Criado por
Melissa Rosenberg
Elenco
Krysten Ritter, David Tennant, Rachael Taylor, Eka Darville, Carrie-Anne Moss, Mike Colter, Wil Traval
Canal: Netflix
Classificação IMDb: 8.2 | Metascore: 81 | RottenTomatoes: 93%
Classificação Barba Por Fazer: 80
- Abaixo podem encontrar Spoilers -
A História:
A Netflix, outra vez. Depois de nos dar 'Daredevil' em Abril, a colaboração Marvel-Netflix acertou novamente em cheio com 'Jessica Jones', já disponível na Netflix portuguesa. Embora haja muito a afastar as duas séries, e ainda bem, vê-se o mesmo tom negro, o mesmo realismo focado principalmente nas emoções das personagens e no seu lado humano, sem abusar de efeitos especiais ou super-poderes, e outra vez um casting perfeito (o doctor David Tennant está para 'Jessica Jones' em grandeza, como Vincent D'Onofrio esteve para 'Daredevil'). Numa fase em que a igualdade em termos de cachet está em voga em Hollywood, em defesa das mulheres, a Marvel oferece-nos um símbolo do poder feminino: Jessica Jones é a conjugação perfeita e complexa de sofrimento, beleza, humor, vulnerabilidade e determinação.
Alexandra Daddario, Jessica de Gouw, Teresa Palmer, Marin Ireland e Krysten Ritter foram, alegadamente, os 5 nomes considerados até perto de fim para protagonista, mas a série criada por Melissa Rosenberg - que a ABC rejeitou há uns anos atrás - escolheu Ritter. E bem. Outrora namorada de Jesse Pinkman em 'Breaking Bad' (a piada from heroin to heroine já começou a ser feita), dá gosto rever Krysten Ritter, agora como figura de proa numa série mais pesada e adulta do que parece, capaz de ir longe em temas como a sexualidade e a forma como a mulher ainda é, por vezes, vista pela sociedade.
A super-heroína convertida em detective privada Jessica Jones não usa máscaras ou fatos cliché no dia-a-dia; abusa do álcool, e viu a vida abusar dela em vários aspectos. No ponto de partida de 'Jessica Jones', vemo-la preocupada em ter casos para poder pagar as contas e refugiar-se numa garrafa ou duas, e não propriamente por ter como vocação fazer o bem como tantos heróis clássicos. Descrente no mundo, com o seu sarcasmo característico e com um passado que não a deixa seguir em frente, só se importa com a melhor amiga/ "irmã" Trish (Rachael Taylor), com o vizinho drogado Malcolm (Eka Darville) e mais tarde com Luke Cage (Mike Colter). A advogada Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss como versão feminina da personagem que nas BD's é um homem, Jeryn Hogarth) dá a Jessica muito material para investigação, e em relação a Kilgrave (David Tennant) - o vilão capaz de controlar mentes e que faz parte do passado que Jessica não consegue recalcar - bem, sem Kilgrave, 'Jessica Jones' não valeria metade.
Alexandra Daddario, Jessica de Gouw, Teresa Palmer, Marin Ireland e Krysten Ritter foram, alegadamente, os 5 nomes considerados até perto de fim para protagonista, mas a série criada por Melissa Rosenberg - que a ABC rejeitou há uns anos atrás - escolheu Ritter. E bem. Outrora namorada de Jesse Pinkman em 'Breaking Bad' (a piada from heroin to heroine já começou a ser feita), dá gosto rever Krysten Ritter, agora como figura de proa numa série mais pesada e adulta do que parece, capaz de ir longe em temas como a sexualidade e a forma como a mulher ainda é, por vezes, vista pela sociedade.
A super-heroína convertida em detective privada Jessica Jones não usa máscaras ou fatos cliché no dia-a-dia; abusa do álcool, e viu a vida abusar dela em vários aspectos. No ponto de partida de 'Jessica Jones', vemo-la preocupada em ter casos para poder pagar as contas e refugiar-se numa garrafa ou duas, e não propriamente por ter como vocação fazer o bem como tantos heróis clássicos. Descrente no mundo, com o seu sarcasmo característico e com um passado que não a deixa seguir em frente, só se importa com a melhor amiga/ "irmã" Trish (Rachael Taylor), com o vizinho drogado Malcolm (Eka Darville) e mais tarde com Luke Cage (Mike Colter). A advogada Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss como versão feminina da personagem que nas BD's é um homem, Jeryn Hogarth) dá a Jessica muito material para investigação, e em relação a Kilgrave (David Tennant) - o vilão capaz de controlar mentes e que faz parte do passado que Jessica não consegue recalcar - bem, sem Kilgrave, 'Jessica Jones' não valeria metade.
