9 de agosto de 2024

Antevisão da Liga Portugal Betclic 2024/ 25

 Liga Portugal Betclic A espera terminou. Jogou-se o Euro 2024, jogadores e equipas técnicas recarregaram baterias numas mini-férias, os Jogos Olímpicos estão a chegar ao fim, João Neves saiu e Gyökeres (ainda?) não. Estão reunidas as condições para que comece a liga portuguesa 2024/ 25, uma aventura de 34 jornadas e 306 jogos com um Sporting-Rio Ave como primeiro capítulo.
    Abertas as hostilidades em Aveiro numa épica Supertaça (Sporting 3-4 FC Porto após prolongamento), paira no ar uma entusiasmante indefinição quanto aos próximos meses do futebol português, entrando o Sporting em campo como campeão em título e com o bónus de ser quem arranca mais estável, mantendo Rúben Amorim como treinador e tendo mudado pouco, até ver, o plantel.

    Sem Coates e Paulinho, os leões entram na nova época em busca do bicampeonato e com algumas dúvidas quanto à fiabilidade dos reforços Kovacevic e Debast, elementos que com erros individuais custaram ao Sporting o primeiro troféu de 24/ 25. Mas mesmo que a defesa esteja órfã de um líder experiente (Diomande terá aparecer em grande plano durante a globalidade da competição para mascarar esse fator) e que Israel acabe promovido a titular, é reconfortante para a turma de Alvalade continuar a contar com elementos como Hjulmand (novo capitão), Pedro Gonçalves ou, claro está, Viktor Gyökeres, o melhor jogador do campeonato.
    Na Luz, o Verão deu motivos para sorrir e outros para chorar. Roger Schmidt entra em 2024/ 25 como o treinador mais pressionado dos três grandes, e Rui Costa não o ajudou ao vender ao desbarato João Neves, a grande figura dos encarnados. O miúdo de 19 anos mudou-se para o PSG, continuando de águia ao peito Otamendi ou Di María (ambos com 36 anos) numa clube em que, com outra gestão mais capacitada e inteligente, João Neves ficaria e inclusive com a braçadeira. Sem a velocidade de Rafa a desequilibrar os adversários, a pré-época confirmou 3 excelentes reforços - Pavlidis, Beste e Barreiro -, contou com variados rasgos deslumbrantes de Prestianni (18 anos) e teve em Rollheiser uma feliz e promissora adaptação. São incógnitas a continuidade de David Neres, o papel tático de Kökçü e quanto tempo conseguirá Renato Sanches manter-se sem lesões.
    A Norte, Vítor Bruno e André Villas-Boas começaram com o pé direito a árdua missão de suceder a Sérgio Conceição e Pinto da Costa. Com restrições orçamentais, os azuis e brancos ainda devem ter que vender algum craque (entre Diogo Costa, Galeno e Francisco Conceição, um ou dois devem sair até fim de Agosto) mas VB, sempre com os seus calções como imagem de marca, está a conseguir "ganhar" plantel, deixando sorrir Iván Jaime e confiando novas funções ou maiores responsabilidades a vários intérpretes.

    Sporting de Braga e Vit. Guimarães têm novos treinadores, Daniel Sousa e Rui Borges respetivamente, podendo os guerreiros transformar uma luta a 3 numa luta a 4, isto depois de um defeso com uma prospeção "fora da caixa".
    Em 2024/ 25, época que tem Santa Clara, Nacional e AVS em substituição de Portimonense, Vizela e Chaves, são 10 as equipas com novo treinador, com o Gil a promover uma troca na véspera da competição arrancar. Três dos novos técnicos (Ian Cathro no Estoril, Gonzalo García no Arouca e Cristiano Bacci no Boavista) são estrangeiros.

    Globalmente, é um luxo podermos continuar a ver nos nossos relvados Gyökeres, Pote, Hjulmand, Aursnes, Trubin, Diogo Costa ou Alan Varela. Com poucas transferências interessantes entre clubes portugueses (principal destaque vai para a mudança da dupla do Nacional, Chuchu Ramírez e Gustavo Silva, para Guimarães), saudamos as chegadas a Portugal de Pavlidis, Beste, Barreiro, Debast, Gabri Martínez, Arrey-Mbi, El Ouazzani, Jandro Orellana, Santi García, Clau Mendes, Ole "Olinho" Pohlmann e Calegari, entre outros.

    Será um campeonato sem João Neves, sem as vozes de comando de Pepe e Coates, sem as arrancadas de Rafa, sem os golos de Taremi, Mújica, Paulinho e Cádiz. Sem Jota Silva, Rodrigo Gomes, Álvaro Djaló, Pedro Malheiro, Costinha, Kialonda e Gonçalo Franco. Mas será também a oportunidade de afirmação definitiva para Chico Conceição, Tomás Araújo, Mateus Fernandes, Zalazar, Tiago Morais ou Mangas, da última dança de Nenê (41 anos) e terá muito boa rapaziada (Prestianni, Roger, Rodrigo Mora, Quenda, Pedro Santos, Isaac ou Francisco Meixedo) a competir pela distinção de melhor jovem.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão para 24/ 25, em termos de destaques coletivos e individuais, sujeita como sempre às incidências finais do mercado de transferências, tanto a nível de entradas como de saídas:


 SPORTING (1)

