26 de maio de 2017

Prémios BPF Liga NOS 2016/ 17

    Após termos partilhado os nossos prémios referentes à Premier League, chegou a vez da nossa Liga NOS.
    Uma temporada cheia de extra-futebol que terminou com o campeão mais provável - o Benfica. Numa época pouco exuberante, venceu a equipa mais regular, com ADN e estofo de campeão e a que menos gritou fora de campo.
    2016/ 17 foi uma edição cheia de surpresas e desilusões. Equipas como Vitória SC e Feirense acabaram por fazer temporadas notáveis graças aos trabalhos de Pedro Martins e Nuno Manta, respectivamente. No que toca aos artistas de campo, os mais preponderantes na Liga NOS foram mesmo os de Benfica e Porto, embora jogadores como Gelson e Bas Dost tenham sido, quase por si só, os abonos de família do Sporting durante grande parte da época (sobretudo o holandês que alcançou números surpreendentes). Em clubes de menor dimensão, Vaná foi fulcral para a boa época do Feirense, Soares e Marega uma dupla mortal para os adversários, Iuri um ilusionista que merece palcos maiores e Fábio Martins um talento impressionante com especial apetência para os grandes golos. Quanto a jovens jogadores, é inevitável olharmos para Gelson e André Silva e constatarmos o quanto cresceram. Hoje temos bem assente que são dos melhores jogadores da nossa Liga e estarão na Taça das Confederações. Há um ano jogavam mais vezes nas respectivas equipas B.
    Avancemos então para os nossos escolhidos:



Guarda-Redes: Jorge Jesus disse há alguns anos, e bem, que um bom guarda-redes é aquele que dá pontos. E foi isso mesmo que estes 5 guardiões deram às suas equipas ao longo de 2016-17.
    Ederson foi um dos principais responsáveis pelo tetracampeonato do Benfica. Facto. O guarda-redes brasileiro de 23 anos, um dos activos mais valiosos dos encarnados, decidiu diversos jogos, mantendo o Benfica em jogo com defesas do outro mundo, e transmitindo aos colegas toda a sua tranquilidade e confiança, sempre com pinceladas de loucura (e, quanto a nós, todos os GR têm que ter uma certa dose de loucura). Numa equipa que fechou a época como melhor defesa (18 golos sofridos contra 19 do Porto), Ederson foi absolutamente determinante, tornando-se não só o melhor guarda-redes em Portugal mas também um dos principais jogadores desta edição. Com um perfil que o torna um dos mais promissores guardiões do futebol moderno, foi a apólice de seguro do Benfica, e o primeiro jogador a pensar no ataque (que pontapé tem o brasileiro).
    Depois, e embora Iker Casillas (grande época, a voltar ao nível que o imortalizou no Real Madrid e na Espanha) tenha sido o guarda-redes que somou um maior nº de jogos sem golos sofridos, no nosso entender Vaná teve mais impacto no trajecto do seu Feirense. Aos 26 anos, o guardião de Nuno Manta foi o jogador mais importante da equipa, e em grande parte se deve a ele o 8.º lugar da equipa de Santa Maria da Feira. Como curiosidade, as duas melhores exibições de guarda-redes em 2016-17 aconteceram no Dragão: o "muro elástico" Vaná num 0-0 inesperado, e uma super-exibição de Marafona num jogo que Rui Pedro decidiu.
    Entre Marafona, Cláudio Ramos e Bruno Varela, preterimos o jogador do Vit. Setúbal (grandes exibições contra os "grandes"), mediante a grande 1.ª volta de Marafona, e a preponderância de Cláudio Ramos na manutenção do Tondela. Parece-nos ter tudo para dar o salto. Já relativamente a Rui Patrício, a época menos conseguida não apaga a qualidade daquele que foi não só o melhor guarda-redes da última Liga NOS como também o melhor nº 1 do Euro-2016.


