Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

16 de agosto de 2024

Antevisão da Premier League 2024/ 25

 Premier League - É hoje dado o pontapé de saída da liga mais entusiasmante do futebol europeu. Uma semana depois da bola começar a rolar na liga portuguesa, a Premier League dá início a 38 jornadas de emoções fortes, reviravoltas e surpresas. 380 jogos, num campeonato onde nunca há embates desinteressantes, rumo ao coroar do campeão de 2024/ 25.
    O Manchester City de Pep Guardiola defenderá o seu título e, depois de alcançar um inédito tetracampeonato, procurará aumentar a Lenda e celebrar o penta. Esta será a 9ª temporada de Pep nos cityzens, tendo vencido 6 das 8 edições anteriores. Existirá quem ache que Guardiola "estragou" a Premier League, tingindo de previsibilidade (no desfecho) a competição mais imprevisível das Top5, mas a verdade é que exceção feita aos 100 pontos de 17/ 18, o City tem conquistado várias edições marginalmente e em cima da reta da meta, num mano a mano que passou de Pep versus Klopp para Pep versus Arteta.
    O Arsenal vem-se aperfeiçoando e aumentando o nível de maturidade a cada época que passa. A equipa que melhor defende em Inglaterra será o teórico principal adversário do City na luta pelo título, sendo tão pouco aquilo que separa qualitativamente as equipas que podem acabar por ser pormenores, nomeadamente as lesões (por exemplo, Kevin De Bruyne aguentar sem lesões ou não), a ditar quem festeja no fim. Pode haver pódio repetido, mas de ordenação difícil de antecipar, apresentando-se o Liverpool confiante e saudável com Arne Slot. Anfield deseja que o pós-Klopp não traga consigo as mesmas dificuldades que os rivais tiveram no pós-Sir Alex ou pós-Wenger.

    No único campeonato da Europa em que o calendário importa realmente (uma sequência complicada de jogos pode por ex. "matar" o ímpeto e esperança de um recém-promovido), o grau de imprevisibilidade está presente no número absurdo de equipas que partilham os mesmos objetivos. Além dos 3 emblemas mais fortes, vemos mais 8 equipas que podem todas elas revelar-se perfeitamente capazes de ficar no Top8 ou mesmo Top6. O Aston Villa terá o desgaste da Champions mas tem Emery e um plantel muito equilibrado, o Tottenham pode ter encontrado o ponta de lança que faltava para a equipa dar o "clique", Manchester United e West Ham reforçaram-se muito bem, o Newcastle dificilmente acumulará tantas lesões, o Crystal Palace terá desta vez Oliver Glasner desde o dia 1, o Brighton (treinador mais jovem da História da Premier) promete um futebol sem medo, e o Chelsea... tem um conjunto espetacular de jogadores e um empresário com a estabilidade de um pré-adolescente a jogar FM a gerir o clube.

    Na época anterior, as equipas que tinham subido (Burnley, Sheffield United e Luton Town) caíram todas novamente para o Championhip. Leicester City, Southampton e Ipswich Town tentarão evitar semelhante destino.
    Nos bancos foram apenas 5 (Liverpool, Chelsea, Brighton, West Ham e Leicester) os clubes que mudaram de treinador neste Verão. Mas nos plantéis há muitas mudanças e novos craques. Solanke, Smith-Rowe, Onana, Pedro Neto, Minteh, Maatsen, Wan-Bissaka, Max Kilman e Ross Barkley foram algumas das movimentações internas mais interessantes, juntando-se ainda os estreantes em Inglaterra como Zirkzee, de Ligt, Calafiori, Savinho, Yoro, Kamada, Wieffer, Todibo, Bergvall ou Rodrigo Gomes. E a nata do Championship - Summerville, Rutter, Dewsbury-Hall, Leif Davis, Szmodics, Philogene-Bidace, Omari Hutchinson e Archie Gray - terá oportunidade de mostrar que pertence a este patamar.

    Acompanhem-nos então nesta completa Antevisão da Premier League 2024/ 25, numa tentativa de prever a classificação final e destaques individuais, sempre falível considerando as várias transferências por oficializar, lesões e outros 1.000 fatores:



 MANCHESTER CITY (1)
    
    Depois do inédito tetra vem o inédito penta ou será desta que Pep Guardiola deixa alguma coisa para os outros?
    Os crónicos favoritos iniciam a temporada com algumas dúvidas a pairar no ar. Pep termina contrato em Junho de 2025 e ainda não é certo se sairá (caso tome uma posição nesse sentido, dará ao grupo a "motivação" de se despedir do técnico espanhol a vencer) ou renovará; e o julgamento das alegadas 115 infrações aos regulamentos financeiros aproxima-se, desconhecendo-se qual será o veredito. A juntar a estes dois tópicos estruturais, percebe-se que o desejo de rumar ao Atlético Madrid de Julián Álvarez apanhou o clube de surpresa, e a lesão de Oscar Bobb (que injustiça após tão promissora pré-época!) deve forçar os cityzens a atacar o mercado nestas semanas finais.
    O facto do City ter passado da conquista de um triplete (22/ 23) para "apenas" vencer a Premier League pode renovar a fome deste plantel, sendo uma grande vantagem o tremendo equilíbrio entre primeiras e segundas linhas - entre os centrais Rúben Dias, Aké, Akanji e Stones não podemos afirmar com certeza qual será a dupla mais utilizada, e a concorrência é igualmente apertada entre Doku, Savinho e Grealish (e Bobb, quando regressar) para extremo. Basicamente, o City consegue rodar 6 titulares e manter-se competitivo, e por algum motivo tem tendência para cair num padrão de arrancar mal, estabilizar, aproveitar os deslizes alheios e não vacilar até ao fim.
    Continua a faltar um jogador que mascare eventuais ausências de Rodri (ajuda muito contar com um jogador que não perde em 99% dos jogos em que participa) e pode-se esperar uma rápida adaptação do dinâmico Savinho, e francas melhorias no "Ano 2" de Gvardiol e Doku.
    Foden ganhou o gostinho de marcar (vem de uma época em que marcou 27 golos e é o único atacante do City que, quando tem a bola, olha para a baliza e não tanto para Haaland) e o robô goleador, bem descansado visto que a Noruega não participou no Europeu, procurará aproximar-se dos seus números de há duas épocas (52 golos em todas as competições, 36 no campeonato).
    Se Ederson e Kevin De Bruyne tivessem partido para a Arábia Saudita, seria o Arsenal a estar aqui como mais provável primeiro classificado. É uma época de 51 v 49, podendo a coisa terminar com o desfecho do costume por exemplo se (e este é um grande "se") KDB não se lesionar em momento algum.

