13 de março de 2013

Balanço Oitavos-de-final Champions League


5 Março 19:45
Manchester United 1 – 2 Real Madrid

    E o confronto mais aguardado dois oitavos-de-final acabou decidido pela ilustre estrela turca… Cuneyt Cakir. O árbitro cujo nome, traduzido de urdu para a língua de Camões significa “Expulsei-te Nani”. Não, não significa. Num jogo em que Mourinho teve a UEFA do seu lado (como várias vezes não teve, em outras edições), o Real seguiu em frente rumo ao objectivo Wembley. Honestamente, um jogo em que os portugueses foram gentlemen em terras de Sir Alex Ferguson.
    Após uma primeira parte disputada, com algum nervosismo nos pés e muitos lances perdidos, foi no recomeço do jogo que o United começou a escrever a história do jogo. Após uma transição, Nani reaproveitou uma bola, cruzou dentro de área e Sergio Ramos fez auto-golo. Parecia que o “Teatro dos Sonhos” ia viver uma noite para recordar. Mas poucos minutos depois o sonho ganhou tons de cinzento. Nani disputou uma bola com Arbeloa, e sem intenção atingiu o lateral espanhol no dorso. Aceitava-se o amarelo pela imprudência, mas nunca mais do que isso. E a partir daí, só deu Real? Mentira. Mourinho colocou Modric (que a par com a expulsão de Nani, virou o jogo) e o croata marcou um grande golo. Com a eliminatória empatada, coube a Cristiano Ronaldo fazer sofrer Manchester 3 minutos depois. Cruzamento de Higuaín, remate de Ronaldo e zero festejos. A partir daí, o United tentou de todas as formas, mas encontrou sempre Diego Lopéz inspiradíssimo – claramente o homem do jogo, porque até aí já tinha feito enormes defesas.
    O final monstrou um Mourinho maduro e correcto quando tem que o ser, a dizer que a pior equipa passou e que o Manchester não merecia perder assim, com a expulsão de Nani a condicionar. Claramente a não querer perder o copo de vinho com Sir Alex. Como extra, van Persie voltou a acusar a pressão dum jogo gigante (sem ser na Premier League, vimo-lo falhar no Euro 2012 e nos dois jogos com o Real não foi o jogador que pode ser) e Varane evidenciou mais uma vez que é talhado para jogos grandes e que o seu futuro é inimaginável. Por fim, vénia a Ryan Giggs, pelo jogo 1000.

Homem do Jogo: Diego López (Real Madrid)
Jogador da Eliminatória: Cristiano Ronaldo (Real Madrid)

5 Março 19:45
Borussia Dortmund 3 – 0 Shakhtar Donetsk

    No outro jogo do primeiro dia, o Dortmund evidenciou tudo aquilo que o caracteriza na actualidade e que o fez campeão por dois anos seguidos na Alemanha. Klöpp colocou a melhor equipa que podia em campo (Hummels foi baixa, e este Nuri Sahin ainda não é o que Dortmund viu partir há pouco tempo) e, tranquilamente, colocou-se nos quartos-de-final.
    O Dortmund assumiu o jogo, foi tendo mais bola e tentando criar lances, mas foi apenas à passagem da meia hora que abriu o marcador – canto de Mario Götze e Felipe Santana ganhou nas alturas a toda a gente e cabeceou de forma fulgurante para as redes de Pyatov. E o 2-0 pouco depois surgiu – transição iniciada por Reus, Lewandowski descaiu para a direita, foi servido pelo alemão e cruzou para Götze fazer calmamente o segundo golo germânico. Na segunda parte a equipa de Lucescu surgiu mais acutilante, tendo o incansável Srna e o desequilibrador Douglas Costa (que só entrou ao intervalo) procurado mudar o rumo dos acontecimentos, mas Weidenfeller tratou de deixar a sua baliza intocável.
    A ofensiva alemã matou o jogo num golo de Kuba, em jogada com Gundögan, e após contornar o guarda-redes ucraniano. Até ao fim, os ucranianos tentaram lutar por um golo de honra, Grosskreutz quase marcou pelo Dortmund e Reus quase fez um grande golo depois de passar por tudo e todos. O remate no entanto, saiu torto. Merecia o golo, o rapaz Marco. Um jogo em que o resultado falou por si e, agora, cabe ao sorteio dizer que aspirações pode o Dortmund ter nesta Champions League.