    Paira no ar a desconfiança, e arriscamos que este não será um campeonato com um vencedor capaz de chegar aos 90 pontos, mas na moldura atual o Sporting parte na pole position para renovar o título, no que seria um bicampeonato que foge há muito, muito tempo. Nem somos fãs da máxima "detentor do troféu é sempre favorito", mas a continuidade simultânea de Rúben Amorim e Viktor Gyökeres recomenda que os leões sejam considerados os vencedores mais prováveis.
    No reino do leão, há estabilidade. O balneário perdeu líderes (a equipa terá que crescer e aprender a viver sem Coates) e o banco perdeu os golos importantes de Paulinho, mas os 3 melhores jogadores (Gyökeres, Pote e Hjulmand) continuam todos por Alvalade. Uma saída do sueco até 31 de Agosto obrigaria a repensar o topo da classificação.
    Quaisquer experiências com linhas de 4, talvez inspiradas pelo estudo do que Guardiola e Arteta fazem hoje em dia, não devem demorar muito até serem abandonadas, mantendo-se a estrutura de 3-4-3 como a matriz leonina. Ironicamente, a Supertaça (3-4) fez soar os alarmes em relação aos 2 únicos reforços: Debast (um central que, no momento zero, torna sobretudo o Sporting mais forte a atacar) acumulou disparates e "deu vida" ao Porto, e o guardião Kovacevic vacilou no último golo com um erro de leitura incompreensível. É sabida a intransigência/ teimosia de Amorim e a força inabalável das suas convicções, com a razão quase sempre a acabar por cair para o seu lado, e nestes casos há que dar tempo aos jogadores, podendo no entanto proteger-se Debast com a utilização de Diomande como central do meio.
    Os campeões nacionais, pacientes como tantas vezes antes, têm visto arrastar a novela Ioannidis. E não se compara a pressão que será colocada sobre o grego num cenário em que se junte ao plantel para ser companheiro de Gyökeres ou sua alternativa quando o sueco descansar (sim, ouvimos dizer que por vezes ele descansa) versus a abismal responsabilidade que teria caso chegasse à liga portuguesa para colmatar a sua saída.
    Como estão as coisas, o MVP da última edição volta a apresentar-se como mais forte candidato a melhor jogador e melhor marcador (não estranhem se marcar mais do que 29) apoiado pelo eternamente subvalorizado Pote e com Hjulmand a rugir como novo capitão. Diomande tem que dizer presente, Mateus Fernandes e Quenda podem ser os projetos do treinador este ano.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Kovacevic; Debast, Diomande, Gonçalo Inácio; Catamo, Hjulmand, Morita (Mateus Fernandes), Nuno Santos; Trincão, Pedro Gonçalves, Gyökeres

Atenção a: Viktor Gyökeres, Pedro Gonçalves, Morten Hjulmand, Ousmane Diomande, Mateus Fernandes

 BENFICA (2)

    "A minha saída foi boa para o clube". A frase dita por João Neves na sua entrevista de despedida morará nas profundezas das cabeças de todos os benfiquistas toda a época, fazendo-se sentir mais caso venha a faltar personalidade, carisma e energia. Num erro de gestão clamoroso, os encarnados venderam o seu 87 muito abaixo da cláusula, quando a decisão acertada teria sido uma renovação com franca melhoria salarial (igualado ao teto dos consagrados) e o confiar da braçadeira de capitão. Neves estava protegido até 2028 e daqui a um ano só estaria mais valorizado do que agora. E para quem achava que esta venda permitiria segurar os restantes craques... preparem-se para a inexplicável e absurda saída de David Neres.
    No Benfica, Rui Costa segurou Roger Schmidt no cargo. O alemão inicia a temporada como o treinador em situação mais vulnerável dos 3 grandes, e a contestação aparecerá ao mínimo deslize. O calendário, exceção feita à visita a Famalicão (embora normalmente seja preferível visitar o Famalicão no início da prova do que quando a nova fornada de jovens já está entrosada) na jornada 1, é bastante simpático, um fator que pode ajudar a acalmar as águas.
    No inferno da Luz continuam Di María, Otamendi e João Mário, elementos que se pensava que terminariam a sua ligação ao clube no Verão, e tudo o que se pede a Schmidt é que o alemão tenha aprendido com os seus erros. Aprendeu? Temos muitas dúvidas.
    Sem contar com a velocidade de Rafa (ligado a 37 golos na última temporada), o Benfica 2024/ 25 está a dar os primeiros passos num 4-2-3-1 hiper-prudente e semi-alérgico à criatividade, mantendo Florentino e Leandro Barreiro em dueto, quando em princípio um dos dois terá que cair do 11 inicial. O meio-campo das águias levanta interessantes questões: queremos analisar como a inexistência de João Neves impacta o desempenho de Kökçu, julgamos imprudente que se confie na condição física de Renato Sanches (oxalá estejamos todos errados) e acreditamos muito na importância que o adaptado Rollheiser vai ter.
    A nova temporada pode aliás ficar marcada pelo tango de Rollheiser e Prestianni, dois argentinos que já estavam na Luz mas que podem agora explodir em definitivo. A qualidade do miúdo de 18 anos surpreende a cada jogo. 
    Quanto aos reforços além de Barreiro (fazíamo-lo pior jogador do que é) e Renato, são ótimos os indicadores de Pavlidis, goleador e muito inteligente a movimentar-se, e do alemão Jan-Niklas Beste, o novo dono das bolas paradas encarnadas e melhor amigo de Aursnes. Espera-se o queimar de novas etapas por parte de Marcos Leonardo e Schjelderup, e que Tomás Araújo passe a ser o nome mais indiscutível na defesa do Benfica. 

Treinador: Roger Schmidt
Onze-Base (4-2-3-1): Trubin; Bah, Tomás Araújo, António Silva, Beste; Florentino (Barreiro), Rollheiser; Di María (Kökçu), Prestianni, Aursnes; Pavlidis

Atenção a: Gianluca Prestianni, Vangelis Pavlidis, Benjamín Rollheiser, Jan-Niklas Beste, Tomás Araújo

 PORTO (3)