Treinador: Pep Guardiola
Onze-Base (4-1-4-1): Ederson; Walker, Rúben Dias, Aké (Stones, Akanji), Gvardiol; Rodri; Bernardo, Foden, De Bruyne, Savinho (Doku, Grealish); Haaland

Atenção a: Erling Haaland, Kevin De Bruyne, Phil Foden, Rodri, Savinho

 ARSENAL (2)

   Nunca estivemos tão perto de apontar o Arsenal ao 1º lugar. Mas ainda não é desta, por uma unha. Os gunners de Mikel Arteta têm-se apresentado como a equipa que melhor defende na Premier League, são reis nas bolas paradas (marcaram 20 golos assim na última Premier) e, dependendo dos ligeiros ajustes que Arsenal e City façam nos seus plantéis até 31/08, ainda os poderíamos trocar de posição.
    Equipa dominante, mais madura e mais rotinada a cada ano que passa, o Arsenal tem feito tudo bem e o título que foge desde 03/ 04 (The Invincibles) deixou de ser uma miragem. Num topo da classificação onde podem acabar por ser detalhes como as lesões a fazerem a diferença, um argumento contra a "candidatura" dos londrinos é o facto de na última época City e Liverpool terem sido bastante mais fustigados com lesões de elementos-chave, e mesmo assim o Arsenal não conseguiu aproveitar.
    Com legítimas aspirações de lutar por tudo e chegar bem longe na Liga dos Campeões, o Emirates estará sereno com a sua defesa - Saliba e Gabriel formam a melhor dupla em Inglaterra, Ben White é irrepreensível e o plantel, que já contava com extras como Timber (esperamos muito dele) ou Tomiyasu, viu chegar o italiano Riccardo Calafiori. O ex-Bologna, canhoto, deve dar os seus primeiros passos no lado esquerdo da defesa, embora possa contribuir também como médio mais recuado para desbloquear jogos pelo corredor central, tudo isto com vista a daqui a uns anos a dupla ser Saliba-Calafiori.
    A minúscula amostra de oportunidades que o Arsenal permite aos adversários surge pelo ótimo trabalho de Arteta, pelo facto da equipa pensar como uma só cabeça, e pelo (constante) posicionamento rigoroso e cauteloso. Declan Rice, que ainda pode ganhar Mikel Merino como novo colega, é uma máquina de jogar futebol, e Odegaard é um dos jogadores que mais prazer nos dá ver jogar na atualidade.
    Está por saber se os gunners ainda vão adquirir um goleador, seja ele um ponta de lança ou alguém que parta da esquerda. Independentemente disso, pode-se esperar que Saka marque ainda mais e assista ainda mais, e Havertz é hoje um jogador feliz e confiante. O título pode depender de figuras como Gabriel Martinelli e Gabriel Jesus aumentarem os índices de eficácia.

Treinador: Mikel Arteta
Onze-Base (4-3-3): Raya; Ben White, Saliba, Gabriel, Calafiori (Timber); Thomas Partey, Rice, Odegaard; Saka, Gabriel Martinelli (Gabriel Jesus, Trossard), Havertz

Atenção a: Bukayo Saka, Martin Odegaard, William Saliba, Declan Rice, Riccardo Calafiori

 LIVERPOOL (3)

    É muito estranho lançar uma época do Liverpool sem 
Jürgen Klopp. O carismático alemão pôs fim a 9 temporadas em Anfield, mas há razões para acreditar que a transição com Arne Slot será o mais orgânica e subtil possível, não deixando que o clube da cidade dos Beatles caia numa situação idêntica ao United pós-Sir Alex ou o Arsenal pós-Wenger.
    É difícil não deixar a decisão do título para um entre Manchester City e Arsenal, mas também é muito difícil não considerar este Liverpool um degrau acima de vários clubes que colocamos abaixo. Os reds são a única equipa que ainda não fez qualquer contratação, o que em parte se compreende uma vez que Slot quis trabalhar com todos os jogadores do plantel, pedindo apenas reforços cirúrgicos. Zubimendi era a prioridade para fazer o que Mats Wieffer fazia no Feyenoord de Slot, mas o espanhol deu nega e permaneceu na Real Sociedad: Mac Allister pode ser convertido a essa posição, embora Endo e Bajcetic sejam intérpretes mais naturais.
    Espera-se um Liverpool menos elétrico e mais equilibrado (laterais menos projetados e com desgaste mais regrado, contribuindo para uma maior congestão e superioridade numérica no miolo), embora sem rejeitar os princípios e o ADN enraizado de ótima reação à perda. Caso não haja novo central, Quansah e Konaté disputarão o lugar ao lado de Van Dijk; exige-se que Trent Alexander-Arnold "dispare" nos seus números; e o sistema pode beneficiar elemento como Szoboszlai, Harvey Elliott e Curtis Jones.
    No ataque, Salah é Salah, notando-se que o egípcio está a mudar paulatinamente de grande finalizador para excelente criador, e quem tem Diogo Jota, Cody Gakpo (ótimo Euro 2024 e tem um compatriota a treiná-lo), Darwin e Luis Díaz terá sempre a capacidade de deixar os rivais com muitas dores de cabeça.

Treinador: Arne Slot
Onze-Base (4-1-2-3): Alisson; Alexander-Arnold, Quansah (Konaté), van Dijk, Robertson; Mac Allister; H. Elliott (C. Jones), Szoboszlai; Salah, Diogo Jota (Darwin), Gakpo (L. Díaz)

Atenção a: Mohamed Salah, Trent Alexander-Arnold, Alexis Mac Allister, Cody Gakpo, Harvey Elliott

 TOTTENHAM (4)

    No Norte de Londres, o Tottenham reencontrou-se, completando com sucesso o seu rebranding em termos de estilo. Os spurs perderam Harry Kane mas ganharam em Ange Postecoglou um grande treinador. O australiano viveu algumas peripécias no seu primeiro ano: a equipa acumulou lesões, vendo-se quase sempre impossibilitada de colocar ao mesmo tempo os seus 4 melhores defesas, e o Tottenham 0-2 Manchester City da jornada 34 pôs a nu um problema de mentalidade e cultura desportiva enraizado nos adeptos: o alívio de não contribuir para que o rival Arsenal pudesse sagrar-se campeão superou a fome de vencer, e ganhar esse jogo teria sido suficiente para, nas contas finais, ter garantido bilhete para a Champions League.
    Pouco temos a que nos agarrar para defender a razão de acreditarmos que o Tottenham conseguirá surgir melhor do que Aston Villa, Newcastle ou Manchester United. Essencialmente, respeitamos a visão do treinador e vê-se que a política de mercado obedece a um perfil coerente. Vicario, Porro, Romero, Van de Ven e Udogie destacaram-se todos individualmente em 23/ 24 e procurarão agora ser destaque enquanto bloco, e no meio-campo os reforços Archie Gray e Lucas Bergvall (ambos com 18 anos) têm maturidade suficiente para agarrar a titularidade, até porque Bissouma está entretido com óxido nitroso. Son Heung-Min é o porta-estandarte, Kulusevski, Maddison e Brennan Johnson terão que viver menos de fases ou então conseguir fases mais duradouras, e estaremos atentos aos primeiros passos do menino Mikey Moore.
    Mas na verdade a principal diferença esta época chama-se Dominic Solanke. Autor de 19 golos ao serviço do Bournemouth, o ponta de lança inglês mudou-se para os spurs a troco de uns astronómicos e exagerados 75 milhões de euros, mas parece encaixar na perfeição no puzzle de Postecoglou.
    Como nota de rodapé, a importância de melhorar na defesa de bolas paradas. Quase todas as equipas demonstraram na segunda volta de 23/ 24 ter percebido as vulnerabilidades de Vicario nesse capítulo.