Lateral Direito: Nélson Semedo farta-se de correr. O lateral-direito do Benfica, naquela que acreditamos que tenha sido a sua última época de águia ao peito tal o nível que apresentou, jogou como nunca, cresceu defensivamente, e revelou-se um vaivém sempre a alta intensidade no corredor direito dos campeões nacionais. Numa equipa à qual faltou algumas vezes maior criatividade e imaginação, coube ao ex-Sintrense o atrevimento de puxar pela equipa em variadíssimos jogos, exibindo-se com uma regularidade como poucos jogadores conseguiram esta época. Marcou 1 golo, fez 6 assistências e foi um dos 3 jogadores mais regulares do primeiro classificado.
    Olhando para os restantes nomeados, e tendo presente que Maxi Pereira esteve bastante abaixo do seu passado recente e Schelotto só no último terço surgiu em bom plano, urge olhar extra-grandes. Bruno Gaspar evoluiu muito com Pedro Martins, podendo inclusive ser transferido neste defeso, Patrick Vieira contribuiu activamente para uma ascensão absolutamente fantástica do Marítimo, e Paulinho (embora tenha acabado a época sentado no banco) foi uma espécie de "Carvajal", correndo-lhe melhor a vida em Chaves do que posteriormente em Braga. Víctor García, Baiano e Sagna tiveram todos bons períodos, mas Edu Machado (Boavista) foi superior, roubando inclusive a titularidade ao sempre fiável Tiago Mesquita.


Defesa Central (Lado Dto.): É uma pena que os dois melhores defesas centrais desta Liga NOS 16-17 (Lindelöf e Marcano) tenham actuado do lado esquerdo no coração das defesas de Benfica e Porto. O azar de uns, é a sorte de Felipe. O central brasileiro, contratado ao Corinthians no Verão passado, formou a melhor dupla da competição com Marcano, e no seu jeito competente e eficaz embora tecnicamente limitado e bastante durinho, impôs-se rapidamente, juntando ainda 2 golos ao seu portefólio.
    Coates foi o melhor defesa do Sporting, variando o seu companheiro (primeiro Rúben Semedo, mais tarde Paulo Oliveira), e Luisão manteve-se aos 36 anos de pedra e cal no onze encarnado (as lesões de Jardel contribuíram para tal, mas continuamos a achar que Lindelöf-Jardel teria sido a melhor dupla para as águias), melhorando à medida que a época decorreu.
    Frederico Venâncio começou bem a época, Marcelo esteve uns furos abaixo daquilo que nos habituou, Flávio Ramos deixou boas indicações, e Maurício surgiria certamente aqui se não se tivesse lesionado. Por tudo isto, Josué Sá e Ponck são os defesas que merecem fechar este lote.


Defesa Central (Lado Esq.): Compreendemos perfeitamente quem escolher Marcano, tal a consistência do espanhol, um verdadeiro exemplo na defesa portista. Lindelöf atravessou um período difícil, talvez por ter sido forçado a adaptar-se a jogar do lado esquerdo quando o seu habitat natural é o lado direito, mas a qualidade do sueco veio ao de cima, e o golo em Alvalade teve também um peso significativo na história do campeonato.
    Como já dissemos, Felipe sai beneficiado neste onze quando os 2 melhores defesas centrais desta edição foram Lindelöf e Marcano, o primeiro um dos centrais com maior potencial no futebol europeu, e o segundo alguém que nos parece um legítimo capitão para os azuis e brancos.
    Para além desta dupla, Raúl Silva (o novo reforço do Braga, acompanhando os colegas Fransérgio e Dyego Sousa) marcou uns incríveis 7 golos (tantos como Jiménez ou Iuri Medeiros, por exemplo), revelando no entanto algumas lacunas do ponto de vista defensivo.
    Lucas foi um gigante na defesa do Boavista, substituindo com qualidade o seu antecessor Paulo Vinícius, e Pedro Henrique, "Pedrão" para os amigos, formou uma excelente dupla com Josué, uma parelha bem trabalhada por Pedro Martins.


