Convertendo neutros, maravilhando os seus adeptos e obrigando os rivais a reconhecerem a total supremacia e justiça das suas conquistas, os citizens assimilaram por fim o ADN Guardiola e mostraram ter potencial para construir um domínio em Inglaterra (é preciso recuar até 2008/ 09 para encontrar uma equipa, o Manchester United de Sir Alex Ferguson à data, a sagrar-se bicampeã na Premier League), almejando saltar para outro patamar a nível europeu.
Mas falar desta época é falar da confirmação do anunciado adeus de um daqueles poucos treinadores que ainda se confunde com um clube: Arsène Wenger, após 22 anos ao serviço do Arsenal, deixa os gunners. E o rival Chelsea, que esta época defendia o título, talvez não demore a despedir-se de Conte: o treinador italiano complicou e "estragou" aquilo que podia ser simples, passando do 1.º para o 5.º lugar. À Champions, a ópera dos ricos, vão em 18-19 Manchester City, Manchester United, Tottenham e Liverpool.
West Brom, Stoke e Swansea rumam ao Championship, por troca com Wolves (incríveis Rúben Neves, Diogo Jota e Nuno Espírito Santo), Cardiff e um entre Fulham e Aston Villa (a decisão faz-se em Wembley a 26 de Maio).
Na edição em que o Burnley surpreendeu tudo e todos, ficam na retina sobretudo os recitais de bom futebol do Manchester City, com Kevin De Bruyne no comando das operações, e os contra-ataques mortíferos do Liverpool, terminados num festejo de Salah de braços abertos a encarar a multidão.
Acompanhem-nos então numa análise à época das 20 equipas da Premier League, sistematizando ideias-chave, o que correu bem, o que correu mal, quem brilhou e quem desiludiu:
MANCHESTER CITY (1)
Cem pontos. No antevisão da prova, previmos o City como campeão e assim foi. Depois de uma 1.ª época em que Guardiola ficou a conhecer a Liga e o país, e os jogadores começaram a assimilar as ideias do treinador, o espanhol tirou notas, identificou os reforços certos e não deu hipóteses a ninguém.
Num campeonato em que o Manchester azul celeste foi o melhor ataque (106 golos marcados) e a melhor defesa (27 golos sofridos), os inéditos 100 pontos conquistados são apenas um de muitos recordes que esta máquina de bom futebol amealhou. A saber: mais pontos de sempre (100), mais vitórias (32), mais vitórias consecutivas (18), mais vitórias fora (16), mais golos de sempre (106), maior diferença de golos de sempre (+79) e maior diferença pontual de sempre para o 2.º classificado (19 pontos).
Todos estes recordes teriam tremendo significado, mas mais têm ao tratar-se da Premier League - liga em que cada ponto é suado, multiplicando-se as surpresas que deixam de o ser, podendo qualquer equipa pontuar em qualquer campo. Coube ao Liverpool - equipa que também empurrou o City para fora da Liga dos Campeões - em Anfield (4-3) e ao Manchester United (2-3), num jogo em que a equipa de Mourinho se fez grande e adiou o título, impedirem esta brutal equipa de repetir a façanha do Arsenal (os
invencíveis de Wenger em 2003/ 04).
Com Ederson a confirmar-se o guarda-redes perfeito para o estilo de jogo da equipa, Guardiola viu Otamendi tornar-se patrão (variando o parceiro entre Stones, Kompany e Laporte), Kyle Walker aprender que o futebol não são só correrias desenfreadas, tendo depois que, perante a lesão do reforço Mendy, descobrir em Delph um lateral-esquerdo.
Com o capitão David Silva, cada vez mais um híbrido entre Xavi e Iniesta, a ser o prolongamento ou representação do técnico em campo, esta época viu Sterling explodir (já duvidávamos que o inglês pudesse atingir esta regularidade e estes números) e Sané mostrar que tem tudo para se tornar um caso muito sério no futebol europeu, com Fernandinho a proteger os criativos e, na frente, Agüero e Gabriel Jesus a dividirem as despesas de golos. No entanto, falar deste City (futebol matemático na ocupação dos espaços e oferta de soluções, dinâmica reacção à perda da bola e boa leitura e antecipação com jogadores com elevado QI futebolístico, posse e circulação com significado, talento, criatividade, risco e irreverência no último terço) é falar de um jogador diferente e especial, o belga Kevin De Bruyne. Senhor de jogos grandes (conseguiu a proeza de ser eleito melhor em campo na 1.ª volta contra Manchester United, Liverpool, Tottenham, Arsenal e Chelsea) e de uma consistência incrível, o jogador mais impressionante desta Premier League catapultou-se para um patamar de classe mundial, controlando jogos quase sozinho com a sua visão, qualidade de passe, energia e inteligência.
