7 de janeiro de 2018

As Melhores Novas Séries de 2017

Depois de passarmos os olhos pelas melhores personagens introduzidas em séries ao longo de 2017, é a vez de elegermos e escalarmos as 16 melhores novas séries do ano.
    Fica desde já o aviso que não vimos, com alguma pena e porque vendo muitas séries, é humanamente impossível ver todas as que desejamos, sendo necessário fazer escolhas, The Marvelous Mrs. Maisel, The End of the F***ing WorldDear White People e American Gods. Temos a sensação de que as duas primeiras talvez aqui constassem se as tivéssemos visto.
    Por outro lado, a ausência de séries como Philip K. Dick's Electric Dreams, Gypsy, Snowfall ou The Defenders fica justificada apenas e só por uma causa: falta de qualidade quando comparadas com as 16 escolhidas.
    Antes de viajarmos às melhores novidades do ano passado, uma ressalva: 2017 foi um ano muito forte na televisão, mas sobretudo graças a séries maduras que brilharam nas suas terceiras e quartas temporadas. Houve efectivamente boas novidades, mas convém recordar que nos últimos dois anos em que realizámos este exercício surgiram nomes como Mr. Robot, Better Call Saul, Atlanta, The Night Of, Stranger Things, Narcos, Master of None, The Crown ou Daredevil. Mais: entre as séries que ocupam o nosso Top-10 não é exagero dizer, tal o equilíbrio, que qualquer uma podia estar alguns lugares acima ou abaixo. Houve várias novas séries boas, mas nenhuma super-série. No geral, um bom ano para a Netflix, com a HBO a apresentar séries com a sua maturidade e perfeccionismo de sempre, e o Hulu a pôr-se no mapa.



1. Mindhunter (Netflix)
Criado por: Joe Penhall
Elenco: Jonathan Groff, Holt McCallany, Hannah Gross, Anna Torv, Cotter Smith, Cameron Britton
IMDb: 8.7 | Rotten Tomatoes: 96% | Metascore: 79

    David Fincher e Cameron Britton. Deve-se sobretudo ao realizador perfeccionista (que realizou os dois primeiros e os dois últimos episódios de Mindhunter) e ao actor, revelação como Ed Kemper, a presença da viagem à mente dos mais famosos serial-killers norte-americanos neste primeiro lugar.
    Mindhunter não nos encheu as medidas, mas fez o suficiente para suceder a Mr. Robot e The Night Of, nossos escolhidos nesta categoria em 2015 e 2016.
    Os melhores episódios foram - não é coincidência - os realizados por Fincher, e aqueles que tiveram Kemper, mas destacou-se também a dinâmica dos agentes Holden Ford e Bill Tench. Acreditamos que a série suba de nível na próxima temporada.

2. Dark (Netflix)
Criado por: Baran bo Odar, Jantje Friese
Elenco: Louis Hofmann, Oliver Masucci, Karoline Eichhorn, Maja Schöne, Andreas Pietschmann, Daan Lennard Liebrenz, Lisa Vicari
IMDb: 8.8 | Rotten Tomatoes: 86% | Metascore: 61

    Foi uma das últimas séries a estrear em 2017, e é um tesourinho ambicioso. Dark, a série alemã da Netflix, foi publicitada como sendo uma espécie de Stranger Things, mas tem muito mais de Lindelof (o criador de séries como Lost e The Leftovers) no tom e no sobrenatural. É também uma série exigente: não tanto na narrativa, cujos saltos temporais são inteligentes e contribuem para a progressiva construção de uma complexa teia, mas na ambiciosa exposição de um vasto leque de personagens, preocupando-se em desenvolver (e bem) todas. Essa ambição, que se encontra também em pesos pesados como Game of Thrones ou The Wire, ninguém pode tirar a Baran bo Odar e Jantje Friese.

3. Big Little Lies (HBO)
Criado por: David K. Elley
Elenco: Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgard, Adam Scott, Zoë Kravitz, Laura Dern
IMDb: 8.6 | Rotten Tomatoes: 92% | Metascore: 75

    Ao início, Big Little Lies parece uma versão adulta e madura de Pretty Little Liars. Mas é muito mais do que isso. É claramente a nova série de 2017 com interpretações mais fortes (Kidman está brilhante, mas Skarsgard, Whiterspoon e Woodley não ficam muito atrás) e um cativante mistério captado com elegância pela lente inconfundível de Jean-Marc Vallée.

4. Legion (FX)
Criado por: Noah Hawley
Elenco: Dan Stevens, Aubrey Plaza, Rachel Keller, Bill Irwin, Amber Midthunder, Jean Smart, Jemaine Clement
IMDb: 8.5 | Rotten Tomatoes: 90% | Metascore: 82

    A coragem de experimentar e trazer algo verdadeiramente novo a um universo (as séries e filmes de super-heróis) bastante padronizado. Noah Hawley fez de Legion uma amálgama psicadélica, uma série esquizofrénica, inteligente e visualmente arrebatadora. Terror, comédia, drama; há de tudo um pouco numa alucinante viagem com apontamentos de animação e de filme mudo.

