Depois de descobrir Tapsoba (vendido ao Bayer Leverkusen por 18 milhões) e Marcus Edwards, o scouting do Vitória está em altas, e Trmal, Mumin, Bisseck, Mensah, Carls, Lyle Foster e Noah Holm mostrarão em campo se a prospecção continua a respirar saúde.
Antes do arranque do campeonato, é com muito interesse que aguardamos os trajectos de Vit. Guimarães, Famalicão e Boavista, três equipas que vão dificultar e muito a vida ao suposto Top-4. Na cidade-berço, arriscamos que o checo Trmal roubará a baliza a Bruno Varela com o decorrer da temporada, não fazendo a mínima ideia que 2 centrais Tiago prefere entre Jorge Fernandes, Mumin, Suliman e Bisseck; à direita Sílvio é alternativa a Sacko e à esquerda os dois reforços (Carls e Mensah) oferecem coisas diferentes. O meio-campo perdeu Pêpê e João Carlos Teixeira mas manteve Mikel Agu, Poha e André André, importando ainda mencionar o acréscimo de Pepelu e a promoção do francês Nicolas Janvier.
Só parece faltar um super goleador a este Vitória - há Bruno Duarte e os jovens valores Foster (ex-Mónaco) e Holm (ex-Leipzig) - que surge neste 5.º lugar muito por culpa do potencial associado a apresentar Marcus Edwards na direita e Ricardo Quaresma na esquerda. Sendo certo que Rochinha (boa pré-época) ajudará a gerir a condição física do craque de 36 anos, Quaresma tem o ego certo para render rodeado de miúdos maravilha, e sobre Marcus Edwards (melhor jogador fora do Top-4), agora com a camisola 7, se realmente ficar é indiscutivelmente o maior reforço deste Vitória de Tiago.
Atenção a: Marcus Edwards, Ricardo Quaresma, Mikel Agu, Rochinha, Pepelu
FAMALICÃO (6)
Para aqueles que acham que o Famalicão foi uma equipa-cometa, virando sensação da época em 19/ 20 mas caindo logo depois, é provável que estejam errados. O projecto de Miguel Ribeiro está bem sustentado e, com João Pedro Sousa (nunca pensássemos que continuasse após extraordinário trabalho) a prosseguir no clube, é natural que vejamos os famalicenses novamente envolvidos pela luta entre o 5.º e o 8.º classificados.
Assusta um pouco pensar que Rafael Defendi, Nehuen Pérez, Roderick, Centelles, Pedro Gonçalves, Uros Racic, Fábio Martins, Diogo Gonçalves e Toni Martínez (?) saíram todos, mas já se sabia que assim aconteceria dada a política generalizada de empréstimos em 19/ 20 e mediante a super-valorização de jogadores como Pedro Gonçalves, reforço do Sporting.
JP Sousa tem portanto um desafio idêntico - construir uma máquina de bom futebol, com muita juventude embora vários reforços sejam agora em definitivo do Famalicão, para evitar nova revolução em 21/ 22. Com um plantel com uma média de idades de 22,62, o treinador deve confiar a Zlobin a titularidade, e na defesa embora Patrick William e Riccieli sejam caras conhecidas é natural que Srdan Babic (1,95m) conquiste a titularidade. As laterais são para Dani Morer e Verdonk, prometendo o primeiro, formado em La Masia, tornar-se um dos melhores na sua posição em Portugal.
A permanência de Gustavo Assunção é certamente um sonho para o treinador, e Guga terá que fazer pela vida com as chegadas de Joaquín Pereyra e Bruno Jordão. Uma certeza é a titularidade de Andrija Lukovic, sérvio de 25 anos que vai deixar uma marca neste campeonato. Uns metros à frente, Rúben Lameiras é um dos sobreviventes, com Jhonata Robert e Valenzuela a serem os projectos mais interessantes nos extremos e passando a ser Anderson Silva, saindo Toni Martínez, o principal responsável por fazer balançar as redes contrárias.
