de carregar a equipa em diversas ocasiões, apoiado nomedamente pelo tecnicista Iván Jaime. Lá atrás, Luiz Júnior é porventura o grande guarda-redes jovem da nossa Liga e é possível que esta seja a derradeira temporada de Gustavo Assunção em Famalicão. O capitão de equipa, filho de Paulo Assunção, rodeado por colegas que lhe ofereçam maior estabilidade, tem tudo para se voltar a evidenciar como um dos melhores 6 do futebol português. Assumimos que Ugarte não continuará.
Treinador: Ivo Vieira
Onze-Base (4-3-3): Luiz Júnior; Diogo Figueiras (Morer), Diogo Queirós (Batubinsika), P. William, Rúben Lima; Gustavo Assunção, David Tavares, Iván Jaime; Ivo Rodrigues, Heriberto, P. Marques
Atenção a: Ivo Rodrigues, Gustavo Assunção, Iván Jaime, Heriberto, Pedro Marques
PAÇOS FERREIRA (8)
A equipa-sensação da última época viu Pepa prosseguir a sua carreira em Guimarães, e Jorge Simão (já treinara o clube em 2015/ 16) foi a escolha dos castores. O sonho europeu do Paços deve ficar hipotecado diante do Tottenham, caso os londrinos se revelem capazes de estar à altura do seu super-favoritismo, mas o adeus precoce à Europa pode ajudar o clube da Capital do Móvel a focar-se no campeonato, mantendo de forma mais pacífica o seu melhor 11 e não precisando de rodar tanto, algo a que uma sobrecarga de jogos seguramente obrigaria (ou obrigará).
Além de Pepa, saíram também Bruno Costa, Luther Singh, Marcelo, João Amaral e Rebocho, e o mais certo é que Stephen Eustáquio saia também, estando o médio canadiano em altas depois de uma excelente Gold Cup.
A época pacense começou com uma horrível notícia - o guardião Jordi lesionou-se no tendão de Aquiles e enfrentará uma paragem de longa duração. André Ferreira terá a missão de o substituir, e com franqueza não nos parece estar à altura.
A defesa, mesmo sem Marcelo, continua a ter Baixinho e Maracás, e o central Flávio Ramos é uma boa novidade se mantiver intactas as qualidades que apresentou há umas épocas atrás com o Feirense na I Liga. Fernando Fonseca tem crescido a olhos vistos como lateral direito, enquanto que à esquerda o Paços terá uma opção de futuro (João Vigário, um dos poucos destaques do Nacional na época passada) e uma opção experiente (Antunes, de regresso a uma das suas antigas casas).
Uns metros à frente, Luiz Carlos continuará a testar a idade, agora com 36 anos, e Nuno Santos (emprestado pelo Benfica) e Rui Pires (era uma das figuras da formação do Porto por volta de 2017) são o tipo de jogadores que costumam resultar na Mata Real.
Hélder Ferreira é presença garantida no 11, e o menino Matchoi Djaló terá mais minutos. Denilson Jr. pode vir a ser um dos jogadores-chave da época, embora seja uma espécie de jóker, tendo Jorge Simão a vantagem de poder alternar entre Douglas Tanque e João Pedro na hora de eleger o seu ponta de lança.
Treinador: Jorge Simão
Onze-Base (4-3-3): Jordi (André Ferreira); F. Fonseca, M. Baixinho, Maracás, J. Vigário; Abbas, Eustáquio (Rui Pires), Nuno Santos; Hélder Ferreira, Denilson Jr. (Djaló), Douglas Tanque (João Pedro)
Atenção a: Stephen Eustáquio, Denilson Jr., Douglas Tanque, Nuno Santos, Hélder Ferreira
GIL VICENTE (9)
O último clube do falecido técnico Vítor Oliveira errou no casting de Rui Almeida na época passada, mas corrigiu a situação ao confiar os destinos da equipa a Ricardo Soares. Com um passado de ascensão a pulso entre Vizela, Felgueiras, Covilhã ou Chaves, entre vários clubes dos escalões secundários, Ricardo Soares transporta consigo uma ideia de jogo refrescante, recusando-se a montar autocarros e insistindo teimosamente em jogar olhos nos jogos.