É impossível não referir os dois. Kilgrave é a melhor personagem de 'Jessica Jones', mas Jessica é o primeiro passo da Marvel a oferecer o protagonismo ao sexo feminino, e isso é histórico. Especialmente porque Krysten Ritter é incrível, com o seu look 'The Addams Family' combinado com o casaco rockstar e as luvas sem dedos. Ela é frágil, mesmo que nunca perca o seu ar de "não se metam comigo".
Sobre Kilgrave, o que é que se pode dizer? Um antagonista bem trabalhado é quase sempre marcante. O Joker de Heath Ledger, o Wilson Fisk de Vincent D'Onofrio, o Loki de Tom Hiddleston são vários exemplos disto. Kilgrave tem os ingredientes todos presentes: David Tennant é um grande actor, irradia carisma e consegue ser sadicamente cómico, distingue-se da multidão com os seus fatos roxos ou azuis, e tem ele próprio um passado de sofrimento. A perfeição da escrita de Melissa Rosenberg e dos vários argumentistas envolvidos (Dana Baratta, Jamie King, Liz Friedman e Scott Reynolds, entre outros) na adaptação da personagem das bandas desenhadas para a televisão, está no modo como ele representa, controlando a mente, o sexismo e o lado opressivo ou abusivo da sociedade sobre as mulheres. A história de Kilgrave e Jessica Jones é, no limite, uma história de amor unilateral. Uma história de domínio, em que o sorriso e um "Amo-te" são impostos e exigidos por um homem que nunca foi amado nem ensinado a amar.
Sobre Kilgrave, o que é que se pode dizer? Um antagonista bem trabalhado é quase sempre marcante. O Joker de Heath Ledger, o Wilson Fisk de Vincent D'Onofrio, o Loki de Tom Hiddleston são vários exemplos disto. Kilgrave tem os ingredientes todos presentes: David Tennant é um grande actor, irradia carisma e consegue ser sadicamente cómico, distingue-se da multidão com os seus fatos roxos ou azuis, e tem ele próprio um passado de sofrimento. A perfeição da escrita de Melissa Rosenberg e dos vários argumentistas envolvidos (Dana Baratta, Jamie King, Liz Friedman e Scott Reynolds, entre outros) na adaptação da personagem das bandas desenhadas para a televisão, está no modo como ele representa, controlando a mente, o sexismo e o lado opressivo ou abusivo da sociedade sobre as mulheres. A história de Kilgrave e Jessica Jones é, no limite, uma história de amor unilateral. Uma história de domínio, em que o sorriso e um "Amo-te" são impostos e exigidos por um homem que nunca foi amado nem ensinado a amar.
O Episódio: 09 'AKA Sin Bin'.
O piloto ('AKA Ladies Night') é bom, mas só a partir do 5.º episódio é que 'Jessica Jones' começa a levantar voo em termos de qualidade. Em termos estruturais talvez se possa apontar o problema de o clímax ocorrer bastante cedo (os episódios 08, 09 e 10 são verdadeiramente bons, e o final, embora satisfatório, não recupera esse nível), mas esse "desrespeito" pelo classicismo notar-se-ia mais caso se tratasse de uma série com episódios lançados semana após semana, e não tanto num produto Netflix.
A sequência 'AKA WWJD?' - 'AKA Sin Bin' - 'AKA 1,000 Cuts' é surreal, envolvendo várias personagens de forma inteligente e enervante, no bom sentido. No entanto, não há nada como a tensão que o nono episódio consegue criar. Magnífica realização de John Dahl e edição, a fazer os corações bater com mais força, com várias personagens a partilhar o mesmo espaço, quando Jessica pensa ter Kilgrave onde sempre o quis. Isolado, seu prisioneiro. Aquilo sim, é boa televisão.
