Argumento: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Logan Lerman, Shia LaBeouf, Jon Bernthal, Michael Peña
Classificação IMDb: 7.6 | Metascore: 64 | RottenTomatoes: 77%
Classificação IMDb: 7.6 | Metascore: 64 | RottenTomatoes: 77%
Classificação Barba Por Fazer: 75
Foi nas palavras Guerra, Honra e Glória que se baseou a promoção de 'Fury', o recente filme com Brad Pitt como protagonista e David Ayer (mais argumentista que realizador até hoje) a reunir um elenco bem interessante. A coisa prometia e não desilude, mas não transcende, não marca. Fúria estreou nas salas portuguesas a 23 de Outubro e relata-nos a jornada de 5 homens, a tripulação de um tanque dos Aliados em fins da II Guerra Mundial. 'Wardaddy' (Brad Pitt) combatera até então os alemães junto de 'Gordo' (Michael Peña, que já tinha trabalhado com Ayer no filme 'End of Watch'), 'Bible' (Shia LaBeouf) e 'Coon-Ass' (Jon Bernthal) mas vê-se obrigado a integrar na sua equipa o inexperiente e jovem Norman (Logan Lerman). Fury não é o clássico filme de guerra, comercialmente fácil de mastigar, é violento, intenso e cru, representando a guerra no seu estudo mais puro. Ayer - o homem que escreveu 'Training Day' e que escreveu e realizou 'End of Watch' - não procurou levar-nos numa longa jornada repleta de diferentes cenas, apostou sim na feroz intensidade colocada em algumas cenas específicas, conseguindo com isto 1 ou 2 momentos em que a tensão ou emoção nos convencem/ cativam.
A cena, longa mas magnificamente escrita e interpretada, à mesa ao pequeno-almoço na casa de duas civis alemãs, acaba por ser o que mais fica a ecoar na mente do espectador. De resto, há efectivamente uma boa energia e química entre os 5 bons actores que integram a tripulação, acabando Ayer por explorar bastante e aprofundar a personalidade de 2 personagens - 'Warddady' como o líder carismático e severo mas justo e honrado, personagem que assenta bem a Brad Pitt, diferente do seu Aldo Raine em Inglourious Basterds; e Norman, colocando em foco a perspectiva inocente, a relutância em matar e a consequente adaptação ao contexto.
Não se podem apontar críticas ao casting feito porque os 5 actores encaixam bem nos papéis. Pedia-se sim algo mais, algumas nuances diferentes no argumento, maior ousadia e ambição, porque na realização houve qualidade, como demonstra a sensibilidade e noção no plano final do filme. Cabia a David Ayer ter criado algo proporcional à dimensão que o seu quinteto poderia oferecer: Logan Lerman é um dos actores mais promissores com menos de 25 anos, o seu desempenho fica abaixo do que fez em 'The Perks of being a Wallflower' mas, embora nunca vá ser nomeado para actor secundário, pode pelo menos colocá-lo no fundo da lista a considerar; Shia LaBeouf e Michael Peña são dois exemplos de dois actores que com outros convites e outras escolhas poderiam neste momento ser reconhecidos e valorizados doutra maneira; Brad Pitt, talvez juntamente com DiCaprio o actor que mais se pode queixar de não lhe ter sido entregue um óscar de caras (ele com Fightclub, DiCaprio com The Wolf of Wall Street), assume o filme, é o epicentro de todas as tensões, causador e apaziguador e, embora achemos que o filme poderia aspirar a mais, é um elogio dizer que não fica nada mal na carreira de Pitt ter tido este papel e integrado este filme, ainda assim. O filme é Pitt em boa medida, ele mais do que Lerman, mas este ano a Academia terá várias melhores opções a considerar enquanto actor principal. Resta dizer que Jon Bernthal merecia que Hollywood começasse a olhar para ele como ele merece ser olhado, apostando no talento em ebulição do Shane de Walking Dead, um actor que tem feito as escolhas certas mas que precisa de dar o passo em frente e assumir-se ele próprio como protagonista de grandes projectos. Tem qualidade e capacidade para isso.
Não podemos dizer que esteja a caminho dos óscares 2015, porque certamente não estará. Interessará acompanhar os próximos anos das carreiras deste quinteto (Pitt, Bernthal, Lerman, Peña e LaBeouf, provavelmente por esta ordem) e algo nos diz que David Ayer ainda terá o seu grande momento. Já se pôde perceber que tem uma boa cabeça e por isso a seu tempo 'Training Day' perderá o estatuto de obra-prima criativa do argumentista/ realizador norte-americano.
