Criado por
Beau Willimon
Elenco
Kevin Spacey, Robin Wright, Michael Kelly, Joel Kinnaman, Paul Sparks, Derek Cecil, Neve Campbell, Jayne Atkinson, Mahershala Ali, Molly Parker, Ellen Burstyn
Canal: Netflix
Classificação IMDb: 9.0 | Metascore: 76 | RottenTomatoes: 87%
Classificação Barba Por Fazer: 85
- Abaixo podem encontrar Spoilers -
A História:
Vamos entrar logo a matar, à Underwood.
A quarta temporada de 'House of Cards', o primeiro original Netflix, é tudo o que os fãs poderiam pedir - recupera o nível das duas primeiras temporadas, demonstrando que a terceira (indiscutivelmente a mais fraca) serviu de transição e de contextualização para a 4.ª season brilhar; o elenco é riquíssimo, indo buscar personagens-chave do passado para algumas aparições curtas, enquanto adiciona participações especiais como a de Ellen Burstyn (só 'House of Cards' para conseguir algo assim); a realização e a escrita da série estão mais no ponto do que nunca, com subtilezas e manipulações como só Frank e Claire Underwood seriam capazes. Embora seja complicado afirmar "é melhor do que as temporadas 1 e 2", esta é porventura a temporada mais madura e completa, e reforça um certo padrão - a temporada 1 preparou a 2, a temporada 3 preparou os acontecimentos e a narrativa da 4... que ainda assim deixa água na boca para 2017.
Há um ano atrás avaliámos a 3.ª temporada em 13 valores de 20, mas a quarta temporada respondeu às nossas preces: nesta há mais Frank Underwood (Kevin Spacey), e Beau Willimon e a sua equipa de argumentistas souberam construir 13 episódios que começam com Frank e Claire (Robin Wright) frente-a-frente, mas que terminam com eles mais lado a lado (em termos políticos) do que nunca antes até aqui.
Antes de entrar no submundo dos bastidores e jogos de influência da política norte-americana, a temporada começa numa prisão com Lucas Goodwin (fundamental num momento de viragem desta season), o jornalista que cometeu o "crime" de acreditar em Zoe Barnes, no beliche de cima da sua cela a descrever um momento erótico para que o companheiro de cela se masturbe com a história. O presidiário diz-lhe que ele "tem jeito com palavras", tal como a série, e depois dessa imagem inicial desconfortável mas forte, segue-se uma catadupa de emoções.
Tal como na temporada anterior - e a campanha continuará em 2017 - Frank Underwood procura manter o seu lugar na Casa Branca e no topo do mundo ocidental, perdendo aliados, criando inimigos e vendo-se obrigado a ameaçar, coagir, manipular como sempre. Desta vez, há muitas novidades: conhecemos a mãe de Claire, Elizabeth (interpretada pela magnífica actriz Ellen Burstyn); Claire e Frank passam os primeiros episódios a boicotar-se um ao outro, mas acabam por juntos conspirar um plano que a torne a candidata desejada pelos Democratas para vice-presidente; Leann Harvey (Neve Campbell, outrora actriz de 'Scream') é contratada por Claire para ser o que Doug é para Frank, basicamente, embora acabe a liderar a campanha dos Underwood; o escritor Tom Yates regressa, aproximando-se, desta vez, de Claire; Heather Dunbar perde força, e o candidato republicano das redes sociais, do instagram e da família perfeita Will Conway (Joel Kinnaman) emerge como principal adversário presidencial de Frank; e, numa clara alusão ao ISIS (Estado Islâmico) são introduzidos nesta temporada os radicais do ICO. Tudo isto chegaria para um conjunto de episódios brutais, mas há ainda a acrescentar a investigação de Tom Hammerschmidt - antigo editor do The Washington Herald - que começa a juntar os dados todos graças a algo que acontece ao segurança Meechum, reunindo os testemunhos necessários para fazer Underwood cair do trono.
Reúne-se nesta temporada a elite em termos de elenco - Ellen Burstyn, Neve Campbell e Joel Kinnaman são as principais novidades, mas há vários fantasmas que prestam uma visita a Frank, desde as personagens Peter Russo (Corey Stoll) e Zoe Barnes (Kate Mara) a Freddy (Reg E. Cathey), este último com pouco tempo de ecrã mas muito impacto. E, já agora, uma palavra para Robin Wright, que realizou 4 episódios dos 13, e deve ser levada muito a sério como realizadora.
