26 de dezembro de 2012

Tenho a Barba Por Fazer e Estes Filmes Deves Ver


Lá vêm mais filmes que tiveram livros como base. Cloud Atlas, no qual os irmãos Matrix pegaram, é uma confusa mas interessante história… Aliás, é uma teia de 6 histórias em paralelo e em diferentes momentos do tempo. Um filme de 2h45 no qual o Tom Hanks não acaba a falar com uma bola de voleibol e no qual o Hugo Weaving não usa óculos escuros e um fato. Depois, fazemo-nos à estrada com “On The Road”, um filme que resultou da grande obra de Jack Kerouac, e onde o actor secundário rouba todo o protagonismo.


Cloud Atlas

Realizador: Andy Wachowski, Lana Wachowski, Tom Tykwer
Argumento: David Mitchell, Andy Wachowski, Lana Wachowski, Tom Tykwer
Elenco: Tom Hanks, Jim Sturgess, Halle Berry, Hugo Weaving, Ben Wishaw, Jim Broadbent, James D’Arcy
Classificação IMDb: 8.1

Caso vejam o filme em casa, reúnam comida um Inverno inteiro para terem convosco quando começarem a ver o filme. Pelo menos, foi o que fiz. Cloud Atlas é um filme complexo mas interessante por isso mesmo. A acção passa-se em seis diferentes momentos temporais e espaciais: em 1849 no oceano pacífico; na Escócia em 1936; em São Francisco, California, em 1973; em 2012, no Reino Unido; em 2144 na Coreia; num período pós-apocalíptico, nas ilhas do Hawai. Um sétimo período temporal é ainda explorado, sendo nesse tempo que o filme começa, num monólogo de uma das seis personagens de Tom Hanks, e sendo nesse tempo que termina. Hugh Grant e Halle Berry são quem desempenha um maior número de personagens, sendo identificáveis em cada um dos 6 períodos, embora nem sempre cada personagem tenha uma função relevante no rumo dos acontecimentos. Todos estamos ligados, e as nossas vidas não são realmente nossas, embora influenciadas pelo passado de outros e contribuindo nós para o futuro. Quem numa vida é herói, noutra pode ser vilão, e vice-versa. Embora, Hugo Weaving seja sempre vilão e, por exemplo, Jim Sturgess e Halle Berry sejam sempre bonzinhos. Já Tom Hanks alterna entre a maldade e o heróico.
“Our lives are no tour own. We are bound to others. Past and present. And by each crime, and every kindness we birth our future”.
    É filme para se ver duas vezes, embora nem sempre prenda a atenção do espectador. É interessante compreender as ligações das personagens, compreender personagens camufladas e porque se um acto de bondade, uma boa acção, numa vida é apenas uma gota… “What is na ocean but a multitude of drops?”. Vale a pena ver, nem que seja para juntar ao conjunto de filmes complexos. Não seria de esperar coisa diferente para interessar os irmãos Wachowski. E o elenco ajuda – conciliar actores como Weaving e Hanks com novos valores como Jim Sturgess e Bem Wishaw. Destaque ainda para o “Cloud Atlas Sextet” – a música principal do filme.


On The Road

Realizador: Walter Salles
Argumento: Jack Kerouac, Jose Rivera
Elenco: Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Tom Sturridge, Elisabeth Moss, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen, Amy Adams
Classificação IMDb: 6.3

Meus caros, as próximas linhas podem ser perturbantes a quem tenha menos de 18 anos. Conhecem Steve Buscemi (estrela de Boardwalk Empire e um dos actores de Armaggedon)? Ele neste filme apanha no rabo. Não há outra forma de o dizer. Ah, e a Kristen Stewart, a menina Bella Swan, neste filme esgelha dois pessegueiros… ao mesmo tempo. Havia outras formas de o dizer, mas esta pareceu-me a mais acertada.
    Assim é “On The Road”. Está feito.
    Não, não está. Porque o filme é bom. Baseado na obra de Jack Kerouac, o filme explora a geração Beat – poesia, consumo de drogas e álcool em larga escala – e é basicamente contado na primeira pessoa, de Sal Paradise (alter ego de Jack Kerouac, na obra original). Todo o filme aborda a vida na estrada, a um ritmo alucinante e em busca de inspiração e de preencher folhas em branco com significado, conteúdo e riqueza cultural e artística de Sal e daqueles de quem se torna inseparável durante alguns anos, vivendo experiências e momentos marcantes. Sal é um escritor em busca de um mote que o faça transbordar inspiração, e encontra-a ao lado daquele que se torna seu amigo – Dean Moriarty. Dean é a personificação de Geração Beat – não tem regras, vive ao máximo, consegue o que quer, não pensa nas consequências, mas perde-se. Sal é o lado mais consciente e calmo da parelha, crescendo e aprendendo com Dean Moriarty mas sabendo parar, sabendo escolher e encontrando-se no meio de tudo.
     O filme está bem realizado, será claramente menosprezado pela globalidade, mas conta com bons desempenhos individuais, para além da qualidade da história (consequente do livro também). Embora conte com nomes mais badalados como Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Amy Adams ou Kristen Stewart, nem é no actor principal que está o epicentro do filme. A Kristen decidiu que agora queria despoletar a líbido nos outros e, se Tom Sturridge faz um bom papel enquanto Carlo, o grande papel do filme é de Garrett Hedlund enquanto Dean Moriarty. Claramente um desempenho a pedir atenção, que terá certamente nas nossas nomeações (que não interessam a ninguém a não ser a nós mesmos). Com um travezinho a Tyler Durden, Dean Moriarty é, afinal de contas, o filme. Ou não terminasse o filme com o seu nome escrito à máquina. MP

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