    Saiu Pinto da Costa, entrou André Villas-Boas. Saiu Sérgio Conceição, entrou Vítor Bruno. O FC Porto inicia um novo ciclo em 2024/ 25, e o pontapé de saída (épica reviravolta na Supertaça) mostrou o pior e o melhor: evidenciou quanto a defesa precisa de um central e líder, provou que a pré-época permitiu "ganhar" reforços que já estavam em casa e demonstrou a união e crença do grupo de trabalho.
    Na Invicta, o grau de exigência é sempre o mais alto, mas em certa medida será dada ao estreante Vítor Bruno, sempre confortável com os seus icónicos calções, maior margem de erro do que aos rivais Amorim e Schmidt. O atual quadro financeiro condicionará também a composição do elenco até 31 de Agosto - o clube precisa de vender (Diogo Costa, Francisco Conceição e Galeno devem ser os jogadores mais requisitados, e o cenário ideal seria perder apenas o extremo brasileiro) e qualquer contratação (Nehuén Pérez melhorava claramente a defesa) terá que ser cirúrgica e a preço acessível.
    Ficando, Diogo Costa continuará a ser um dos melhores guarda-redes em Portugal, e quanto menos for melhorada a linha defensiva neste mercado, mais determinante e mais testado será o titular da Seleção Nacional. Na defesa pós-Pepe, Otávio e Martim Fernandes prometem crescer, e no meio-campo, onde Alan Varela é craque, atenção ao renovado papel de Nico González, mais liberto para surgir em zonas adiantadas.
    Francisco Conceição deve ser um dos temas até ao fecho do mercado. Compreendemos que se considere que o camisola 10 está numa situação delicada (jogador emotivo e transparente, é filho de Sérgio Conceição e a relação entre o seu pai e Vítor Bruno terminou em maus termos) mas honestamente quase só vemos vantagens na sua continuidade: Chico mostraria o seu profissionalismo e compromisso com o clube, ajudaria a agregar ainda mais a massa adepta, e com 21 anos este ainda não é o timing certo para a sua saída. Precisa de uma grande época completa a titular, com alto impacto. Precisa desta época.
    Num 4-2-3-1 em vias de ser catapultado pela criatividade de Pepê, pedem-se minutos para os talentos do Olival (o imparável Vasco Sousa e o predestinado Rodrigo Mora), podendo Iván Jaime sorrir (assunto encerrado, importa agora que o espanhol não insista nesse dossier) e Gonçalo Borges, quem sabe, jogar como nunca antes. No mundo depois de Taremi, Evanilson continua a ser o melhor avançado do FC Porto, cabendo a Fran Navarro e Toni Martínez tentar baralhar as contas.

Treinador: Vítor Bruno
Onze-Base (4-2-3-1): Diogo Costa; João Mário, Zé Pedro, Otávio, Martim Fernandes; Alan Varela, Nico González; Francisco Conceição, Pepê, Galeno (Iván Jaime); Evanilson

Atenção a: Francisco Conceição, Alan Varela, Iván Jaime, Nico González, Diogo Costa

 BRAGA (4)


     A normalidade do Sporting de Braga é este quarto lugar. Depois do extraordinário segundo lugar de 2009/ 10, em 14 temporadas os arsenalistas ficaram nove vezes em 4º, três vezes em 3º e uma vez em 9º (13/14) e em 5º. Intrometer-se até o mais tarde possível na luta pelo pódio e quiçá pelo título será o objetivo de António Salvador e Daniel Sousa, parecendo-nos esta uma temporada em que as imperfeições e vulnerabilidades dos 4 da frente podem originar deslizes e perdas de pontos improváveis.
    Começando pelo treinador, Daniel Sousa parece-nos um passo na direção certa. Aos 39 anos, o técnico chega ao ponto mais alto da sua curta carreira, mantendo a compostura, o foco e a humildade que o parecem caraterizar. O antigo adjunto e analista de André Villas-Boas vai para o seu terceiro trabalho como protagonista, tendo valorizado sempre jogadores, especialmente os espanhóis (Fran Navarro em Barcelos, Mújica e Cristo no Arouca).
    O Braga vendeu Álvaro Djaló e Abel Ruiz à La Liga, teve em Rodrigo Gomes (emprestado ao Estoril em 23/ 24) o seu maior encaixe, com o ala a mudar-se para o Wolves, e ainda deve juntar uns quantos milhões aos seus cofres com a venda de Banza.
    Os restantes craques continuam na Pedreira, parecendo-nos que Rodrigo Zalazar e Ricardo Horta podem exibir o seu melhor futebol com Daniel Sousa, e sendo o teenager Roger Fernandes um dos jogadores para seguir com muita atenção. Os primeiros indicadores são de que Gorby pode ser um dos projetos do treinador, faltando depois perceber como corre a incorporação dos reforços, vários deles demonstrativos de uma prospeção atenta: Arrey-Mbi (contratação mais cara) acrescentará velocidade à defesa; Gabri Martínez vai dificultar a titularidade de Bruma; entre El Ouazzani e Roberto Fernández veremos quem agarra o lugar que Banza tudo indica vai deixar livre, sendo certo que o Braga contará com muitos golos vindos dos homens de apoio ao avançado, mas convém ter também um 9 eficaz. 

Treinador: Daniel Sousa
Onze-Base (4-2-3-1): Matheus; Victor Gómez, Niakaté, Arrey-Mbi, Adrián Marín; Zalazar, João Moutinho (Gorby); Roger, Ricardo Horta, Bruma (Gabri Martínez); El Ouazzani (R. Fernández)

Atenção a: Rodrigo Zalazar, Roger, Ricardo Horta, Gabri Martínez, Bright Arrey-Mbi

