E lá continuamos a esmiuçar os óscares. Os americanos são estranhos e por isso só um ano depois (The Intouchables foi inclusive um filme lançado em 2011) é que nomeiam o filme dos amigos Driss e Philippe. Mais vale tarde que nunca. Mas se faz favor nomeiem nos dois próximos anos o Into the Wild e o Fightclub também. De 2007 e 1999 para 2014 e 2015 é só uma perninha, ninguém nota.
O grande filme de Nakache e Toledano bater-se-á apenas com o "Amour" austríaco. Seguidamente apresentamos "Brave" que deverá disputar com "Wreck-it Ralph" (abordado ontem) o óscar de melhor filme de animação. Disney contra... Disney, exacto. No entanto Brave não fará o senhor Walt andar às voltas na campa, é que Brave é um filme com a simbologia e a mensagem/ história como os antigos da Disney.
The Intouchables
Realizador: Olivier Nakache, Eric Toledano
Argumento: Olivier Nakache, Eric Toledano
Elenco: François Cluzet, Omar Sy
Classificação IMDb: 8.6
Pois é… um filme de 2011 é tido como um dos prováveis nomeados para Melhor Filme Estrangeiro. Que “The Intouchables” tem valor para tal não há dúvidas, não se percebe é o porquê desta nomeação não ter acontecido o ano passado. A provável nomeação deste filme francês impedirá provavelmente “Rust and Bone” de ser nomeado (por apenas poder existir um nomeado por país), e á partida discutirá a vitória com o austríaco “Amour”. Como já avaliámos este filme anteriormente, deixamos aqui a crónica da altura na rúbrica “Tenho a Barba Por Fazer e Estes Filmes Deves Ver”.
[crónica escrita a 7 de Maio de 2012]
Quando vi o “The Artist” pensei: E não é que, apesar de nos terem eliminado do Euro-2000 com a mão do Abel Xavier e depois no Mundial 2006, os franceses sabem fazer filmes?! Por acaso não pensei nisso. Mas confere sempre algum drama lembrar a mão do Abel Xavier, ele que agora se chama Faisal. Adiante.
Quando vi o “The Artist” pensei: E não é que, apesar de nos terem eliminado do Euro-2000 com a mão do Abel Xavier e depois no Mundial 2006, os franceses sabem fazer filmes?! Por acaso não pensei nisso. Mas confere sempre algum drama lembrar a mão do Abel Xavier, ele que agora se chama Faisal. Adiante.
“Intouchables” é, se não estou em erro, o melhor filme que vi neste tempo pós-Óscares. Conseguindo misturar comédia e drama tão bem como por exemplo 50/ 50 (com Joseph Gordon-Levitt) conseguiu, é um filme que nos faz rir e pensar ao mesmo tempo. Não que eu não consiga normalmente rir e pensar em uníssono, mas acho que me fiz entender. Ok, eu admito. Eu ou me rio ou penso. Estou a gozar. “Intouchables” mostra dois homens de dois mundos muito diferentes e em condições diferentes: Philippe (François Cluzet) é um homem rico que ficou tetraplégico após um acidente de parapente e Driss (Omar Sy) é um jovem dos subúrbios que saíra recentemente da prisão. A relação improvável começa a construir-se quando Philippe contrata Driss para o assistir no dia a dia, embora Driss pareça aos olhos de todos a pessoa menos adequada para o fazer. A verdade é que a amizade de ambos vai-se tornando forte, divertida e oferecem-nos momentos que valem a pena, começando cada um, ao conhecer o outro, a perceber o que lhe falta a si.
A história e o desempenho das personagens faz com que uma pessoa se abstraia por completo do facto do filme ser falado em francês. Baseado numa história verídica, é um filme mesmo muito completo e que vai do teor emocional a momentos em que não conseguimos não rir (como na ópera, quando Driss barbeia Philippe, entre outros). Philippe e Driss aprendem um com o outro, e nós aprendemos ao vê-los. François Cluzet faz um grande papel mas, para mim, Omar Sy faz um papel ainda melhor transmitindo uma total sinceridade em tudo o que faz e diz. Tudo isto acompanhado por uma grande banda sonora. Um filme sobre a amizade, acho que se pode dizer isto.
Brave
Realizador: Brenda Chapman, Mark Andrews, Steve Purcell
Argumento: Brenda Chapman, Mark Andrews, Steve Purcell, Irene Mecchi
Elenco: Kelly Macdonald, Emma Thompson, Billy Connolly, Julie Walters, Kevin McKidd, Robbie Coltrane
Classificação IMDb: 7.3
Brave e Wreck-it Ralph são, a meu ver, os dois mais fortes candidatos ao Óscar de Melhor Filme de Animação. Pelo menos a nomeação é certo que assegurem. Quanto a Brave, da Disney (e Pixar) é um filme sobre mães e filhos. Numa frase é isto, está feito. Como é de esperar um texto maior, vou agora encher chouriços. Em Brave, a Princesa Merida (Kelly Macdonald) é uma jovem de longo e encaracolado cabelo ruivo que preza a sua liberdade e que defende o seu futuro com um arco e flecha nas mãos. Filha de Fergus (Billy Connolly) e Elinor (Emma Thompson), é quase obrigada a casar com o candidato que ganhar a sua mão. Merida acaba por afrontar a tradição e, graças a um desejo concedido por uma bruxa, consegue alterar seu destino e do seu reino, pedido que a sua mãe mude. Todo o filme acaba por se basear na relação entre Merida e a sua mãe e tem, considerando a história e o final, os ingredientes que o tornam um filme da Disney dos antigos.
Podem esperar a materialização daquela metáfora habitual da “mãe-ursa” e é provável que se riam com os 3 pequenos irmãos de Merida. A nível de banda sonora, a parceria de Birdy (parecida com Merida) com os Mumford and Sons poderá ser uma das candidatas ao óscar de melhor música – “Learn Me Right” e, pessoalmente, Kelly Macdonald tem uma voz com qualquer coisa de bom.
Uma ode às mães e um filme sobre o destino – “There are those who say fate is something beyond our command. That destiny is not our own. But I know better. Our fate lives within us, you only have to be brave enough to see it.” MP