Lateral Esquerdo: Talvez a história fosse outra se Grimaldo não se tivesse lesionado, mas com a lesão do espanhol é absolutamente indiscutível que a eleição de melhor lateral-esquerdo teria que ser entre Alex Telles e Nélson Lenho. O brasileiro do Porto ganha vantagem pelo seu impacto ofensivo - 1 golo e 8 assistências -, afirmando-se como um excelente cobrador de bolas paradas.
    O capitão do Chaves, Lenho, foi um dos principais destaques de uma equipa que muito provavelmente seria a sensação da temporada se o Feirense não tivesse escolhido Nuno Manta para treinador; e de resto, Rafa Soares aproveitou a temporada para evoluir num Rio Ave cheio de jovens de qualidade, reclamando uma oportunidade no plantel do Porto 17-18, e Ailton Silva (emprestado pelo Fluminense ao Estoril) mostrou ter potencial para voos bem mais altos.
    Por fim, e sem esquecer as boas temporadas de Konan, Vítor Bruno e Sequeira, Álex Grimaldo arrancou a época num nível fantástico (até se lesionar estava a ser um dos jogadores com um nível mais alto em Portugal), mas as lesões custaram-lhe parte da época e um lugar mais acima neste quinteto. Estamos curiosos para ver o espanhol em 2017-18.


Médio Centro: Não é fácil escolher entre Danilo Pereira e Ljubomir Fejsa. Mas, à tangente, o internacional português tem vantagem.
    Se o Porto teve, durante parte da época, capacidade para perseguir o líder Benfica, encurtando distâncias que mais tarde foram ampliadas novamente, Danilo Pereira foi um dos jogadores-chave. Um monstro (no bom sentido da palavra) na antecipação, quase imbatível nos duelos individuais, Danilo teve raça para dar e vender, mas que acabou por não se revelar suficiente. A necessidade do Porto em vender pode levá-lo a sair de Portugal, e caso saia sai em grande, deixando saudades.
    Já Fejsa (10 vezes campeão nos últimos 9 anos) continua a ser para nós o melhor trinco em Portugal, e um elemento insubstituível nos encarnados. Numa época felizmente pouco afectada por lesões, Fejsa esteve incrível no início do campeonato e nas jornadas finais, acabando por ser esse menor fulgor a meio da época que nos faz votar em Danilo. Mas, não se enganem: a nível de posicionamento, desarme, antecipação e leitura de jogo, Fejsa é uma raridade.
    Assis brilhou em Chaves, sofrendo depois com a rotação em Braga (em 2017-18 Abel tem que o encarar como um titular indiscutível), Erdem Sen foi um verdadeiro achado por parte do Marítimo, e Mikel Agu cresceu sob a orientação de Couceiro, estando agora preparado para lutar por um lugar no plantel do Porto. William Carvalho desiludiu, e Cauê merece um elogio sobretudo pelo nível da primeira volta.


Médio Centro: Coloca a mão junto à testa, numa continência para os amigos de Bragança que parece representar o vislumbrar de horizontes. Porque é ele, o pensador de jogo do Benfica, quem descobre, desenha e constrói o futebol do campeão nacional.
    Será mais ou menos consensual que o esquema dos encarnados pede um jogador com um perfil Enzo Pérez. Alguém intenso, acutilante, explosivo, um poço de energia capaz de ir e voltar. Também por isso fez sentido a aposta em Renato Sanches, a nossa escolha para esta posição em 2015-16, que compensava em raça e força o que a idade ainda não lhe tinha dado em cultura táctica. Pizzi não é o 8 que o Benfica deveria ter, mas ainda assim foi o melhor 8 e o jogador mais influente desta Liga NOS 2016-17. Jogador com maior nº de passes e maior nº de oportunidades de golo criadas, foi um indiscutível (terminará a época com 52 jogos nas pernas) para Rui Vitória, correndo quilómetros e quilómetros por jogo, e funcionando como organizador de jogo do tetracampeão. O comandante e cérebro do Benfica, jogador maduro e tacticamente refinado, jogou, fez jogar, marcou 10 golos e fez 8 assistências.
    Embora irregulares, as melhores versões de Porto e Sporting surgiram quando Óliver e Adrien Silva estiveram no seu melhor, Hurtado mandou no miolo do Vitória, articulando-se muitíssimo bem com Hernâni e Marega, e Battaglia evoluiu a olhos vistos, primeiro em Chaves e depois em Braga. Tivéssemos 6 vagas, e haveria espaço para Pedrinho.