Próximos desafios: garantir o bicampeonato, algo que ninguém consegue em Inglaterra desde 2009, e atingir uma final da Liga dos Campeões.
Destaques: De Bruyne, David Silva, Leroy Sané, Raheem Sterling, Fernandinho
MANCHESTER UNITED (2)
Mourinho, o que é que te aconteceu? É inequívoco que o Manchester United evoluiu (afinal, passou de 6.º para 2.º classificado), mas quem vai às compras e consegue craques de luxo e de impacto imediato como Paul Pogba, Romelu Lukaku e Alexis Sánchez, tem no mínimo que... jogar bem.
Embora em segundo, Old Trafford continua longe do título. Noutros tempos, cinco anos consecutivos sem vencer a Premier seria algo chocante. Será o português o treinador certo para o clube? Não precisará Mourinho, estagnado, conservador, amedrontado e traumatizado com as vezes em que não ganhou, de se reinventar e reencontrar a fome, garra e coragem que marcaram os primeiros 10 anos da sua carreira?
Matic foi uma soberba contratação, Lingard evoluiu sobremaneira, e em relação ao guarda-redes espanhol David De Gea (melhor do mundo?), principal figura da equipa, basta-nos dizer que mascarou lacunas defensivas da equipa, fazendo toda a diferença com inúmeras defesas do outro mundo: sem De Gea, talvez o United não terminasse no Top-4.
Chega de desperdiçar ou não potenciar devidamente jogadores - nos últimos anos o clube não aproveitou craques como Depay, Di María (responsabilidade de van Gaal) e Mkhitaryan, oxalá Alexis Sánchez não vá pelo mesmo caminho, e mesmo Pogba, Rashford ou Lukaku podiam e deviam já estar noutro patamar.
Mas porque nem tudo são críticas, deve-se enaltecer a capacidade que o Manchester United revelou na segunda volta deste campeonato diante dos restantes grandes. A equipa, que antes jogava para não perder, exibiu-se mais de acordo com a sua História e venceu o Chelsea por 2-1, o Liverpool por 2-1, o Manchester City por 3-2 e o Arsenal por 2-1. E se é verdade que perdeu com o Tottenham por 2-0, também é verdade que derrotou os spurs nas meias-finais da FA Cup (2-1). Faltou só ganhar depois o derradeiro jogo em Wembley.
Destaques: David De Gea, Nemanja Matic, Jesse Lingard, Antonio Valencia, Romelu Lukaku
TOTTENHAM (3)
Um passo atrás, quiçá para dar dois à frente. O Tottenham, com a casa em obras, viu-se obrigado a dizer "até já" a White Hart Lane, passando a actuar em Wembley. Terceiro lugar, a 4 pontos do segundo, não é um mau resultado; mas o factor Wembley, parece-nos, impediu a equipa de reproduzir a dinâmica, frescura e o dominante futebol dos últimos anos.
Pochettino viu o matador Harry Kane melhorar os seus números (30 golos na Premier League; fechou o ano civil de 2017 com 56 golos, ficando acima de Messi, Lewandowski, Ronaldo e Cavani) e Eriksen realizar jogos ao nível dos maiores craques. Vertonghen esteve melhor que nunca, Son Heung-Min esteve um bocadinho melhor do que no ano passado, Dele Alli um bocadinho pior, cabendo depois a Ben Davies e ao reforço Davinson Sánchez atirarem Danny Rose e Alderweireld (ambos lesionados, o belga mais tempo) para o banco, podendo inclusive rumar a outras paragens no defeso que se aproxima.
Com o quarto melhor ataque e a terceira melhor defesa, os spurs mostraram melhor futebol que o Manchester United, mas por outro lado é um pouco estranho ver o Tottenham a terminar a temporada acima do Liverpool. Para 2018/ 19, dois pontos fundamentais: seria óptimo deixar Wembley e poder abraçar o novo White Hart Lane com capacidade para 61.000 adeptos; e será importante Pochettino preservar craques como Kane, Eriksen e Alli, conseguindo os reforços certos, enquadrados com o modelo de jogo personalizado dos londrinos e que permitam à equipa aproximar-se dos rivais.