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Os ingredientes parecem estar reunidos para uma boa época em Guimarães. Sempre sob o escrutínio dos seus exigentes adeptos, o Vitória tem alternado desde 2019 entre este 5º e o 7º lugar, impondo-se cada vez mais que os vitorianos consigam fugir à condição de ilha na tabela entre os 4 primeiros e todos os outros, dando passos no sentido de uma aproximação ao rival minhoto. Convém recordar que na última época - em que esteve bem (fixou recorde de pontos, 63) sem estar brilhante ofensivamente e foi orientado por 5 treinadores diferentes ao longo do tempo - o Vitória esteve a apenas 2 pts do pódio a seis jornadas do fim. Os conquistadores foram uma das 4 equipas com melhor registo caseiro, e espera-se que o D. Afonso Henriques continue a ser um terreno muito desconfortável para os adversários.
    Depois de um grande trabalho no Moreirense, Rui Borges subiu um degrau na classificação e terá neste novo projeto jogadores com mais qualidade para interpretar as suas ideias. O 3-5-2 ou 3-4-3 vimaranense ficou no passado, e o técnico natural de Mirandela deve preferir o 4-3-3, esquema com que a equipa se apresentou nos jogos oficiais, nas fases de acesso à Liga Conferência. Após eliminar o Floriana, o Vitória pode aliás tornar-se o primeiro clube português na Conference, precisando para tal de ultrapassar o Zurique e depois o Botev Plovdiv ou o Zrinjski Mostar.
    Sem contar com o frenético e carismático Jota Silva (transferido para o Nottingham Forest), o Vitória continua com as mesmas caras numa defesa assertiva que apenas tem João Mendes (ex-FC Porto) como novidade do lado esquerdo. No meio-campo, esta pode ser a temporada em que Tomás Händel se torna um dos médios da moda em Portugal, tendo Rui Borges vários médios muito completos às suas ordens: à sapiência de Tiago Silva e Samu (ex-Vizela) juntam-se João Mendes e Nuno Santos, dois jogadores que também podem atuar mais adiantados.
    Chegando ao ataque, Jesús "Chuchu" Ramírez é a aposta para matador, tendo apontado 20 golos e ajudado o Nacional a subir; Guimarães será palco do reencontro do venezuelano com Gustavo Silva (15 golos e 12 assistências pelo Nacional), o substituto de Jota, que ajuda a manter a elevada quota de Silvas na equipa. Kaio, mais adaptado, pode surgir mais maduro, e Ricardo Mangas começou a época a todo o gás na frente, o que pode convidar a que continue a ser aposta adiantado em vez de recuar para a lateral esquerda.

Treinador: Rui Borges
Onze-Base (4-3-3): Bruno Varela; Bruno Gaspar, Borevkovic, Jorge Fernandes, João Mendes; Tomás Händel, Tiago Silva, João Mendes (Nuno Santos); Gustavo Silva (Kaio), Ricardo Mangas, Jesús Ramírez

Atenção a: Jesús "Chuchu" Ramírez, Tomás Händel, Gustavo Silva, Ricardo Mangas, Kaio

 FAMALICÃO (6)

    O Famalicão tem sido uma das equipas mais regulares na Liga. Rampa de lançamento para jogadores como Pedro Gonçalves, Ugarte, Banza ou Iván Jaime, ficou em oitavo nas últimas três edições. Está na altura de terminar um pouco acima.
    O clube presidido por Miguel Ribeiro manteve Armando Evangelista (trabalho satisfatório nas últimas 9 jornadas, período em que herdou a equipa de João Pedro Sousa) e em termos de jogadores perdeu basicamente a frente de ataque - Cádiz foi por 3M para o México, Puma Rodríguez foi por 3M para a Sérvia e Chiquinho regressou ao Wolves. Olhando em exclusivo para essa zona do campo, os reforços parecem bastante decentes: Sorriso assinou em definitivo, Gil Dias e Rochinha podem fazer a diferença, e Mario González ambiciona reviver os seus tempos de Tondela.
    O que nos faz colocar o Famalicão à beira do Top-5 é a continuidade de Luiz Júnior (um dos melhores guarda-redes em Portugal), a manutenção do trio de médios, com especial destaque para Gustavo Sá que, ficando, parece estar no ponto para ser um dos craques de 24/ 25, e temos também muita curiosidade para ver como se adapta o lateral-direito Calegari, visto como um dos mais talentosos no Brasileirão. 

Treinador: Armando Evangelista
Onze-Base (4-3-3): Luiz Júnior; Calegari (Rodrigo Pinheiro), Mihaj, de Haas (Riccieli), Francisco Moura; Topic, Zaydou Youssouf, Gustavo Sá; Sorriso, Gil Dias (Rochinha, Aranda), Mario González 

Atenção a: Gustavo Sá, Luiz Júnior, Calegari, Mario González, Sorriso

 AROUCA (7)

    A equipa sensação da temporada anterior traz consigo várias dúvidas. Daniel Sousa deu um justíssimo salto para o Sporting de Braga, e o Arouca numa decisão bastante hipster arriscou em Gonzalo García, técnico uruguaio cujo último trabalho tinha sido na Croácia.
    A aposta em García vai ao encontro da política de mercado seguida, com cada vez mais elementos do plantel a falar castelhano, mas não podemos negar que há um grau bastante elevado de incerteza quanto à valia do novo comandante. Pela positiva, o plantel continua muito capaz e, se Gonzalo García não resultar e for despedido, não será difícil atrair interessados.
    No comparativo com a época anterior, Arruabarrena e Mújica são as saídas mais assinaláveis. O uruguaio, figura incontornável do clube nos últimos 2 anos, terminou contrato; e o dianteiro espanhol (20 golos na Liga) foi ganhar dinheiro para o Qatar, pagando o Al-Sadd ao Arouca 10 milhões pelos seus serviços.
    Cristo González (pensámos que alguém o contrataria) e Jason continuam no plantel, e entre os novos reforços recai maior pressão sobre os substitutos diretos de Arruabarrena e Mújica: o alemão Nico Mantl calçará as luvas, e Henrique Araújo (perfil técnico com algumas parecenças com Mújica) terá a oportunidade de marcar todos os golos que não marcou em Famalicão. 