Extremo Direito: Um dos jogadores com maior talento puro no nosso país é o primeiro de 2 jogadores dos leões a surgir no onze. Gelson Martins, o menino em que Jesus acredita, não conseguiu estar sempre ao mesmo nível, mas foi o melhor extremo-direito desta Liga. Jogador com mais assistências (10) e um driblador nato com um potencial enorme, foi o plano A do Sporting numa temporada em que o colectivo fracassou e a equipa se limitou quase sempre a apostar na mesma fórmula - bola em Gelson para ele desequilibrar individualmente num lance de génio, e cruzamento para Bas Dost. 
    Curiosamente, o nosso 2.º nome pode muito bem ser a concorrência de Gelson em 2017-18. Iuri Medeiros brilhou no Arouca, brilhou no Moreirense, e voltou a brilhar no Boavista. Será simplesmente criminoso se Iuri não tiver lugar cativo no plantel leonino da próxima época.
    Pedro Santos foi um dos melhores jogadores no início do campeonato, Gil Dias uma das revelações da época com a sua potência física, e Murillo (emprestado pelo Benfica ao Tondela) foi quem mais fez do ponto de vista ofensivo pelo Tondela. Corona merecia, no nosso entender, mais minutos, Perdigão e João Amaral estiveram bem, e Salvio (embora termine a época com bons números) teve lugar cativo no 11 do Benfica quando durante várias jornadas acumulou más decisões e um futebol previsível.


Extremo Esquerdo: Quando ele quer, joga tanto... Numa temporada com histórias por contar (alguém que nos explique a gestão do dossier Layún por parte de Nuno Espírito Santo), custa a crer como é que o Porto se deu ao luxo de jogar bastante tempo sem Brahimi no seu 11. Resolvidos esses assuntos de bastidores, o argelino mostrou em campo toda a sua qualidade técnica, driblando adversários com a bola colada ao pé, e desfazendo oponentes com a sua criatividade.
    O génio Brahimi leva uma pequena vantagem sobre Fábio Martins, um dos Most Improved Players desta época. O extremo do Chaves mostrou que ainda vai a tempo de ter uma carreira especial (Abel, está aqui um dos potenciais craques do Braga versão 17-18), com golos do outro mundo e diagonais venenosas.
    Hernâni brilhou na cidade-berço, com 8 golos, uma recta final num nível avassalador e qualidade suficiente para levantar a questão: não deveria o Porto acreditar nele?
    Entre a vasta gama de extremos do Benfica (no início de época havia Salvio, Zivkovic, Rafa, Carrillo, Cervi, Pizzi e Guedes capazes de fazer a posição), é curioso constatar que Cervi é o único jogador encarnado que surge nas duas categorias de extremos, depois de uma adaptação rápida ao futebol português. Guedes foi muito importante a Segundo Avançado até ir para o PSG, Pizzi acabou por ser médio centro, e esperávamos bastante mais quer de Rafa, quer de Zivkovic.
    Finalmente, e num Sporting cinzento em ideias, Bruno César acabou por ser um dos jogadores com rendimento acima da média.


Avançado Centro/ Segundo Avançado: A existência de mais do que 5 pontas-de-lança que merecem ser referidos nestas contas, e menos do que 10, levam-nos a optar por alguma ginástica capaz de fazer coexistir no onze final Soares e Dost.
    O avançado que começou a temporada no Vit. Guimarães, agarrando com unhas e dentes a oportunidade quando se transferiu para o Dragão, foi um dos grandes destaques de 2016-17, e porventura o jogador com uma evolução mais inesperada. Estava à vista de todos a qualidade de Tiquinho Soares no Nacional, mas poucos diríamos no começo da época que passados alguns meses seria titular indiscutível num dos 3 grandes. Sensacional ao serviço da equipa de Pedro Martins, sai valorizado uma vez que o melhor Porto da época coincidiu com a sua chegada à Invicta. Uma espécie de Diego Costa ("morde" os defesas, imprimindo uma pressão alta, e luta imenso, sem nunca dar uma bola por perdida) que terá que demonstrar na próxima temporada que é capaz de dar continuidade a tudo o que nesta houve de bom.
    Jonas (apenas 19 jogos na Liga, 15 a titular) perdeu grande parte da época lesionado, mas ainda foi a tempo de demonstrar porque é que é o Melhor Jogador em Portugal, elevando o futebol do Benfica com a sua classe e virtuosismo técnico; Marega, embora a jogar mais no flanco surgindo frequentemente em zonas de finalização, marcou 13 golos tornando-se um herói para os vimaranenses; Krovinovic, naturalmente um médio ofensivo e não um segundo avançado, revelou-se um diamante em bruto (impossível continuar em Vila do Conde depois do que mostrou) e Fransérgio, algumas vezes a falso 9, também realizou uma boa época.


