2018 acabou, o que significa que está na altura de iniciar um balanço do ano televisivo em quatro diferentes facetas: as melhores novas personagens, as melhores novas séries, os melhores episódios e finalmente as melhores séries do ano.
Elliot Alderson, Earn Marks, Wilson Fisk, Pablo Escobar, Frank Castle ou Eleven foram algumas das personagens que surgiram nos nossos ecrãs nos últimos anos. Há um ano atrás, destacámos neste espaço Ed Kemper (Mindhunter), Lenny Busker (Legion), Serena Waterford (The Handmaid's Tale), Francesca (Master of None), Candy (The Deuce), Irving (Mr. Robot), Perry Wright (Big Little Lies) e Herr Starr (Preacher), entre outros.
As melhores personagens introduzidas em 2018 chegaram, na sua esmagadora maioria, graças a séries igualmente novas (My Brilliant Friend, Killing Eve, Maniac, Sara, Barry, Homecoming, The Haunting of Hill House ou Sharp Objects). Vinte personagens pareceu-nos a conta certa para apresentar a nata televisiva, mérito iniciado no argumento e finalizado através de desempenhos únicos.
Sem estas 20 personagens, 2018 definitivamente não teria sido o mesmo.
Elliot Alderson, Earn Marks, Wilson Fisk, Pablo Escobar, Frank Castle ou Eleven foram algumas das personagens que surgiram nos nossos ecrãs nos últimos anos. Há um ano atrás, destacámos neste espaço Ed Kemper (Mindhunter), Lenny Busker (Legion), Serena Waterford (The Handmaid's Tale), Francesca (Master of None), Candy (The Deuce), Irving (Mr. Robot), Perry Wright (Big Little Lies) e Herr Starr (Preacher), entre outros.
As melhores personagens introduzidas em 2018 chegaram, na sua esmagadora maioria, graças a séries igualmente novas (My Brilliant Friend, Killing Eve, Maniac, Sara, Barry, Homecoming, The Haunting of Hill House ou Sharp Objects). Vinte personagens pareceu-nos a conta certa para apresentar a nata televisiva, mérito iniciado no argumento e finalizado através de desempenhos únicos.
Sem estas 20 personagens, 2018 definitivamente não teria sido o mesmo.
1. Teddy Perkins (Donald Glover, Atlanta)
Há um ano atrás, o nosso destaque máximo foi Ed Kemper, que em Mindhunter entrou em apenas 3 episódios. Desta vez fomos mais longe, entregando o 1º lugar a uma personagem que entrou num episódio apenas.
Teddy Perkins é assustador, mas faz rir. É o pai, é o filho, é o irmão. É Teddy, é Benny. É Donald Glover sem admitir que o é, é o rosto de uma obra-prima e um ensaio sobre Michael Jackson e sobre as infâncias roubadas e Jackson e Marvin Gaye. É o melhor que a televisão nos deu em 2018 e a prova (como se fosse preciso mais uma) que Donald Glover é um génio.
3. Lalo Salamanca (Tony Dalton, Better Call Saul)
Finalmente conhecemos Lalo. Desde que Better Call Saul começou, uma das linhas proferidas por Saul Goodman em Breaking Bad que sustentava maior mistério era It wasn't me, it was Ignacio, questionando segundos depois Walter e Jesse se não estavam naquele local enviados por Lalo.
À 4ª temporada de BCS chegou o momento de Lalo ser introduzido. E bem que a série precisava de tamanho carisma e imprevisibilidade para agitar a acção nas temporadas finais. A sua introdução no final do oitavo "Coushatta", na cozinha e com cada frase dita a Nacho com duplo sentido, coloca-o talvez na pole position destes 20 em termos de primeira impressão. Figurou apenas nos últimos três episódios da temporada, mas promete tornar-se inesquecível durante os próximos anos.
4. Annie Landsberg (Emma Stone, Maniac)
Se no ano passado nos apaixonámos por Francesca (Master of None), a nossa crush deste ano é Annie Landsberg, a personagem de Emma Stone no reencontro com Jonah Hill pós-Superbad.
A constante e acelerada alternânica de tom da série, por via dos sonhos cruzados dos protagonistas, fez de Maniac um parque de diversões para a multifacetada Stone. Entra no estudo farmacêutico em busca de mais uns comprimidos para se drogar, e acaba a experimentar um sem número de personas. Não é por acaso que a série atinge a perfeição quando é inquirida em "Exactly Like You" e no confronto com a irmã em "Utangatta".