Homem do Jogo: Mario Götze (Borussia Dortmund)
Jogador da Eliminatória: Mario Götze (Borussia Dortmund)   


6 Março 19:45
Paris Saint-Germain 1 – 1 Valência

     Esperava-se PSG, e foi PSG. Para não gastar muitas linhas, apraz dizer que foi o pior jogo da 2ª mão dos oitavos-de-final. Esperava-se a qualificação da equipa parisiense e já se sabia que o jogo não ia contar com o melhor jogador dos 2 plantéis: Zlatan Ibrahimovic.
    Entrou melhor o Valência e teve melhor na primeira, embora num jogo desinteressante e com a falta do ritmo alucinante ou tacticamente rico dos grandes momentos europeus. Soldado, Albelda e Tino Costa procuraram marcar a Sirigu, mas não o conseguiram e foi só o brasileiro Jonas, já na segunda parte, que colocou algum interesse no jogo após um bom remate à entrada da área. Mas se a eliminatória podia ser ali relançada, o melhor jogador da primeira mão surgiu 11 minutos depois e acabou com o jogo de vez – Ezequiel Lavezzi, após um lance furtuito do luso-francês Kevin Gameiro, lá conseguiu marcar, à segunda tentativa consecutiva.
    Até ao fim, Ancelotti fechou as portas do Parque dos Príncipes e o PSG lá seguiu para os quartos onde, exceptuando se lhe calhar em sorte o Galatasaray, terá que melhorar muito os índices exibicionais. Mas para isso também existe Ibrahimovic. O Dinheiro Muda o Futebol – Parte I

Homem do Jogo: Jonas (Valência)
Jogador da Eliminatória: Ezequiel Lavezzi (PSG)


6 Março 19:45
Juventus 2 – 0 Celtic

     Diz-se que a história é escrita pelos vencedores, e neste caso faz sentido que sim. A Juve vinha com uma vantagem de 3-0 fora e foi tacticamente e temporalmente eficaz. Tendo sempre em Buffon um porto seguro perante qualquer ameaça que o Celtic procurou criar – por Commons, Hooper ou Ledley -, a vecchia signora adiantou-se no marcador a meio da primeira parte. Barzagli recuperou a bola, lançou Quagliarella e, na recarga do remate deste, Alessandro Matri marcou. Matri que é uma espécie de Falcao de pechisbeque. E como houve pouca história, a Juve lá foi tentando serenamente dilatar a vantagem, embora contra um Celtic combativo e que merecia um golito neste segundo jogo, pelo esforço. Vidal ameaçou Forster por duas vezes e, pouco antes dos 70 minutos, servido exemplarmente por Pirlo, acelerou e cruzou para Quagliarella fechar as contas do jogo. Tivesse Claudio Marchisio jogado neste segundo jogo e era muito mais fácil não eleger Matri enquanto destaque da eliminatória.
    Agregado de 5-0, a prova do desnível entre as duas equipas e mais uma exibição que demonstra que será interessante assistir ao jogo dos quartos de final que incluir a equipa de Antonio Conte.

Homem do Jogo: Arturo Vidal (Juventus)
Jogador da Eliminatória: Alessandro Matri (Juventus)