Ponta de Lança: 31 jogos, 34 golos. O matador do Sporting realizou uma temporada inesquecível, conseguindo na sua 1.ª temporada em Portugal ombrear com Messi na luta pela Bota de Ouro. Por um lado pode-se considerar que Dost saiu beneficiado pelo futebol mais limitado do Sporting nesta temporada (a falta de jogo interior, uma das grandes forças em 2015-16 com João Mário no plantel e Bryan Ruiz em forma, "obrigou" a equipa a despejar bolas para o seu exímio finalizador), mas por outro é preciso ponderar que se Dost marcou 34 golos num Sporting relativamente fraco, quantos marcaria num ataque mais capaz e oleado?!
    Mitroglou foi o melhor marcador do Benfica numa época em que Jonas falhou muitos jogos, Welthon mostrou o suficiente para ser contratado por um dos grandes, André Silva começou em grande mas foi-se apagando, e Rui Fonte marcou uns quantos golos (11, mais precisamente).



    Para Jogador do Ano, e embora percebamos se alguém eleger Ederson, a distinção fica bem entregue a Pizzi ou a Bas Dost.
    O holandês do Sporting marcou uns inqualificáveis 34 golos em 31 jogos, revelando-se um finalizador mortífero e um homem-de-área que sozinho marcou 50% dos golos do Sporting, mas Pizzi acabou por ser o MVP do campeão e provavelmente o jogador mais influente do campeonato. Luís Miguel Afonso Fernandes realizou, aos 27 anos, a melhor temporada da carreira, fazendo jogar toda a equipa e gerindo os ritmos, conseguindo controlar com a sua inteligência vários jogos. Dez golos (marca bastante interessante para um médio centro) do organizador de jogo que viu muitos golos e ajudou a que todos os seus colegas rendessem mais esta temporada, ajudado também ele por um tampão chamado Fejsa. Concluindo, entre Pizzi e Dost, ficaria bem entregue a qualquer um.
    Continuando, Ederson foi simplesmente incrível na baliza do Benfica, Danilo Pereira procurou contagiar a equipa e mostrar o que é ser Porto, Nélson Semedo apresentou uma regularidade assustadora, e Soares (19 golos) contribuiu de forma clara para a boa época do Vit. Guimarães, impondo-se imediatamente no Porto.


    Depois de William Carvalho, Óliver e Renato Sanches, é chegada a vez de Gelson Martins. O extremo do Sporting não foi o melhor jogador da sua equipa uma vez que existiu um senhor chamado Bas Dost, mas foi o leão que mais desequilibrou, fruto do seu talento, vertigem e imaginação. Ainda com bastante para trabalhar (decide algumas vezes mal), é mais uma pérola nascida em Alcochete e que mais tarde ou mais cedo viajará para o estrangeiro. Torcemos, no entanto, para que continue cá na próxima época.
    Sem nenhuma ordem em particular, Óliver e André Silva viveram bons períodos (no melhor Porto via-se bem o QI futebolístico de Óliver), conseguindo o ponta de lança português uns simpáticos 16 golos; Iuri Medeiros voltou a brilhar num empréstimo, mostrando a Jesus que merece um lugar no Sporting; e no Rio Ave, equipa com um excelente futebol e que deu muitos minutos a vários jovens, Gil Dias e Krovinovic confirmaram todo o seu potencial.
    Podence, Francisco Geraldes (se tivesse continuado no Moreirense estaria neste sexteto certamente), Rafa Soares, Boateng e Grimaldo (tivesse ele mais minutos) foram também equacionados, e é sempre bom imaginar que jogadores estarão nesta categoria em 2017-18.