A quarta temporada de 'House of Cards', o primeiro original Netflix, é tudo o que os fãs poderiam pedir - recupera o nível das duas primeiras temporadas, demonstrando que a terceira (indiscutivelmente a mais fraca) serviu de transição e de contextualização para a 4.ª season brilhar; o elenco é riquíssimo, indo buscar personagens-chave do passado para algumas aparições curtas, enquanto adiciona participações especiais como a de Ellen Burstyn (só 'House of Cards' para conseguir algo assim); a realização e a escrita da série estão mais no ponto do que nunca, com subtilezas e manipulações como só Frank e Claire Underwood seriam capazes. Embora seja complicado afirmar "é melhor do que as temporadas 1 e 2", esta é porventura a temporada mais madura e completa, e reforça um certo padrão - a temporada 1 preparou a 2, a temporada 3 preparou os acontecimentos e a narrativa da 4... que ainda assim deixa água na boca para 2017.
Há um ano atrás avaliámos a 3.ª temporada em 13 valores de 20, mas a quarta temporada respondeu às nossas preces: nesta há mais Frank Underwood (Kevin Spacey), e Beau Willimon e a sua equipa de argumentistas souberam construir 13 episódios que começam com Frank e Claire (Robin Wright) frente-a-frente, mas que terminam com eles mais lado a lado (em termos políticos) do que nunca antes até aqui.
Antes de entrar no submundo dos bastidores e jogos de influência da política norte-americana, a temporada começa numa prisão com Lucas Goodwin (fundamental num momento de viragem desta season), o jornalista que cometeu o "crime" de acreditar em Zoe Barnes, no beliche de cima da sua cela a descrever um momento erótico para que o companheiro de cela se masturbe com a história. O presidiário diz-lhe que ele "tem jeito com palavras", tal como a série, e depois dessa imagem inicial desconfortável mas forte, segue-se uma catadupa de emoções.
Tal como na temporada anterior - e a campanha continuará em 2017 - Frank Underwood procura manter o seu lugar na Casa Branca e no topo do mundo ocidental, perdendo aliados, criando inimigos e vendo-se obrigado a ameaçar, coagir, manipular como sempre. Desta vez, há muitas novidades: conhecemos a mãe de Claire, Elizabeth (interpretada pela magnífica actriz Ellen Burstyn); Claire e Frank passam os primeiros episódios a boicotar-se um ao outro, mas acabam por juntos conspirar um plano que a torne a candidata desejada pelos Democratas para vice-presidente; Leann Harvey (Neve Campbell, outrora actriz de 'Scream') é contratada por Claire para ser o que Doug é para Frank, basicamente, embora acabe a liderar a campanha dos Underwood; o escritor Tom Yates regressa, aproximando-se, desta vez, de Claire; Heather Dunbar perde força, e o candidato republicano das redes sociais, do instagram e da família perfeita Will Conway (Joel Kinnaman) emerge como principal adversário presidencial de Frank; e, numa clara alusão ao ISIS (Estado Islâmico) são introduzidos nesta temporada os radicais do ICO. Tudo isto chegaria para um conjunto de episódios brutais, mas há ainda a acrescentar a investigação de Tom Hammerschmidt - antigo editor do The Washington Herald - que começa a juntar os dados todos graças a algo que acontece ao segurança Meechum, reunindo os testemunhos necessários para fazer Underwood cair do trono.
Reúne-se nesta temporada a elite em termos de elenco - Ellen Burstyn, Neve Campbell e Joel Kinnaman são as principais novidades, mas há vários fantasmas que prestam uma visita a Frank, desde as personagens Peter Russo (Corey Stoll) e Zoe Barnes (Kate Mara) a Freddy (Reg E. Cathey), este último com pouco tempo de ecrã mas muito impacto. E, já agora, uma palavra para Robin Wright, que realizou 4 episódios dos 13, e deve ser levada muito a sério como realizadora.
As duas primeiras temporadas foram de Frank. A terceira temporada foi de Claire. À quarta, é impossível não os abordar como um só, porque é nesta que eles passam a estar ao mesmo nível, é nesta que eles se tornam iguais.
Começam separados, em guerra acesa mas silenciosa, até chegar um dos pontos críticos capaz de deixar um deles quase KO.
Compreendem que são mais fortes juntos, e desenham uma das suas mais subtis conspirações para arredar Catherine Durant (mais destaque nesta temporada do que em qualquer outra, e merece-o) da mais-do-que-certa nomeação enquanto candidata democrata a Vice-Presidente.
Frank e Claire podem até estar mais afastados em termos pessoais a cada episódio que passa, mas no campo político dão as mãos e erguem os braços saudando o público com mais vigor e união do que até aqui. O último plano da season finale bate-se bem com o final da segunda temporada: a quarta parede, sistematicamente quebrada por Frank, desta vez tem mais dois olhos a fixarem directamente o espectador. Que pormenor de classe, que imagem de génio...
