16 de agosto de 2024

Antevisão da Premier League 2024/ 25

 Premier League - É hoje dado o pontapé de saída da liga mais entusiasmante do futebol europeu. Uma semana depois da bola começar a rolar na liga portuguesa, a Premier League dá início a 38 jornadas de emoções fortes, reviravoltas e surpresas. 380 jogos, num campeonato onde nunca há embates desinteressantes, rumo ao coroar do campeão de 2024/ 25.
    O Manchester City de Pep Guardiola defenderá o seu título e, depois de alcançar um inédito tetracampeonato, procurará aumentar a Lenda e celebrar o penta. Esta será a 9ª temporada de Pep nos cityzens, tendo vencido 6 das 8 edições anteriores. Existirá quem ache que Guardiola "estragou" a Premier League, tingindo de previsibilidade (no desfecho) a competição mais imprevisível das Top5, mas a verdade é que exceção feita aos 100 pontos de 17/ 18, o City tem conquistado várias edições marginalmente e em cima da reta da meta, num mano a mano que passou de Pep versus Klopp para Pep versus Arteta.
    O Arsenal vem-se aperfeiçoando e aumentando o nível de maturidade a cada época que passa. A equipa que melhor defende em Inglaterra será o teórico principal adversário do City na luta pelo título, sendo tão pouco aquilo que separa qualitativamente as equipas que podem acabar por ser pormenores, nomeadamente as lesões (por exemplo, Kevin De Bruyne aguentar sem lesões ou não), a ditar quem festeja no fim. Pode haver pódio repetido, mas de ordenação difícil de antecipar, apresentando-se o Liverpool confiante e saudável com Arne Slot. Anfield deseja que o pós-Klopp não traga consigo as mesmas dificuldades que os rivais tiveram no pós-Sir Alex ou pós-Wenger.

    No único campeonato da Europa em que o calendário importa realmente (uma sequência complicada de jogos pode por ex. "matar" o ímpeto e esperança de um recém-promovido), o grau de imprevisibilidade está presente no número absurdo de equipas que partilham os mesmos objetivos. Além dos 3 emblemas mais fortes, vemos mais 8 equipas que podem todas elas revelar-se perfeitamente capazes de ficar no Top8 ou mesmo Top6. O Aston Villa terá o desgaste da Champions mas tem Emery e um plantel muito equilibrado, o Tottenham pode ter encontrado o ponta de lança que faltava para a equipa dar o "clique", Manchester United e West Ham reforçaram-se muito bem, o Newcastle dificilmente acumulará tantas lesões, o Crystal Palace terá desta vez Oliver Glasner desde o dia 1, o Brighton (treinador mais jovem da História da Premier) promete um futebol sem medo, e o Chelsea... tem um conjunto espetacular de jogadores e um empresário com a estabilidade de um pré-adolescente a jogar FM a gerir o clube.

    Na época anterior, as equipas que tinham subido (Burnley, Sheffield United e Luton Town) caíram todas novamente para o Championhip. Leicester City, Southampton e Ipswich Town tentarão evitar semelhante destino.
    Nos bancos foram apenas 5 (Liverpool, Chelsea, Brighton, West Ham e Leicester) os clubes que mudaram de treinador neste Verão. Mas nos plantéis há muitas mudanças e novos craques. Solanke, Smith-Rowe, Onana, Pedro Neto, Minteh, Maatsen, Wan-Bissaka, Max Kilman e Ross Barkley foram algumas das movimentações internas mais interessantes, juntando-se ainda os estreantes em Inglaterra como Zirkzee, de Ligt, Calafiori, Savinho, Yoro, Kamada, Wieffer, Todibo, Bergvall ou Rodrigo Gomes. E a nata do Championship - Summerville, Rutter, Dewsbury-Hall, Leif Davis, Szmodics, Philogene-Bidace, Omari Hutchinson e Archie Gray - terá oportunidade de mostrar que pertence a este patamar.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2024/ 25, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sempre falível considerando as várias transferências por oficializar, lesões e outros 1.000 fatores:



 MANCHESTER CITY (1)
    
    Depois do inédito tetra vem o inédito penta ou será desta que Pep Guardiola deixa alguma coisa para os outros?
    Os crónicos favoritos iniciam a temporada com algumas dúvidas a pairar no ar. Pep termina contrato em Junho de 2025 e ainda não é certo se sairá (caso tome uma posição nesse sentido, dará ao grupo a "motivação" de se despedir do técnico espanhol a vencer) ou renovará; e o julgamento das alegadas 115 infrações aos regulamentos financeiros aproxima-se, desconhecendo-se qual será o veredito. A juntar a estes dois tópicos estruturais, percebe-se que o desejo de rumar ao Atlético Madrid de Julián Álvarez apanhou o clube de surpresa, e a lesão de Oscar Bobb (que injustiça após tão promissora pré-época!) deve forçar os cityzens a atacar o mercado nestas semanas finais.
    O facto do City ter passado da conquista de um triplete (22/ 23) para "apenas" vencer a Premier League pode renovar a fome deste plantel, sendo uma grande vantagem o tremendo equilíbrio entre primeiras e segundas linhas - entre os centrais Rúben Dias, Aké, Akanji e Stones não podemos afirmar com certeza qual será a dupla mais utilizada, e a concorrência é igualmente apertada entre Doku, Savinho e Grealish (e Bobb, quando regressar) para extremo. Basicamente, o City consegue rodar 6 titulares e manter-se competitivo, e por algum motivo tem tendência para cair num padrão de arrancar mal, estabilizar, aproveitar os deslizes alheios e não vacilar até ao fim.
    Continua a faltar um jogador que mascare eventuais ausências de Rodri (ajuda muito contar com um jogador que não perde em 99% dos jogos em que participa) e pode-se esperar uma rápida adaptação do dinâmico Savinho, e francas melhorias no "Ano 2" de Gvardiol e Doku.
    Foden ganhou o gostinho de marcar (vem de uma época em que marcou 27 golos e é o único atacante do City que, quando tem a bola, olha para a baliza e não tanto para Haaland) e o robô goleador, bem descansado visto que a Noruega não participou no Europeu, procurará aproximar-se dos seus números de há duas épocas (52 golos em todas as competições, 36 no campeonato).
    Se Ederson e Kevin De Bruyne tivessem partido para a Arábia Saudita, seria o Arsenal a estar aqui como mais provável primeiro classificado. É uma época de 51 v 49, podendo a coisa terminar com o desfecho do costume por exemplo se (e este é um grande "se") KDB não se lesionar em momento algum.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-1-4-1): Ederson; Walker, Rúben Dias, Aké (Stones, Akanji), Gvardiol; Rodri; Bernardo, Foden, De Bruyne, Savinho (Doku, Grealish); Haaland