12 Março 19:45
Schalke 04 2 – 3 Galatasaray

     À priori esperava-se um jogo com golos, pelo encaixe das duas equipas, sendo que a confirmada baixa de Klaus-Jan Huntelaar podia fazer antever maior dificuldade para o Schalke seguir em frente tal como os seus irmãos germânicos. O jogo começou com o finlandês Pukki no lugar da estrela do Schalke e Drogba e Michel Bastos (emprestado pelo Lyon) fizeram os primeiros avisos. O golo chegaria numa bola parada. Farfán bateu o canto, nem o capitão Höwedes nem Matip conseguiram materializar em golo, e então surgiu o remate de Neustädter a pôr o estádio em delírio. A vantagem durou até aos 37 minutos, quando Altintop (ex-Schalke) após um livro marcado de forma curta, rematou a 35 metros da baliza fazendo um grande golo. Eliminatória empatada. Antes do intervalo, o inevitável Yilmaz colocou o Gala em boa posição. Erros do Schalke, conjugados com a luta de Riera e depois Yilmaz fizeram com que o avançado turco igualasse CR7 como melhor marcador da Champions.
    A segunda parte trouxe um Schalke decidido a mudar o rumo dos acontecimentos, e um Galatasaray fechado sobre si mesmo. Draxler foi espalhando magia, e o Schalke lá empatou de novo o jogo. Depois de um remate à barra, Uchida encontrou calmamente Michel Bastos para um remate simples do brasileiro. Até ao fim, o Schalke foi tentando, teve uma grande penalidade por marcar só que, após um remate de M. Bastos à figura de Muslera, quem não marcou… sofreu. Contra-ataque rápido em cima do apito final, bola em Inan e este isolou Bulut para o golo, à 2ª.
    Supostamente, parece difícil que este Galatasaray ultrapasse alguém e chegue às meias. Já agora, recorde-se que o Braga venceu por 2-0 na Turquia.

Homem do Jogo: Hamit Altintop (Galatasaray)
Jogador da Eliminatória: Burak Yilmaz (Galatasaray)


12 Março 19:45
Barcelona 4 – 0 AC Milan

    Iniesta tinha dito após a primeira mão que punha as mãos no fogo em como o Barça ia eliminar o AC Milan. E não se queimou, o pequeno génio espanhol. Pessoalmente acreditava na qualificação do Milan, pese embora achasse que o caso podia mudar de figura perante a titularidade de Pedro e sobretudo um golo cedo marcado pela equipa da Catalunha.
    E o Barcelona lá fez questão de nos recordar de algo: eles têm Messi. E quem tem Messi vê a bola entrar na baliza daquela forma aos 5 minutos de jogo. O Milan foi abalado cedo, o Barça catalisou-se, e Allegri montou mal a equipa. Os milaneses deram muito espaço, estiveram mal nos confrontos individuais e jogaram mal em antecipação. Tacticamente muito abaixo do esperado, e com algumas opções para o onze inicial que até não seriam se calhar as mais desejáveis. O Barça engatou, e foi por ali a fora. Iniesta fez um grande remate que Abbiati desviou para a barra, e o jogo ia funcionando ao ritmo de Iniesta (que jogo enorme) e Xavi. Aos 38 minutos, o jovem Niang podia ter mudado tudo, num lance isolado frente a Valdés, no qual rematou ao poste. Do outro lado, Iniesta jogou para Messi e o argentino empatou a eliminatória num forte remate.
    O Barcelona voltou forte no recomeço do jogo, mas menos acutilante e Xavi assistiu Villa para o regresso do avançado espanhol aos momentos importantes. O Milan tentou reagir de alguma forma e lutar, colocou Robinho, Muntari (era preferível ter sido titular ao invés de Niang) e fez Bojan regressar à sua casa, mas não conseguindo concretizar o pouco que criou viu apenas uma enorme cavalgada do pequenino Jordi Alba fechar o jogo de vez, já no tempo de compensação. O Barça mereceu claramente, o Milan desiludiu e a dupla Iniesta/ Messi, nestes dias, mostra tudo o que vale.