Destaques: Harry Kane, Christian Eriksen, Jan Vertonghen, Son Heung-Min, Ben Davies
LIVERPOOL (4)
Por 42 milhões (uma pechincha se considerarmos os valores dos negócios de Neymar, Coutinho ou Dembélé), o Liverpool contratou um dos principais candidatos à próxima Bola de Ouro. Mo Salah, entre ziguezagues com os defesas a caírem aos seus pés em sucessão, fixou um novo máximo de golos na Premier League jogada a 38 jogos - 32 golos. Nem Suárez nem Cristiano Ronaldo marcaram tanto.
Discutindo com o Real Madrid o estatuto de equipa que melhor contra-ataca no mundo (será curioso e apaixonante acompanhar a final de Kiev), o Liverpool impressionou o mundo do futebol com Salah, Firmino e Mané, em excesso de velocidade e bem ao estilo Jürgen Klopp. O 2.º melhor ataque desta Premier League (84 golos) tem visto chegarem bons reforços também para o sector recuado (casos de van Dijk e Robertson) e é, quanto a nós, a equipa que nesta fase melhor se posiciona em termos de projecto desportivo para poder, tanto quanto possível dada a vantagem dos citizens, ombrear com os campeões nos próximos anos.
No ano em que Coutinho rumou a Barcelona, Oxlade-Chamberlain encontrou-se de vez como médio interior e Alexander-Arnold foi uma agradável revelação.
Destaques: Mohamed Salah, Roberto Firmino, Virgil van Dijk, Andrew Robertson, Sadio Mané
CHELSEA (5)
Era difícil Antonio Conte cometer mais disparates. Depois de uma época de estreia fantástica, que terminou com a conquista da Premier League, o treinador italiano decidiu desatar a dar tiros nos pés. Enviou um SMS a Diego Costa a dizer-lhe que já não contava com ele e, não satisfeito, aceitou vender Matic (quem, no seu perfeito juízo, é que desfaz uma dupla Kanté-Matic?) e logo a um rival. No primeiro ano em muitos em que John Terry não esteve presente no balneário, Conte perdeu o Norte e foi destruindo as hipóteses do Chelsea fazer uma boa época ao longo do tempo: não vincou a aposta em Morata, cujo início em Stamford Bridge deixou boas indicações, deixou a alternativa Batshuayi rumar a Dortmund (bom para o jogador, que mostrara bom rendimento quando chamado por Conte, e que não demorou a virar herói na Alemanha), e tornou David Luiz, um dos destaques na temporada passada, um dos melhores amigos do banco de suplentes.
No meio de tantas asneiras, salvou-se o irrepreensível Azpilicueta, e alguns momentos do craque Hazard (ficará o belga no clube, não marcando o Chelsea presença na Champions?).
Ao contrário do Top-4, em que todos os treinadores devem continuar, Abramovich pode promover uma troca de treinadores nos próximos tempos.
Destaques: César Azpilicueta, Eden Hazard, Marcos Alonso, Willian
Destaques: Nacho Monreal, Pierre-Emerick Aubameyang, Aaron Ramsey, Shkodran Mustafi
BURNLEY (7)
Na antevisão que fizemos desta edição, apontámos o Burnley à desida. Escrevemos nós "sem reforços, não há milagres". Desculpa-nos, Sean Dyche, há milagres.
O Burnley surpreendeu Inglaterra e virou equipa-sensação ao conseguir um impensável 7.º lugar com um plantel que fazia prever uma classificação uns 10 lugares abaixo. Mais: Dyche viu o seu guarda-redes e capitão de equipa, Tom Heaton, lesionar-se à quarta jornada, perdeu um dos seus jogadores mais criativos (Robbie Brady) também por lesão à jornada 15, e antes disto tudo não fora ao mercado para encontrar o sucessor de Michael Keane, vendido ao Everton. As soluções estavam já no clube - Nick Pope e James Tarkowski. E que épocas fizeram ambos!
Com um treinador capaz de espremer tudo de cada jogador, o Burnley construiu uma equipa segura e competitiva, com uma defesa extraordinariamente sólida. Pope, Mee, Tarkowski, Lowton e Ward foram todos destaques atrás, e Chris Wood marcou uns simpáticos 10 golo. Temos alguma curiosidade para ver que plantel Dyche terá em 18-19 e como será o comportamento do clube na sua primeira experiência internacional de sempre na Liga Europa.