Treinador: Ange Postecoglou
Onze-Base (4-3-3): Vicario; Pedro Porro, Romero, van de Ven, Udogie; Sarr (A. Gray), Bergvall, Maddison; Kulusevski (B. Johnson), Son, Solanke

Atenção a: Son Heung-Min, Dominic Solanke, Lucas Bergvall, Pedro Porro, Archie Gray

 MANCHESTER UNITED (5)

    Em Old Trafford, há algum consenso: é praticamente impossível o Manchester United fazer pior. Na época que terminou com a conquista da FA Cup, os red devils acumularam recordes negativos: pior classificação de sempre (8º), inédita diferença de golos negativa (-1) e recorde de derrotas (14) numa edição. E o mais estranho é que o quadro poderia ter sido bem pior se os adversários tivessem concretizado com outra eficácia o gigantesco volume de oportunidades concedidas.
    Perante a falta de treinadores de topo interessados no cargo, Erik ten Hag recebeu um derradeiro voto de confiança, e a fase INEOS (Jim Racliffe) está aos bocadinhos a deixar os adeptos com esperança.
    Será recomendável uma melhor preparação física - 45 diferentes lesões ao longo de uma temporada é demasiado para ser considerado "azar" - e as prioridades no mercado (renovar a defesa, encontrar um 9 e um 6) estão a ser supridas, faltando fechar o dossier do médio defensivo, que talvez seja Ugarte.
    2024/ 25 será uma temporada importante para Onana, e a defesa, onde Dalot deve manter a titularidade, respirará de alívio ao ter Lisandro Martínez a 100%. Saudoso do seu sucesso em Amesterdão, ten Hag volta a orientar Matthijs de Ligt (iniciou as suas 8 temporadas como sénior sempre com um treinador diferente, e se voltar ao nível que apresentou aos 19 anos com ten Hag será o "patrão" desta defesa) e o marroquinho Mazraoui. Também para a linha recuada foi contratado Leny Yoro, disputado com o Real Madrid, tendo o francês começado com um contratempo ao ficar prontamente afastado dos relvados durante 3 meses.
    Mainoo e Bruno Fernandes continuarão indiscutíveis, mas falta chegar ao Teatro dos Sonhos um trinco de qualidade indiscutível. Casemiro tem sido a opção para a posição, Mount pode interpretá-la de forma mais aveludada. Nos corredores, os miúdos Garnacho e Amad Diallo estão sedentos de aproveitar todos os minutos que tiverem, competindo com os eventuais renascimentos de Sancho e Rashford, e na frente Højlund tem finalmente uma alternativa: o neerlandês Joshua Zirkzee não é (ainda) um goleador mas será, sem grandes dificuldades, o avançado mais tecnicista da liga inglesa. E o desconhecimento que se percebe existir em Inglaterra em relação ao ex-Bologna, que pode tornar todos à sua volta melhores, pode ser uma arma relevante.

Treinador: Erik ten Hag
Onze-Base (4-2-3-1): Onana; Dalot, de Ligt, Lisandro Martínez, Mazraoui (Yoro, Shaw); Mainoo, Mount (Casemiro); Garnacho, Bruno Fernandes, Rashford (Amad); Zirkzee (Højlund)

Atenção a: Joshua Zirkzee, Bruno Fernandes, Kobbie Mainoo, Matthijs de Ligt, Lisandro Martínez

 NEWCASTLE (6)

    Entre as equipas que apontamos aos 7 primeiros lugares desta previsão, o Newcastle é a única que não está presente nas competições europeias. Em 23/ 24, os magpies acumularam lesões, demonstrando também impreparação na gestão simultânea do campeonato e da fase de grupos da Champions, onde o Newcastle acabou por ficar em último lugar num "grupo da morte" com Borussia Dortmund, PSG e AC Milan.
    Embora circulem rumores de que Eddie Howe é um dos nomes que a federação inglesa deseja para suceder a Gareth Southgate, tudo indica que esta será uma temporada bem mais tranquila no St. James' Park, um dos estádios mais desagradáveis ou desconfortáveis para se estar como equipa visitante. Howe quererá que os seus pupilos voltem a revelar capacidade de somar pontos em casa e fora, isto depois de uma época com comportamento díspar - 4ª melhor equipa em casa, mas apenas a 11ª melhor quando considerados jogos disputados fora.
    Equipa bélica, que gosta de intimidar os oponentes e mestre a imprimir períodos curtos de alta pressão, o Newcastle pode ganhar muito com o "desaparecimento" de vários jogos a meio da semana, e com o aparecimento do médio italiano Sandro Tonali (regressa a 28 de Agosto), votado à penumbra durante os seus 10 meses de suspensão por apostas.
    Contar com Pope entre os postes faz muita diferença, a defesa ainda pode ver chegar um central para o 11, e quem tem jogadores como Bruno Guimarães, Anthony Gordon e Alexander Isak tem sempre que sonhar alto.

Treinador: Eddie Howe
Onze-Base (4-3-3): Pope; Trippier, Schär, Burn (Botman), Lewis Hall; Tonali, Bruno Guimarães, Joelinton; Jacob Murphy (Harvey Barnes), Isak, A. Gordon

Atenção a: Alexander Isak, Anthony Gordon, Bruno Guimarães, Sandro Tonali, Lewis Hall

 ASTON VILLA (7)

    O Aston Villa tem Unai Emery, o treinador que realizou o melhor trabalho na Premier League 2023/ 24, e é bem capaz de ter nesta fase um plantel melhor (ou pelo menos com soluções mais variadas) do que aquele que garantiu um 4º lugar e a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões. Ora, não será chocante se o clube de Birmingham fizer mesmo pódio nesta edição mas, na autêntica lotaria de adivinhar a ordem do 3º ao 11º, optámos pelo sétimo posto.
    A pré-época foi má (mas resultados em amigáveis interessam muito pouco), e apesar da saída de Douglas Luiz para a Juventus ter sido mais do que colmatada, ainda parece faltar alguém para ocupar a vaga deixada por Moussa Diaby (mudou-se para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita), atualmente entregue ao muito promissor Morgan Rogers. Acima de tudo, os dois fatores que nos impedem de, com moderada convicção, afastar o Aston Villa do Top4 são: 1) a expectável melhoria que Tottenham, United, Newcastle e Brighton devem apresentar e 2) apesar do plantel ser equilibrado entre primeiras e segundas escolhas, os villans podem "pagar a fatura" e sentir a diferença ao estar a competir na Liga dos Campeões. Porque gerir plantel entre Premier e Champions não é comparável ao binómio Premier/ Conference League.
    Agora, um parágrafo de contradição. Espera-se que o Aston Villa se mantenha uma equipa dificílima de contrariar, adaptando Emery pequenas nuances da equipa jogo a jogo, e que volte a colocar os adversários em fora de jogo vezes e vezes sem conta. Reforços como Ian Maatsen (será quase um extremo esquerdo neste sistema), Onana (médio defensivo até Kamara recuperar, e a partir daí mais box-to-box), os regressados Ross Barkley e Philogene-Bidace e o veloz Iling-Junior vêm todos acrescentar.
    Ollie Watkins será desafiado a manter similar impacto (acumulou 19 golos e 13 assistências da última vez) numa equipa à qual nos parece apenas faltar um defesa direito (Geertruida seria perfeito) e alguém criativo para jogar nas proximidades de Watkins.