5. The Deuce (HBO)
Criado por: David Simon, George Pelecanos
Elenco: Maggie Gyllenhaal, James Franco, Margarita Levieva, Lawrence Gilliard Jr., Dominique Fishback, Emily Meade, Gary Carr, Chris Bauer, Michael Rispoli
IMDb: 8.2 | Rotten Tomatoes: 92% | Metascore: 85

    David Simon já teve vários projectos semi-interessantes desde que The Wire terminou, mas The Deuce é possivelmente o primeiro herdeiro legítimo de Omar Little, Jimmy McNulty e Stringer Bell. O retrato da prostituição em Nova Iorque nos anos 80, e consequente crescimento da indústria pornográfica, impressionou através dos traços clássicos de David Simon: escrita de topo, com diálogos e personagens profundamente realistas, e momentos dolorosos.

6. The Handmaid's Tale (Hulu)
Criado por: Bruce Miller
Elenco: Elisabeth Moss, Joseph Fiennes, Yvonne Strahovski, Max Minghella, O.T. Fagbenle, Samira Wiley, Ann Dowd, Madeline Brewer
IMDb: 8.6 | Rotten Tomatoes: 95% | Metascore: 92

    À superfície, um conjunto de mulheres com vestidos vermelhos e abajures nas cabeças. The Handmaid's Tale, a adaptação do Hulu (conseguiu com esta série dizer presente) da obra de Margaret Atwood, é uma série pertinente. E o momento contribui para a avaliação e percepção de uma série que, carregada por excelentes desempenhos (Elisabeth Moss e Yvonne Strahovski, mas há mais), pecou na escrita mas primou na realização. Para a segunda temporada, um desejo, deixem Reed Morano realizar todos os episódios.

7. The Punisher (Netflix)
Criado por: Steve Lightfoot
Elenco: Jon Bernthal, Ebon Moss-Bachrach, Ben Barnes, Amber Rose Revah, Daniel Webber, Deborah Ann Woll
IMDb: 8.9 | Rotten Tomatoes: 62% | Metascore: 54

    Aqui entre nós, The Punisher podia ser bastante mais épico se não se arrastasse ao longo de 13 episódios (um absoluto exagero para uma série que em 8 episódios contava o que tinha de sumarento para contar). Os últimos episódios - sobretudo "Home" e "Memento Mori" - chegam para salvar a estreia a solo de Jon Bernthal como Frank Castle. Eis um caso, tal como em Taboo, em que o actor vale quase 100% dos méritos do projecto.
    Destaque especial apenas para o plano com que a série encerra. Poucas séries até hoje souberam fechar tão bem em termos de última imagem uma temporada.

8. Patriot (Amazon)
Criado por: Steven Conrad
Elenco: Michael Dorman, Terry O'Quinn, Kurtwood Smith, Michael Chernus, Aliette Opheim, Chris Conrad
IMDb: 8.3 | Rotten Tomatoes: 81% | Metascore: 68

    Não é para todos, mas Patriot é a série mais subvalorizada de 2017. Exímia no humor negro e na desconstrução do puzzle que apresenta, parte de uma premissa arriscada mas original: um agente infiltrado com um segredo (a série é excelente a trabalhar essa valência narrativa) e que, deprimido, descarrega para as canções que compõe e interpreta os episódios que tem por recalcar.

9. Godless (Netflix)
Criado por: Scott Frank
Elenco: Jack O'Connell, Jeff Daniels, Michelle Dockery, Merritt Wever, Scoot McNairy
IMDb: 8.5 | Rotten Tomatoes: 88% | Metascore: 75

    Muitos não concordarão, mas conseguimos compreender quem achar que Godless é um melhor western do que Westworld. A mini-série de Scott Frank é consistente de uma ponta à outra e atira-nos com saudades para The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford. Todos os anos devia existir uma mini-série deste nível. 

10. GLOW (Netflix)
Criado por: Liz Flahive, Carly Mensch
Elenco: Alison Brie, Betty Gilpin, Marc Maron, Kate Nash, Sydelle Noel, Britney Young, Gayle Rankin, Melanie Rosen, Britt Baron, Sunita Mani, Chris Lowell
IMDb: 8.0 | Rotten Tomatoes: 95% | Metascore: 81

    The Handmaid's Tale ganhou o rótulo de série em defesa das mulheres e do seu papel na sociedade, mas Godless e GLOW mostram o que é ser mulher e o poder do género tão bem ou melhor do que a aclamada série do Hulu. Produzido pela criadora de Orange is the New Black, este mergulho no wrestling feminino foi uma das surpresas de 2017. Carregadinho de boas personagens, é uma boa comédia - bem que os episódios podiam ser mais longos! - e um mimo com bastante meta-comunicação ao nível do que é criar um enredo e construir/ desenvolver personagens.