Destaques: James Tarkowski, Nick Pope, Ben Mee, Matt Lowton, Jack Cork
EVERTON (8)
Só as terríveis épocas de Chelsea e Arsenal desviam os olhares da desapontante temporada do clube de Goodison Park. Num defeso inteligente e activo, os toffees tinham vendido Lukaku, canalizando o dinheiro da venda do goleador belga para vários reforços acertados - Sigurdsson, Rooney, Pickford, Keane, Klaassen e Sandro.
Mas nada correu bem. O conto de fadas do regressado Rooney durou meia época (nas primeiras 18 jornadas tinha 10 golos, mas depois disso não marcou mais), Sigurdsson nunca se afirmou como a figura de proa que pensávamos que iria ser; Klaassen actuou apenas 248 minutos e Sandro 276. À parte de jogadores que não renderam o esperado e outros que não tiveram oportunidades suficientes, ao clube que ainda acrescentou Tosun e Walcott ao elenco no mercado de Inverno pareceu sempre faltar velocidade e capacidade de desequilíbrio: Bolasie só voltou no final da época, adquirir um craque como Zaha teria dado um jeitaço, e mesmo um talento com as características que estavam em falta como Lookman foi atirado para a Alemanha (onde marcou 5 golos em 11 jogos pelo Leipzig).
Passar de Koeman para Allardyce foi descer um degrau, isto numa época em que o Everton queria intrometer-se no Top-6 mas, bem vistas as coisas, acabou a apenas 9 pontos do 15.º classificado.
Próxima época: Marco Silva?
Destaques: Jordan Pickford, Michael Keane, Gylfi Sigurdsson, Idrissa Gueye
LEICESTER CITY (9)
O poema de Shakespeare não foi eterno e à jornada 10 já era o ex-Southampton, Claude Puel, a orientar os foxes. No geral, a época do Leicester City correspondeu ao esperado, fazendo alguma impressão como é que a equipa termina a Premier abaixo do Everton quando pareceu sempre superior e apresentou melhores ideias.
Mahrez voltou a estar em grande (12 golos, 10 assistências), mesmo com uma "birra" por ter sido vetada a sua transferência para o Manchester City a meio da época; Jamie Vardy, que marca aos grandes ingleses como ninguém, chegou aos 20 golos; Maguire teve o impacto que esperávamos, Iheanacho nem por isso.
Os campeões de 2015/ 16, clube no qual para o ano Adrien Silva terá a companhia de Ricardo Pereira, subiram três lugares na tabela em relação ao ano anterior. Para a proxima fica uma dúvida, com um peso gigante: continuarão, desta vez, Mahrez e Vardy?
Destaques: Riyad Mahrez, Jamie Vardy, Harry Maguire, Wilfred Ndidi, Kasper Schmeichel
NEWCASTLE (10)
Depois de vencer o Championship em 2016/ 17, o Newcastle de Rafa Benítez não deslumbrou no futebol praticado mas jamais esteve na discussão pela manutenção. Consistente e consciente das suas forças e fraquezas, o clube do Norte de Inglaterra marcou poucos golos (39 golos em 38 jogos), mas sofreu menos que por exemplo Arsenal, Everton e Leicester.
Lascelles, Ayoze (o final de época deixou indicações que 2018/ 19 pode ser um ano importante para o espanhol de 24 anos), Ritchie e Shelvey foram os principais destaques numa equipa em que Slimani não agarrou nova oportunidade em Inglaterra, e em que a baliza esteve entregue a três diferentes guardiões (Elliot, Darlow e Dubravka) ao longo da temporada.
Se a direcção e os adeptos querem ver os magpies a repetirem ou melhorarem a classificação, convém que Benítez tenha uns 3 ou 4 reforços de qualidade.
Destaques: Jamaal Lascelles, Ayoze, Matt Ritchie, Jonjo Shelvey
CRYSTAL PALACE (11)
A Premier League começou a 12 de Agosto e no dia 10 de Setembro o primeiro treinador do Crystal Palace esta época fazia o seu último jogo no comando da equipa. Frank de Boer durou 4 jogos. Um recorde difícil de bater, com 100% de derrotas na prova.
A solução encontrada pelo clube? O ex-seleccionador inglês, Roy Hodgson, com 70 anos e passagens pelo Inter, Liverpool, Finlândia, Fulham, WBA, Udinese, Copenhaga, Blackburn ou Emirados Árabes Unidos. Admitimos que a contratação do veterano nos deixou bastante reticentes, mas a recta final do Palace dissipou quaisquer dúvidas quanto à determinação dos jogadores em garantir a manutenção. À jornada 30 o clube morava nos lugares de descida, com 27 pontos, mas 5 vitórias nos últimos 8 jogos atiraram a equipa do 18.º para o 11.º lugar, rematando a Premier com 44 pontos (igual registo pontual do Newcastle).