Treinador: João Pedro Sousa
Onze-Base (4-3-3): Zlobin; Dani Morer, Patrick William, Babic (Riccieli), Verdonk; Gustavo Assunção, Guga (Pereyra, Bruno Jordão), Lukovic; Rúben Lameiras, Valenzuela (J. Robert), Anderson Silva
Atenção a: Andrija Lukovic, Gustavo Assunção, Dani Morer, Fernando Valenzuela, Srdan Babic
BOAVISTA (7)
Este é o principal rebranding do futebol português em 2020/ 21. Com Gérard Lopez (dono do Lille, ex-presidente da Lotus) a orbitar o presente e futuro do emblema do Bessa, o clube que se sagrou campeão nacional em 2000/ 01 está em vias de viver dias felizes ou, no mínimo, dias diferentes.
Petit, Miguel Leal, Lito Vidigal e Daniel Ramos treinaram todos o Boavista no espaço dos últimos 8 anos, contribuindo para o acentuar de um ADN defensivo, assertivo, com futebol musculado mas pouca fantasia. Aos 37 anos, Vasco Seabra - um dos treinadores da moda em Portugal depois de um óptimo trabalho no Mafra - regressa ao primeiro escalão muito mais treinador e com um plantel como nunca antes teve nas suas mãos.
Possível equipa-sensação desta Liga, os axadrezados contrataram bem, deixando patente uma revolução a nível de identidade no futebol do clube e notando-se que este é o início de um projecto feito para durar. Passar de Hélton Leite para Léo Jardim é ficar igual ou melhor, e na defesa o quarteto titular deve representar uma mudança radical em 100%, com o norte-americano Cannon a aparentar levar vantagem sobre Nathan, Rami (sem Pamela Anderson) e Chidozie a serem as primeiras opções ao centro, com o jovem mexicano Jesús Gómez à espreita, e podendo Ricardo Mangas dar sequência ao seu interessante crescimento, devendo o lateral-esquerdo desempenhar um papel fundamental neste Boavista se a equipa técnica de Vasco Seabra "importar" a ideia de jogo do Mafra.
No tabuleiro de xadrez, Javi García (deixou o Benfica e o futebol português em 2012) e Show devem tornar-se os primeiros nomes na ficha de jogo para Vasco Seabra, e entusiasmará qualquer adepto a coexistência de Sauer (pé esquerdo refinado, deixando de ser uma ilha solitária de criatividade), Nuno Santos e Angel Gomes. À sua frente, preparem-se, porque o hondurenho Jorge Benguché é homem para levar tudo à frente.
Treinador: Vasco Seabra
Onze-Base (4-3-3): Léo Jardim; Cannon (Nathan), Rami, Chidozie (Gómez), Ricardo Mangas; Javi García, Show (Seba Pérez), Nuno Santos; Sauer, Angel Gomes, Benguché
Atenção: Jorge Benguché, Angel Gomes, Léo Jardim, Nuno Santos, Ricardo Mangas
RIO AVE (8)
Com Carlos Carvalhal, o Rio Ave encantou a Europa, surgindo o nome dos vilacondenses lado a lado com vários "tubarões" europeus como Bayern Munique, Barcelona, PSG ou Juventus ao nível da progressão vertical - metros de progressão vertical conseguidos por uma equipa através de passes certos.
Vila do Conde teve nos últimos anos apostas de sucesso indiscutível como Carvalhal, Luís Castro, Pedro Martins e Nuno Espírito Santo, mas também falhou ao escolher Capucho ou Daniel Ramos, sendo Miguel Cardoso e José Gomes dois casos à parte (resultaram no clube, mas não singraram depois como parecia ser expectável).
Aos 43 anos, o outrora lateral-esquerdo Mário Silva, técnico que conduziu os Sub-19 do Porto à conquista da UEFA Youth League, tem neste Rio Ave a sua primeira grande oportunidade, não tendo grande representatividade a sua passagem pelo Almería. Mas por maior qualidade que o novo treinador possa ter, parece-nos evidente que este Rio Ave está mais fraco - perdeu peças-chave como Taremi, Nuno Santos e Al Musrati, sendo até ver Francisco Geraldes o reforço mais interessante.