A sequência 'AKA WWJD?' - 'AKA Sin Bin' - 'AKA 1,000 Cuts' é surreal, envolvendo várias personagens de forma inteligente e enervante, no bom sentido. No entanto, não há nada como a tensão que o nono episódio consegue criar. Magnífica realização de John Dahl e edição, a fazer os corações bater com mais força, com várias personagens a partilhar o mesmo espaço, quando Jessica pensa ter Kilgrave onde sempre o quis. Isolado, seu prisioneiro. Aquilo sim, é boa televisão.
O Futuro:
Cada vez mais ganha força a ideia de que o espaço certo para os super-heróis é a Televisão. O grande plano da Marvel com o quarteto Daredevil, Jessica Jones, Luke Cage e Iron Fist é, depois de cada qual ter a sua série, lançar 'The Defenders' juntando-os a todos, sem excluir a hipótese de, consoante a popularidade, viajarem depois para o Cinema. De 'Jessica Jones' despedimo-nos por agora, mas 2016 promete, pelo menos, ter a 2.ª temporada de 'Daredevil' e as temporadas de estreia de 'Luke Cage' e 'Iron Fist'. Daí a televisão, e particularmente no formato Netflix, ser o espaço certo para folhearmos a vinhetas. O CW ('Arrow', 'The Flash') foi pioneiro a aperceber-se disto, mas a parceria Netflix-Marvel desenvolveu a ideia... com muito maior qualidade.
Ainda não se sabe quem será o protagonista de 'Iron Fist' (Anton Yelchin ou Garrett Hedlund seriam boas escolhas, caso a Marvel não opte por um americano de raízes asiáticas), mas Mike Colter passa de figura de subplot de 'Jessica Jones' a lead no próximo ano, acompanhado nomeadamente por Mahershala Ali ('House of Cards', 'The Hunger Games') e Frankie Faison, enquanto que a segunda temporada de 'Daredevil' já garantiu companhia para Charlie Cox - Elodie Yung como Elektra e o muitíssimo aguardado desempenho de Jon Bernthal como Frank Castle aka The Punisher.
Não será por falta de interesse dos fãs e críticos ou por falta de qualidade do elenco que 'Jessica Jones' não regressará. Não se trata tanto de "se" mas sim de "quando" e é provável que Krysten Ritter só volte como protagonista já depois do agregador 'The Defenders', fazendo de 'Daredevil' o único herói dos 4 a levar duas temporadas quando a reunião se der.
Cada vez mais ganha força a ideia de que o espaço certo para os super-heróis é a Televisão. O grande plano da Marvel com o quarteto Daredevil, Jessica Jones, Luke Cage e Iron Fist é, depois de cada qual ter a sua série, lançar 'The Defenders' juntando-os a todos, sem excluir a hipótese de, consoante a popularidade, viajarem depois para o Cinema. De 'Jessica Jones' despedimo-nos por agora, mas 2016 promete, pelo menos, ter a 2.ª temporada de 'Daredevil' e as temporadas de estreia de 'Luke Cage' e 'Iron Fist'. Daí a televisão, e particularmente no formato Netflix, ser o espaço certo para folhearmos a vinhetas. O CW ('Arrow', 'The Flash') foi pioneiro a aperceber-se disto, mas a parceria Netflix-Marvel desenvolveu a ideia... com muito maior qualidade.
Ainda não se sabe quem será o protagonista de 'Iron Fist' (Anton Yelchin ou Garrett Hedlund seriam boas escolhas, caso a Marvel não opte por um americano de raízes asiáticas), mas Mike Colter passa de figura de subplot de 'Jessica Jones' a lead no próximo ano, acompanhado nomeadamente por Mahershala Ali ('House of Cards', 'The Hunger Games') e Frankie Faison, enquanto que a segunda temporada de 'Daredevil' já garantiu companhia para Charlie Cox - Elodie Yung como Elektra e o muitíssimo aguardado desempenho de Jon Bernthal como Frank Castle aka The Punisher.
Não será por falta de interesse dos fãs e críticos ou por falta de qualidade do elenco que 'Jessica Jones' não regressará. Não se trata tanto de "se" mas sim de "quando" e é provável que Krysten Ritter só volte como protagonista já depois do agregador 'The Defenders', fazendo de 'Daredevil' o único herói dos 4 a levar duas temporadas quando a reunião se der.