Homem do Jogo: Lionel Messi (Barcelona)
Jogador da Eliminatória: Andrés Iniesta (Barcelona)


13 Março 19:45
Málaga 2 – 0 Porto

    Em Málaga, Moutinho e Mangala sempre jogaram. E Vítor Pereira deixou James no banco. No Málaga, Pellegrini tinha os seus melhores jogadores em campo – Isco, Saviola, Júlio Baptista, Joaquín, Iturra (futuro jogador do Liverpool) e afins. A primeira parte deu mais bola ao Porto, mas os melhores lances ao Málaga. O Porto só apareceu quando Moutinho aparecia e Jackson nunca foi devidamente apoiado. Já o Málaga ameaçou a baliza de Hélton através de um forte remate de Antunes, viu um golo mal anulado ao ex-benfiquista Saviola e, em cima do final da primeira parte, Francisco Alarcón – Isco – decidiu empatar a coisa. Grande golo do jovem promissor espanhol.
    Para a segunda parte Vítor Pereira percebeu que devia ter colocado o James de início mas para colocar o nº10 em campo… retirou Moutinho. Já havia errado no onze inicial, e depois não teve a sorte uma vez que supostamente Moutinho saiu lesionado. E depois foi Defour a matar o jogo. Joaquín ultrapassou-o com um grande drible e Defour viu o segundo amarelo. Contra 10, o Málaga ficou ainda mais motivado e foi fazendo circular a bola. Saviola voltou a ameaçar o golo, e depois VP substituiu Varela por Maicon. Pellegrini mexeu na equipa aos 74min trocando Júlio Baptista por Roque Santa Cruz e o avançado paraguaio decidiu a eliminatória 3 minutos depois. Canto de Isco e Santa Cruz nas alturas, a ganhar a toda a gente. Até ao fim, Maicon ainda viu um golo bem anulado na sequência de um livre indirecto, e o Málaga poderia ter dilatado a vantagem não fosse Isco querer a todo o custo o 2º golo.
    Muito pouco Porto, muito pouco treinador no banco do Porto. O Málaga foi mais esforçado, teve um treinador que soube abordar e reagir ao jogo (nunca pensei elogiar muito Pellegrini) e os jogadores ajudaram claro – enorme jogo de Iturra em alta rotação no meio-campo, grandes exibições de Jesus Gámez, Weligton e Joaquín e claro, Isco foi o destaque maior do jogo. Fica assim afastada a única equipa portuguesa presente na Champions League. PS: O Zorro (Antonio Banderas) é do Málaga.

Homem do Jogo: Isco (Málaga)
Jogador da Eliminatória: Manuel Iturra (Málaga)


13 Março 19:45
Bayern Munique 0 – 2 Arsenal

    Partida, largada, 0-1! Foi assim que começou o jogo na Baviera. O Arsenal começou sem Wilshere (novamente lesionado) e demorou apenas 3 minutos a marcar, possibilitando a si próprio crer num milagre. Walcott isolou-se na direita, aproveitando uma escorregadela de Alaba e cruzou tenso para Giroud encostar. No entanto, daí até ao intervalo, não houve mais perigo por parte do Arsenal. A defensiva do Bayern acertou marcações e não cometeu mais erros, e ofensivamente a futura equipa de Guardiola foi pressionando e, sempre com Robben inconformado, procurou o golo pelos pés de Kroos e Müller. Mas até à segunda parte, assim a coisa se manteve.
    A segunda parte trouxe um jogo fechado, no qual Robben continuava a ser o pêndulo ofensivo do Bayern, ajudado por Kroos e Javi Martínez. O Arsenal confiava a construção de jogo a Rosicky e Cazorla, e talvez tenha sido negativo retirar Walcott de jogo aos 72 minutos. Isto porque aos 86 minutos Koscielny, o central francês, marcou na sequência de um canto. Consequência: Neuer segurou a bola com tudo o que tinha para ganhar tempo e os jogadores do Arsenal fizeram “alegremente” um moche em cima dele. Com a eliminatória empatada em golos, o Arsenal precisava de ainda mais um golo, por ter sofrido 3 em casa. No entanto, o Bayern geriu e seguiu em frente depois de uma exibição onde mostrou uma cara completamente diferente da 1ª mão. O Arsenal é tradicionalmente uma equipa que é difícil não gostar, embora sempre inocente e perseguida pelo azar ou outras vicissitudes. Parabéns pelo esforço.

Homem do Jogo: Tomas Rosicky (Arsenal)
Jogador da Eliminatória: Toni Kroos (Bayern Munique)


O sorteio dos oitavos e meias-finais será na próximo sexta-feira, 15 de Março. MP

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