Olá e boa noite a quem está a ler. Para quem não reparou, nos últimos quatro meses houve 2 grandes inaugurações em Lisboa, mais propriamente na zona do Colégio Militar/ Luz. Em Julho foi inaugurado o Museu Cosme Damião e no passado mês de Outubro foi inaugurada a Primark, no Colombo. A grande diferença é que a Primark precisa de uma carga policial maior.
Segundo reza a lenda a Primark do Colombo abriu no dia 10 de Outubro. Reza também a lenda que, para a abertura da super-hiper-mega loja de 4.350 m2, gerou-se uma fila que ia desde a entrada da loja até ao KFC. A grande utilidade disto acho que é bastante intuitiva: uma pessoa podia estar à entrada da Primark e pedir 3 asas de frango jogando ao telefone estragado. Tratando-se dum maremoto de gente, achei por bem esperar uma semana ou duas e só então, depois de deixar a maré vazar acabei por ir lá dar um saltinho, por curiosidade. A minha 1.ª conclusão foi: ninguém dá um saltinho na Primark. É correcto sim afirmar que a Primark tem trânsito, sendo que na ausência de semáforos na loja, tudo aquilo acaba por parecer um cruzamento de uma estrada na Índia, mas com o gado a ser substituído por prateleiras com roupa.
Em conversa com o meu amigo e co-criador deste blog, Tiago Moreira, ele disse e bem: a Primark é a feira. E é, de facto. Alguém transportou a Feira da Ladra (uma vez conheci um cão chamado Óscar na Feira da Ladra, e isto foi um aparte) para dentro do Colombo e muita gente ficou incomodada com isso. Se eu vendesse pijamas ao pé do Panteão Nacional, podendo regatear o preço dos meus pijamas e de repente surgisse um concorrente com uma banca com 4.350 m2 e um H3 e um Prego Gourmet por perto, ficava chateado. E o pior não seria apenas isto, é que os meus pijamas perderiam sempre para os da Primark. Não tendo dado muita atenção às roupas, o grande artigo da Primark pareceram-me ser os pijamas de corpo inteiro. Para quem quer ser um teletubbie ou ter um bibe para adulto, eles têm a solução. Pessoalmente acho que o uso daqueles pijamas afastam qualquer hipótese de um casal vir a conseguir a copular nessa noite. Se um homem e uma mulher se olharem frente a frente com aqueles pijamas, o mais provável é acabarem a jogar Monopólio ou a pintar as paredes com aguarelas ao som de Björk.
Sei que desde que a Primark abriu, os polícias e seguranças do Colombo já não têm dias descansados. Portanto, senhora da voz do Metro, quem sabe se não vai ganhar um novo emprego e servir o seu be aware of pickpockets, pay special attention on entring or exiting the train como aviso temporário na super-loja, tirando ali o "train".
É também já um mito urbano recorrente dizer-se "A Primark tem tudo" e tem de facto muita coisa. Tem tanta coisa que é muito provável que quando forem lá verão peças de roupa vossas, mas mais baratas. Ah, e multiplicada por 40. Bolas, a minha sweat com capucho grená, quarenta pessoas vão ser iguais a mim...
Voltando à minha experiência, deixo-vos um conselho. Ir à Primark é como ir a um festival de música. Devem levar o menos possível de elementos acessórios convosco. Tenho a carteira, tenho as chaves, tenho o telemóvel, ok, estou pronto para ir à Primark. O meu maior erro foi ter ido comprar uns ténis a outra loja antes de ir à Primark. Nunca o façam. O meu saco e eu quase dissemos adeus um ao outro por diversas vezes, tendo ele quase sido levado pela corrente em vários momentos. Se foi assim com um saco com ténis não quero imaginar como seria se tivesse filhos. Para quem tenha uma criança de colo (a minha namorada é quase uma criança de colo, não, não é porque aí eu seria um Bibi), não entre na Primark. O mais provável é que perca a sua criança e testemunhe a venda dela a outra cliente minutos ou segundos depois.
Resumidamente, a minha ida à Primark fez-me sentir inserido no ambiente em que o Arnold Schwarzenegger (sim, tive que ir ver ao Google como se escrevia) está num filme que se passa numa véspera de Natal e no qual ele quer desesperadamente encontrar um determinado brinquedo para o filho. Eu estava exactamente nas mesmas condições a nível de densidade populacional, mas sem querer encontrar nada. Aliás, a aventura da Primark é precisamente a dada altura encontrar e alcançar a saída. Um dia talvez compre lá algo e aí poderei testemunhar a experiência de estar numa fila para uma caixa da Primark: provavelmente farei amigos para a vida.
Kit-Sobrevivência para uma ida à Primark:
- Fato isolador - estilo Breaking Bad - para evitar carteiristas;
- Bússola e Mapa da Loja;
- Idas ao Ginásio frequentes (nas semanas anteriores para aguentar e prevalecer nas sucessivas cargas de ombro);
- Gás pimenta (uma vez que a Primark pode-se tornar no paraíso dos tarados, podendo-se roçar na apertada confusão). Pensar nesta opção faz de mim um tarado?;
- Catana para "desbravar mato".
Estão à vontade para acrescentar elementos ao kit.
Miguel Pontares
Revi-me nesta crónica, embora a minha experiência Primark se tenha ficado pelo Dolce Vita Tejo (ainda não ganhei coragem, nem motivação para ir à do Colombo.
ResponderEliminarGostei muito da referência ao nosso amigo Óscar, porque também tive o privilégio de o conhecer. O cão mais rabugento do mundo, que utiliza um lenço ao pescoço, eventualmente comprado na Primark?!
Em relação ao kit, acrescentaria um forte perfume que se deve colocar em spray debaixo do nariz, para que o cheiro perdure e seja possível passar algum tempo nessa "feira" snifando o dito perfume, evitando assim os cheiros indesejados da confusão.
Que exagero. Se forem bem cedo mudam de opinião.
ResponderEliminarA ideia desta crónica é mesmo a hipérbole, a caricatura exagerada da realidade Primark (que só é claustrofóbica a "horas de ponta" comerciais ou o foi sobretudo nos primeiros tempos pós-abertura). Certamente que na altura do Natal voltará a ser - como todo o Colombo, de resto.
ResponderEliminarMas sim, se formos cedinho talvez até dê para jogar futebol humano lá dentro.
Tudo isto é verdade (claro que aqui está num sentido exagerado), mas nos dias de hoje, os pijamas da feira são mais caros do que na Primark e, em geral, tudo nas feiras está mais caro,pelo menos naquelas que eu vou (na zona do porto e arredores).
ResponderEliminarSó para dizer que adoro as vossas crónicas e, ás vezes, perco-me nelas. Continuação do bom trabalho!