Nestes oito jogos (vitórias diante de Huddersfield, Brighton, Leicester, Stoke e WBA, empates diante de Bournemouth e Watford, e derrota pela margem mínima com o Liverpool) sobressaiu uma vez mais Wilfried Zaha, que aos 25 anos já merece outros palcos.
Destaques: Wilfried Zaha, Luka Milivojevic, Loftus-Cheek, van Aaanholt
BOURNEMOUTH (12)
O Bournemouth, equipa orientada por um dos melhores treinadores ingleses da actualidade, Eddie Howe (40 anos), é sinónimo de regularidade. Quando em 2015/ 16 os cherries ascenderam pela 1.ª vez à Premier League, terminaram o campeonato em 16.º e com 42 pontos; o ano passado, 9.º lugar com 46 pontos; e este ano 12.º com 44 pontos.
Com vários rostos que integram a equipa desde os escalões mais baixos, nesta ascensão meteórica (em 2012 o Bournemouth estava no terceiro escalão e já tinha nos seus quadros Cook, Francis, Arter, Daniels ou Pugh), nenhum jogador esteve esta época num nível digno de destaque, mas o colectivo voltou a cumprir. Joshua King, um dos most improved players de 2016/ 17 passou, por exemplo, de uns fantásticos 16 golos marcados para uns mais comuns 8 golos.
Equipa fiável embora com recursos limitados, continua a precisar de uns bons reforços caso queira dar um salto em termos qualitativos. No entanto, o mais importante para o clube será mesmo garantir a continuidade de Eddie Howe.
Destaques: Callum Wilson, Junior Stanislas, Nathan Aké, Andrew Surman
WEST HAM (13)
A época começou com Bilic, terminou com Moyes. Começou com José Mourinho a afirmar que o West Ham se estava a reforçar para atacar o título, terminou com os hammers em 13.º lugar a seis pontos do 17.º classificado.
Uma das duas piores defesas do campeonato (68 golos sofridos, tal como o Stoke), o West Ham tinha obrigação de fazer muito mais. É indiscutível a maior qualidade do seu plantel quando comparado com equipas como Bournemouth, Newcastle, Crystal Palace ou Burnley.
Na próxima época já está confirmado o chileno e experiente Manuel Pellegrini como novo treinador, e desta destaca-se quase só a fera irreverente Marko Arnautovic. O austríaco, adaptado por Moyes a falso 9 e várias vezes bem acompanhado por Lanzini, foi a figura nesta equipa-desilusão em que o nosso João Mário fez meia época.
Destaques: Marko Arnautovic, Manuel Lanzini, Aaron Cresswell
WATFORD (14)
Houve Premier League enquanto houve Marco Silva. Tal como já fizera no Hull City, o treinador português não demorou a dotar a equipa de uma confiança e intensidade notáveis, notando-se uma significativa melhoria no futebol praticado pelos hornets. Foi particularmente sintomático do impacto de Marco Silva a capacidade que a equipa revelou ainda em lutar até ao fim: nas primeiras jornadas, contra Arsenal, West Brom, Swansea e Liverpool, o Watford garantiu alterações no resultado a seu favor - alcançando vitórias ou empates - sempre para lá dos 90 minutos.
Quando MS abandonou o clube, o Watford estava em 10.º lugar e a apenas seis pontos do sétimo. Supostamente, terá sido o Everton a desestabilizar a cabeça do português, conjugando-se essa pressão com um período entre a jornada 14 e a 24 em que a equipa perdeu 8 jogos em 11. Javi Gracia foi o substituto encontrado (ganhou 4 jogos em 15), mas os jogadores nunca mais voltaram a revelar a mesma chama: Doucouré (extraordinária evolução como jogador) baixou o nível, num decréscimo que foi mais evidente do que em qualquer outro atleta em Richarlison.
Destaques: Abdoulaye Doucouré, Richarlison, Tom Cleverley, Roberto Pereyra
BRIGHTON (15)
Não é frequente, mas em 2017/ 18 as três equipas que tinham acabado de chegar à Premier League, garantiram todas a manutenção. Newcastle, Brighton e Huddersfield foram exemplos de estabilidade, mantendo os seus técnicos toda a época e encarando cada jogo com total profissionalismo e consciência da sua importância.