Atenção a: Erling Haaland, Kevin De Bruyne, Phil Foden, Rodri, Savinho

 ARSENAL (2)

   Nunca estivemos tão perto de apontar o Arsenal ao 1º lugar. Mas ainda não é desta, por uma unha. Os gunners de Mikel Arteta têm-se apresentado como a equipa que melhor defende na Premier League, são reis nas bolas paradas (marcaram 20 golos assim na última Premier) e, dependendo dos ligeiros ajustes que Arsenal e City façam nos seus plantéis até 31/08, ainda os poderíamos trocar de posição.
    Equipa dominante, mais madura e mais rotinada a cada ano que passa, o Arsenal tem feito tudo bem e o título que foge desde 03/ 04 (The Invincibles) deixou de ser uma miragem. Num topo da classificação onde podem acabar por ser detalhes como as lesões a fazerem a diferença, um argumento contra a "candidatura" dos londrinos é o facto de na última época City e Liverpool terem sido bastante mais fustigados com lesões de elementos-chave, e mesmo assim o Arsenal não conseguiu aproveitar.
    Com legítimas aspirações de lutar por tudo e chegar bem longe na Liga dos Campeões, o Emirates estará sereno com a sua defesa - Saliba e Gabriel formam a melhor dupla em Inglaterra, Ben White é irrepreensível e o plantel, que já contava com extras como Timber (esperamos muito dele) ou Tomiyasu, viu chegar o italiano Riccardo Calafiori. O ex-Bologna, canhoto, deve dar os seus primeiros passos no lado esquerdo da defesa, embora possa contribuir também como médio mais recuado para desbloquear jogos pelo corredor central, tudo isto com vista a daqui a uns anos a dupla ser Saliba-Calafiori.
    A minúscula amostra de oportunidades que o Arsenal permite aos adversários surge pelo ótimo trabalho de Arteta, pelo facto da equipa pensar como uma só cabeça, e pelo (constante) posicionamento rigoroso e cauteloso. Declan Rice, que ainda pode ganhar Mikel Merino como novo colega, é uma máquina de jogar futebol, e Odegaard é um dos jogadores que mais prazer nos dá ver jogar na atualidade.
    Está por saber se os gunners ainda vão adquirir um goleador, seja ele um ponta de lança ou alguém que parta da esquerda. Independentemente disso, pode-se esperar que Saka marque ainda mais e assista ainda mais, e Havertz é hoje um jogador feliz e confiante. O título pode depender de figuras como Gabriel Martinelli e Gabriel Jesus aumentarem os índices de eficácia.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (4-3-3): Raya; Ben White, Saliba, Gabriel, Calafiori (Timber); Thomas Partey, Rice, Odegaard; Saka, Gabriel Martinelli (Gabriel Jesus, Trossard), Havertz

Atenção a: Bukayo Saka, Martin Odegaard, William Saliba, Declan Rice, Riccardo Calafiori

 LIVERPOOL (3)

    É muito estranho lançar uma época do Liverpool sem 
Jürgen Klopp. O carismático alemão pôs fim a 9 temporadas em Anfield, mas há razões para acreditar que a transição com Arne Slot será o mais orgânica e subtil possível, não deixando que o clube da cidade dos Beatles caia numa situação idêntica ao United pós-Sir Alex ou o Arsenal pós-Wenger.
    É difícil não deixar a decisão do título para um entre Manchester City e Arsenal, mas também é muito difícil não considerar este Liverpool um degrau acima de vários clubes que colocamos abaixo. Os reds são a única equipa que ainda não fez qualquer contratação, o que em parte se compreende uma vez que Slot quis trabalhar com todos os jogadores do plantel, pedindo apenas reforços cirúrgicos. Zubimendi era a prioridade para fazer o que Mats Wieffer fazia no Feyenoord de Slot, mas o espanhol deu nega e permaneceu na Real Sociedad: Mac Allister pode ser convertido a essa posição, embora Endo e Bajcetic sejam intérpretes mais naturais.
    Espera-se um Liverpool menos elétrico e mais equilibrado (laterais menos projetados e com desgaste mais regrado, contribuindo para uma maior congestão e superioridade numérica no miolo), embora sem rejeitar os princípios e o ADN enraizado de ótima reação à perda. Caso não haja novo central, Quansah e Konaté disputarão o lugar ao lado de Van Dijk; exige-se que Trent Alexander-Arnold "dispare" nos seus números; e o sistema pode beneficiar elemento como Szoboszlai, Harvey Elliott e Curtis Jones.
    No ataque, Salah é Salah, notando-se que o egípcio está a mudar paulatinamente de grande finalizador para excelente criador, e quem tem Diogo Jota, Cody Gakpo (ótimo Euro 2024 e tem um compatriota a treiná-lo), Darwin e Luis Díaz terá sempre a capacidade de deixar os rivais com muitas dores de cabeça.

Treinador: Arne Slot
Onze-Base (4-1-2-3): Alisson; Alexander-Arnold, Quansah (Konaté), van Dijk, Robertson; Mac Allister; H. Elliott (C. Jones), Szoboszlai; Salah, Diogo Jota (Darwin), Gakpo (L. Díaz)

Atenção a: Mohamed Salah, Trent Alexander-Arnold, Alexis Mac Allister, Cody Gakpo, Harvey Elliott

 TOTTENHAM (4)