Nos seus melhores momentos, o Miguel Ángel Félix Gallardo de Diego Luna fez-nos lembrar o Michael Corleone de Al Pacino. Difícil fazermos maior elogio.
Parte da graça de acompanhar esta temporada de Narcos em novo território foi testemunhar a ascensão do estratega Félix Gallardo a nº 1 do narcotráfico mexicano. Contracenando com caras bem conhecidas do universo da série da América do Sul, sujando as mãos junto a um elevador e atingindo o seu momento mais cruel (até aí fez lembrar Al Pacino com Diane Keaton) diante da mulher.
Teddy Perkins é assustador, mas faz rir. É o pai, é o filho, é o irmão. É Teddy, é Benny. É Donald Glover sem admitir que o é, é o rosto de uma obra-prima e um ensaio sobre Michael Jackson e sobre as infâncias roubadas e Jackson e Marvin Gaye. É o melhor que a televisão nos deu em 2018 e a prova (como se fosse preciso mais uma) que Donald Glover é um génio.
2. Lenù & Lila (Margherita Mazzucco & Gaia Girace, My Brilliant Friend)
O único lugar partilhado nesta lista fica entregue às amigas Lenù e Lila. Efectivamente, Lila é a personagem com mais vida e fogo das duas, mas é impossível não as considerar pelo duo que formam. Em perfeito equilíbrio desde tenra idade (excelente casting de actrizes desconhecidas, incluindo Elisa del Genio e Ludovica Nasti nas versões mais novas de Mazzucco e Girace), colocaram no ecrã uma rica fotografia do que é ser criança, crescer e ser mulher.
Tudo é belo, tudo é genuíno e honesto, e os temas são universais: desde as brincadeiras de crianças para as quais só existe o hoje e o agora, aos problemas de adolescência e às invejas, até aos horizontes afunilados ou futuros destinados por via da condição social. Um pouco como a trilogia Before de Linklater, será entusiasmante acompanhar a meiga Lenù e a temperamental Lila durante os próximos anos.
Finalmente conhecemos Lalo. Desde que Better Call Saul começou, uma das linhas proferidas por Saul Goodman em Breaking Bad que sustentava maior mistério era It wasn't me, it was Ignacio, questionando segundos depois Walter e Jesse se não estavam naquele local enviados por Lalo.
À 4ª temporada de BCS chegou o momento de Lalo ser introduzido. E bem que a série precisava de tamanho carisma e imprevisibilidade para agitar a acção nas temporadas finais. A sua introdução no final do oitavo "Coushatta", na cozinha e com cada frase dita a Nacho com duplo sentido, coloca-o talvez na pole position destes 20 em termos de primeira impressão. Figurou apenas nos últimos três episódios da temporada, mas promete tornar-se inesquecível durante os próximos anos.
Se no ano passado nos apaixonámos por Francesca (Master of None), a nossa crush deste ano é Annie Landsberg, a personagem de Emma Stone no reencontro com Jonah Hill pós-Superbad.
A constante e acelerada alternânica de tom da série, por via dos sonhos cruzados dos protagonistas, fez de Maniac um parque de diversões para a multifacetada Stone. Entra no estudo farmacêutico em busca de mais uns comprimidos para se drogar, e acaba a experimentar um sem número de personas. Não é por acaso que a série atinge a perfeição quando é inquirida em "Exactly Like You" e no confronto com a irmã em "Utangatta".
5. Villanelle (Jodie Comer, Killing Eve)
Fascinante e imprevisível, Villanelle é um dos superlativos destaques num ano fortemente marcado por novas personagens femininas. Oxana Vorontsova de nascimento, a assassina obcecada por Eve não tem medo de nada, interage com crianças como poucas pessoas, e colecciona momentos dignos de puxar qualquer um para o seu lado. Instantaneamente, uma daquelas vilãs que adoramos odiar, tem energia e charme para dar e vender.
Fascinante e imprevisível, Villanelle é um dos superlativos destaques num ano fortemente marcado por novas personagens femininas. Oxana Vorontsova de nascimento, a assassina obcecada por Eve não tem medo de nada, interage com crianças como poucas pessoas, e colecciona momentos dignos de puxar qualquer um para o seu lado. Instantaneamente, uma daquelas vilãs que adoramos odiar, tem energia e charme para dar e vender.