É certo que saíram muitos jogadores (Lucas Mineiro, Denis, Lourency, Rodrigão, Claude Gonçalves, Ygor Nogueira, Pedro Marques e Joel Pereira estavam entre os mais utilizados) mas deve-se elogiar a resposta do clube de Barcelos. Na baliza, o russo Stanislav Kritciuk (porventura o melhor guarda-redes da Liga se excluirmos os grandes) vai dar pontos, enquanto que na defesa Zé Carlos e Lucas juntam-se aos já enturmados Rúben Fernandes, Talocha e Hackman. O meio-campo, órfão de Lucas Mineiro, está assegurado com Jean Irmer (ex-Marítimo) e Vítor Carvalho, agora em definitivo no clube. Há ainda Pedrinho, que com o tempo acabará por ser na cidade do Galo o líder com e sem bola que era na Mata Real.
Poucas equipas da Liga se podem dar ao luxo de ter 2 jogadores com o potencial de Kanya Fujimoto e Samuel Lino, e é notável como o Gil Vicente passou a ter homogeneidade no leque de opções ofensivas, com Bilel (parece há bastante tempo adiar a chegada de uma época consistente, de acordo com os seus predicados técnicos) e o fortíssimo Murilo a possibilitarem a Ricardo Soares uma gestão mais rica e imprevisível. Quanto ao espanhol Fran Navarro, número 9 nas costas, assinou para ser o homem-golo. Veremos se consegue.
Treinador: Ricardo Soares
Onze-Base (4-2-3-1): Kritciuk; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Lucas, Talocha; Vítor Carvalho, Pedrinho; S. Lino, Kanya, Bilel (Murilo); Fran Navarro
Atenção a: Samuel Lino, Stanislav Kritciuk, Kanya Fujimoto, Fran Navarro, Pedrinho
BOAVISTA (10)
Em 2020-21 o Boavista caiu no erro frequente das equipas com projectos ambiciosos e investidores externos, que querem crescer do dia para a noite. Na altura foi contratado um camião de jogadores (incluindo nomes sonantes como Javi García, Angel Gomes, Léo Jardim e Rami) mas o desfecho acabou por ser um 13.º lugar, a apenas 2 pontos do Rio Ave, equipa que jogou o Play-Off de despromoção.
Vasco Seabra e o professor Jesualdo Ferreira representaram na época passada duas opções muitíssimo diferentes por parte da direcção dos axadrezados, e o novo treinador em 21-22, João Pedro Sousa, é uma escolha mais na linha de Seabra, embora com obra feita em Famalicão. Atendendo ao plantel actual, com média de idades de 24 anos, entende-se a tentativa do clube do Bessa em recrutar um treinador hábil na gestão de jovens promessas.
Com alguns dossiers por fechar, nomeadamente a provável venda do hondurenho Alberth Elis, o Boavista entra na nova temporada com um elenco suficientemente versátil para se apresentar em 3-4-3 (com Javi García adaptado a central) ou num 4-3-3. A baliza continua bem entregue sendo o internacional iraniano Alireza Beiranvand o sucessor de Léo Jardim e Helton Leite, isto sem esquecer o suplente quarentão Rafael Bracalli; e na defesa, aguardamos com curiosidade o 2.º ano em Portugal de Reggie Cannon (caso saia abrirá espaço para Pedro Malheiro) e Porozo.
João Pedro Sousa parece decidido a confiar as tarefas intermediárias a Miguel Reisinho e Tomás Reymão e, saindo Elis, Yusupha estará obrigado a manter uma regularidade exibicional que não tem sido a impressão digital da sua carreira. Em todo o caso, muita atenção a Tiago Morais (17 anos), autor de um bis na Taça da Liga no arranque da época e invulgar na sua inteligência a ler os espaços junto à grande área adversária.
Não ter Elis e a magia de Angel Gomes faz diferença, mas seria uma pertinente lição o Boavista realizar uma melhor temporada em 21-22 com menos loucuras e mais prata da casa.
Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (3-4-3): A. Beiranvand; Porozo, Javi García, R. Abascal; Cannon (P. Malheiro), Reymão, Seba Pérez (Reisinho), Hamache; Sauer (Luís Santos), Elis (Tiago Morais), Yusupha
Atenção: Alberth Elis, Tiago Morais, Tomás Reymão, Miguel Reisinho, Alireza Beiranvand
BELENENSES SAD (11)
Com Petit a liderar pela 3.ª época consecutiva, o B-SAD enfrenta em 21-22 o desafio de precisar de uma resposta depois de profunda revolução no plantel. Farão falta as defesas de Kritciuk, a profundidade conferida pelo ala Tiago Esgaio, a acutilância ofensiva de Miguel Cardoso e Silvestre Varela, e a liderança por vezes silenciosa de Gonçalo Silva e Rúben Lima. Uma vez mais condenado a cumprir objectivos com muito menos condições que outros, Petit deve conservar o seu 3-4-3, com o gigante Luiz Felipe (1,98m) a assumir a baliza, e o burquina Trova Boni ou o nigeriano Chima a juntar-se aos já conhecidos Tomás Ribeiro e Cafu Phete. As saídas de Esgaio e Rúben Lima devem abrir espaço para a afirmação da juventude (Calila e Nilton Varela) e no centro do jogo é adicionar ao recuperador Afonso Taira e ao altivo Yaya a poderosa meia distância e capacidade de transporte do sérvio Andrija Lukovic, um jogador que não conseguimos compreender como não singrou em Famalicão.
Ofensivamente, Afonso Sousa vem tendo cada vez maior relevo no último terço, e o reforço Pedro Nuno será uma ponte interessante entre a criatividade do filho de Ricardo Sousa e a verticalidade de Chico Teixeira. Alioune Ndour e o júnior Luís Mota estão à espreita de oportunidades, mas é obrigatório segurar Mateo Cassierra. O avançado colombiano marcou 11 golos na temporada passada e a expectativa é que essa marca seja ultrapassada.
Equipas que defendem bem raramente descem (em 20-21 o Belenenses SAD foi a 5.ª melhor defesa em Portugal, somente atrás de Sporting, Benfica, Porto e Braga), mas é aconselhável o alcance de um maior rendimento ofensivo (em 20-21, o B-SAD foi um dos dois piores ataques da prova com modestos 25 golos em 34 jogos).
Treinador: Petit
Onze-Base (3-4-3): Luiz Felipe; Chima (Boni), Cafu Phete, Tomás Ribeiro; Calila, Lukovic (Yaya), Afonso Taira, Nilton Varela; Afonso Sousa, Pedro Nuno (Chico Teixeira, Ndour), Cassierra
Atenção a: Mateo Cassierra, Afonso Sousa, Luiz Felipe, Nilton Varela, Pedro Nuno
MOREIRENSE (12)
O Moreirense parece ter descoberto a fórmula para terminar na metade superior da tabela. Ao sensacional 18-19 (o ano do 6º lugar com Chiquinho) seguiram-se dois oitavos lugares consecutivos, em ambos os casos com 43 pontos, e em ambos os casos com 10 vitórias, 13 empates e 11 derrotas. Isto sim, pode-se considerar regularidade.
A explicação encontra-se, não só mas também, no banco de suplentes: Ivo Vieira, Ricardo Soares e Vasco Seabra cresceram como treinadores durante as suas passagens no clube, e ajudaram o clube a crescer, sendo 3 casos de técnicos com boas ideias e futebol com personalidade e atrevimento. João Henriques é o homem que se segue em Moreira de Cónegos, e há razões para acreditar num futuro risonho se pensarmos nas suas épocas (18-19 e 19-20) no Santa Clara.
A nível de saídas, destaque para Ferraresi, Pedro Nuno, D'Alberto e Alex Soares. Em sentido inverso, Rodrigo Conceição assinou para competir pelo lugar de lateral direito, Artur Jorge pode formar óptima dupla com Rosic e Jambor (excelente pé esquerdo) permitirá um desenho diferente no sector intermédio, nomeadamente com menor peso nos ombros de Fábio Pacheco, um dos melhores 6 do nosso campeonato.