Treinador: Unai Emery
Onze-Base (4-4-2): E. Martínez; Cash, Konsa, Pau Torres, Maatsen; Bailey, McGinn, Onana, Jacob Ramsey (Buendía); Rogers, Watkins

Atenção a: Ollie Watkins, Amadou Onana, Morgan Rogers, Ian Maatsen, Emi Buendía

 BRIGHTON (8)

    Estão reunidos os ingredientes para que o Brighton se revele a equipa mais divertida desta Premier League. A saída do génio louco Roberto De Zerbi podia ter originado um decréscimo na animação, mas o clube dos wonderkids não fez por menos e decidiu fazer História: ao 31 anos, Fabian Hürzeler, ex-St. Pauli da 2. Bundesliga, será o treinador mais jovem de sempre na Premier League.
    O salto da segunda divisão alemã para o topo do futebol inglês impõe cautela na avaliação do alemão nascido no Texas, e a extrema juventude do plantel deixa antever muita energia, muita vontade de mostrar serviço mas também presumível imaturidade para lidar com determinadas variáveis e circunstâncias.
    Pensamos que o 4-2-3-1 será o ponto de partida para todos estes talentos expressarem o seu melhor futebol, "abrindo" bem o campo e utilizando com frequência o médio defensivo (será uma das peças fulcrais deste Brighton) entre os centrais. O jogador mais regular dos seagulls (Pascal Gross) mudou-se para Dortmund, mas Dunk (mais velho do que o seu novo treinador), van Hecke e Verbruggen continuam, tal como jogadores que podem dar muito mais - seja em minutos seja em golos e assistências - do que no ano passado como Mitoma, Enciso, João Pedro, Adingra ou Evan Ferguson.
    Quanto a reforços, estamos rendidos, sendo este Brighton talvez o clube com mercado de Verão mais ao nosso gosto: Mats Wieffer será o "segundo melhor Rodri" da Premier League; Yankuba Minteh tem um potencial absurdo e combina drible e compostura nos seus movimentos da direita para dentro; Malick Yalcouyé dá ares de Kanté, podendo ser ele o herdeiro definitivo de Caicedo; o alemão Brajan Gruda é um génio em potência, podendo ainda ser convertido e especializar-se entre uma panóplia de posições e funções em campo; e Georginio Rutter, embora ainda se precipite na grande área adversária, é uma força da natureza, dono de uma capacidade de driblar improvável. E ainda se fala em O'Riley (mais provável que reforce a Atalanta, mas aqui seria a cereja no topo do bolo), Kadioglu e Boscagli.
    Em suma, esperamos do Brighton uma abordagem corajosa, pilhas permanentemente carregadas e a já recorrente valorização de muitos jogadores e do seu treinador.

Treinador: Fabian Hürzeler
Onze-Base (4-2-3-1): Verbruggen; Veltman, Dunk, Van Hecke, Barco (Estupiñán); Wieffer, Gruda (Yalcouyé); Minteh, Rutter (Enciso), Mitoma; João Pedro (Evan Ferguson)

Atenção a: Mats Wieffer, Yankuba Minteh, João Pedro, Brajan Gruda, Georginio Rutter

 WEST HAM (9)

    Findos os seis anos de David Moyes no clube, o West Ham inicia agora um novo ciclo com Julen Lopetegui. O espanhol não foi brilhante quando esteve em Inglaterra (13º lugar com o Wolves em 22/ 23) mas os reforços de luxo que chegaram ao Olímpico de Londres obrigam os hammers a lutar até ao fim por lugares europeus.
    Haverá Lucas Paquetá? O craque brasileiro está envolvido num escândalo de apostas e já foi denunciado pela FA. Pela lógica, o seu castigo será bem mais severo do que aquele que teve Ivan Toney, mas até ao momento não há garantias quanto à aplicação da suspensão e respetivo timing.
    Sem competições europeias como distração, o West Ham continua a ter em Areola um guarda-redes para colecionar defesas aparentemente impossíveis, ganhando o francês uma excelente nova dupla de centrais à sua frente formada por Max Kilman (já trabalhara com Lopetegui) e Jean-Clair Todibo (velho conhecido dos benfiquistas, desaproveitado por Jorge Jesus). Também Wan-Bissaka é reforço para o lado direito da defesa, e pode encontrar neste West Ham o patamar perfeito para evidenciar quão incrível é a defender em 1 para 1, não precisando tanto de fazer a diferença no ataque.
    Ward-Prowse, um dos melhores batedores de livres e cantos no mundo, continua nesta equipa, que acrescentou aos fantásticos Bowen (goleador da equipa, promovido a capitão) e Kudus (o 14 é um jogador realmente excitante) as diagonais do MVP do Championship, o neerlandês Summerville, e a pujança do bombardeiro alemão Füllkrug.

Treinador: Julen Lopetegui
Onze-Base (4-2-3-1): Aréola; Wan-Bissaka, Kilman, Todibo, Emerson; E. Álvarez, Lucas Paquetá (Ward-Prowse); Bowen, Kudus, Summerville; Füllkrug

Atenção a: Mohammed Kudus, Jarrod Bowen, Jean-Clair Todibo, Crysensio Summerville, Alphonse Aréola

 CHELSEA (10)

    Talvez seja um misto de wishful thinking o que nos faz condenar o Chelsea ao 10º posto, quatro abaixo da classificação final com Pochettino, mas são vários os fatores que descredibilizam os londrinos perante a concorrência.
    Funcionando ao sabor do vento e das tendências, e com o norte-americano Todd Boehly a parecer um miúdo de 10 anos a jogar Football Manager a querer comprar todos os jovens do mundo, o Chelsea optou por desistir das bases que se começavam a criar com o opinativo argentino, trocando-o por Enzo Maresca, certamente mais marioneta ou Yes Man e com o carimbo de ter sido adjunto de Pep Guardiola. Em termos de mercado, pela negativa a forma como o capitão e melhor médio na temporada passada, Conor Gallagher, foi "banido" do centro de treinos, tendo quase tudo tratado com o Atlético Madrid; pela positiva, o facto de em 2025 juntarem-se a este elenco dois diamantes, os sul-americanos Estêvão e Kendry Páez.
    Os blues serão o representante inglês na Liga Conferência, competição que permitirá "rodar" a equipa em grande medida, mas que pode até afetar o rendimento interno, pela desmotivação que muitos atletas podem sentir ao darem por si 2 patamares abaixo donde desejariam pertencer (Champions). O plantel com jogadores a mais (neste momento são mais de 40, incluindo 6 guarda-redes) impedirá a gestão de balneário mais adequada, parecem faltar líderes nesta equipa e é natural que Maresca acabe por abandonar algumas coisas que tem procurado implementar na pré-época: o 4-1-2-3 que usava no Leicester pode terminar invertido para um 4-2-3-1 e a marcação homem-a-homem em todo o campo também deve ter os dias contados. Se Enzo Maresca vai aguentar até ao final da temporada? O tempo dirá.
    Apesar de tudo isto, existem também razões para acreditar que o Chelsea pode lutar pelo Top4. Uma essencialmente: a qualidade dos seus jogadores. Existem pontos de interrogação (entre os diversos guarda-redes talvez Jorgensen seja a escolha número 1, não nos atrevemos a arriscar qual será a dupla de centrais preferida, entre Enzo, Caicedo, Lavia e Dewsbury-Hall dificilmente caberão mais do que 2 ao mesmo tempo no 11, e parece ainda estar por chegar um avançado) mas também estamos prontos para exclamar o brilhantismo de Cole Palmer (22 golos e 11 assistências), torcendo para que craques como Nkunku, Pedro Neto e Reece James consigam exibir-se de forma continuada e sem quaisquer lesões.