11. American Vandal (Netflix)
Criado por: Tony Yacenda, Dan Perrault
Elenco: Jimmy Tatro, Tyler Alvarez, Griffin Gluck, Camille Hyde, Camille Ramsey, Calum Worthy, Genevieve Hannelius, Saxon Sharbino
IMDb: 8.2 | Rotten Tomatoes: 97% | Metascore: 75

    A sátira de documentários como Making a Murderer ou The Jinx virou excelente exposição do que é a vida no secundário. Em todos os secundários do mundo. Parece estúpido, mas uma série-paródia que parte de um crime com 27 pénis desenhados nos carros do parque de estacionamento da escola, está para nós à frente de Taboo, Ozark ou Feud.

12. Taboo (BBC One, FX)
Criado por: Steven Knight, Tom Hardy, Chips Hardy
Elenco: Tom Hardy, Oona Chaplin, Jonathan Pryce, Jessie Buckley, Jefferson Hall, Stephen Graham, Michael Kelly
IMDb: 8.6 | Rotten Tomatoes: 75% | Metascore: 67

    Quando no início do ano passado lançámos o nosso artigo 25 Novas Séries a Não Perder em 2017, colocámos Taboo em primeiro lugar. Sim, desiludiu. Série de pai e filho, e com Steven Knight (Peaky Blinders) envolvido, este drama de época esteve bastante longe do que podia ser. Vale, claro, porque é absolutamente impossível ficar indiferente a qualquer personagem de Tom Hardy; mas tem muita margem de crescimento caso a segunda temporada apresente ao protagonista reais obstáculos e o rodeie de personagens mais entusiasmantes.

13. 13 Reasons Why (Netflix)
Criado por: Brian Yorkey
Elenco: Dylan Minnette, Katherine Langford, Alisha Boe, Brandon Flynn, Miles Heizer, Christian Navarro, Justin Prentice, Kate Walsh
IMDb: 8.4 | Rotten Tomatoes: 81% | Metascore: 76

    Mascarada de série teenager, 13 Reasons Why foi uma das novidades mais provocadoras de 2017. Polémica e perigosa q.b. na sua abordagem, é impossível não ficar no final de cada episódio com o "bichinho" de querer logo ver o seguinte. E poucos produtos audiovisuais foram até hoje tão explícitos e duros ao expor um suicídio. Há méritos que ninguém pode tirar a 13RW (e sim, por nós fazia mais sentido não existir 2ª temporada).

14. Ozark (Netflix)
Criado por: Mark Williams, Bill Dubuque
Elenco: Jason Bateman, Laura Linney, Julia Garner, Sofia Hublitz, Skylar Gaertner, Esai Morales, Jason Butler Harner, Peter Mullan
IMDb: 8.4 | Rotten Tomatoes: 64% | Metascore: 66

    A Netflix quis ter o seu Breaking Bad, e deu tudo a Jason Bateman para o conseguir. Ozark demorou a encontrar-se, parecendo durante vários episódios não um pastiche mas sim uma réplica, mas os últimos episódios convenceram-nos. Jason Bateman (fantástico como protagonista e como realizador) e Laura Linney estão bem um para o outro, e Julia Garner foi uma agradável surpresa no clã Langmore.

15. Feud (FX)
Criado por: Ryan Murphy, Jaffe Cohen, Michael Zam
Elenco: Jessica Lange, Susan Sarandon, Alfred Molina, Jackie Hoffman, Judy Davis, Stanley Tucci, Alison Wright 
IMDb: 8.6 | Rotten Tomatoes: 91% | Metascore: 81

    O conceito Feud é mais uma aposta com o carimbo Ryan Murphy que tem tudo para nos proporcionar algumas temporadas de antologia bastante interessantes ao longo dos próximos anos. Às divas Jessica Lange e Susan Sarandon, como Joan Crawford e Bette Davis, não se podia pedir mais. Mais do que qualquer outra coisa, Feud: Bette and Joan vale pela curiosidade histórica.  

16. Sneaky Pete (Amazon)
Criado por: David Shore, Bryan Cranston
Elenco: Giovanni Ribisi, Marin Ireland, Margo Martindale, Shane McRae, Peter Gerety, Bryan Cranston, Michael Drayer, Karolina Wydra
IMDb: 8.3 | Rotten Tomatoes: 100% | Metascore: 77

    É curioso que as duas melhores séries do ano da Amazon, Sneaky Pete e Patriot, tenham em comum a forma habilidosa como gerem o segredo central de cada um dos protagonistas. Giovanni Ribisi merecia a oportunidade de ser cabeça-de-cartaz de um projecto assim, e Pete embora empate um bocado ao longo da primeira metade, compensa os fãs mais pacientes com 3 episódios finais de grande qualidade.


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