Foi nas palavras Guerra, Honra e Glória que se baseou a promoção de 'Fury', o recente filme com Brad Pitt como protagonista e David Ayer (mais argumentista que realizador até hoje) a reunir um elenco bem interessante. A coisa prometia e não desilude, mas não transcende, não marca. Fúria estreou nas salas portuguesas a 23 de Outubro e relata-nos a jornada de 5 homens, a tripulação de um tanque dos Aliados em fins da II Guerra Mundial. 'Wardaddy' (Brad Pitt) combatera até então os alemães junto de 'Gordo' (Michael Peña, que já tinha trabalhado com Ayer no filme 'End of Watch'), 'Bible' (Shia LaBeouf) e 'Coon-Ass' (Jon Bernthal) mas vê-se obrigado a integrar na sua equipa o inexperiente e jovem Norman (Logan Lerman). Fury não é o clássico filme de guerra, comercialmente fácil de mastigar, é violento, intenso e cru, representando a guerra no seu estudo mais puro. Ayer - o homem que escreveu 'Training Day' e que escreveu e realizou 'End of Watch' - não procurou levar-nos numa longa jornada repleta de diferentes cenas, apostou sim na feroz intensidade colocada em algumas cenas específicas, conseguindo com isto 1 ou 2 momentos em que a tensão ou emoção nos convencem/ cativam.
A cena, longa mas magnificamente escrita e interpretada, à mesa ao pequeno-almoço na casa de duas civis alemãs, acaba por ser o que mais fica a ecoar na mente do espectador. De resto, há efectivamente uma boa energia e química entre os 5 bons actores que integram a tripulação, acabando Ayer por explorar bastante e aprofundar a personalidade de 2 personagens - 'Warddady' como o líder carismático e severo mas justo e honrado, personagem que assenta bem a Brad Pitt, diferente do seu Aldo Raine em Inglourious Basterds; e Norman, colocando em foco a perspectiva inocente, a relutância em matar e a consequente adaptação ao contexto.
Não se podem apontar críticas ao casting feito porque os 5 actores encaixam bem nos papéis. Pedia-se sim algo mais, algumas nuances diferentes no argumento, maior ousadia e ambição, porque na realização houve qualidade, como demonstra a sensibilidade e noção no plano final do filme. Cabia a David Ayer ter criado algo proporcional à dimensão que o seu quinteto poderia oferecer: Logan Lerman é um dos actores mais promissores com menos de 25 anos, o seu desempenho fica abaixo do que fez em 'The Perks of being a Wallflower' mas, embora nunca vá ser nomeado para actor secundário, pode pelo menos colocá-lo no fundo da lista a considerar; Shia LaBeouf e Michael Peña são dois exemplos de dois actores que com outros convites e outras escolhas poderiam neste momento ser reconhecidos e valorizados doutra maneira; Brad Pitt, talvez juntamente com DiCaprio o actor que mais se pode queixar de não lhe ter sido entregue um óscar de caras (ele com Fightclub, DiCaprio com The Wolf of Wall Street), assume o filme, é o epicentro de todas as tensões, causador e apaziguador e, embora achemos que o filme poderia aspirar a mais, é um elogio dizer que não fica nada mal na carreira de Pitt ter tido este papel e integrado este filme, ainda assim. O filme é Pitt em boa medida, ele mais do que Lerman, mas este ano a Academia terá várias melhores opções a considerar enquanto actor principal. Resta dizer que Jon Bernthal merecia que Hollywood começasse a olhar para ele como ele merece ser olhado, apostando no talento em ebulição do Shane de Walking Dead, um actor que tem feito as escolhas certas mas que precisa de dar o passo em frente e assumir-se ele próprio como protagonista de grandes projectos. Tem qualidade e capacidade para isso.
Não podemos dizer que esteja a caminho dos óscares 2015, porque certamente não estará. Interessará acompanhar os próximos anos das carreiras deste quinteto (Pitt, Bernthal, Lerman, Peña e LaBeouf, provavelmente por esta ordem) e algo nos diz que David Ayer ainda terá o seu grande momento. Já se pôde perceber que tem uma boa cabeça e por isso a seu tempo 'Training Day' perderá o estatuto de obra-prima criativa do argumentista/ realizador norte-americano.