Sporting 1-1 Porto (Jonathan Silva 2'; Sarr a.g. 56')
O jogo desta noite foi um jogo
de qualidade, com tudo o que um Clássico deve ter. Ao longo de 90 minutos, o Sporting entrou com tudo, mas Lopetegui soube corrigir a sua equipa, que melhorou muito no segundo tempo. O campeão em título Benfica pode sair a ganhar desta jornada, mas para isso terá que vencer amanhã no reduto do Estoril.
O empate 1-1 era o resultado mais fácil de se apostar para esta noite, mas em termos de onzes, Lopetegui surpreendeu. Pela negativa. Marco Silva teve mérito ao lançar Jonathan Silva (merecia ser titular) em detrimento de Jefferson, era previsível que João Mário mantivesse o seu lugar, Carrillo e Cédric levaram a melhor sobre Mané e Esgaio. No Porto, Lopetegui só na 2.ª parte colocou aquele que seria o melhor onze para hoje, no papel. Não é compreensível colocar Quaresma de início por esta altura, e a única dúvida deveria ser entre Rúben Neves ou Casemiro (com vantagem, hoje, para o brasileiro) porque era fundamental contar com Óliver e Brahimi em simultâneo, e parecia também o jogo certo para Tello/Adrián.
Falando do jogo, o Sporting entrou com tudo e com pouco mais de 1 minuto já se gritava golo em Alvalade. Impressionou a pressão alta (e bem feita, pelo colectivo) ao longo de toda a 1.ª parte, e o golo madrugador começou num excelente trabalho de Nani, com Carrillo a cruzar para Jonathan Silva marcar de cabeça. O golo atordoou o Porto, e o Sporting manteve - inteligentemente - a pressão logo na saída de bola dos centrais portistas (Maicon fez falta), e o Clássico aqueceu um pouco com Slimani e mais tarde Quaresma como epicentro. Em bom plano na 1.ª parte esteve o peruano André Carrillo, senhor dos jogos grandes, que com duas arrancadas, uma em cada flanco, serviu João Mário e Nani, embora nenhum tenha conseguido marcar. Ao intervalo, a vantagem leonina era incontestável, e com outra capacidade de finalização poderia ser mais dilatada. Era preciso Lopetegui ter coragem, e o espanhol teve-a.
A 2.ª parte começou com 2 novidades - sem Quaresma e Rúben Neves, e com Tello e Óliver -, e se o Sporting entrou bem na primeira parte, o Porto imitou-o no regresso dos balneários. Logo aos 48' um passe de génio isolou Jackson na cara de Rui Patrício mas o lance não deu nada por mérito do guardião português e demérito do colombiano. A forte reacção azul e branca manteve-se e, com sorte à mistura, chegou o 1-1 - Danilo subiu pelo flanco direito e cruzou para um desvio infeliz de Sarr. Ao longo da 2.ª parte Óliver foi evidenciando, minuto após minuto, o brutal talento que tem, que lhe valerá um inequívoco futuro brilhante. O miúdo espanhol esteve em todo o lado, sempre a decidir bem, sempre a executar bem e rápido, com uma maturidade e capacidade para estar num grande palco como um Clássico. Marco Silva e Lopetegui continuaram a mexer no jogo (hoje foi um bom exemplo de como os treinadores podem mudar progressivamente o rumo dos acontecimentos a partir do banco) e até final registaram-se 3 oportunidades de golo: Diego Capel desferiu uma bomba que explodiu na barra da baliza do Porto; Herrera, depois de uma transição de Óliver, rematou em arco para a defesa da noite de Patrício; a fechar o jogo Tello foi egoísta e, após um passe brilhante de Herrera, teve Brahimi e Jackson na cara do golo mas optou pelo lance individual e perdeu a chance de fazer o 2-1. Pelo meio houve ainda o lance que motivou fortes protestos de Lopetegui, com um remate de calcanhar de Jackson (após bonita jogada, ao primeiro toque com Óliver) a ir ao encontro do braço de Maurício, embora encostado ao tronco.
O Clássico, que abriu a 6.ª jornada da Liga Portuguesa, foi em suma um excelente jogo de futebol, enérgico e bem jogado. Duas partes completamente distintas, e um resultado justo. Rui Patrício fez a diferença em dois ou três lances, Jonathan Silva justificou a aposta e merece continuar na pole position do lado esquerdo, e o meio-campo dos leões esteve em grande na 1.ª parte, menos bem na segunda. Nani e Carrillo exploraram bem as debilidades do Porto, e João Mário estrear-se-á com Fernando Santos na Selecção, mais tarde ou mais cedo. No Porto, Brahimi não foi exuberante como noutros jogos mas não sabe jogar mal, Herrera cresceu com o jogo e Óliver Torres é a melhor metáfora para tudo o que mudou no jogo.
Barba Por Fazer do Jogo: Óliver Torres (Porto)
Outros Destaques: Rui Patrício, Nani, Carrillo; Herrera, Brahimi