Roberto Martínez foi o escolhido pela FPF para substituir Fernando Santos, e esperava-se que o espanhol marcasse pela diferença. No entanto, a seleção das Quinas chega a este Europeu com 20 (em 26) jogadores que marcaram presença no Qatar, o que comprova que a principal ousadia de Martínez esteve mesmo na tentativa de falar um bom português.
Portugal foi avassalador na qualificação: 30 pontos em 30 possíveis, média de 3,6 golos por jogo e apenas dois golos sofridos. No entanto, ao longo do tempo foi ficando a dúvida se não estaria Portugal a enganar-se a si próprio, destruindo a seu bel-prazer adversários fracos para depois chegar ao Euro e claudicar ao enfrentar um teste a sério, coisa que, convenhamos, só deverá acontecer na fase a eliminar. Nesse sentido, as derrotas recentes contra a Eslovénia e sobretudo contra a Croácia terão sido positivas: Portugal não vive mais uma fantasia, e sabe que na realidade se quiser chegar onde tem obrigação (meias-finais) terá que correr, e nenhum jogador se pode esconder.
Cristiano Ronaldo (39 anos, melhor marcador de sempre em fases finais de europeus, a realizar o seu sexto Campeonato da Europa) voltará a ser tema de conversa, para o bem ou para o mal, e a gestão do capitão português, que chega à Alemanha em muito melhores condições anímicas do que chegou ao Qatar, será ponto-chave no trabalho de Martínez. É indiscutível a qualidade ao dispor do técnico, e a convocatória nem merece grande contestação (a ausência de Matheus Nunes era incompreensível, mas a lesão de Otávio acabou por corrigir esse ponto) mas convém constatar que não foram muitos os jogadores lusos que estiveram realmente num grande nível em 2023/ 24 pelos seus clubes: Vitinha e João Neves foram aliás os mais regulares num patamar alto de rendimento.
Acreditamos que Portugal conseguirá somar 9 pontos na fase de grupos, embora também tenhamos as nossas suspeitas que Roberto Martínez (ótimo a comandar a Bélgica no Mundial 2018 mas terrível por exemplo em 2022) pode acabar por complicar o fácil, inventando na hora de colocar em campo o melhor 11. Para a Geórgia, o desafio é somar o primeiro ponto numa fase final, o que poderá indicar que o Chéquia-Turquia (jornada 3) pode ser uma verdadeira final.
- Guarda-Redes: Diogo Costa (FC Porto), Rui Patrício (Roma), José Sá (Wolves)
- Defesas: João Cancelo (Barcelona), Nélson Semedo (Wolves), Rúben Dias (Manchester City), António Silva (Benfica), Pepe (Porto), Gonçalo Inácio (Sporting), Danilo Pereira (PSG), Nuno Mendes (PSG), Diogo Dalot (Manchester United)
- Médios: João Palhinha (Fulham), Rúben Neves (Al Nassr), João Neves (Benfica), Vitinha (PSG), Matheus Nunes (Manchester City), Bruno Fernandes (Manchester United)
- Extremos/ Avançados: Bernardo Silva (Manchester City), Pedro Neto (Wolves), Francisco Conceição (Porto), João Félix (Barcelona), Cristiano Ronaldo (Al Nassr), Gonçalo Ramos (PSG), Diogo Jota (Liverpool), Rafael Leão (AC Milan)
Equipa-Base (4-3-3): D. Costa; Dalot (N. Mendes), Pepe, Rúben Dias, Cancelo; J. Palhinha, Vitinha, Bruno Fernandes; Bernardo Silva (João Neves), Rafael Leão (Diogo Jota), C. Ronaldo
Honestamente, parecia 100% claro que Portugal iria surgir na Alemanha num 4-3-3 mas, depois de algum tempo sem apostar nos 3 centrais, Martínez testou algumas ideias no último amigável (República da Irlanda) e o 3-4-1-2 convenceu: Cristiano Ronaldo brilhou num improvável posicionamento, associativo, descaído para a direita no ataque, João Félix pôde surgir entre linhas como tanto gosta, Cancelo teve liberdade para atuar por fora e por dentro, e a equipa provou, ao contrário do que pensávamos, que João Palhinha não é completamente insubstituível. Não sabemos se os 3 centrais serão para manter, mas o que é certo é que duas equipas deste grupo (Chéquia e Geórgia) formarão uma linha de 3 (ou 5) atrás.