Treinador: Enzo Maresca
Onze-Base (4-1-2-3): Jorgensen; Gusto (Reece James), Fofana, Colwill (Badiashile), Cucurella; Caicedo (Lavia); Cole Palmer, Enzo; Madueke, Nkunku, Pedro Neto (Sterling, Mudryk)

Atenção a: Cole Palmer, Christopher Nkunku, Enzo Fernández, Roméo Lavia, Wesley Fofana

 CRYSTAL PALACE (11)

    O Crystal Palace é, justificadamente, uma das equipas que entra mais confiante na nova temporada. O austríaco Oliver Glasner assumiu a equipa em Fevereiro de 2024 e daí até ao final da época, apenas Manchester City, Arsenal e Chelsea somaram mais pontos. Não se pede ao Palace que seja Top4 mas, embora estejamos a antecipar um 11º, o plantel atual tem condições para sonhar com um 8º, 7º ou até mesmo 6º lugar.
    No clube, a crença é que tudo aquilo em que Glasner toca se transforma em ouro. Daí a direção ter pedido 100 milhões de euros quando o Bayern Munique tocou à porta para saber quanto custaria garantir os serviços do técnico. Para a Baviera não foi o treinador, mas foi Michael Olise, craque francês de 22 anos, negociado por 53 milhões de euros e com capacidade, sem lesões, para ser um dos melhores do mundo.
    Olise foi bem substituído (o japonês Kamada reencontra-se com o treinador com que trabalhou em Frankfurt e Sarr mostrou no Watford que as suas caraterísticas sobressaem no futebol inglês) mas o principal motivo de colocarmos o Palace uns 2 ou 3 lugares abaixo do "expectável" é mesmo o mero feeling de que um ou dois titulares indiscutíveis ainda podem sair durante as próximas duas semanas: Guéhi e Andersen são pretendidos, e elementos como Eze (cláusula de cerca de 70M) ou Wharton têm todo o ar de receber propostas na reta final do mercado.
    Num 3-4-2-1 que está para ficar, torcemos para que o olímpico Mateta mantenha os calções subidos e a veia goleadora que Glasner despertou nele. Muñoz andará em correrias pela direita, Eze (estrela da equipa) está no ponto para elevar ainda mais a sua própria fasquia, e se Adam Wharton (20 anos) mantiver o rendimento apresentado desde que foi contratado ao Blackburn, pode muito bem tornar-se o próximo jovem britânico a ser disputado por City, Arsenal e Liverpool.

Treinador: Oliver Glasner
Onze-Base (3-4-2-1): D. Henderson; Richards (Riad), J. Andersen, Guéhi; Muñoz, Wharton, C. Doucouré, Mitchell; Kamada, Eze; Mateta

Atenção a: Jean-Philippe Mateta, Eberechi Eze, Adam Wharton, Daichi Kamada, Daniel Muñoz

 BOURNEMOUTH (12)
    A 1ª época do basco Andoni Iraola em Inglaterra confirmou o bom instinto que os cherries tiveram ao trocar O'Neil pelo ex-Rayo Vallecano. Com 42 anos, o antigo lateral direito reforçou quão fértil é o País Basco em grandes treinadores (Arteta, Emery, Xabi Alonso), colocando o Bournemouth a jogar um futebol pressionante e combinativo. A equipa acabou no 12º lugar (apostamos numa repetição), mas bastava ter ganho um dos três últimos jogos (3 derrotas) para fechar a temporada na primeira metade da tabela.
    Com bom gosto a identificar os jogadores certos no mercado e com dedo de treinador a desenvolver quem já estava no clube, os adeptos do Bournemouth viram Dominic Solanke render como nunca antes na Premier League, apontando 19 golos. O avançado inglês de 26 anos mudou-se entretanto para o Tottenham, chegando o portista Evanilson para o substituir. Na posição mais adiantada, o clube conta ainda com Unal e o jovem Jebbison.
    Com perspetivas de realizar uma época tranquila, que deixe o clube entre o 9º e o 14º lugares, parece-nos que esta pode ser uma época em que Semenyo aumenta o seu envolvimento em golos e Alex Scott vê crescer a sua influência na mecânica da equipa. Huijsen vem acrescentar qualidade à defesa, e permitirá até o recurso a um pontual 3-4-3, e fala-se que o guarda-redes georgiano Mamardashvili, provavelmente o melhor do Euro 2024 na sua posição, pode ser oficializado por empréstimo até ao fecho do mercado, num negócio decorrente da sua mudança para o Liverpool em 2025.
    Iraola tem contrato até 2026 e por isso espera-se tolerância e paciência de quem toma decisões no clube se o arranque não correr como esperado. O Bournemouth não tem tanta qualidade individual como outras equipas, mas sabe sempre o que vai fazer para dentro de campo. Ter identidade é e será sempre uma vantagem.

Treinador: Andoni Iraola
Onze-Base (4-2-3-1): Neto; Huijsen, Zabarnyi, Senesi, Kerkez; Alex Scott, Cook; Semenyo, Christie (Tavernier), Sinisterra (Ouattara); Evanilson (Unal)

Atenção a: Antoine Semenyo, Alex Scott, Dean Huijsen, Evanilson, Dango Ouattara

 FULHAM (13)
    

    Prevermos uma classificação final exatamente igual à época passada traduz a ideia geral sobre este Fulham: bem treinados pelo português Marco Silva (4ª época no clube, rompendo com o estigma de que nunca conseguia aguentar-se muito tempo no mesmo projeto), os cottagers vão procurar fazer o mesmo ou melhor, depois de perderem o melhor jogador da equipa. João Palhinha deu um merecido salto para Munique mas será interessante ver como reagem em campo os londrinos à perda do seu influente ponto de equilíbrio, exemplo de combatividade e rigor tático. O brasileiro André (Fluminense) tem sido dado como o seu sucessor, mas a transferência ainda não se concretizou.
    A permanência de Andreas Pereira não é certa, e está visto que o clube ainda pretende melhorar o centro da defesa - Tosin e Tim Ream saíram a custo zero, Cuenca reforçou a equipa, mas está a ser tentado um difícil regresso de Joachim Andersen.
    Dependendo da concretização do reforço de posições-chave (médio defensivo e central) poderíamos considerar subir o Fulham na tabela. Com a moldura atual, o que mais nos atrai será ver como Emile Smith-Rowe pode renascer, sendo um super-craque para uma equipa deste patamar, e espera-se a mesma regularidade de Antonee Robinson e Leno, e ainda mais golos de Rodrigo Muniz, avançado que chegou a ser Jogador do Mês na temporada transata.

Treinador: Marco Silva
Onze-Base (4-2-3-1): Leno; Castagne, Cuenca (Diop), C. Bassey, A. Robinson; Lukic, Andreas Pereira; Adama Traoré (Harry Wilson), Smith-Rowe, Iwobi; Rodrigo Muniz

Atenção a: Emile Smith Rowe, Rodrigo Muniz, Antonee Robinson, Alex Iwobi, Jorge Cuenca

 EVERTON (14)

   Goodison Park está bem entregue a Sean Dyche. O Everton foi 15º na última temporada, mas esteve sempre cómodo e à margem da luta pela manutenção. Aliás, se não tivesse existido uma penalização de 10 pontos devido à "violação das regras de rentabilidade e sustentabilidade" os toffees teriam ficado num respeitável décimo lugar, acima dos muito elogiados Crystal Palace e Bournemouth.
    Nesta fase, não é de excluir que o clube azul de Liverpool possa enfrentar uma nova dedução de pontos, e em certa medida essa possibilidade pesa em não colocarmos o Everton mais acima. Isso e o interesse do norte-americano John Textor em comprar o clube, precisando primeiro de vender a percentagem que detém do Crystal Palace. Seja como for, antecipamos uma época relativamente tranquila. Para que tal aconteça há que manter o que a equipa teve de melhor (4º melhor registo defensivo, apenas superado pelos 3 primeiros classificados) e corrigir o que falhou (apenas o despromovido Sheffield United marcou menos golos).
    Pickford, Tarkowski e Branthwaite são uma garantia de clean sheets e apesar de Onana ter saído, não é desajustado considerar que o plantel está mais forte. Iroegbunam terá a responsabilidade de fazer esquecer o gigante belga, Jake O'Brien permite começar a acautelar o pós-Branthwaite ainda com o central de 22 anos nos quadros, e o emprestado Lindstrom pode ser um diferencial, sendo inegável que parece uma carta de um naipe distinto neste elenco. Para colocarmos o Everton mais próximo da primeira metade da tabela seria necessário Dyche passar a contar com um grande ponta de lança (pode Calvert-Lewin voltar ao seu rendimento de 20/ 21?), mas temos muito interesse em ver o senegalês Iliman Ndiaye no apoio ao avançado. Driblador nato, atleta explosivo, foi um flop em Marselha mas pode em Goodison Park reencontrar tudo aquilo que fez os adeptos do Sheffield United apaixonarem-se por ele.