O Episódio: 10 'Chapter 49'.
O último episódio, capítulo 52, é muito bom. Mas o episódio mais completo da temporada é o décimo.
Vejamos: no comité de eleições democratas, Claire Underwood tem um discurso de campanha sensacional, que antecede a chegada de Frank ao palco, e o delírio do público a aceitar o casal de candidatos. Antes de discursar, Claire marca o episódio junto da sua mãe, e com o escritor Tom Yates. Só que, a juntar a isto tudo, estão dois momentos de Frank Underwood que seguem instantaneamente para o lote de melhores da personagem - nos dois casos é Catherine Durant quem partilha a cena com Frank, primeiro em torno de uma salada cobb, e depois na Sala Oval, com Frank Underwood a admitir os seus vários crimes num monólogo intenso e assustador, antes de se desatar a rir. Nota: episódio realizado por Robin Wright.
Vejamos: no comité de eleições democratas, Claire Underwood tem um discurso de campanha sensacional, que antecede a chegada de Frank ao palco, e o delírio do público a aceitar o casal de candidatos. Antes de discursar, Claire marca o episódio junto da sua mãe, e com o escritor Tom Yates. Só que, a juntar a isto tudo, estão dois momentos de Frank Underwood que seguem instantaneamente para o lote de melhores da personagem - nos dois casos é Catherine Durant quem partilha a cena com Frank, primeiro em torno de uma salada cobb, e depois na Sala Oval, com Frank Underwood a admitir os seus vários crimes num monólogo intenso e assustador, antes de se desatar a rir. Nota: episódio realizado por Robin Wright.
O Futuro:
"That's right... We don't submit to terror", Frank olha para Claire, e depois olham juntos para a câmara enquanto ele remata "We make the terror". Querem melhor forma de lançar a quinta temporada do que o casal Underwood a preferir a instabilidade do povo e um estado de guerra a perder o seu lugar na Casa Branca? Quando pensávamos que já tínhamos noção dos limites da ambição em 'House of Cards', é-nos dado um novo patamar.
Em 2017 a campanha presidencial continuará - Underwood versus Conway, sem retirar Dunbar da equação -, mas há muitos subplots que estão em aberto. Desde logo, o jornalista Hammerschmidt, com uma história pronta para destruir o presidente (com o ex-presidente Walker, Remy Danton e Jackie Sharp a corroborarem tudo), foi enviado para uma sala à espera de Frank Underwood; o cronicamente errático Doug Stamper voltou a revelar-se incapaz de se desligar de um erro seu, tornando-o um vício, e é temporada após temporada um dos mais devotos e incondicionais parceiros no crime de Frank, mas é também um forte candidato a fazer cair o castelo de cartas.
Os Underwood, cúmplices na corrupção, preferem governar através do medo e decretar uma guerra desde que isso os beneficie individualmente. Resta-nos perceber: vencendo, Claire contentar-se-á como vice-presidente ou tudo isto é bluff e ela quer ainda mais, dando vida ao sonho de Frank?
"That's right... We don't submit to terror", Frank olha para Claire, e depois olham juntos para a câmara enquanto ele remata "We make the terror". Querem melhor forma de lançar a quinta temporada do que o casal Underwood a preferir a instabilidade do povo e um estado de guerra a perder o seu lugar na Casa Branca? Quando pensávamos que já tínhamos noção dos limites da ambição em 'House of Cards', é-nos dado um novo patamar.
Em 2017 a campanha presidencial continuará - Underwood versus Conway, sem retirar Dunbar da equação -, mas há muitos subplots que estão em aberto. Desde logo, o jornalista Hammerschmidt, com uma história pronta para destruir o presidente (com o ex-presidente Walker, Remy Danton e Jackie Sharp a corroborarem tudo), foi enviado para uma sala à espera de Frank Underwood; o cronicamente errático Doug Stamper voltou a revelar-se incapaz de se desligar de um erro seu, tornando-o um vício, e é temporada após temporada um dos mais devotos e incondicionais parceiros no crime de Frank, mas é também um forte candidato a fazer cair o castelo de cartas.
Os Underwood, cúmplices na corrupção, preferem governar através do medo e decretar uma guerra desde que isso os beneficie individualmente. Resta-nos perceber: vencendo, Claire contentar-se-á como vice-presidente ou tudo isto é bluff e ela quer ainda mais, dando vida ao sonho de Frank?