    No Norte de Londres, o Tottenham reencontrou-se, completando com sucesso o seu rebranding em termos de estilo. Os spurs perderam Harry Kane mas ganharam em Ange Postecoglou um grande treinador. O australiano viveu algumas peripécias no seu primeiro ano: a equipa acumulou lesões, vendo-se quase sempre impossibilitada de colocar ao mesmo tempo os seus 4 melhores defesas, e o Tottenham 0-2 Manchester City da jornada 34 pôs a nu um problema de mentalidade e cultura desportiva enraizado nos adeptos: o alívio de não contribuir para que o rival Arsenal pudesse sagrar-se campeão superou a fome de vencer, e ganhar esse jogo teria sido suficiente para, nas contas finais, ter garantido bilhete para a Champions League.
    Pouco temos a que nos agarrar para defender a razão de acreditarmos que o Tottenham conseguirá surgir melhor do que Aston Villa, Newcastle ou Manchester United. Essencialmente, respeitamos a visão do treinador e vê-se que a política de mercado obedece a um perfil coerente. Vicario, Porro, Romero, Van de Ven e Udogie destacaram-se todos individualmente em 23/ 24 e procurarão agora ser destaque enquanto bloco, e no meio-campo os reforços Archie Gray e Lucas Bergvall (ambos com 18 anos) têm maturidade suficiente para agarrar a titularidade, até porque Bissouma está entretido com óxido nitroso. Son Heung-Min é o porta-estandarte, Kulusevski, Maddison e Brennan Johnson terão que viver menos de fases ou então conseguir fases mais duradouras, e estaremos atentos aos primeiros passos do menino Mikey Moore.
    Mas na verdade a principal diferença esta época chama-se Dominic Solanke. Autor de 19 golos ao serviço do Bournemouth, o ponta de lança inglês mudou-se para os spurs a troco de uns astronómicos e exagerados 75 milhões de euros, mas parece encaixar na perfeição no puzzle de Postecoglou.
    Como nota de rodapé, a importância de melhorar na defesa de bolas paradas. Quase todas as equipas demonstraram na segunda volta de 23/ 24 ter percebido as vulnerabilidades de Vicario nesse capítulo.

Treinador: Ange Postecoglou
Onze-Base (4-3-3): Vicario; Pedro Porro, Romero, van de Ven, Udogie; Sarr (A. Gray), Bergvall, Maddison; Kulusevski (B. Johnson), Son, Solanke

Atenção a: Son Heung-Min, Dominic Solanke, Lucas Bergvall, Pedro Porro, Archie Gray

 MANCHESTER UNITED (5)

    Em Old Trafford, há algum consenso: é praticamente impossível o Manchester United fazer pior. Na época que terminou com a conquista da FA Cup, os red devils acumularam recordes negativos: pior classificação de sempre (8º), inédita diferença de golos negativa (-1) e recorde de derrotas (14) numa edição. E o mais estranho é que o quadro poderia ter sido bem pior se os adversários tivessem concretizado com outra eficácia o gigantesco volume de oportunidades concedidas.
    Perante a falta de treinadores de topo interessados no cargo, Erik ten Hag recebeu um derradeiro voto de confiança, e a fase INEOS (Jim Racliffe) está aos bocadinhos a deixar os adeptos com esperança.
    Será recomendável uma melhor preparação física - 45 diferentes lesões ao longo de uma temporada é demasiado para ser considerado "azar" - e as prioridades no mercado (renovar a defesa, encontrar um 9 e um 6) estão a ser supridas, faltando fechar o dossier do médio defensivo, que talvez seja Ugarte.
    2024/ 25 será uma temporada importante para Onana, e a defesa, onde Dalot deve manter a titularidade, respirará de alívio ao ter Lisandro Martínez a 100%. Saudoso do seu sucesso em Amesterdão, ten Hag volta a orientar Matthijs de Ligt (iniciou as suas 8 temporadas como sénior sempre com um treinador diferente, e se voltar ao nível que apresentou aos 19 anos com ten Hag será o "patrão" desta defesa) e o marroquinho Mazraoui. Também para a linha recuada foi contratado Leny Yoro, disputado com o Real Madrid, tendo o francês começado com um contratempo ao ficar prontamente afastado dos relvados durante 3 meses.
    Mainoo e Bruno Fernandes continuarão indiscutíveis, mas falta chegar ao Teatro dos Sonhos um trinco de qualidade indiscutível. Casemiro tem sido a opção para a posição, Mount pode interpretá-la de forma mais aveludada. Nos corredores, os miúdos Garnacho e Amad Diallo estão sedentos de aproveitar todos os minutos que tiverem, competindo com os eventuais renascimentos de Sancho e Rashford, e na frente Højlund tem finalmente uma alternativa: o neerlandês Joshua Zirkzee não é (ainda) um goleador mas será, sem grandes dificuldades, o avançado mais tecnicista da liga inglesa. E o desconhecimento que se percebe existir em Inglaterra em relação ao ex-Bologna, que pode tornar todos à sua volta melhores, pode ser uma arma relevante.

Treinador: Erik ten Hag
Onze-Base (4-2-3-1): Onana; Dalot, de Ligt, Lisandro Martínez, Mazraoui (Yoro, Shaw); Mainoo, Mount (Casemiro); Garnacho, Bruno Fernandes, Rashford (Amad); Zirkzee (Højlund)

Atenção a: Joshua Zirkzee, Bruno Fernandes, Kobbie Mainoo, Matthijs de Ligt, Lisandro Martínez

 NEWCASTLE (6)

    Entre as equipas que apontamos aos 7 primeiros lugares desta previsão, o Newcastle é a única que não está presente nas competições europeias. Em 23/ 24, os magpies acumularam lesões, demonstrando também impreparação na gestão simultânea do campeonato e da fase de grupos da Champions, onde o Newcastle acabou por ficar em último lugar num "grupo da morte" com Borussia Dortmund, PSG e AC Milan.
    Embora circulem rumores de que Eddie Howe é um dos nomes que a federação inglesa deseja para suceder a Gareth Southgate, tudo indica que esta será uma temporada bem mais tranquila no St. James' Park, um dos estádios mais desagradáveis ou desconfortáveis para se estar como equipa visitante. Howe quererá que os seus pupilos voltem a revelar capacidade de somar pontos em casa e fora, isto depois de uma época com comportamento díspar - 4ª melhor equipa em casa, mas apenas a 11ª melhor quando considerados jogos disputados fora.
    Equipa bélica, que gosta de intimidar os oponentes e mestre a imprimir períodos curtos de alta pressão, o Newcastle pode ganhar muito com o "desaparecimento" de vários jogos a meio da semana, e com o aparecimento do médio italiano Sandro Tonali (regressa a 28 de Agosto), votado à penumbra durante os seus 10 meses de suspensão por apostas.
    Contar com Pope entre os postes faz muita diferença, a defesa ainda pode ver chegar um central para o 11, e quem tem jogadores como Bruno Guimarães, Anthony Gordon e Alexander Isak tem sempre que sonhar alto.

Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-3-3): Pope; Trippier, Schär, Burn (Botman), Lewis Hall; Tonali, Bruno Guimarães, Joelinton; Jacob Murphy (Harvey Barnes), Isak, A. Gordon

Atenção a: Alexander Isak, Anthony Gordon, Bruno Guimarães, Sandro Tonali, Lewis Hall

 ASTON VILLA (7)

    O Aston Villa tem Unai Emery, o treinador que realizou o melhor trabalho na Premier League 2023/ 24, e é bem capaz de ter nesta fase um plantel melhor (ou pelo menos com soluções mais variadas) do que aquele que garantiu um 4º lugar e a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões. Ora, não será chocante se o clube de Birmingham fizer mesmo pódio nesta edição mas, na autêntica lotaria de adivinhar a ordem do 3º ao 11º, optámos pelo sétimo posto.
    A pré-época foi má (mas resultados em amigáveis interessam muito pouco), e apesar da saída de Douglas Luiz para a Juventus ter sido mais do que colmatada, ainda parece faltar alguém para ocupar a vaga deixada por Moussa Diaby (mudou-se para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita), atualmente entregue ao muito promissor Morgan Rogers. Acima de tudo, os dois fatores que nos impedem de, com moderada convicção, afastar o Aston Villa do Top4 são: 1) a expectável melhoria que Tottenham, United, Newcastle e Brighton devem apresentar e 2) apesar do plantel ser equilibrado entre primeiras e segundas escolhas, os villans podem "pagar a fatura" e sentir a diferença ao estar a competir na Liga dos Campeões. Porque gerir plantel entre Premier e Champions não é comparável ao binómio Premier/ Conference League.
    Agora, um parágrafo de contradição. Espera-se que o Aston Villa se mantenha uma equipa dificílima de contrariar, adaptando Emery pequenas nuances da equipa jogo a jogo, e que volte a colocar os adversários em fora de jogo vezes e vezes sem conta. Reforços como Ian Maatsen (será quase um extremo esquerdo neste sistema), Onana (médio defensivo até Kamara recuperar, e a partir daí mais box-to-box), os regressados Ross Barkley e Philogene-Bidace e o veloz Iling-Junior vêm todos acrescentar.
    Ollie Watkins será desafiado a manter similar impacto (acumulou 19 golos e 13 assistências da última vez) numa equipa à qual nos parece apenas faltar um defesa direito (Geertruida seria perfeito) e alguém criativo para jogar nas proximidades de Watkins.

Treinador: Unai Emery
Onze-Base (4-4-2): E. Martínez; Cash, Konsa, Pau Torres, Maatsen; Bailey, McGinn, Onana, Jacob Ramsey (Buendía); Rogers, Watkins

Atenção a: Ollie Watkins, Amadou Onana, Morgan Rogers, Ian Maatsen, Emi Buendía

 BRIGHTON (8)

    Estão reunidos os ingredientes para que o Brighton se revele a equipa mais divertida desta Premier League. A saída do génio louco Roberto De Zerbi podia ter originado um decréscimo na animação, mas o clube dos wonderkids não fez por menos e decidiu fazer História: ao 31 anos, Fabian Hürzeler, ex-St. Pauli da 2. Bundesliga, será o treinador mais jovem de sempre na Premier League.
    O salto da segunda divisão alemã para o topo do futebol inglês impõe cautela na avaliação do alemão nascido no Texas, e a extrema juventude do plantel deixa antever muita energia, muita vontade de mostrar serviço mas também presumível imaturidade para lidar com determinadas variáveis e circunstâncias.
    Pensamos que o 4-2-3-1 será o ponto de partida para todos estes talentos expressarem o seu melhor futebol, "abrindo" bem o campo e utilizando com frequência o médio defensivo (será uma das peças fulcrais deste Brighton) entre os centrais. O jogador mais regular dos seagulls (Pascal Gross) mudou-se para Dortmund, mas Dunk (mais velho do que o seu novo treinador), van Hecke e Verbruggen continuam, tal como jogadores que podem dar muito mais - seja em minutos seja em golos e assistências - do que no ano passado como Mitoma, Enciso, João Pedro, Adingra ou Evan Ferguson.
    Quanto a reforços, estamos rendidos, sendo este Brighton talvez o clube com mercado de Verão mais ao nosso gosto: Mats Wieffer será o "segundo melhor Rodri" da Premier League; Yankuba Minteh tem um potencial absurdo e combina drible e compostura nos seus movimentos da direita para dentro; Malick Yalcouyé dá ares de Kanté, podendo ser ele o herdeiro definitivo de Caicedo; o alemão Brajan Gruda é um génio em potência, podendo ainda ser convertido e especializar-se entre uma panóplia de posições e funções em campo; e Georginio Rutter, embora ainda se precipite na grande área adversária, é uma força da natureza, dono de uma capacidade de driblar improvável. E ainda se fala em O'Riley (mais provável que reforce a Atalanta, mas aqui seria a cereja no topo do bolo), Kadioglu e Boscagli.
    Em suma, esperamos do Brighton uma abordagem corajosa, pilhas permanentemente carregadas e a já recorrente valorização de muitos jogadores e do seu treinador.

Treinador: Fabian Hürzeler
Onze-Base (4-2-3-1): Verbruggen; Veltman, Dunk, Van Hecke, Barco (Estupiñán); Wieffer, Gruda (Yalcouyé); Minteh, Rutter (Enciso), Mitoma; João Pedro (Evan Ferguson)

Atenção a: Mats Wieffer, Yankuba Minteh, João Pedro, Brajan Gruda, Georginio Rutter

 WEST HAM (9)

    Findos os seis anos de David Moyes no clube, o West Ham inicia agora um novo ciclo com Julen Lopetegui. O espanhol não foi brilhante quando esteve em Inglaterra (13º lugar com o Wolves em 22/ 23) mas os reforços de luxo que chegaram ao Olímpico de Londres obrigam os hammers a lutar até ao fim por lugares europeus.
    Haverá Lucas Paquetá? O craque brasileiro está envolvido num escândalo de apostas e já foi denunciado pela FA. Pela lógica, o seu castigo será bem mais severo do que aquele que teve Ivan Toney, mas até ao momento não há garantias quanto à aplicação da suspensão e respetivo timing.
    Sem competições europeias como distração, o West Ham continua a ter em Areola um guarda-redes para colecionar defesas aparentemente impossíveis, ganhando o francês uma excelente nova dupla de centrais à sua frente formada por Max Kilman (já trabalhara com Lopetegui) e Jean-Clair Todibo (velho conhecido dos benfiquistas, desaproveitado por Jorge Jesus). Também Wan-Bissaka é reforço para o lado direito da defesa, e pode encontrar neste West Ham o patamar perfeito para evidenciar quão incrível é a defender em 1 para 1, não precisando tanto de fazer a diferença no ataque.
    Ward-Prowse, um dos melhores batedores de livres e cantos no mundo, continua nesta equipa, que acrescentou aos fantásticos Bowen (goleador da equipa, promovido a capitão) e Kudus (o 14 é um jogador realmente excitante) as diagonais do MVP do Championship, o neerlandês Summerville, e a pujança do bombardeiro alemão Füllkrug.