De resto, Filipe Soares continua de verde e branco apesar do alegado interesse do FC Porto, Gonçalo Franco deve continuar a evoluir sem pedir licença a ninguém e no ataque, 100% brasileiro, pedem-se golos a Rafael Martins, muita imaginação a Yan, ousadia na meia distância a Walterson e será fundamental que Pires abrace o estatuto de craque da equipa.
Entre o 8.º e o 12.º lugares, veremos onde pára o Moreirense, uma das equipas mais certinhas do futebol português.
Treinador: João Henriques
Onze-Base (4-3-3): Mateus Pasinato; Matheus, Artur Jorge, Rosic, Conté; Fábio Pacheco, G. Franco (Jambor), Filipe Soares; Pires, Yan (Walterson), Rafael Martins
Atenção a: Filipe Soares, Pires, Rafael Martins, Fábio Pacheco, Gonçalo Franco
ESTORIL (13)
Que bom ver o Estoril na Liga Bwin. A equipa da Linha passou grande parte da última década no 1.º escalão, num período que se caracterizou pelo bom futebol praticado e por dois apuramentos para a Liga Europa (duas presenças consecutivas no Top-5 em 2013 e 2014). Pensar nesse Estoril é, ainda e sobretudo, pensar em Marco Silva. Na sua 1.ª experiência como técnico profissional, o hoje treinador do Fulham deixou uma marca inconfundível, tendo Fabiano Soares e depois Ivo Vieira, com outros treinadores pelo meio, conseguido (embora apenas em alguns momentos) estar à altura do antecessor.
Certo é que o Estoril não perdeu a habilidade de recrutar bons treinadores jovens. Primeiro, Luís Freire, e mais tarde Bruno Pinheiro. A carta de apresentação deste Estoril aconteceu na Taça de Portugal de 19-20: o Estoril tombou Boavista, Rio Ave e Marítimo, 3 equipas da I Liga, e só perdeu nas meias-finais frente ao Benfica.
Com tremenda consistência e um plantel essencialmente luso-brasileiro, o Estoril pode lamentar a perda do seu goleador Yakubu Aziz (estava emprestado pelo Vit. Guimarães, que desta feita o emprestou ao Rio Ave) e sobretudo de André Vidigal, jogador de enorme potencial que brilhará ao serviço do Marítimo. Além disso, também na defesa Bruno Pinheiro terá que renovar a 100% a sua dupla de centrais uma vez que Hugo Basto e Hugo Gomes rumaram a outras paragens. A nova parelha deve sair do trio Lucas Áfrico, Rosier e Ferraresi, podendo o venezuelano do Manchester City actuar também a lateral direito.
Dito isto, o elenco do Estoril tem talento para dar e vender - é muito provável que ao longo da época os grandes se apaixonem por Miguel Crespo (MVP da Segunda Liga e um daqueles médios que enche o campo com a sua qualidade, passeando classe com as suas meias curtas e parecendo doutro tempo), Dani Figueira é guarda-redes para não demorar a dar o salto, e quem tem Gamboa, Bruno Lourenço, André Franco e agora Chico Geraldes será sempre sinónimo de uma troca de bola criteriosa e com QI distinto.
Temos algumas dúvidas quanto à fiabilidade dos dianteiros (a equipa precisará de uma grande época de Gilson Tavares, Clóvis ou Leonardo Ruiz) mas a estrutura pensada de modo sustentável e integrado (veja-se o belo trabalho nos Sub-23) e o bom futebol praticado deve manter o Estoril afastado dos últimos lugares. Pelo menos, esta jamais será uma equipa aborrecida.
Treinador: Bruno Pinheiro
Onze-Base (4-3-3): Dani Figueira; David Bruno, Ferraresi, Lucas Áfrico (Rosier), Joãozinho; Gamboa, Miguel Crespo, A. Franco (Francisco Geraldes, Bruno Lourenço); Chiquinho, Elias, Gilson Tavares (André Clóvis)
Atenção a: Miguel Crespo, Dani Figueira, Gamboa, Nahuel Ferraresi, Chiquinho