Treinador: Gonzalo García
Onze-Base (4-3-3): Nico Mantl; Tiago Esgaio, Matías Rocha, Jose Fontán (Galovic), Weverson; David Simão, Pedro Santos, Sylla; Jason, Cristo González, Henrique Araújo (Trezza)

Atenção a: Cristo González, Henrique Araújo, Jason Remeseiro, Pedro Santos, Nico Mantl

 RIO AVE (8)
    Somos francos admiradores de Luís Freire e, em certa medida, torcemos para que esta seja a temporada em que o treinador luso de 38 anos consegue finalmente colher o crédito que merece. O Rio Ave atravessou bastantes dificuldades na época passada - o embargo de transferências até Janeiro e a saída posterior de Guga seriam fatores suficientes para outras equipas descerem de divisão. Mas os vilacondenses mantiveram-se coesos e terminaram num confortável 11º lugar.
    O Verão fez com que Costinha se mudasse para o Olympiacos (os "grandes" ficaram todos a dormir) e o pequenino e talentoso Joca, que acabou muito bem a temporada, abraçou nova aventura na China. No entanto, o sagaz reforço do plantel permite especular que o Rio Ave será capaz de integrar o pelotão formado por Estoril, Arouca e Famalicão. Salvo o fenótipo similar, não estamos 100% certos que João Tomé conseguirá agarrar a vaga deixada por Costinha; não excluímos por completo que o polaco Miszta retire a titularidade a Jhonatan entre os postes; e no meio-campo o regressado João Novais acrescenta meia distância e qualidade nas bolas paradas, e o germânico formado no Dortmund, Ole "Olinho" Pohlmann, deixou boas indicações na pré-época.
    Clayton (ex-Casa Pia) deve partir na frente para ser o 9, mas é nas faixas que este Rio Ave pode encher as medidas dos seus adeptos e cativar os neutros: Tiago Morais não se afirmou no Lille mas é um craque, e o prodigioso Kiko Bondoso deixou Israel para voltar a espalhar classe em solo nacional. A coexistência de Morais, Bondoso e Fábio Ronaldo deixa-nos apenas a refletir se o 3-5-2 continuará a ser o Plano A, ou se vêm aí tempos mais em 3-4-3.

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (3-5-2): Jhonatan (Miszta); Patrick William (Nóbrega), Aderllan, Renato Pantalon; João Tomé, Olinho, João Novais, Oudrhiri, Kiko Bondoso (Fábio Ronaldo); Tiago Morais, Clayton

Atenção a: Tiago Morais, Olinho, Kiko Bondoso, João Novais, Cezary Miszta

 ESTORIL (9)

    O Estoril terá esta época, salvo erro, o único treinador ruivo em Portugal e um dos 4 estrangeiros (Schmidt, García e Bacci são os restantes). O escocês Ian Cathro (38 anos) chegou à Linha claramente com o patrocínio de Jorge Mendes, depois de ter sido adjunto de Nuno Espírito Santo durante vários anos.
    A "cunha" tem o contra de demonstrar que o Estoril passa a estar semi(?) dependente do empresário português, como o Famalicão também está e o Rio Ave já esteve mais, mas também é sintoma que os canarinhos terão um plantel com reforços improváveis para a sua realidade. Sem o promissor João Marques (há muito anunciado como reforço do Braga) e Rodrigo Gomes (terminou o empréstimo e o Braga vendeu-o ao Wolves), o Estoril optou por emprestar Rodrigo Ramos ao Tondela, uma opção que nos desagrada já que o jovem de 20 anos merecia uma chance.
    Rafik Guitane continua no Mágico, mas é altamente provável que o fantasista argelino dê o salto para um clube com outras ambições (substituirá Neres no Benfica?) até ao último dia de Agosto. Joel Robles certamente assumirá a baliza, Hélder Costa regressa a Portugal com 30 anos e Gonçalo Costa (ex-Portimonense) tem condições para conquistar a pole position à esquerda a Pedro Amaral e Tiago Araújo, podendo este último ainda sair.
    Guitane à parte, o principal fator de interesse deste Estoril parece-nos poder ser Jandro Orellana. O médio defensivo espanhol de 23 anos, outrora visto como um potencial sucessor de Busquets no Barcelona, tem obrigação de fazer com que esta seja a sua equipa.

Treinador: Ian Cathro
Onze-Base (4-3-3): Joel Robles; Wagner Pina, Mangala (Vital), Pedro Álvaro, Gonçalo Costa; Orellana, Zanocelo, Michel Costa; Guitane (Fabrício), Hélder Costa, Marqués

Atenção a: Rafik Guitane, Jandro Orellana, Vinícius Zanocelo, Hélder Costa, Gonçalo Costa

 MOREIRENSE (10)

    O Moreirense surpreendeu tudo e todos com o seu sexto lugar, mas parece-nos difícil que seja dada continuidade ao ótimo momento. Moreira de Cónegos teve a quarta melhor defesa da temporada passada, e César Peixoto (técnico a que se associa um futebol mais ofensivo) procurará por certo manter o mais possível os elementos do setor recuado - Kewin na baliza, e a defesa com Fabiano e Godfried Frimpong como laterais, e 2 centrais saídos do trio Maracás, Marcelo e Ponck.
    Certamente em 4-3-3, é natural que a equipa sinta a falta do incansável Gonçalo Franco, transferido para o Swansea do Championship, surgindo Benny (ou André Castro) como provável novo companheiro de Ofori e Alanzinho. 
    No tridente mais adiantado, João Camacho rumou à Turquia e Kodisang voltou à África do Sul. Madson já vinha a jogar com frequência e, assim, a sua promoção ao 11 titular não causará estranheza. O extremo Pedro Santos, emprestado pelo Benfica, pode afirmar-se como um dos jovens desta edição, estando Gabrielzinho à espreita de uma oportunidade. E entre Asué e Guilherme Schettine, confiamos mais na veia goleadora do brasileiro.
    César Peixoto tem matéria-prima para fazer uma época tranquila, e bons hábitos deixados por Rui Borges. Falhando, começará a ser difícil imaginar que o namorado de Diana Chaves volte a merecer a confiança de qualquer clube da Primeira Liga.