Treinador: Sean Dyche
Onze-Base (4-4-1-1): Pickford; A. Young (O'Brien), Tarkowski, Branthwaite, Mykolenko; Harrison (Lindstrom), Iroegbunam, Gueye, McNeil; Ndiaye (A. Doucouré); Calvert-Lewin

Atenção a: Jarrad Branthwaite, Iliman Ndiaye, Dominic Calvert-Lewin, Jordan Pickford, Tim Iroegbunam

 IPSWICH TOWN (15)

    Apontar as 3 equipas recém-promovidas aos três lugares de descida seria a coisa mais aborrecida do mundo. Vamos torcer para que o Ipswich de Ed Sheeran se afirme como uma das equipas sensação da prova, mas a falta de experiência a este nível e o colossal salto entre o Championship e a Premier League (será muito difícil o Ipswich ter 2 jogos consecutivos "acessíveis") podem pesar.
    Em Portman Road mora um dos clubes do momento em Inglaterra. Sob o comando do norte-irlandês Kieran McKenna (38 anos), durante vários anos adjunto no Manchester United e treinador de camadas jovens, a ascensão tem sido um conto de fadas: 2º na League One em 22/ 23 com 98 pontos (101 golos marcados e apenas 35 sofridos) e 2º no Championship no ano seguinte, com 96 pontos, 92 golos marcados e apenas seis derrotas.
    Brighton, Manchester United e Chelsea tentaram levar McKenna, mas o técnico acabou a renovar com o Ipswich até 2028, tornando-se o melhor reforço possível. O objetivo da manutenção é difícil mas esta equipa tem demonstrado que gosta de contrariar as expectativas, com um futebol envolvente e sem egos.
    São bons sinais, sintomáticos de que quem pensa o clube sabe o que está a fazer, a aquisição em definitivo do emprestado Omari Hutchinson (prodígio técnico, porta-estandarte ofensivo e criativo, brilhando seja pela direita, seja pelo centro) e o recrutamento de bons ativos do segundo escalão como Jacob Greaves, Sammie Szmodics (o irlandês, melhor marcador do Championship, chega ao topo do futebol inglês quase com 29 anos) ou Liam Delap.
    O plantel, que ainda precisa pelo menos de um grande extremo (Jack Clarke, do Sunderland, seria incrível), leva a crer que poderá haver mutação entre o 4-2-3-1 da última temporada em jogos mais equilibrados e um 3-4-3 contra adversários com maiores argumentos. Em todas as variáveis, o lateral esquerdo Leif Davis (18 assistências na última época) é menino para chegar à seleção inglesa, Hutchinson poderá motivar um "Como é que o Chelsea o libertou?", Kalvin Phillips espera virar fénix e ser novamente visto como o Pirlo de Yorkshire, e, se a manutenção for assegurada, voos bem mais altos esperam McKenna.

Treinador: Kieran McKenna
Onze-Base (4-2-3-1): Muric; Tuanzebe (Ben Johnson), Woolfenden, J. Greaves, Leif Davis; Morsy, Kalvin Phillips (Jack Taylor); Omari Hutchinson, Szmodics (Chaplin), Burns (Broadhead, Harness); Delap

Atenção a: Leif Davis, Omari Hutchinson, Jacob Greaves, Sam Morsy, Sammie Szmodics

 WOLVES (16)

    No Molineux, encontramos uma das equipas menos ativas nesta janela de transferências. O Wolves fez mais de 100 milhões com as vendas de Pedro Neto (Chelsea) e do capitão Max Kilman (West Ham) mas gastou apenas 33, com especial destaque para a chegada de Rodrigo Gomes.
    Os lobos têm plantel para acabar entre 14º e 17º, o que deve preocupar um pouco Gary O'Neil. A equipa com mais Gomes (Toti, João e Rodrigo) da Premier League, e que tem mais portugueses do que ingleses, tem em José Sá um guarda-redes que acumula sempre muitas defesas, e no setor mais recuado há bastante mais qualidade nos laterais do que ao centro. João Gomes só tem tendência para melhorar, Hwang transpira classe a finalizar e Matheus Cunha (um dos avançados com mais técnica em Inglaterra) parece estar sempre teimosamente à beira de explodir e realizar uma super-época.
    A saída de Kilman pode convidar a um regresso a uma linha de 4, embora continue a ser urgente identificar no mercado um digno sucessor para o central inglês, e apostamos que, caso as opções no ataque não mudem muito, os momentos mais felizes serão proporcionados pela energia inesgotável de Rodrigo Gomes (camaleónico, pode fazer os dois corredores) e pelas combinações de Hwang e Matheus Cunha, pontualmente coadjuvados pelo seu novo amigo norueguês Strand Larsen (1,93m), ex-Celta de Vigo.

Treinador: Gary O'Neil
Onze-Base (4-2-2): José Sá; Semedo, Mosquera, Toti Gomes, Aït-Nouri; Sarabia, João Gomes, Lemina (Bellegarde), Rodrigo Gomes; Hwang, Matheus Cunha

Atenção a: Matheus Cunha, Hwang Hee-chan, Rodrigo Gomes, João Gomes, Rayan Aït-Nouri

 BRENTFORD (17)

    A trajetória ascendente do Brentford de Thomas Frank foi interrompida. Os bees subiram à Premier League em 2021 com o dinamarquês, ficaram em 13º e no ano seguinte em 9º. Mas a última época, atípica é certo mediante a longa suspensão de Ivan Toney, ditou um passo atrás, com a equipa a terminar em 16º.
    Oito equipas apresentaram uma pior diferença de golos do que o Brentford em 23/ 24, o que pode levar a crer que há neste plantel argumentos e equilíbrio para defender melhor do que os outros e marcar mais do que os outros. Mas, excluindo as três equipas que desceram, apenas o Nottingham Forest (20) perdeu mais jogos do que este Brentford (19 derrotas).
    A continuidade de Ivan Toney no clube mantém-se incerta. O ponta de lança de 28 anos termina contrato em 2025, tendo passado de associado ao Top6 inglês para apontado ao futebol árabe. Toney tornou-se imprescindível para a forma de jogar do Brentford em 2022 e 2023, mas a sua ausência forçou Frank a cozinhar novas soluções e o clube convenceu quando conjugou Mbeumo e Wissa na frente. O brasileiro Igor Thiago, contratado por 33 milhões ao Club Brugge para ser o substituto natural de Toney, sofreu uma lesão no menisco na pré-época.
    Ainda a precisar de dois ou três reforços, a principal curiosidade talvez seja ver como Thomas Frank usa Fábio Carvalho, dotando o português de criatividade uma equipa quase sempre prática e objetiva, incisiva em transição mas pouco dada a adornos. 
    Poderão estar com a calculadora na mão nas últimas jornadas

Treinador: Thomas Frank
Onze-Base (4-2-3-1): Flekken; Roerslev (Hickey), Collins, Pinnock, Ajer; Norgaard, M. Jensen; Mbeumo, Fábio Carvalho, Wissa; Toney (Schade)

Atenção a: Bryan Mbeumo, Yoane Wissa, Fábio Carvalho, Mark Flekken, Mathias Jensen

 NOTTINGHAM FOREST (18)