Treinador: Julen Lopetegui
Onze-Base (4-2-3-1): Aréola; Wan-Bissaka, Kilman, Todibo, Emerson; E. Álvarez, Lucas Paquetá (Ward-Prowse); Bowen, Kudus, Summerville; Füllkrug

Atenção a: Mohammed Kudus, Jarrod Bowen, Jean-Clair Todibo, Crysensio Summerville, Alphonse Aréola

 CHELSEA (10)

    Talvez seja um misto de wishful thinking o que nos faz condenar o Chelsea ao 10º posto, quatro abaixo da classificação final com Pochettino, mas são vários os fatores que descredibilizam os londrinos perante a concorrência.
    Funcionando ao sabor do vento e das tendências, e com o norte-americano Todd Boehly a parecer um miúdo de 10 anos a jogar Football Manager a querer comprar todos os jovens do mundo, o Chelsea optou por desistir das bases que se começavam a criar com o opinativo argentino, trocando-o por Enzo Maresca, certamente mais marioneta ou Yes Man e com o carimbo de ter sido adjunto de Pep Guardiola. Em termos de mercado, pela negativa a forma como o capitão e melhor médio na temporada passada, Conor Gallagher, foi "banido" do centro de treinos, tendo quase tudo tratado com o Atlético Madrid; pela positiva, o facto de em 2025 juntarem-se a este elenco dois diamantes, os sul-americanos Estêvão e Kendry Páez.
    Os blues serão o representante inglês na Liga Conferência, competição que permitirá "rodar" a equipa em grande medida, mas que pode até afetar o rendimento interno, pela desmotivação que muitos atletas podem sentir ao darem por si 2 patamares abaixo donde desejariam pertencer (Champions). O plantel com jogadores a mais (neste momento são mais de 40, incluindo 6 guarda-redes) impedirá a gestão de balneário mais adequada, parecem faltar líderes nesta equipa e é natural que Maresca acabe por abandonar algumas coisas que tem procurado implementar na pré-época: o 4-1-2-3 que usava no Leicester pode terminar invertido para um 4-2-3-1 e a marcação homem-a-homem em todo o campo também deve ter os dias contados. Se Enzo Maresca vai aguentar até ao final da temporada? O tempo dirá.
    Apesar de tudo isto, existem também razões para acreditar que o Chelsea pode lutar pelo Top4. Uma essencialmente: a qualidade dos seus jogadores. Existem pontos de interrogação (entre os diversos guarda-redes talvez Jorgensen seja a escolha número 1, não nos atrevemos a arriscar qual será a dupla de centrais preferida, entre Enzo, Caicedo, Lavia e Dewsbury-Hall dificilmente caberão mais do que 2 ao mesmo tempo no 11, e parece ainda estar por chegar um avançado) mas também estamos prontos para exclamar o brilhantismo de Cole Palmer (22 golos e 11 assistências), torcendo para que craques como Nkunku, Pedro Neto e Reece James consigam exibir-se de forma continuada e sem quaisquer lesões.

Treinador: Enzo Maresca
Onze-Base (4-1-2-3): Jorgensen; Gusto (Reece James), Fofana, Colwill (Badiashile), Cucurella; Caicedo (Lavia); Cole Palmer, Enzo; Madueke, Nkunku, Pedro Neto (Sterling, Mudryk)

Atenção a: Cole Palmer, Christopher Nkunku, Enzo Fernández, Roméo Lavia, Wesley Fofana

 CRYSTAL PALACE (11)

    O Crystal Palace é, justificadamente, uma das equipas que entra mais confiante na nova temporada. O austríaco Oliver Glasner assumiu a equipa em Fevereiro de 2024 e daí até ao final da época, apenas Manchester City, Arsenal e Chelsea somaram mais pontos. Não se pede ao Palace que seja Top4 mas, embora estejamos a antecipar um 11º, o plantel atual tem condições para sonhar com um 8º, 7º ou até mesmo 6º lugar.
    No clube, a crença é que tudo aquilo em que Glasner toca se transforma em ouro. Daí a direção ter pedido 100 milhões de euros quando o Bayern Munique tocou à porta para saber quanto custaria garantir os serviços do técnico. Para a Baviera não foi o treinador, mas foi Michael Olise, craque francês de 22 anos, negociado por 53 milhões de euros e com capacidade, sem lesões, para ser um dos melhores do mundo.
    Olise foi bem substituído (o japonês Kamada reencontra-se com o treinador com que trabalhou em Frankfurt e Sarr mostrou no Watford que as suas caraterísticas sobressaem no futebol inglês) mas o principal motivo de colocarmos o Palace uns 2 ou 3 lugares abaixo do "expectável" é mesmo o mero feeling de que um ou dois titulares indiscutíveis ainda podem sair durante as próximas duas semanas: Guéhi e Andersen são pretendidos, e elementos como Eze (cláusula de cerca de 70M) ou Wharton têm todo o ar de receber propostas na reta final do mercado.
    Num 3-4-2-1 que está para ficar, torcemos para que o olímpico Mateta mantenha os calções subidos e a veia goleadora que Glasner despertou nele. Muñoz andará em correrias pela direita, Eze (estrela da equipa) está no ponto para elevar ainda mais a sua própria fasquia, e se Adam Wharton (20 anos) mantiver o rendimento apresentado desde que foi contratado ao Blackburn, pode muito bem tornar-se o próximo jovem britânico a ser disputado por City, Arsenal e Liverpool.