Ainda vivos na Liga Europa, os vilacondenses entram em 20/ 21 essencialmente com a mesma defesa (a novidade é apenas Ivo Pinto) e no meio-campo o erudito Geraldes procura reencontrar-se junto de Filipe Augusto, Diego Lopes, Jambor e Tarantini (faz 37 anos em Outubro). Na frente, mesmo que Lucas Piazón e Carlos Mané dêem o salto, o Rio Ave está dependente de muitos "ses". Surgirá forte se Gelson Dala e André Pereira jogarem melhor que nunca, se Ryotaro Meshino se revelar um novo Nakajima, ou se Bruno Moreira/ Ronan David se fartarem de marcar golos.
Dada a boa gestão do Rio Ave, a lógica diz que até 5 de Outubro ainda devem chegar a Vila do Conde uns 2 ou 3 jogadores capazes de nos fazer reconsiderar a posição do Rio Ave na tabela, mas nesta altura parte atrás de Vit. Guimarães e Famalicão (e mesmo do Boavista) na luta pela Europa.
Treinador: Mário Silva
Onze-Base (4-3-3): Kieszek; Ivo Pinto, Borevkovic, Aderlan Santos, Matheus Reis; Filipe Augusto, Francisco Geraldes, Diego Lopes; Lucas Piazón (Ryotaro Meshino), Carlos Mané, Bruno Moreira (Ronan)
Atenção a: Francisco Geraldes, Carlos Mané, Borevkovic, Matheus Reis, Lucas Piazón
MOREIRENSE (9)
Quando se perde algum tempo a olhar para os números, constata-se que o Moreirense parte para a sétima temporada consecutiva na Liga NOS, tendo cimentado uma posição de conforto nos dois últimos anos: 6.º lugar com Chiquinho e Ivo Vieira em 18/ 19 e oitavo em 19/ 20. Apontar a equipa de Moreira de Cónegos ao nono lugar não é desacreditar o fantástico trabalho de Ricardo Soares ou achar que a equipa surgirá pior. Pelo contrário, sentimos que o Moreirense será uma equipa terrível para qualquer adversário, com futebol cativante. Mas há 8 equipas que têm claramente obrigação de ficar nos oito primeiros lugares.
A equipa dos manos Soares (Alex é o complemento perfeito para com a sua maturidade continuar a fazer Filipe, o mais talentoso, queimar etapas e crescer de jogo para jogo) continuará a ter dois destaques superlativos nas duas pontas do campo - Mateus Pasinato, embora com aspectos a limar, é um dos melhores guarda-redes em Portugal, e se Fábio Abreu marcou 15 golos na época passada, 20 será a nova meta do ponta de lança de 27 anos.
A repetição quase integral do onze base que nos convenceu na segunda volta da última época e a merecida possibilidade de Ricardo Soares consolidar ideias tendo desta vez uma pré-época são bons indicadores num clube em que Ferraresi (emprestado pelo Manchester City) e Pedro Amador (ex-Braga) procurarão ser verdadeiros reforços, surgindo como nossa principal dúvida quem será o titular entre Felipe Pires, Yan e Lucas Rodrigues.
Treinador: Ricardo Soares
Onze-Base (4-1-4-1): Mateus Pasinato; D'Alberto, Rosic, Ferraresi, Pedro Amador; Fábio Pacheco; Pedro Nuno, Alex Soares, Filipe Soares, Felipe Pires (Yan); Fábio Abreu
Atenção a: Fábio Abreu, Filipe Soares, Mateus Pasinato, Ferraresi, Pedro Nuno
SANTA CLARA (10)
Na transição de 2019/ 20 para 2020/ 21 um dos maiores mistérios no futebol português foi a não-valorização de Ivo Vieira e João Henriques, que deixaram respectivamente Vit. Guimarães e Santa Clara mas não foram "pescados" por nenhum clube português. O ex-Vitória rumou à Arábia Saudita, mas João Henriques - adivinha-se que não se terão aberto para ele as portas que esperava como um Rio Ave, Braga, Famalicão ou Vit. Guimarães - está sem clube, apresentando-se assim como um dos técnicos na pole position para assumir um dos clubes da Liga NOS que despeça primeiro em 2020/ 21.