    Na fina fronteira entre cair para o Championship e sobreviver entre os melhores emblemas ingleses, é onde prevemos que o Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo e Evangelos Marinakis ande em 2024/ 25. Os 17º e 16º lugares das últimas duas épocas mostram como os reds têm apresentado poucos progressos desde que subiram em 2022, e se há duas temporadas foi o fator casa a garantir a manutenção, na última época o mais importante foi mesmo o nível bastante baixo das três equipas que desceram, com o Forest a ser "menos mau".
    O novo clube de Jota Silva recrutou o sérvio Milenkovic para fazer dupla com Murillo (central muito interessante), sem esquecer a estranha transação negociada com o Newcastle, que levou a que Elliot Anderson e Odysseas Vlachodimos trocassem de lado por 41 e 23 milhões respetivamente.
    Pensamos que Sels será o guarda-redes titular, mas Carlos Miguel e Matt Turner podem reclamar oportunidades ao longo da temporada, e deverá ser Morgan Gibbs-White o craque envolvido em maior número de golos e assistências. Danilo e Sangaré garantem músculo, Hudson-Odoi e Elanga oferecem verticalidade e desequilíbrio, e Chris Wood tentará passar a sua marca anterior (14 golos) pressionado pelo concorrente Awoniyi e até, quem sabe, por Jota, caso NES aposte num tridente com maior mobilidade e sem referência.
    A falta de paciência de quem gere, o acumular de decisões questionáveis e o esbanjar de milhões irrefletidos são pontos contra este Forest, mas para os fãs do xG esta foi a quarta equipa que concedeu menor xG (melhor só Arsenal, City e Liverpool) e há qualidade suficiente no 11 inicial e até no banco para ficar um lugar acima deste e sobreviver uma vez mais.

Treinador: Nuno Espírito Santo
Onze-Base (4-2-3-1): Sels; N. Williams, Milenkovic, Murillo, Aina; Sangaré, Danilo; Elanga (Jota Silva), Gibbs-White, Hudson-Odoi; C. Wood (Awoniyi)

Atenção a: Morgan Gibbs-White, Murillo, Chris Wood, Callum Hudson-Odoi, Anthony Elanga

 SOUTHAMPTON (19)

    Tal como o Leicester, a queda do Southampton na segunda divisão inglesa pareceu um equívoco (os saints estavam na Premier League desde 2012). No entanto, tal como o Leicester, o clube do Sul de Inglaterra está longe de apresentar um plantel e uma visão de mercado como nos seus tempos dourados. De van Dijk para Harwood-Bellis, de Sadio Mané para Ben Brereton.
    O ano da descida retirou de St Mary's jogadores como Ward-Prowse, Lavia e Livramento. O ex-Swansea Russell Martin foi o treinador recrutado para assegurar a promoção imediata e, com muita posse de bola (média de 65,6% por jogo), os seus pupilos fizeram a festa em Wembley, com um golo de Adam Armstrong a derrotar o Leeds United na final do Play-Off.
    A capacidade de Martin de se adaptar, e conceder que nem sempre o Southampton terá qualidade para controlar a narrativa dos jogos, será fundamental. O 4-3-3 da temporada passada pode dar lugar a um 3-5-2, capaz de puxar pela lágrima dos adeptos do Blackburn ao reunir na frente Adam Armstrong (24 golos e 13 assistências) e Ben Brereton Díaz. Cameron Archer, contratado em cima do arranque do campeonato, oferece boa dor de cabeça a Martin na escolha da dupla titular. Entre os postes surgirá a dúvida entre o potencial (Bazunu) e a experiência (McCarthy), entre os centrais é ótimo poder contar em definitivo com Harwood-Bellis e estaremos atentos ao reforço Ronnie Edwards (ex-Peterborough), e no meio-campo Martin delirou com a continuidade de Flynn Downes. Nos corredores, a chegada do nipónico Sugawara pode originar que Walker-Peters seja utilizado na esquerda.
    Com 3 avançados com golo, o Southampton pode safar-se no limite. Acreditamos que a equipa ainda se reforce até ao final do mês, e que Martin - à imagem do que fez na Hora H, em Wembley - privilegie o pragmatismo ao romantismo.

Treinador: Russell Martin
Onze-Base (3-5-2): McCarthy (Bazunu); Hardwood-Bellis, Stephens (R. Edwards), Bednarek; Sugawara, Smallbone, Downes, Alcaraz, Walker-Peters; Adam Armstrong, Archer (Brereton)

Atenção a: Adam Armstrong, Cameron Archer, Ben Brereton, Yukinari Sugawara, Taylor Harwood-Bellis

 LEICESTER CITY (20)

    Pode parecer estranho apontarmos o campeão do Championship ao último posto da tabela, mas entre as equipas promovidas o Leicester é quem apresenta menor margem de crescimento.
    Na divisão abaixo, os foxes "passearam" na primeira volta, mas ainda conseguiram pregar um susto aos adeptos com uma sequência de resultados negativos. No fim, a equipa não vacilou e subiu sem precisar do Play-Off, mas entretanto viu o treinador Enzo Maresca mudar-se para o Chelsea, levando com ele o jogador mais importante da equipa, Dewsbury-Hall.
    No horizonte, pairam ameaças de deduções de pontos após uma investigação que acusou os foxes de irregularidades financeiras. Sejam ou não retirados alguns pontos, antevêem-se dificuldades. Steve Cooper é um treinador bastante decente, Vestergaard melhorou na última época na companhia de Faes, e há bons laterais (Kristiansen, James Justin e Ricardo Pereira). Parece-nos faltar qualidade e profundidade ao meio-campo, numa equipa que viverá dos rasgos de Fatawu e Mavididi nos corredores e à qual no momento atual pode faltar golo - Daka (pode sempre voltar aos seus tempos de Salzburgo, mas nem no Championship se destacou) estará de fora nos primeiros meses, o que pode originar o perigoso cenário de continuar dependente de Jamie Vardy, agora com 37 anos, para sobreviver entre os grandes.

Treinador: Steve Cooper
Onze-Base (4-2-3-1): Hermansen; Justin, Faes, Vestergaard, Kristiansen (Ricardo Pereira); Ndidi, Winks; Fatawu, Buonanotte, Mavididi; Vardy (Daka, Cannon)

Atenção a: Stephy Mavididi, Fatawu Issahaku, Victor Kristiansen, Jamie Vardy, Wilfred Ndidi

9 de agosto de 2024

Antevisão da Liga Portugal Betclic 2024/ 25

 Liga Portugal Betclic A espera terminou. Jogou-se o Euro 2024, jogadores e equipas técnicas recarregaram baterias numas mini-férias, os Jogos Olímpicos estão a chegar ao fim, João Neves saiu e Gyökeres (ainda?) não. Estão reunidas as condições para que comece a liga portuguesa 2024/ 25, uma aventura de 34 jornadas e 306 jogos com um Sporting-Rio Ave como primeiro capítulo.
    Abertas as hostilidades em Aveiro numa épica Supertaça (Sporting 3-4 FC Porto após prolongamento), paira no ar uma entusiasmante indefinição quanto aos próximos meses do futebol português, entrando o Sporting em campo como campeão em título e com o bónus de ser quem arranca mais estável, mantendo Rúben Amorim como treinador e tendo mudado pouco, até ver, o plantel.