Treinador: Oliver Glasner
Onze-Base (3-4-2-1): D. Henderson; Richards (Riad), J. Andersen, Guéhi; Muñoz, Wharton, C. Doucouré, Mitchell; Kamada, Eze; Mateta

Atenção a: Jean-Philippe Mateta, Eberechi Eze, Adam Wharton, Daichi Kamada, Daniel Muñoz

 BOURNEMOUTH (12)
    A 1ª época do basco Andoni Iraola em Inglaterra confirmou o bom instinto que os cherries tiveram ao trocar O'Neil pelo ex-Rayo Vallecano. Com 42 anos, o antigo lateral direito reforçou quão fértil é o País Basco em grandes treinadores (Arteta, Emery, Xabi Alonso), colocando o Bournemouth a jogar um futebol pressionante e combinativo. A equipa acabou no 12º lugar (apostamos numa repetição), mas bastava ter ganho um dos três últimos jogos (3 derrotas) para fechar a temporada na primeira metade da tabela.
    Com bom gosto a identificar os jogadores certos no mercado e com dedo de treinador a desenvolver quem já estava no clube, os adeptos do Bournemouth viram Dominic Solanke render como nunca antes na Premier League, apontando 19 golos. O avançado inglês de 26 anos mudou-se entretanto para o Tottenham, chegando o portista Evanilson para o substituir. Na posição mais adiantada, o clube conta ainda com Unal e o jovem Jebbison.
    Com perspetivas de realizar uma época tranquila, que deixe o clube entre o 9º e o 14º lugares, parece-nos que esta pode ser uma época em que Semenyo aumenta o seu envolvimento em golos e Alex Scott vê crescer a sua influência na mecânica da equipa. Huijsen vem acrescentar qualidade à defesa, e permitirá até o recurso a um pontual 3-4-3, e fala-se que o guarda-redes georgiano Mamardashvili, provavelmente o melhor do Euro 2024 na sua posição, pode ser oficializado por empréstimo até ao fecho do mercado, num negócio decorrente da sua mudança para o Liverpool em 2025.
    Iraola tem contrato até 2026 e por isso espera-se tolerância e paciência de quem toma decisões no clube se o arranque não correr como esperado. O Bournemouth não tem tanta qualidade individual como outras equipas, mas sabe sempre o que vai fazer para dentro de campo. Ter identidade é e será sempre uma vantagem.

Treinador: Andoni Iraola
Onze-Base (4-2-3-1): Neto; Huijsen, Zabarnyi, Senesi, Kerkez; Alex Scott, Cook; Semenyo, Christie (Tavernier), Sinisterra (Ouattara); Evanilson (Unal)

Atenção a: Antoine Semenyo, Alex Scott, Dean Huijsen, Evanilson, Dango Ouattara

 FULHAM (13)
    

    Prevermos uma classificação final exatamente igual à época passada traduz a ideia geral sobre este Fulham: bem treinados pelo português Marco Silva (4ª época no clube, rompendo com o estigma de que nunca conseguia aguentar-se muito tempo no mesmo projeto), os cottagers vão procurar fazer o mesmo ou melhor, depois de perderem o melhor jogador da equipa. João Palhinha deu um merecido salto para Munique mas será interessante ver como reagem em campo os londrinos à perda do seu influente ponto de equilíbrio, exemplo de combatividade e rigor tático. O brasileiro André (Fluminense) tem sido dado como o seu sucessor, mas a transferência ainda não se concretizou.
    A permanência de Andreas Pereira não é certa, e está visto que o clube ainda pretende melhorar o centro da defesa - Tosin e Tim Ream saíram a custo zero, Cuenca reforçou a equipa, mas está a ser tentado um difícil regresso de Joachim Andersen.
    Dependendo da concretização do reforço de posições-chave (médio defensivo e central) poderíamos considerar subir o Fulham na tabela. Com a moldura atual, o que mais nos atrai será ver como Emile Smith-Rowe pode renascer, sendo um super-craque para uma equipa deste patamar, e espera-se a mesma regularidade de Antonee Robinson e Leno, e ainda mais golos de Rodrigo Muniz, avançado que chegou a ser Jogador do Mês na temporada transata.

Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Leno; Castagne, Cuenca (Diop), C. Bassey, A. Robinson; Lukic, Andreas Pereira; Adama Traoré (Harry Wilson), Smith-Rowe, Iwobi; Rodrigo Muniz

Atenção a: Emile Smith Rowe, Rodrigo Muniz, Antonee Robinson, Alex Iwobi, Jorge Cuenca

 EVERTON (14)

   Goodison Park está bem entregue a Sean Dyche. O Everton foi 15º na última temporada, mas esteve sempre cómodo e à margem da luta pela manutenção. Aliás, se não tivesse existido uma penalização de 10 pontos devido à "violação das regras de rentabilidade e sustentabilidade" os toffees teriam ficado num respeitável décimo lugar, acima dos muito elogiados Crystal Palace e Bournemouth.
    Nesta fase, não é de excluir que o clube azul de Liverpool possa enfrentar uma nova dedução de pontos, e em certa medida essa possibilidade pesa em não colocarmos o Everton mais acima. Isso e o interesse do norte-americano John Textor em comprar o clube, precisando primeiro de vender a percentagem que detém do Crystal Palace. Seja como for, antecipamos uma época relativamente tranquila. Para que tal aconteça há que manter o que a equipa teve de melhor (4º melhor registo defensivo, apenas superado pelos 3 primeiros classificados) e corrigir o que falhou (apenas o despromovido Sheffield United marcou menos golos).
    Pickford, Tarkowski e Branthwaite são uma garantia de clean sheets e apesar de Onana ter saído, não é desajustado considerar que o plantel está mais forte. Iroegbunam terá a responsabilidade de fazer esquecer o gigante belga, Jake O'Brien permite começar a acautelar o pós-Branthwaite ainda com o central de 22 anos nos quadros, e o emprestado Lindstrom pode ser um diferencial, sendo inegável que parece uma carta de um naipe distinto neste elenco. Para colocarmos o Everton mais próximo da primeira metade da tabela seria necessário Dyche passar a contar com um grande ponta de lança (pode Calvert-Lewin voltar ao seu rendimento de 20/ 21?), mas temos muito interesse em ver o senegalês Iliman Ndiaye no apoio ao avançado. Driblador nato, atleta explosivo, foi um flop em Marselha mas pode em Goodison Park reencontrar tudo aquilo que fez os adeptos do Sheffield United apaixonarem-se por ele.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-1-1): Pickford; A. Young (O'Brien), Tarkowski, Branthwaite, Mykolenko; Harrison (Lindstrom), Iroegbunam, Gueye, McNeil; Ndiaye (A. Doucouré); Calvert-Lewin

Atenção a: Jarrad Branthwaite, Iliman Ndiaye, Dominic Calvert-Lewin, Jordan Pickford, Tim Iroegbunam

 IPSWICH TOWN (15)

