24 de março de 2017

Made in Olival: Os Próximos Talentos do Dragão

Há poucos dias deixámos aqui alguns palpites e observações sobre aqueles que nos parecem ser os jogadores mais promissores da incubadora Caixa de Futebol Campus, conjugando esse potencial com as suas chances de surgirem no plantel principal no espaço dos próximos 3 anos.
    Hoje, fazemos o mesmo para o Porto.
    Quem viu o último Europeu Sub-17 terá constatado uma fórmula evidente: a geração de 1999 tinha o Porto a defender, e o Benfica a atacar. Aquela estrutura defensiva, composta por 4 Diogos que encontrarão abaixo, é exemplo do bom trabalho desenvolvido no Olival. O Porto tem soluções para os próximos anos, com jogadores à Porto com muita qualidade e para quase todas as posições.
    A aposta em André Silva (aos 21 anos, 15 golos na Liga NOS e 4 golos nas suas 5 internacionalizações por Portugal) é o exemplo do caminho a seguir, com Rúben Neves (muito provável que tenha a sua primeira época como titular indiscutível em 2017-18, uma vez que acreditamos que será impossível segurar Danilo Pereira) a ser o próximo diamante polido por Nuno Espírito Santo, treinador que ao contar com um ataque com André Silva, Diogo Jota ou Óliver tem demonstrado confiar e saber trabalhar os jovens talentos.
    Comparativamente com o Benfica, não se verifica a mesma cascata de promessas, que chega a dar a sensação de que o clube encarnado poderá queimar alguns valores por ter miúdos a mais com talento; no Porto não há tantos jogadores que deixam água na boca, mas os que há, cuidado com eles.

    Rafa Soares tem aproveitado o empréstimo ao Rio Ave, Bruno Costa só não surge na lista abaixo porque não estamos tão certos que seja lançado logo no plantel A, correndo se calhar o risco de se perder em empréstimos, Fernando Fonseca e Raúl (contratado ao Paços, quando parecia ser o novo Diogo Jota da Mata Real) têm evoluído, temos bastante curiosidade para ver o que dá Leandro Campos, mas são os 9 abaixo que não deixam dúvidas:


  • Afonso Sousa: filho de Ricardo Sousa, neto de António Sousa. O futebol corre-lhe no sangue. Nascido em 2000 (sim, tem ainda 16 anos), o jovem médio-centro/ médio ofensivo que os dragões estão a cozinhar tem o suficiente para ser o herdeiro de Óliver Torres. Chega como garantia do seu potencial?
        Num Porto cuja tendência poderá ser realizar um bom encaixe com André Silva e promover Rui Pedro ao estatuto de avançado nº 2 da hierarquia, mas privilegiando um 4-3-3 com apenas Soares na frente, o espaço para médios como Afonso Sousa e Moreto Cassamá deve voltar a aparecer. Com apenas 16 anos, é improvável que dê os primeiros passos rapidamente, devendo primeiro passar pela equipa B, mas o rapaz que nasceu quando Ricardo Sousa estava ligado contratualmente ao Porto, é bom demais para ser deixado em gestação muito tempo. Critério na circulação, técnica de cabine telefónica e rapidez a pensar e executar são alguns dos pontos fortes de um jogador que sabe que no miolo ainda tem Rúben Neves, Rui Pires e Moreto Cassamá a reclamarem primeiro um lugar.