6. Miguel Ángel Félix Gallardo (Diego Luna, Narcos: Mexico)
Nos seus melhores momentos, o Miguel Ángel Félix Gallardo de Diego Luna fez-nos lembrar o Michael Corleone de Al Pacino. Difícil fazermos maior elogio.
Parte da graça de acompanhar esta temporada de Narcos em novo território foi testemunhar a ascensão do estratega Félix Gallardo a nº 1 do narcotráfico mexicano. Contracenando com caras bem conhecidas do universo da série da América do Sul, sujando as mãos junto a um elevador e atingindo o seu momento mais cruel (até aí fez lembrar Al Pacino com Diane Keaton) diante da mulher.
Sobrevivendo à erosão do tempo - American Crime Story esteve no ar entre Janeiro e Março de 2018 -, tivemos logo a certeza que Darren Criss como Andrew Cunanan estaria aqui mal terminou o primeiro episódio da antologia The Assassination of Gianni Versace.
Para Criss, uma degrau na sua carreira que jamais esquecerá; para o compêndio de assassinos de Ryan Murphy, um dissimulado e frustrado psicopata em busca de fama, apaixonado pelo status quo e caído em desgraça, fazendo tombar vários corpos no seu caminho. Ao longo dos 9 episódios, a tentativa de o humanizar recorrendo ao seu passado não apaga tudo o resto. E bem.
Para Criss, uma degrau na sua carreira que jamais esquecerá; para o compêndio de assassinos de Ryan Murphy, um dissimulado e frustrado psicopata em busca de fama, apaixonado pelo status quo e caído em desgraça, fazendo tombar vários corpos no seu caminho. Ao longo dos 9 episódios, a tentativa de o humanizar recorrendo ao seu passado não apaga tudo o resto. E bem.
8. Barry Berkman (Bill Hader, Barry)
Um assassino contratado a atravessar uma crise e em conflito interno é algo que já tínhamos visto. Patriot fora o exemplo mais recente. No entanto, Barry Berkman foi mais longe - Barry fez do seu protagonista uma das personagens do ano ao rodear o actor mais cómico do elenco (Hader) de outros talentos, tornando-o o mais fechado e asfixiado. Assassino letal, porém actor falhado, excepto naquele "My lord, the Queen is dead", o verdadeiro clímax da temporada.
9. David Budd (Richard Madden, Bodyguard)
Querem a prova de que Richard Madden pode ser um bom James Bond no futuro? Vejam Bodyguard. Numa das séries mais tensas do ano, guardamos de David Budd a postura militar rígida, a frieza em situações-limite e toda a dinâmica com a Ministra da Administração Interna, Julia Montague (Keeley Hawes).
10. Amma Crellin (Eliza Scanlen, Sharp Objects)
Sharp Objects é Amy Adams. Ponto. Mas se a melhor interpretação individual pertence à actriz nomeada para 5 óscares, a melhor personagem é Amma Crellin, a introduzir a novata Eliza Scanlen.
Em permanente oscilação, ora ultra-vulnerável e menina da mamã, ora ultra-rebelde, macabra e promíscua, Amma é uma jovem força da natureza. E aquele twist ajuda a cimentar a sua posição no nosso Top.
11. Walter Cruz (Stephan James, Homecoming)
Belo ano, Stephan James. Protagonista masculino no novo filme de Barry Jenkins, If Beale Street Could Talk, e um coadjuvante de excelência no drama do ano da Amazon, olhos nos olhos com Julia Roberts.
Walter Cruz é um soldado de regresso a casa. Esperançoso, positivo, e uma cobaia que não sabe bem a causa que abraça.
12. NoHo Hank (Anthony Carrigan, Barry)
Em todas as cenas que entra, as cenas são dele. Sintoma clássico de uma boa personagem. Se Barry teve um travezinho tão diferente, uma fatia generosa desse mérito pertenceu ao mafioso bem disposto e generoso NoHo Hank. Que dupla, Anthony Carrigan e Glenn Fleshler!
13. Johnny Lawrence (William Zabka, Cobra Kai)
Entre as 20 personagens escolhidas, Johnny Lawrence é o único que já conhecíamos antes de 2018. Mais precisamente, conhecemo-lo em em 1984 como o adversário bully de Daniel LaRusso que queríamos ver perder em Karate Kid.