Treinador do Ano: Mais um ano em que os treinadores portugueses foram reis e senhores no nosso campeonato. Mas uns destacaram-se mais que outros. Foi um exercício extremamente complicado para nós porque gostávamos imenso de glorificar o nome de Pedro Martins pela obra que está a fazer no Vitória SC, mas um pouco mais a sul da cidade-berço está um clube que estava praticamente destinado a descer e que acabou em 8.º lugar. Nuno Manta é o homem que merece todo o louvor. Agarrou num clube sem chama de José Mota e construiu um grupo coeso e com um dos melhores balneários do campeonato. Começou o seu trabalho após a 14ª jornada, com o Feirense a posicionar-se na penúltima posição - com 11 pontos - e escalou até ao oitavo lugar com a entrega total dos seus jogadores. Pelo meio teve a descrença em si por parte da direcção, mas os jogadores não o deixaram cair. Criou uma união tão grande dentro do balneário que esta é traduzida em palavras por Vítor Bruno: "Enquanto cá estiveres eu dou a vida por ti". E assim foi. Não só Vitor Bruno, mas todo o plantel. O jovem com ar de totó personificou a transformação do Feirense, de patinho feio para cisne, e na primeira oportunidade na I Liga conseguiu recuperar o grupo e elevá-lo hoje a um patamar que jamais expectaríamos. Nuno Manta é, por todas estas razões, o Treinador do Ano nesta Liga NOS 2016/ 17, no nosso entender. 
    Ainda assim, importa destacar o trabalho de Pedro Martins. O treinador dos vimaranenses, que nem D. Afonso Henriques, juntou os seus guerreiros e tomou de assalto o 4.º lugar que pertencia aos eternos rivais. Embora o clube de António Salvador tenha dado vários tiros no pé, Pedro Martins conduziu o Vitória a uma série de 7 vitórias consecutivas e a uma meta de 62 pts que jamais tinha sido alcançada em toda a História do clube. Para culminar o ano de sonho, Pedro sonha ainda com a conquista da Taça de Portugal que irá disputar contra o Benfica a 28 de Maio. Benfica que acaba por ser tetracampeão pelas mãos do bicampeão Rui Vitória. É inegável que o plantel do Benfica é um plantel de luxo. Contudo, não podemos tirar mérito ao trabalho de Rui Vitória. Apesar de acharmos que o futebol praticado tinha obrigação de ser de outro nível (RV é um treinador que concede muita liberdade, e daí o seu "dedo" ser menos visível, mas num clube 4 vezes campeão os detalhes têm que fazer a diferença e pede-se mais trabalho e rotinas no plano ofensivo), a verdade é que o clube encarnado fixou-se no 1.º lugar à 5.ª jornada e não mais saiu de lá. E se não deslizasse em alguns jogos de maneira incrível, teria despachado a questão do tetra mais cedo. 
    Embora incomparável ao Feirense, outra agradável surpresa deu pelo nome de Marítimo. O clube insular superou as nossas expectativas, depois de corrigir um erro de casting (PC Gusmão). Na mesma jornada em que o Benfica se tornava líder do campeonato para nunca mais o largar, Carlos Pereira despedia o técnico brasileiro e contratava o técnico que liderava o Santa Clara rumo à subida. Daniel Ramos agarrou no clube na penúltima posição com 3 pontos e acabou com bom futebol (uma das equipas com melhor transição ofensiva) e com a Europa garantida. Por fim, Luís Castro substituiu Capucho em Vila do Conde e trabalhou o clube sempre acarinhado por Jorge Mendes e com muitas jovens promessas, tornando o Rio Ave um dos clubes com melhor futebol na Liga NOS.


Melhor Marcador: 1. Bas Dost (Sporting) - 34
2. Soares (Vit. Guimarães, Porto) - 19
3. Kostas Mitroglou (Benfica) - 16

Melhor Assistente: 1. Gelson Martins (Sporting) - 10
2. Pizzi (Benfica) - 8
2. Alex Telles (Porto) - 8
2. Iuri Medeiros (Boavista) - 8

Clube-Sensação: Feirense
Desilusão: Sporting
Most Improved Player: 1. Soares, 2. Fábio Martins, 3. Battaglia
Reforço do Ano: Bas Dost (Sporting)
Flop do Ano: Lazar Markovic (Sporting)
Melhor Golo: Fábio Martins (Chaves 2 - 2 Sporting) (Link)



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