11 de janeiro de 2018

Balanço Liga NOS 17/ 18

Vai ser até ao fim. Ao contrário de alguns dos principais campeonatos europeus (Inglaterra, Espanha, França e Alemanha), que devem coroar Manchester City, Barcelona, PSG e Bayern bastante cedo, a Liga NOS promete emoções e muito equilíbrio até às jornadas finais.
    O final da primeira volta pede uma breve análise, um balanço que condense os últimos meses de competição e permita constatar tendências e sublinhar algumas ideias essenciais. 2017/ 18 tem-se caracterizado por um tetracampeão frágil, que perante a oportunidade de conquistar o inédito penta surge escondido atrás de Porto e Sporting na classificação, num 3.º lugar que, recordamos, na próxima época significará Liga Europa e não Champions. Porém, eliminado de três competições (os encarnados fizeram uma Champions vergonhosa num grupo em que tinham clara obrigação de alcançar os oitavos, foram eliminados pelo Rio Ave na Taça num jogo fantástico, e permitiram que um tímido Vitória de Setúbal ocupasse a "sua" vaga na final four da Taça da Liga), e depois de tantas críticas, o campeão em título está a apenas 3 pontos do Sporting e 5 do Porto.
    A liderança é do Porto, abanado por Sérgio Conceição que, sem reforços, encontrou em jogadores emprestados como Aboubakar e Ricardo Pereira ingredientes-chave para construir uma equipa competitiva, equilibrada (a principal diferença para o Benfica) e com um onze base bastante forte. Na luta, que acreditamos ser a três até ao fim, está um Sporting com o melhor quarteto defensivo dos últimos anos largos (há quanto tempo não tinham os leões uma dupla de centrais do nível de Coates e Mathieu?) e que, decidido a não deixar escapar o título pela 15.ª época consecutiva, já contratou 3 jogadores no mercado de Janeiro, deixando um aviso aos rivais.

    O bom futebol, refrescante mesmo, do Rio Ave, e um Braga a recuperar o estatuto de 4.º grande têm marcado pela positiva um campeonato que (felizmente) tem tido menos treinadores despedidos do que é habitual. Jonas, Brahimi, Aboubakar, Bruno Fernandes, Danilo, Bas Dost e Marcano têm sido alguns dos principais destaques individuais. O recorde de pontos do Benfica 2015/ 16 (88 pts) está ao alcance dos três grandes. Nessa temporada, as águias apenas não conquistaram 14 dos 102 pontos possíveis, e durante a primeira volta os dragões (líderes) apenas deixaram fugir 6 pontos. No entanto, acreditamos que, sempre taco-a-taco, haja vários deslizes e alguma "tremideira" na frente do pelotão.


Algumas ideias/ notas:

- 0 Derrotas. Ao fim de 17 jornadas, Porto e Sporting ainda não perderam. E mesmo o Benfica só perdeu por uma ocasião (Boavista). Com 45, 43 e 40 pontos, as diferenças fazem-se nos pormenores, e a bom rigor são lisonjeiras para um Benfica que, muito longe de convencer e sem nunca ter encontrado dignos substitutos para as saídas de 3 craques da defesa (Ederson, Semedo e Lindelof), está absolutamente envolvido na luta. Basicamente, um jogo que o Porto ganhou, o Sporting empatou. E um jogo que o Sporting ganhou, o Benfica perdeu.

- Os 3 "jogos grandes" da primeira volta acabaram todos empatados. Surpreenderam sobretudo as prestações de Benfica e Sporting, pela positiva e negativa respectivamente, no último derby. Observação inegável: o Porto foi superior nos dois jogos, mas não ganhou nenhum. O Sporting foi inferior nos dois jogos, mas não perdeu nenhum.

- O Porto é favorito, mas tenham (uma vez mais) muita atenção ao Benfica. Os azuis e brancos estão consistentes, confiantes e são uma equipa completa (forte nas bolas paradas, intensa, com capacidade de explorar as costas dos adversários mas também "desmontar" qualquer equipa organizada). Porto e Sporting têm a particularidade de disputarem as meias-finais das duas taças, e o Benfica tem apenas 17 partidas pela frente esta época. O calendário das águias, desde que vençam em Braga (jogo de carácter decisivo), é o mais acessível dos três grandes.
    Não esquecer, por exemplo, as tremendas sequências que Porto e Sporting terão até final da época. O terrível mês de Fevereiro e início de Março do Porto: Braga (casa), Chaves (fora), Liverpool (casa), Rio Ave (casa), Portimonense (fora), Sporting (casa), Liverpool (fora). E as complicadas fases do Sporting em Março - Porto (fora), Chaves (fora), Rio Ave (casa), Braga (fora) - e fecho da temporada - Portimonense (fora), Benfica (casa) e Marítimo (fora).