Com um 10.º e um 9.º lugares nas últimas duas épocas, temporadas de recordes para o emblema dos Açores, é muito difícil que o Santa Clara faça melhor com Daniel Ramos. Com a sua cotação menos luminosa do que há uns 2 ou 3 anos atrás, Daniel Ramos foi a escolha de uma direcção que não esqueceu a sua fugaz mas feliz passagem pelo comando técnico em 2016/ 17, quando Ramos venceu 7 dos 8 jogos (na Segunda Liga) em que orientou os açorianos, rumando depois ao Marítimo.
Regra geral, quando é relativamente fácil prever qual será o 11 base de uma equipa do meio da tabela é bom sinal. E não há muito que enganar para Daniel Ramos - o guarda-redes Marco, especialista em defender grandes penalidades, é uma das figuras da equipa, Rafael Ramos é um lateral que apreciamos bastante, João Afonso e Fábio Cardoso formam uma boa dupla, embora seja difícil perceber como é que o ex-Benfica não foi contratado por ninguém, e sem a locomotiva Zaidu (reforço do Porto) será ou João Lucas ou Mansur a completar a defesa. Não há como pôr Anderson Carvalho, Rashid e Costinha no banco, e acreditamos que este Santa Clara surgirá tanto mais forte quanto maior for a capacidade de aparecer de Carlos Júnior e Lincoln. Entre eles, Thiago Santana ou Crysan.
Treinador: Daniel Ramos
Onze-Base (4-3-3): Marco; Rafael Ramos, João Afonso, Fábio Cardoso, João Lucas (Mansur); Anderson Carvalho, Costinha, Rashid; Lincoln, Carlos Jr., Crysan (Thiago Santana, Viera)
Atenção a: Carlos Júnior, Lincoln, Rashid, Fábio Cardoso, Rafael Ramos
PAÇOS FERREIRA (11)
O raciocínio que se aplica ao Moreirense aplica-se também a este Paços de Ferreira, outro exemplo de uma equipa que cresceu muito na 2.ª volta do último campeonato, edificando uma base que deixa antever boas sensações em 2020/ 21. Longe de ter a imprensa de outros treinadores com menos obra, Pepa tem trilhado um caminho bastante positivo. Na Mata Real, um mercado de Janeiro com afinações cirúrgicas e uma aposta total no futebol ofensivo chegaram para garantir uma suada manutenção quando várias rondas antes os castores pareciam condenados.
Este ano, a manutenção é o objectivo mínimo mas há jogadores para mais do que isso. Nesta fase, apenas uma eventual saída do goleador Douglas Tanque (insubstituível) pode fazer mossa na estratégia de Pepa, entusiasmando pensar que o Paços se poderá dar ao "luxo" de ter no banco jogadores como Hélder Ferreira, Castanheira, Matchoi Djaló, Luiz Carlos, Martin Calderón ou Fernando Fonseca.
Em relação à temporada anterior, uma das grandes diferenças faz-se logo sentir na baliza - Ricardo Ribeiro abandonou a Capital do Móvel e Jordi (ex-Vasco da Gama) deve ser o novo número 1. Na defesa, embora haja Marco Baixinho, o Paços fechou a época com a dupla Marcelo-Maracás, e se à direita promete haver disputa entre Jorge Silva e Fernando Fonseca, à esquerda Oleg é dono e senhor do lugar. Quem tem Diaby e Eustáquio tem pujança e classe, e de acordo com a gestão que Pepa fizer de Bruno Costa (o mais forte candidato a tentar fazer esquecer o capitão Pedrinho), logo veremos se este Paços assume mais um 4-3-3 ou um 4-2-3-1.
Para alimentar Tanque, Pepa já tinha opções muito válidas como João Amaral, Hélder Ferreira e Castanheira, além claro está de Matchoi Djaló (17 anos), mas o empréstimo de Luther Singh passa a dotar o Paços de um jogador muito forte no drible e em situações de 1 para 1.
Treinador: Pepa
Onze-Base (4-3-3): Jordi; Jorge Silva, Marcelo, Maracás, Oleg Reabciuk; Diaby, Eustáquio, Bruno Costa; João Amaral (Matchoi Djaló), Luther Singh (Hélder Ferreira, Castanheira), Douglas Tanque
Atenção a: Douglas Tanque, Bruno Costa, Stephen Eustáquio, João Amaral, Jordi