    Apontar as 3 equipas recém-promovidas aos três lugares de descida seria a coisa mais aborrecida do mundo. Vamos torcer para que o Ipswich de Ed Sheeran se afirme como uma das equipas sensação da prova, mas a falta de experiência a este nível e o colossal salto entre o Championship e a Premier League (será muito difícil o Ipswich ter 2 jogos consecutivos "acessíveis") podem pesar.
    Em Portman Road mora um dos clubes do momento em Inglaterra. Sob o comando do norte-irlandês Kieran McKenna (38 anos), durante vários anos adjunto no Manchester United e treinador de camadas jovens, a ascensão tem sido um conto de fadas: 2º na League One em 22/ 23 com 98 pontos (101 golos marcados e apenas 35 sofridos) e 2º no Championship no ano seguinte, com 96 pontos, 92 golos marcados e apenas seis derrotas.
    Brighton, Manchester United e Chelsea tentaram levar McKenna, mas o técnico acabou a renovar com o Ipswich até 2028, tornando-se o melhor reforço possível. O objetivo da manutenção é difícil mas esta equipa tem demonstrado que gosta de contrariar as expectativas, com um futebol envolvente e sem egos.
    São bons sinais, sintomáticos de que quem pensa o clube sabe o que está a fazer, a aquisição em definitivo do emprestado Omari Hutchinson (prodígio técnico, porta-estandarte ofensivo e criativo, brilhando seja pela direita, seja pelo centro) e o recrutamento de bons ativos do segundo escalão como Jacob Greaves, Sammie Szmodics (o irlandês, melhor marcador do Championship, chega ao topo do futebol inglês quase com 29 anos) ou Liam Delap.
    O plantel, que ainda precisa pelo menos de um grande extremo (Jack Clarke, do Sunderland, seria incrível), leva a crer que poderá haver mutação entre o 4-2-3-1 da última temporada em jogos mais equilibrados e um 3-4-3 contra adversários com maiores argumentos. Em todas as variáveis, o lateral esquerdo Leif Davis (18 assistências na última época) é menino para chegar à seleção inglesa, Hutchinson poderá motivar um "Como é que o Chelsea o libertou?", Kalvin Phillips espera virar fénix e ser novamente visto como o Pirlo de Yorkshire, e, se a manutenção for assegurada, voos bem mais altos esperam McKenna.

Treinador: Kieran McKenna
Onze-Base (4-2-3-1): Muric; Tuanzebe (Ben Johnson), Woolfenden, J. Greaves, Leif Davis; Morsy, Kalvin Phillips (Jack Taylor); Omari Hutchinson, Szmodics (Chaplin), Burns (Broadhead, Harness); Delap

Atenção a: Leif Davis, Omari Hutchinson, Jacob Greaves, Sam Morsy, Sammie Szmodics

 WOLVES (16)

    No Molineux, encontramos uma das equipas menos ativas nesta janela de transferências. O Wolves fez mais de 100 milhões com as vendas de Pedro Neto (Chelsea) e do capitão Max Kilman (West Ham) mas gastou apenas 33, com especial destaque para a chegada de Rodrigo Gomes.
    Os lobos têm plantel para acabar entre 14º e 17º, o que deve preocupar um pouco Gary O'Neil. A equipa com mais Gomes (Toti, João e Rodrigo) da Premier League, e que tem mais portugueses do que ingleses, tem em José Sá um guarda-redes que acumula sempre muitas defesas, e no setor mais recuado há bastante mais qualidade nos laterais do que ao centro. João Gomes só tem tendência para melhorar, Hwang transpira classe a finalizar e Matheus Cunha (um dos avançados com mais técnica em Inglaterra) parece estar sempre teimosamente à beira de explodir e realizar uma super-época.
    A saída de Kilman pode convidar a um regresso a uma linha de 4, embora continue a ser urgente identificar no mercado um digno sucessor para o central inglês, e apostamos que, caso as opções no ataque não mudem muito, os momentos mais felizes serão proporcionados pela energia inesgotável de Rodrigo Gomes (camaleónico, pode fazer os dois corredores) e pelas combinações de Hwang e Matheus Cunha, pontualmente coadjuvados pelo seu novo amigo norueguês Strand Larsen (1,93m), ex-Celta de Vigo.

Treinador: Gary O'Neil
Onze-Base (4-2-2): José Sá; Semedo, Mosquera, Toti Gomes, Aït-Nouri; Sarabia, João Gomes, Lemina (Bellegarde), Rodrigo Gomes; Hwang, Matheus Cunha

Atenção a: Matheus Cunha, Hwang Hee-chan, Rodrigo Gomes, João Gomes, Rayan Aït-Nouri

 BRENTFORD (17)

    A trajetória ascendente do Brentford de Thomas Frank foi interrompida. Os bees subiram à Premier League em 2021 com o dinamarquês, ficaram em 13º e no ano seguinte em 9º. Mas a última época, atípica é certo mediante a longa suspensão de Ivan Toney, ditou um passo atrás, com a equipa a terminar em 16º.
    Oito equipas apresentaram uma pior diferença de golos do que o Brentford em 23/ 24, o que pode levar a crer que há neste plantel argumentos e equilíbrio para defender melhor do que os outros e marcar mais do que os outros. Mas, excluindo as três equipas que desceram, apenas o Nottingham Forest (20) perdeu mais jogos do que este Brentford (19 derrotas).
    A continuidade de Ivan Toney no clube mantém-se incerta. O ponta de lança de 28 anos termina contrato em 2025, tendo passado de associado ao Top6 inglês para apontado ao futebol árabe. Toney tornou-se imprescindível para a forma de jogar do Brentford em 2022 e 2023, mas a sua ausência forçou Frank a cozinhar novas soluções e o clube convenceu quando conjugou Mbeumo e Wissa na frente. O brasileiro Igor Thiago, contratado por 33 milhões ao Club Brugge para ser o substituto natural de Toney, sofreu uma lesão no menisco na pré-época.
    Ainda a precisar de dois ou três reforços, a principal curiosidade talvez seja ver como Thomas Frank usa Fábio Carvalho, dotando o português de criatividade uma equipa quase sempre prática e objetiva, incisiva em transição mas pouco dada a adornos. 
    Poderão estar com a calculadora na mão nas últimas jornadas

Treinador: Thomas Frank
Onze-Base (4-2-3-1): Flekken; Roerslev (Hickey), Collins, Pinnock, Ajer; Norgaard, M. Jensen; Mbeumo, Fábio Carvalho, Wissa; Toney (Schade)