- Guarda-Redes: Ugurcan Çakir (Trabzonspor), Altay Bayindir (Manchester United), Mert Gunok (Besiktas)
- Defesas: Zeki Çelik (Roma), Mert Müldür (Fenerbahçe), Samet Akaydin (Panathinaikos), Abdülkerim Bardakci (Galatasaray), Merih Demiral (Al Ahli), Kaan Ayhan (Galatasaray), Ahmetcan Kaplan (Ajax), Ferdi Kadioglu (Fenerbahçe)
- Médios: Okay Yokuslu (WBA), Hakan Çalhanoglu (Inter), Salih Özcan (Borussia Dortmund), Ismail Yüksek (Fenerbahçe), Orkun Kökçü (Benfica), Yusuf Yazici (Lille), Arda Güler (Real Madrid)
- Extremos/ Avançados: Baris Yilmaz (Galatasaray), Kerem Akturkoglu (Galatasaray), Yunus Akgün (Leicester City), Irfan Kahveci (Fenerbahçe), Kenan Yildiz (Juventus), Semih Kilicsoy (Besiktas), Bertug Yildirim (Rennes), Cenk Tosun (Besiktas)
Equipa-Base (4-2-3-1): Çakir; Kadioglu, Akaydin, Bardakci, Müldür; Özan, Çalhanoglu; Güler, Kökçü, Yildiz (Akturkoglu); Yilmaz
Vincenzo Montella tem no 4-2-3-1 o seu esquema de eleição, com muita fluidez e sobretudo muita intensidade, caraterística inata nos turcos.
Kadioglu (pronto para dar o salto) pode jogar a lateral-esquerdo ou lateral-direito, e no meio da rua Çalhanoglu e Kökçü têm arte e engenho. Permanecem dúvidas quanto aos jogadores escolhidos para a frente de ataque, e mesmo em relação à posição em que vai jogar o prodígio Güler (ou a 10 ou a partir da direita). A qualidade é indiscutível, mas ainda falta perceber qual a melhor combinação ofensiva e como lidam dois rapazes de 19 anos com a pressão.
- Guarda-Redes: Matej Kovár (Bayer Leverkusen), Jindrichs Stanek (Slavia Praga), Vítezslav Jaros (Sturm Graz)
- Defesas: Vladimir Coufal (West Ham), David Doudera (Slavia Praga), Tomás Holes (Slavia Praga), Robin Hranác (Plzen), David Zima (Slavia Praga), Martin Vitik (Sparta Praga), David Jurásek (Hoffenheim)
- Médios: Tomás Soucek (West Ham), Lukás Cerv (Plzen), Ladislav Krejci (Sparta Praga), Ondrej Lingr (Feyenoord), Antonín Barák (Fiorentina)
- Extremos/ Avançados: Pavel Sulc (Plzen), Lukás Provod (Slavia Praga), Václav Cerny (Wolfsburgo), Matej Jurásek (Slavia Praga), Adam Hlozek (Bayer Leverkusen), Jan Kuchta (Sparta Praga), Tomás Chory (Plzen), Mojmir Chytil (Slavia Praga), Patrick Schick (Bayer Leverkusen)
A Chéquia está muito longe do patamar qualitativo dos tempos de Nedved, Poborky, Rosicky, Cech e Baros, e no seu provável 3-4-2-1 surgem dúvidas no trio de centrais. Hranác realizou uma boa temporada no Plzen e Krejci, jogador em vias de se mudar para o Girona, tem o bónus de poder funcionar como central ou médio.
Flop no Benfica, Jurásek poderá surgir na esquerda, próximo de um meio-campo comandado por Provod e Soucek, os fiéis escudeiros do trio Barák, Hlozek e Schick.
- Guarda-Redes: Giorgi Mamardashvili (Valência), Luka Gugeshashvili (Qarabag), Giorgi Loria (Dínamo Tbilisi)
- Defesas: Giorgi Gocholeishvili (Shakhtar), Otar Kakabadze (Cracovia Kraków), Guram Kashia (Slovan Bratislava), Lasha Dvali (APOEL), Solomon Kverkvelia (Al Akhdoud), Giorgi Gvelesiani (Persepolis FC), Luka Lochoshvili (Cremonese), Jemal Tabidze (Panetolikos), Levan Shengelia (Panetolikos)
- Médios: Nika Kvekveskiri (Lech Poznan), Gabriel Sigua (Basel), Sandro Altunashvili (Wolfsberger AC), Anzor Mekvabishvili (Univ. Craiova), Giorgi Kochorashvili (Levante), Giorgi Chakvetadze (Watford), Otar Kiteishvili (Sturm Graz)
- Extremos/ Avançados: Giorgi Tsitaishvili (Din. Batumi), Khvicha Kvaratskhelia (Nápoles), Zuriko Davitashvili (Bordeaux), Saba Lobzhanidze (Atlanta United), Budu Zivzivadze (Karlsruher), Giorgi Kvilitaia (APOEL), Georges Mikautadze (Metz)
Equipa-Base (5-3-2): Mamardashvili; Kakabadze, Kverkelia, Kashia, Dvali, Shengelia; Kvekveskiri, Chakvetadze, Kochorashvili; Kvaratskhelia, Mikautadze