O trabalho de Chris Hughton no Brighton quase passa despercebido, mas o maior elogio é que o Brighton nunca esteve envolvido na luta dos aflitos. Num plantel curto mas bem potenciado, destacaram-se os golos de Glenn Murray, a dupla Dunk-Duffy no centro da defesa, com Knockaert (melhor jogador do Championship na época passada) a desiludir e Solly March a merecer mais minutos. No entanto, os maiores elogios devem ir para dois reforços: o australiano Matt Ryan (só Butland e Fabianski fizeram mais defesas do que ele) defendeu duas grandes penalidades ao longo da temporada e deu pontos; e Pascal Groß, que foi um dos achados da época. Contratado por 3 milhões de euros, o médio alemão retribuiu a confiança depositada com 7 golos e 8 assistências. Só surpreendeu os mais desatentos uma vez que Groß fora em 2016/ 17 o jogador com mais oportunidades de golo criadas na Bundesliga.
Destaques: Pascal Groß, Mathew Ryan, Glenn Murray, Shane Duffy
HUDDERSFIELD (16)
O amigo de Klopp, David Wagner, conseguiu o seu objectivo. Com aquele que era muito provavelmente o plantel mais frágil desta Premier League, o Huddersfield escapou àquele que parecia ser o seu destino (descer) e fê-lo de forma invulgar. A equipa não teve, como habitualmente acontece nestas equipas pequenas, um jogador-abono de família - Mounié marcou 7 golos, Depoitre marcou 6 e nenhum completou sequer 2.000 minutos, Mooy começou bem a época mas terminou-a com uns modestos 4 golos e 3 assistências.
No meio de tudo isto, numa época que começou com duas vitórias nas duas primeiras jornadas, valeu a defesa do Huddersfield - Lössl foi um dos 8 melhores guarda-redes da prova, e tanto Schindler como Zanka estiveram intransponíveis em vários jogos.
Destaques: Christopher Schindler, Jonas Lössl, Aaron Mooy, Zanka
SOUTHAMPTON (17)
Pochettino, Koeman, Puel, Pellegrino, Hughes. O Southampton, equipa com a qual simpatizamos e que tem sido nos últimos anos a principal base de recrutamento do Liverpool, parece um pouco perdido. Depois de oitavo, sétimo, sexto e oitavo nas 4 épocas anteriores, os saints escaparam por um fio à descida (3 pontos acima do Swansea).
Pessoalmente, Mark Hughes não nos parece o técnico adequado para o clube; e, depois de uma época em que o dinheiro de van Dijk não foi aplicado, convém que a equipa sulista invista para voltar ao patamar a que nos habituou. Com Lemina, Bertrand e Ward-Prowse a serem os jogadores mais constantes desta vez, faz alguma confusão ver elementos como Boufal ou Austin a ficarem tão aquém do que podem dar. Veremos como reage o clube a este susto, e que conclusões retira deste falhanço.
Destaques: Mario Lemina, Ryan Bertrand, James Ward-Prowse, Dusan Tadic
SWANSEA (18)
Num adeus que não surpreende - longe vão os Swanseas de Michu e Wilfried Bony, e desta vez já não houve Sigurdsson para jogar por toda a equipa -, o Swansea piorou a sua classificação de 2016/ 17 (15.º lugar) e despede-se mesmo da Premier League. De resto, os cisnes poderão ter dificuldades em regressar ao primeiro escalão uma vez que apresentam actualmente um elenco inferior a várias equipas do competitivo Championship.
No País de Gales, país de que Renato Sanches (acredita em ti, rapaz!) não guardará boas memórias, a época começou com Paul Clement mas à jornada 21 já era Carlos Carvalhal quem orientava os
swans. O português, marcante no humor, nas metáforas e nos pastéis de nata, teve um impacto significativo nas primeiras 9 jornadas - venceu Liverpool e Arsenal, tendo antes derrotado o compatriota Marco Silva na estreia -, mas o final foi mau demais. Se como acima dissemos o Crystal Palace mostrou na recta final a sua garra e vontade de sobreviver, o Swansea rendeu-se e somou 5 derrotas nas últimas cinco jornadas. Não fosse o polaco Fabianski, uma das figuras desta edição nas balizas (2.º com mais defesas, e ninguém defendeu tantos
penalties como ele - 3), e a descida até teria sido oficializada mais cedo. Com 28 golos marcados, o Swansea foi o pior ataque da prova a par do Huddersfield.
Destaques: Lukasz Fabianski, Alfie Mawson, Jordan Ayew