34 anos depois, a redenção - e uma célebre teoria de Barney Stinson em How I Met Your Mother a ganhar vida. Cobra Kai é saudosismo puro, mas se a escrita equilibrada nos faz alternar no favoritismo da nova geração, em momento algum (desta vez) olhamos para Zabka e vemos um antagonista. Muito pelo contrário.
14. Nell Crain (Victoria Pedretti, The Haunting of Hill House)
Carla Gugino incorporou na perfeição a loucura de Hill House, o nosso outro destaque (Oliver Jackson-Cohen como Luke) terá tido igualmente na série uma montra ou rampa de lançamento, mas para nós Victoria Pedretti como Nell Crain é a definitiva revelação da série.
A irmã gémea de Luke - a relação entre ambos, tanto em pequenos como em jovens adultos, deixa uma forte impressão - é a alma da série e o maior emblema do trauma. Que sina ter que levar com aquela Bent-Neck Lady.
15. Kiki Camarena (Michael Peña, Narcos: Mexico)
Narcos: Mexico viveu basicamente da dualidade do seu yin e yang. De um lado, o narcotraficante Miguel Ángel Félix Gallardo; do outro, Kiki. O agente da DEA, destacado para o seu país de origem, revelou-se um osso duro de roer e a primeira mudança na caixa de velocidades para o que está para vir. Fim trágico, percurso intenso.
16. Agente (Albano Jerónimo, Sara)
Pela primeira vez desde que compilamos os melhores do ano na TV, um actor português numa série portuguesa (no ano passado destacámos Pêpê Rapazote em Narcos).
Sara respira de acordo com os pulmões de Beatriz Batarda, num desempenho para o qual as palavras se esgotam da actriz de 44 anos. Ainda assim, descolando a personagem da interpretação - e tão bom que é ver uma série portuguesa em que há efectivamente personagens -, o agente imaginário de Sara Moreno merece um lugar aqui. Primeiro, pela sua função, postura, traje, mimetismo e subconsciente capacidade argumentativa; segundo, porque nos deu gozo ver a forma como Albano Jerónimo abraçou a personagem. Melhor momento? Aquela energética prestação suada num lar, pleno de liberdade.
17. Charlie (Florence Pugh, The Little Drummer Girl)
É sinal que estamos perante uma super-actriz e uma personagem bem desenvolvida quando em The Little Drummer Girl, Florence Pugh partilha diversas cenas com Alexander Skarsgard e Michael Shannon e mesmo assim é sempre ela o íman da atenção do espectador.
A sua Charlie, um camaleão com talento para o palco recrutado para espionagem, é o passaporte definitivo da actriz britânica para papéis de relevo.
18. Greg Hirsch (Nicholas Braun, Succession)
Succession é uma espécie de Game of Thrones corporativo. Um jogo de poder em busca de um trono que tarda em ficar vago, mas passado no séc. XXI, com milhões de dólares, acções e o peso do apelido Roy no centro.
Ao lado de interpretações excelentes como as de Brian Cox e Jeremy Strong, o primo Greg, ovelha negra da família e convidado inusitado, conseguiu puxar para si os holofotes e afirmar-se consecutivamente como uma das personagens mais cómicas do ano. O humor físico, a parceria com Tom, as situações absurdas em que se vê envolvido... tudo.
19. Benjamin 'Dex' Poindexter (Wilson Bethel, Daredevil)
O agente Poindexter, um Bullseye a ser cozinhado, não conseguiu marcar a 3ª e última temporada de Daredevil como Vincent D'Onofrio e Jon Bernthal tinham feito nas anteriores como Wilson Fisk e Frank Castle. Não obstante, serviu o seu propósito - manipulado por Fisk, vestiu o fato do Demolidor para enfrentar o verdadeiro Homem sem Medo. As cassetes e a visita à sua infância em tons de cinza ajudam a colocá-lo aqui.
20. Luke Crain (Oliver Jackson-Cohen, The Haunting of Hill House)
Luke, que não é o único representante do clã Crain nos nossos 20 escolhidos, é porventura a personagem mais empática do fenómeno de terror The Haunting of Hill House. O gémeo de Nell, atormentado pelo passado na casa e com necessidade de anestesiar o seu sofrimento através da droga, personifica a progressiva reabilitação da família. Um papel que terá colocado Oliver Jackson-Cohen no mapa.