Treinador: César Peixoto
Onze-Base (4-3-3): Kewin; Fabiano, Marcelo (Ponck), Maracás, Frimpong; Ofori, Benny (Castro), Alanzinho; Madson, Pedro Santos, Guilherme Schettine (Asué)

Atenção a: Alanzinho, Pedro Santos, Guilherme Schettine, Maracás, Kewin

 SANTA CLARA (11)


    O Santa Clara está de regresso. Clube habituado a boas classificações na sua estadia no principal escalão (entre 2019 e 2022 ficou sempre entre 6º e 10º caindo brutalmente em 22/ 23), o emblema açoriano não perdeu tempo na SABSEG e à primeira oportunidade voltou à piscina dos grandes. Também na Taça de Portugal houve boa campanha, durando até aos quartos-de-final, fase em que o Santa Clara perdeu com o FC Porto (2-1) num jogo invulgar disputado em 2 dias diferentes devido às condições climatéricas.
    Vasco Matos realizou um trabalho meritório e viu o seu contrato renovado até 2026, impressionando sobretudo o registo defensivo da equipa - apenas 19 golos sofridos em 34 jogos.
    Dos 10 jogadores com mais minutos disputados na época passada, todos continuam no clube, e é segundo essa noção de estabilidade, conjugada com o rigor a defender, que nos faz confiar numa época convincente. Pedro Pacheco, Lucas Soares (sólido lateral/ ala direito) e Paulo Henrique fizeram parte do onze do ano da II Liga, onde estranhamente não figurou Bruno Almeida. O médio ofensivo canhoto de 27 anos marcou 15 golos e estamos ansiosos para ver se é desta que transporta para o patamar mais alto todo o brilho e magia que o têm caraterizado nos escalões secundários.
    Com um plantel de apenas duas nacionalidades (63% brasileiro e 37% português), o Santa Clara deposita as suas esperanças em Alisson Safira como homem-golo, Gabriel Silva pode virar um caso sério se der o "clique", e é de certa forma um pequeno luxo poder contar à esquerda com MT e Matheus Pereira em simultâneo.

Treinador: Vasco Matos
Onze-Base (3-4-3): Gabriel Batista; Pedro Pacheco, Frederico Venâncio (Sidney Lima), Paulo Henrique; Lucas Soares, Klismahn, Adriano Firmino (Ricardinho), MT (Matheus Pereira); Gabriel Silva, Bruno Almeida, Safira 

Atenção a: Bruno Almeida, Safira, Matheus Pereira, Gabriel Silva, Pedro Pacheco

 FARENSE (12)

    O facto de prevermos um registo idêntico a 23/ 24 (décimo segundo lugar em vez de 10º) traduz a impressão que temos que poderá ser uma temporada nos mesmos moldes para a turma de José Mota.
    Entre as equipas do 6º até este 12º lugar, o Farense será porventura a que ainda pode enfrentar uma reta final de mercado mais problemática, caso tenha ainda que vir a reforçar-se para suprir potenciais saídas de Ricardo Velho e Mohamed Belloumi, os dois melhores jogadores da equipa. O guarda-redes de 25 anos foi o melhor na sua posição na época passada, acumulando 135 defesas e defendendo 77,9% dos remates que enfrentou, e custa a acreditar como é que continua nos leões de Faro.
    Com algumas perdas significativas (Fabrício Isidoro, Mattheus, Gonçalo Silva, Zé Luís e o goleador Bruno Duarte), os algarvios passarão a ter Raúl Silva e Lucas Áfrico como dupla de centrais, e no miolo Cláudio Falcão tem Ângelo Neto e Filipe Soares como novos amigos. Este último interessa-nos especialmente, visto que não resultou em Famalicão mas exibiu-se em grande plano no Moreirense, antes de se mudar para o estrangeiro. Na frente, o argelino Belloumi continua, e se ficar é expectável que marque mais e assista mais, e caberá ao hispânico Darío Poveda ou a Tomané fazerem esquecer Bruno Duarte.

Treinador: José Mota
Onze-Base (4-3-3): Ricardo Velho; Pastor, Lucas Áfrico, Raúl Silva, Talocha; Cláudio Falcão, Ângelo Neto, Filipe Soares; Belloumi, Marco Matias, Poveda (Tomané)

Atenção a: Ricardo Velho, Mohamed Belloumi, Darío Poveda, Filipe Soares, Ângelo Neto

 ESTRELA DA AMADORA (13)

    Colocamos o Estrela apenas um lugar acima da classificação final de 2023/ 24, mas gostamos do trabalho desenvolvido pelo clube neste defeso. Na última edição, os tricolores ficaram a somente 1 ponto do despromovido Portimonense e, com 33 golos marcados, foram a segunda pior defesa da competição.
    A saída do grande central Kialonda Gaspar (mudou-se para o Lecce, da Serie A italiana, por 2 milhões de euros) era uma inevitabilidade, e temos muita curiosidade para ver se Issiar Dramé (1,97m) mostra ser um legítimo herdeiro. A defesa conta também com o antigo benfiquista Ferro, e na baliza surpreende-nos como é que o FC Porto libertou Francisco Meixedo em definitivo. O jovem guardião de 23 anos, que numa primeira fase talvez seja suplente de Brígido, pode ser um dos destaques das balizas nesta Liga Portugal Betclic.
    Filipe Martins (3 épocas e mais uns meses no Casa Pia) parece um match perfeito para este plantel. O meio-campo viu chegar Alan Ruiz, que da última vez que esteve em Portugal deslumbrou no Arouca, e Nani é o reforço mais mediático. Campeão europeu, 112 vezes internacional por Portugal, pode acrescentar se for bem gerida a sua utilização, festejando com o seu caraterístico mortal quando marcar. A equipa teve pouco golo na temporada passada, mas é precisamente a pensar nos golos que pode representar desta feita o trio Rodrigo Pinho, André Luiz e Kikas que confiamos ao Estrela da Amadora um lugar tão distante das posições de aperto. Têm a palavra os homens da frente.