  • Moreto Cassamá: Ai o que o Sporting perdeu... Formado em Alvalade, tal como Romário Baró, foi um dos talentos verde-e-brancos que o Porto desviou nos últimos anos. No Porto desde 2013-14, Moreto Cassamá é um daqueles jogadores que entusiasma qualquer adepto. Mesmo os das equipas adversárias. Pequeno em estatura (1,65m) mas grande na classe com que desmarca os colegas, com que ginga para fora de zonas de pressão, acelerando e destruindo qualquer defesa.
        Aos 19 anos, o capitão dos júniores é demasiado bom para o patamar em que está, e se não chegar à primeira equipa em 2017-18, chegará em 2018-19. Tem futebol dos pés à cabeça, interpreta os vários momentos do jogo com uma maturidade e compostura acima da média, e recompensará o treinador que o soltar no Dragão.
  • Diogo Dalot: Rui Pedro já se estreou e já marcou pela equipa A mas, destes nove, Diogo Dalot parece reunir vários parâmetros para ser o primeiro a tornar-se aposta como titular no Porto. O lateral-direito, autêntica locomotiva, que impressiona pelo físico e por já parecer aos 18 anos um jogador com maturidade e pujança de um de 25, é um daqueles casos em que se podem saltar os empréstimos e reduzir o tempo de "praxe" e evolução nas equipas B.
        Diogo Dalot estava preparado, hoje, para começar a ser o lateral-direito titular do Porto. Problema? Maxi Pereira. E Layún, que também dá lá uma perninha de vez em quando por existir outro rapaz chamado Alex Telles. No entanto, e embora o Porto tenha bons laterais emprestados (Victor García para a direita, Rafa Soares para a esquerda, e Ricardo Pereira para ambos os corredores), é bastante provável que Dalot integre a mini-revolução que houver nas faixas laterais no arranque de 2017-18. Estrangeiros interessados em "roubar" Dalot antes de se chegar a estrear pelo Porto não faltarão, mas os dragões sabem o que têm em casa, e quão mais poderá valer daqui a 3/ 4 anos.
  • Diogo Costa: Rui Patrício é dono e senhor da baliza de Portugal, mas é importante que comecem a surgir potenciais sucessores. André Moreira, Joel Pereira, Bruno Varela e Miguel Silva terão uma palavra a dizer nesse aspecto, tal como João Virgínia, o jovem guarda-redes que o Arsenal retirou da Luz. No Sporting, Pedro Silva (interessante guarda-redes, também) só deverá ter espaço se alguma vez Patrício sair, e por fim resta-nos Diogo Costa.
        Sem ser incrivelmente alto para guarda-redes (aos 17 anos tem 1,86m), apresenta uma serenidade e elasticidade notáveis, tendo ainda muito para evoluir tecnicamente mas demonstrando já o mais importante para singrar - uma boa cabeça. Com Iker Casillas a caminhar para a reforma, a pergunta que se impõe é: será o barbudo José Sá ou o menino Diogo Costa o próximo nº 1?
  • Rui Pedro: Extraordinário goleador nas camadas de formação em Portugal, Rui Pedro teve aquela estreia de sonho no Porto 1-0 Braga. Entrou aos 75 minutos, e no tempo de compensação deu três pontos com uma finalização de classe.
        Golos, golos e mais golos é o que se pode esperar do sucessor de André Silva no Porto. Sempre de olhos postos na baliza, embora tenha talvez menor qualidade técnica do que o actual camisola 10 dos azuis e brancos, tem maior instinto goleador. Ao contrário do rival José Gomes, parece preparado para actuar já no escalão principal (o que é natural, já que é 1 ano mais velho) e beneficiará de ter o seu espaço já em 2017-18, sem andar a "rodar" como Gonçalo Paciência, jogador de menor potencial do que André Silva ou Rui Pedro.
  • Diogo Queirós: futuro capitão? Na Selecção campeã da Europa Sub-17, Diogo Costa tinha a baliza a si entregue, surgindo Diogo Dalot a lateral-direito. No centro da defesa, Diogo Queirós e Diogo Leite. Quatro Diogos, todos do Porto.
        Aos 18 anos, é difícil antecipar quando terá oportunidade. Na próxima temporada deve passar a ser titular no Porto B, e a actual dupla Felipe-Marcano dá cartas, embora Felipe seja um jogador cada vez com mais mercado. Num clube com grande tradição de centrais (Ricardo Carvalho, Pepe, Bruno Alves, Jorge Costa, Aloísio, Fernando Couto) seria incrível verificar-se uma aposta num central muito jovem, mas a História diz-nos que o Porto gosta de centrais da casa. Entre Diogo Queirós e Diogo Leite, é difícil antecipar qual vai ter mais sucesso.
  • Rui Pires: Alternando já entre os júniores e o Porto B, Rui Pires tem crescido muito na transição de escalão, adaptando-se às exigências tácticas e ajustando o perfil competitivo. É claramente um jogador com ADN Porto, que pode surgir como alternativa a Rúben Neves caso este se afirme como titularíssimo se Danilo sair.
        O bom planeamento das escolas de Formação vê-se, dependendo das "fornadas" e da prospecção feita, na capacidade de alimentar posição a posição sempre com qualidade o plantel principal. Se possível, colmatando possíveis carências que o clube saiba vir a ter em breve. Casillas está quase a retirar-se? Há José Sá e Diogo Costa. Maxi Pereira está a perder fulgor? Diogo Dalot está aí. E embora haja um goleador (Rui Pedro) e Bruno Costa como extremo mais convincente, é na zona nevrálgica do meio-campo que o Porto tem o seu futuro garantido. Se quiser.
  • Diogo Leite: Um dos motivos para na dupla de Diogos (Queirós e Leite) ser tão difícil de desvendar qual terá maior sucesso ou sucesso primeiro é precisamente o facto de jogarem juntos. Queirós e Leite disfarçam as falhas um do outro, e têm evoluído juntos.
        A braçadeira de capitão e o cabelo louro talvez ajudem Diogo Queirós a puxar para si os holofotes, mas Diogo Leite, o seu complemento perfeito e silencioso que assinou recentemente o seu primeiro contrato profissional pelo Porto, não perde em quase nada. A lógica diz que Queirós se afirmará primeiro, também pela voz que é na formação portista, mas não nos surpreenderá se Diogo Leite (mais alto, com 1,88m) tiver um treinador - NES ou outro - que o faça disparar para um patamar inesperado.
  • Romário Baró: outrora considerado o Pogba de Alcochete (estatuto que agora pertence a Bubacar Djaló), Romário Baró junta-se a Moreto Cassamá como outra das pérolas africanas que o Porto retirou ao Sporting.
        De futuro menos certo do que Afonso Sousa e Cassamá, é aos 17 anos um médio que ainda se espera poder vir a ser tudo aquilo que se antecipava há dois, três anos atrás. Deste grupo, é aquele que pode demorar mais tempo a chegar à equipa principal; mas se chegar, e dado o futuro promissor do sector no Porto, deverá ser sinal que pode pegar de estaca.

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