- O Braga de Abel Ferreira tem números de equipa grande. Com 37 pontos, os bracarenses estão a apenas 3 pontos do Benfica, equipa que recebem na primeira jornada da segunda volta, e estão mais perto do 1.º lugar (8 pontos de distância) do que do 5.º (10). De resto, apenas menos 4 golos marcados do que o Sporting, e apenas mais 4 golos sofridos do que o Benfica.

- Embora a classificação não seja reflexo disso, o Rio Ave tem deslumbrado. O futebol da equipa de Vila do Conde, na primeira experiência como técnico principal de Miguel Cardoso, dá gosto ver. Com João Novais e Rúben Ribeiro (o novo 7 do Sporting) em destaque, e a merecer um melhor avançado do que Guedes (Gelson Dala pode dar muitas alegrias na segunda volta), o Rio Ave está em 6.º, tem os mesmos pontos que o Marítimo, e é a única equipa para além do Top-4 que apresenta uma diferença de golos positiva (+6).

- Sérgio Conceição, Miguel Cardoso e Abel Ferreira têm sido os claros destaques nos bancos da Liga NOS. Rui Vitória, Jorge Jesus e Pedro Martins têm desapontado, embora este último tenha um plantel fraco, que vive quase exclusivamente do que Raphinha e Héldon criam. Daniel Ramos perdeu a sua invencibilidade caseira mas refez um Marítimo que perdeu meia equipa e Pepa está a operar novo milagre (o Tondela é 10.º classificado, com recursos escassos e apenas um Murilo que tem tudo para dar craque). Sérgio Vieira (Moreirense) e principalmente Jorge Simão (Boavista) têm tido um efeito positivo desde que assumiram as suas equipas.

- Estoril, Aves, Moreirense, Paços de Ferreira e Boavista já mudaram de treinador. O Paços, aliás, começou com Vasco Seabra, e já procura o seu 3.º treinador da época depois de Petit abandonar o barco. Lito Vidigal foi uma excelente aposta do Aves, e Jorge Simão tem procurado fazer crescer o futebol, nas últimas épocas muito físico e defensivo, da equipa do Bessa.

- Jonas, mesmo a caminho dos 34 anos, continua a ser rei em Portugal. O avançado brasileiro, que preserva o estatuto de principal craque no futebol nacional, tem 20 golos marcados em 17 jogos. A nível de golos, seguem-se Bas Dost (16) e a dupla do Porto, Aboubakar e Marega, ambos com 14.

- Muito equilíbrio na luta pela manutenção. A distância entre Tondela (10.º) e o último classificado Vitória de Setúbal é de apenas 7 pontos. Acreditamos que a segunda volta será de crescimento para equipas cuja pontuação está abaixo do futebol praticado (Chaves e Portimonense, dependendo a equipa de Vítor Oliveira da continuidade dos seus 3 maiores craques, Shoya Nakajima, Paulinho e Fabrício). Vit. Setúbal, Moreirense, Paços de Ferreira, Belenenses, Tondela, Aves, Feirense e Estoril são os principais candidatos a conhecer o segundo escalão em 18-19. 


- No nosso plantel abaixo apresentado, composto por 23 elementos, destaque para o domínio de Porto e Sporting. Jogadores como Felipe, Paulinho (Portimonense), Zainadine, Lucas Evangelista e Murilo também têm brilhado, tal como Krovinovic, prejudicado apenas por ter chegado um pouco tarde ao onze do Benfica, embora a tempo de ser figura no balanço final da época. Comparando com o plantel construído no final da primeira volta de 2016-17 são repetentes: Marcano, Alex Telles, Danilo, Pizzi, Marega e Dost.


O melhor "plantel" da Liga NOS 2017/ 18 até agora


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