Treinador: Filipe Martins
Onze-Base (3-4-3): Francisco Meixedo; Miguel Lopes, Dramé, Ferro; Jean Filipe (Danilo), Léo Cordeiro, Alan Ruiz, Rúben Lima (Nilton Varela); Nani (Kikas), Rodrigo Pinho, André Luiz 

Atenção a: Rodrigo Pinho, André Luiz, Kikas, Francisco Meixedo, Alan Ruiz

 CASA PIA (14)
    Numa Liga em que a idade média dos treinadores é 43 anos, o Casa Pia apresenta-se com o treinador mais jovem de todos. João Pereira, o homem que guiou o Alverca à Segunda Liga, tem 32 anos.
    Os resultados nos jogos de preparação não têm impressionado, mas o arranque de campeonato (nas primeiras 6 jornadas, a deslocação à Luz é o único jogo verdadeiramente difícil) pode ajudar a ganhar confiança. O sistema encabeçado por 3 centrais era a preferência tanto de Filipe Martins como de Gonçalo Santos (mudou-se para Inglaterra para colaborar como adjunto de Marco Silva) e João Pereira deverá seguir a mesma disposição tática, até porque o seu Alverca também jogava assim.
    Além de passar a contar com a liderança de José Fonte (40 anos) no coração da defesa e no balneário, os casapianos continuam a ter em Pablo Roberto e Segovia dois jogadores que podem dar muito mais, e há muita variedade de extremos à disposição do treinador. Henrique Pereira era há uns anos uma das promessas mais cativantes do Seixal e Nuno Moreira parece estar sempre a um pequeno passo de explodir. No entanto, as principais armas no ataque renovado podem mesmo ser dois jogadores vindos de Espanha - o esquerdino Raúl Blanco, novo camisola 10, era capitão no Celta de Vigo B, e Clau Mendes tem excelentes caraterísticas para singrar em Portugal.
    Uma defesa experiente, um velocista pela direita (Larrazabal), um meio-campo com boa capacidade de ligar jogo (será que Beni vai dar o salto?) e um ataque com criatividade e alguma potência parecem os ingredientes certos para almejar até o meio da tabela. Um autêntico mistério a continuidade de Leonardo Lelo nesta equipa, com qualidade para voos mais altos.

Treinador: João Pereira
Onze-Base (3-4-3): Ricardo Batista; João Goulart (Zolotic), José Fonte, Tchamba; Larrazabal, Segovia (Beni), Pablo Roberto, Lelo; Raúl Blanco, Nuno Moreira (Henrique Pereira), Clau Mendes

Atenção a: Raúl Blanco, Clau Mendes, Pablo Roberto, Gaizka Larrazabal, Telasco Segovia

 NACIONAL (15)

    Segundo classificado na II Liga quando a prova terminou, o Nacional veio à posteriori a ser considerado campeão quando o Tribunal Arbitral do Desporto deu razão aos alvinegros, transformando um empate diante do Leixões numa vitória. Os 2 pontos conquistados na secretaria foram suficientes para ultrapassar o Santa Clara (73 vs 73), mediante a vantagem nos jogos entre ambos. No segundo escalão, os açorianos impressionaram pelo rigor defensivo, os madeirenses pelo ataque.
    A subida do Nacional traz consigo uma claque emblemática nos decibéis e na percussão e um aumento da probabilidade de jogos adiados por causa do nevoeiro. Tiago Margarido (35 anos) é um dos treinadores a seguir com atenção.
    Num 4-3-3 que tem entre os postes um verdadeiro especialista a defender grandes penalidades (Lucas França defendeu 9 penáltis em 23/ 24) é bom ver regressar ao 1º escalão o veterano João Aurélio, numa defesa que perdeu Paulo Vitor, em que Chico Gonçalves pode ser boa surpresa e que contará com duelo à esquerda entre José Gomes e Afonso Freitas. No meio-campo, o #10 Luís Esteves é sinónimo de consistência, podendo fazer-se acompanhar por Bruno Costa e uma de duas novidades, Matheus Dias ou Miguel Baeza. 
    Temos pena que o extremo Carlos Daniel não tenha acompanhado a equipa na subida, mas no ataque o principal sinal de alarme será a necessidade de substituir os 2 jogadores mais produtivos - Chuchu Ramírez (20 golos) e Gustavo Silva (15 golos e 12 assistências) assinaram pelo Vitória. Margarido tentará fazer de Isaac Tomich (muito potencial e excelentes números na formação do Atlético Mineiro) o seu novo goleador, embora deva começar Butzke a titular, esperando-se desequilíbrio de elementos como Nigel Thomas (teve bons momentos no Paços de Ferreira), Arvin Appiah e Gabriel Santos.
    Temos consciência do grande desafio que é colmatar as saídas de Chuchu e Gustavo Silva, mas o meio-campo equilibrado e a crença em Tiago Margarido levam-nos a acreditar que serão encontradas soluções, podendo o Nacional da Madeira garantir uma respiração mais folgada perto do fim da prova. 

Treinador: Tiago Margarido
Onze-Base (4-3-3): Lucas França; João Aurélio, Chico Gonçalves, Ulisses Wilson (Zé Vitor), José Gomes (Afonso Freitas); Luís Esteves, Bruno Costa, Baeza (Matheus Dias); Nigel Thomas, Appiah, Isaac (Butzke)

Atenção a: Luís Esteves, Isaac, Lucas França, Chico Gonçalves, Arvin Appiah

 GIL VICENTE (16)