Atenção a: Bryan Mbeumo, Yoane Wissa, Fábio Carvalho, Mark Flekken, Mathias Jensen

 NOTTINGHAM FOREST (18)


    Na fina fronteira entre cair para o Championship e sobreviver entre os melhores emblemas ingleses, é onde prevemos que o Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo e Evangelos Marinakis ande em 2024/ 25. Os 17º e 16º lugares das últimas duas épocas mostram como os reds têm apresentado poucos progressos desde que subiram em 2022, e se há duas temporadas foi o fator casa a garantir a manutenção, na última época o mais importante foi mesmo o nível bastante baixo das três equipas que desceram, com o Forest a ser "menos mau".
    O novo clube de Jota Silva recrutou o sérvio Milenkovic para fazer dupla com Murillo (central muito interessante), sem esquecer a estranha transação negociada com o Newcastle, que levou a que Elliot Anderson e Odysseas Vlachodimos trocassem de lado por 41 e 23 milhões respetivamente.
    Pensamos que Sels será o guarda-redes titular, mas Carlos Miguel e Matt Turner podem reclamar oportunidades ao longo da temporada, e deverá ser Morgan Gibbs-White o craque envolvido em maior número de golos e assistências. Danilo e Sangaré garantem músculo, Hudson-Odoi e Elanga oferecem verticalidade e desequilíbrio, e Chris Wood tentará passar a sua marca anterior (14 golos) pressionado pelo concorrente Awoniyi e até, quem sabe, por Jota, caso NES aposte num tridente com maior mobilidade e sem referência.
    A falta de paciência de quem gere, o acumular de decisões questionáveis e o esbanjar de milhões irrefletidos são pontos contra este Forest, mas para os fãs do xG esta foi a quarta equipa que concedeu menor xG (melhor só Arsenal, City e Liverpool) e há qualidade suficiente no 11 inicial e até no banco para ficar um lugar acima deste e sobreviver uma vez mais.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (4-2-3-1): Sels; N. Williams, Milenkovic, Murillo, Aina; Sangaré, Danilo; Elanga (Jota Silva), Gibbs-White, Hudson-Odoi; C. Wood (Awoniyi)

Atenção a: Morgan Gibbs-White, Murillo, Chris Wood, Callum Hudson-Odoi, Anthony Elanga

 SOUTHAMPTON (19)

    Tal como o Leicester, a queda do Southampton na segunda divisão inglesa pareceu um equívoco (os saints estavam na Premier League desde 2012). No entanto, tal como o Leicester, o clube do Sul de Inglaterra está longe de apresentar um plantel e uma visão de mercado como nos seus tempos dourados. De van Dijk para Harwood-Bellis, de Sadio Mané para Ben Brereton.
    O ano da descida retirou de St Mary's jogadores como Ward-Prowse, Lavia e Livramento. O ex-Swansea Russell Martin foi o treinador recrutado para assegurar a promoção imediata e, com muita posse de bola (média de 65,6% por jogo), os seus pupilos fizeram a festa em Wembley, com um golo de Adam Armstrong a derrotar o Leeds United na final do Play-Off.
    A capacidade de Martin de se adaptar, e conceder que nem sempre o Southampton terá qualidade para controlar a narrativa dos jogos, será fundamental. O 4-3-3 da temporada passada pode dar lugar a um 3-5-2, capaz de puxar pela lágrima dos adeptos do Blackburn ao reunir na frente Adam Armstrong (24 golos e 13 assistências) e Ben Brereton Díaz. Cameron Archer, contratado em cima do arranque do campeonato, oferece boa dor de cabeça a Martin na escolha da dupla titular. Entre os postes surgirá a dúvida entre o potencial (Bazunu) e a experiência (McCarthy), entre os centrais é ótimo poder contar em definitivo com Harwood-Bellis e estaremos atentos ao reforço Ronnie Edwards (ex-Peterborough), e no meio-campo Martin delirou com a continuidade de Flynn Downes. Nos corredores, a chegada do nipónico Sugawara pode originar que Walker-Peters seja utilizado na esquerda.
    Com 3 avançados com golo, o Southampton pode safar-se no limite. Acreditamos que a equipa ainda se reforce até ao final do mês, e que Martin - à imagem do que fez na Hora H, em Wembley - privilegie o pragmatismo ao romantismo.

Treinador: Russell Martin
Onze-Base (3-5-2): McCarthy (Bazunu); Hardwood-Bellis, Stephens (R. Edwards), Bednarek; Sugawara, Smallbone, Downes, Alcaraz, Walker-Peters; Adam Armstrong, Archer (Brereton)

Atenção a: Adam Armstrong, Cameron Archer, Ben Brereton, Yukinari Sugawara, Taylor Harwood-Bellis

 LEICESTER CITY (20)

    Pode parecer estranho apontarmos o campeão do Championship ao último posto da tabela, mas entre as equipas promovidas o Leicester é quem apresenta menor margem de crescimento.
    Na divisão abaixo, os foxes "passearam" na primeira volta, mas ainda conseguiram pregar um susto aos adeptos com uma sequência de resultados negativos. No fim, a equipa não vacilou e subiu sem precisar do Play-Off, mas entretanto viu o treinador Enzo Maresca mudar-se para o Chelsea, levando com ele o jogador mais importante da equipa, Dewsbury-Hall.
    No horizonte, pairam ameaças de deduções de pontos após uma investigação que acusou os foxes de irregularidades financeiras. Sejam ou não retirados alguns pontos, antevêem-se dificuldades. Steve Cooper é um treinador bastante decente, Vestergaard melhorou na última época na companhia de Faes, e há bons laterais (Kristiansen, James Justin e Ricardo Pereira). Parece-nos faltar qualidade e profundidade ao meio-campo, numa equipa que viverá dos rasgos de Fatawu e Mavididi nos corredores e à qual no momento atual pode faltar golo - Daka (pode sempre voltar aos seus tempos de Salzburgo, mas nem no Championship se destacou) estará de fora nos primeiros meses, o que pode originar o perigoso cenário de continuar dependente de Jamie Vardy, agora com 37 anos, para sobreviver entre os grandes.

Treinador: Steve Cooper
Onze-Base (4-2-3-1): Hermansen; Justin, Faes, Vestergaard, Kristiansen (Ricardo Pereira); Ndidi, Winks; Fatawu, Buonanotte, Mavididi; Vardy (Daka, Cannon)

Atenção a: Stephy Mavididi, Fatawu Issahaku, Victor Kristiansen, Jamie Vardy, Wilfred Ndidi

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