    Depois de um razoavelmente tranquilo 12º lugar na época passada, pensamos que o Gil Vicente pode acabar envolvido na acesa luta pela manutenção este ano. Os galos de Barcelos têm um plantel curto e nunca é abonatório arrancar em falso. Tozé Marreco (orientou a equipa nas cinco jornadas finais da última edição) esteve no comando toda a pré-época, mas alegadas divergências com a direção originaram o fim do seu trabalho na véspera do campeonato começar. Segue-se, tudo indica, Bruno Pinheiro, que terá que fazer a sua pré-época já em competição, com um calendário inicial nada fácil para os gilistas.
    No plantel, a principal baixa é mesmo o central Gabriel Pereira (venda mais cara de sempre, mudando-se para o Copenhaga a troco de 5 milhões + 2 em objetivos), tendo também o seu peso o fim dos préstimos de Pedro Tiba e Martim Neto. Pela positiva, os emprestados Félix Correia e Mory Gbane (excelente médio defensivo) passaram a ser jogadores do Gil em definitivo. E na hora de estudar o mercado, as divisões secundárias de Espanha foram a base de recrutamento privilegiada - Santi García (médio ofensivo interessante que fez boa pré-época), Jorge Aguirre (avançado com bons movimentos) e o extremo Diego Collado são as novidades.
    Com mais ou menos sofrimento, o Gil Vicente pode safar-se depois do tumulto inicial autoinfligido, tendo o bónus de ser uma equipa que muito dificilmente tratará mal a bola. Se Maxime Domínguez estiver toda a temporada ao nível do que fez no primeiro quarto de 23/ 24 e se entre Depú e Aguirre um deles virar matador, então a vida será mais tranquila.

Treinador: Bruno Pinheiro (?)
Onze-Base (4-3-3): Andrew; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Felipe Silva (Josué Sá), Marcos Fernández (Sandro Cruz); Gbane, Maxime Domínguez, Santi García; Kanya Fujimoto (Touré), Félix Correia, Depú (Aguirre)

Atenção a: Maxime Domínguez, Santi García, Mory Gbane, Félix Correia, Depú

 AVS (17)

    O AVS (antigo Vilafranquense e sem qualquer relação com o Desportivo das Aves para além da partilha das instalações) carimbou a subida ao vencer o Portimonense, em casa e fora, duas vezes por 2-1, no Play-Off de promoção/ despromoção. O 3º lugar na Liga SABSEG foi determinado pela vantagem no confronto direto com o Marítimo, caso contrário os insulares até tinham mais golos marcados e menos golos sofridos do que a equipa então orientada por Jorge Costa.
    Como é sabido, Jorge Costa tornou-se diretor de futebol do FC Porto, e Vítor Campelos (boa escolha) é o novo treinador. Mesmo que o plantel não impressione, se a direção acreditar no projeto e for paciente com o ex-Gil Vicente e Chaves, é claramente razoável falar-se num cenário de manutenção.
    Falar do AVS é falar de Nenê. O ponta de lança brasileiro de 41 anos, que em 2008/ 09 foi o melhor marcador da Liga Sagres ao serviço do Nacional da Madeira e acima de Cardozo e Liedson, continua com o instinto apurado, brilhando com pouca mobilidade mas muita experiência e técnica. Jogador especial, ícone do clube, ótimo cobrador de livres, não nos surpreende se mesmo quarentão marcar marcar 15 ou mais golos.
    Léo Alaba (não se deixem levar pelo nome, é destro e atua pela direita) e Clayton são bons valores que vêm da época passada, o equatoriano Jhon Mercado será a principal contracena de Nenê no ataque, e o mercado tem servido para acrescentar qualidade (Aburjania deixou boas indicações no Gil Vicente, Lucas Piazón tem o seu pedigree e Rafael Rodrigues quererá aproveitar a oportunidade para regressar à Luz com outra cotação).
    Podemos estar a ser injustos com o AVS, dada a competência de Campelos e o fator Nenê (ter um avançado assim pode fazer toda a diferença), visto que na verdade vemos o clube a terminar algures entre este 17º e o 14º lugares.

Treinador: Vítor Campelos
Onze-Base (3-4-3): Pedro Trigueira; Clayton, Roux, Devenish; Léo Alaba, Aburjania, Lucas Piazón, Rafael Rodrigues; Samuel Granada (Vasco Lopes), Jhon Mercado, Nenê

Atenção a: Nenê, Jhon Mercado, Léo Alaba, Clayton, Giorgi Aburjania

 BOAVISTA (18)

    Não deverá ser chocante apontarmos o Boavista ao posto de "lanterna vermelha". Os axadrezados evitaram uma perigosa experiência no Play-Off de descida/ subida com uma grande penalidade convertida por Miguel Reisinho (que responsabilidade!) aos 90+10 da última jornada diante do Vizela, e têm procurado sobreviver numa realidade de grande aperto financeiro, acumulando inclusive na temporada passada salários em atraso e enfrentando problemas quanto à inscrição de jogadores.
    Fary (presidente da SAD) escolheu Cristiano Bacci como novo treinador. O italiano esteve longe de ser brilhante quando orientou o Olhanense há alguns anos, tendo desde então assumido um papel secundário como adjunto na Grécia, na Arábia Saudita e em Itália. Suspeitamos que até ao final da época haja pelo menos uma mudança no comando técnico.
    Desconstruindo o plantel, as preocupações adensam-se. Pedro Malheiro, Makouta e Bruno Lourenço saíram para o futebol turco, e excetuando o lateral direito (transferência de 2 milhões de euros) as restantes saídas não permitiram ao Boavista encaixar qualquer montante. Houve encaixe sim com Chidozie, central que se mudou para os EUA por 500 mil euros, um décimo do que o clube pagou por ele ao Porto em 2021. A custo zero, as principais novidades são Bruninho (emprestado pelo Atlético Mineiro) e o gigante Ibrahim Alhassan. Para já, o ponta de lança eslovaco Bozeník continua no clube das panteras regras, e no meio-campo há qualidade e esforço com Reisinho, Vukotic e Seba Pérez.
    Tudo somado, é o clube cujo diagnóstico apresenta mais pontos críticos. Acabará o Boavista a chamar Petit de urgência?

Treinador: Cristiano Bacci
Onze-Base (3-5-2): João Gonçalves; Pedro Gomes, Abascal, Filipe Ferreira; Salvador Agra, Vukotic, Sebastián Pérez (Alhassan), Miguel Reisinho, Onyemaechi; Bruninho (Tiago Machado), Bozeník

Atenção: Róbert Bozeník, Miguel Reisinho, Ilija Vukotic, Bruninho, Rodrigo Abascal

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