    Sem Coates e Paulinho, os leões entram na nova época em busca do bicampeonato e com algumas dúvidas quanto à fiabilidade dos reforços Kovacevic e Debast, elementos que com erros individuais custaram ao Sporting o primeiro troféu de 24/ 25. Mas mesmo que a defesa esteja órfã de um líder experiente (Diomande terá aparecer em grande plano durante a globalidade da competição para mascarar esse fator) e que Israel acabe promovido a titular, é reconfortante para a turma de Alvalade continuar a contar com elementos como Hjulmand (novo capitão), Pedro Gonçalves ou, claro está, Viktor Gyökeres, o melhor jogador do campeonato.
    Na Luz, o Verão deu motivos para sorrir e outros para chorar. Roger Schmidt entra em 2024/ 25 como o treinador mais pressionado dos três grandes, e Rui Costa não o ajudou ao vender ao desbarato João Neves, a grande figura dos encarnados. O miúdo de 19 anos mudou-se para o PSG, continuando de águia ao peito Otamendi ou Di María (ambos com 36 anos) numa clube em que, com outra gestão mais capacitada e inteligente, João Neves ficaria e inclusive com a braçadeira. Sem a velocidade de Rafa a desequilibrar os adversários, a pré-época confirmou 3 excelentes reforços - Pavlidis, Beste e Barreiro -, contou com variados rasgos deslumbrantes de Prestianni (18 anos) e teve em Rollheiser uma feliz e promissora adaptação. São incógnitas a continuidade de David Neres, o papel tático de Kökçü e quanto tempo conseguirá Renato Sanches manter-se sem lesões.
    A Norte, Vítor Bruno e André Villas-Boas começaram com o pé direito a árdua missão de suceder a Sérgio Conceição e Pinto da Costa. Com restrições orçamentais, os azuis e brancos ainda devem ter que vender algum craque (entre Diogo Costa, Galeno e Francisco Conceição, um ou dois devem sair até fim de Agosto) mas VB, sempre com os seus calções como imagem de marca, está a conseguir "ganhar" plantel, deixando sorrir Iván Jaime e confiando novas funções ou maiores responsabilidades a vários intérpretes.

    Sporting de Braga e Vit. Guimarães têm novos treinadores, Daniel Sousa e Rui Borges respetivamente, podendo os guerreiros transformar uma luta a 3 numa luta a 4, isto depois de um defeso com uma prospeção "fora da caixa".
    Em 2024/ 25, época que tem Santa Clara, Nacional e AVS em substituição de Portimonense, Vizela e Chaves, são 10 as equipas com novo treinador, com o Gil a promover uma troca na véspera da competição arrancar. Três dos novos técnicos (Ian Cathro no Estoril, Gonzalo García no Arouca e Cristiano Bacci no Boavista) são estrangeiros.

    Globalmente, é um luxo podermos continuar a ver nos nossos relvados Gyökeres, Pote, Hjulmand, Aursnes, Trubin, Diogo Costa ou Alan Varela. Com poucas transferências interessantes entre clubes portugueses (principal destaque vai para a mudança da dupla do Nacional, Chuchu Ramírez e Gustavo Silva, para Guimarães), saudamos as chegadas a Portugal de Pavlidis, Beste, Barreiro, Debast, Gabri Martínez, Arrey-Mbi, El Ouazzani, Jandro Orellana, Santi García, Clau Mendes, Ole "Olinho" Pohlmann e Calegari, entre outros.

    Será um campeonato sem João Neves, sem as vozes de comando de Pepe e Coates, sem as arrancadas de Rafa, sem os golos de Taremi, Mújica, Paulinho e Cádiz. Sem Jota Silva, Rodrigo Gomes, Álvaro Djaló, Pedro Malheiro, Costinha, Kialonda e Gonçalo Franco. Mas será também a oportunidade de afirmação definitiva para Chico Conceição, Tomás Araújo, Mateus Fernandes, Zalazar, Tiago Morais ou Mangas, da última dança de Nenê (41 anos) e terá muito boa rapaziada (Prestianni, Roger, Rodrigo Mora, Quenda, Pedro Santos, Isaac ou Francisco Meixedo) a competir pela distinção de melhor jovem.

    Cabe-nos então apresentar a nossa previsão para 24/ 25, em termos de destaques coletivos e individuais, sujeita como sempre às incidências finais do mercado de transferências, tanto a nível de entradas como de saídas:


 SPORTING (1)

    Paira no ar a desconfiança, e arriscamos que este não será um campeonato com um vencedor capaz de chegar aos 90 pontos, mas na moldura atual o Sporting parte na pole position para renovar o título, no que seria um bicampeonato que foge há muito, muito tempo. Nem somos fãs da máxima "detentor do troféu é sempre favorito", mas a continuidade simultânea de Rúben Amorim e Viktor Gyökeres recomenda que os leões sejam considerados os vencedores mais prováveis.
    No reino do leão, há estabilidade. O balneário perdeu líderes (a equipa terá que crescer e aprender a viver sem Coates) e o banco perdeu os golos importantes de Paulinho, mas os 3 melhores jogadores (Gyökeres, Pote e Hjulmand) continuam todos por Alvalade. Uma saída do sueco até 31 de Agosto obrigaria a repensar o topo da classificação.
    Quaisquer experiências com linhas de 4, talvez inspiradas pelo estudo do que Guardiola e Arteta fazem hoje em dia, não devem demorar muito até serem abandonadas, mantendo-se a estrutura de 3-4-3 como a matriz leonina. Ironicamente, a Supertaça (3-4) fez soar os alarmes em relação aos 2 únicos reforços: Debast (um central que, no momento zero, torna sobretudo o Sporting mais forte a atacar) acumulou disparates e "deu vida" ao Porto, e o guardião Kovacevic vacilou no último golo com um erro de leitura incompreensível. É sabida a intransigência/ teimosia de Amorim e a força inabalável das suas convicções, com a razão quase sempre a acabar por cair para o seu lado, e nestes casos há que dar tempo aos jogadores, podendo no entanto proteger-se Debast com a utilização de Diomande como central do meio.
    Os campeões nacionais, pacientes como tantas vezes antes, têm visto arrastar a novela Ioannidis. E não se compara a pressão que será colocada sobre o grego num cenário em que se junte ao plantel para ser companheiro de Gyökeres ou sua alternativa quando o sueco descansar (sim, ouvimos dizer que por vezes ele descansa) versus a abismal responsabilidade que teria caso chegasse à liga portuguesa para colmatar a sua saída.
    Como estão as coisas, o MVP da última edição volta a apresentar-se como mais forte candidato a melhor jogador e melhor marcador (não estranhem se marcar mais do que 29) apoiado pelo eternamente subvalorizado Pote e com Hjulmand a rugir como novo capitão. Diomande tem que dizer presente, Mateus Fernandes e Quenda podem ser os projetos do treinador este ano.

Treinador: Rúben Amorim
Onze-Base (3-4-3): Kovacevic; Debast, Diomande, Gonçalo Inácio; Catamo, Hjulmand, Morita (Mateus Fernandes), Nuno Santos; Trincão, Pedro Gonçalves, Gyökeres

Atenção a: Viktor Gyökeres, Pedro Gonçalves, Morten Hjulmand, Ousmane Diomande, Mateus Fernandes

 BENFICA (2)

    "A minha saída foi boa para o clube". A frase dita por João Neves na sua entrevista de despedida morará nas profundezas das cabeças de todos os benfiquistas toda a época, fazendo-se sentir mais caso venha a faltar personalidade, carisma e energia. Num erro de gestão clamoroso, os encarnados venderam o seu 87 muito abaixo da cláusula, quando a decisão acertada teria sido uma renovação com franca melhoria salarial (igualado ao teto dos consagrados) e o confiar da braçadeira de capitão. Neves estava protegido até 2028 e daqui a um ano só estaria mais valorizado do que agora. E para quem achava que esta venda permitiria segurar os restantes craques... preparem-se para a inexplicável e absurda saída de David Neres.
    No Benfica, Rui Costa segurou Roger Schmidt no cargo. O alemão inicia a temporada como o treinador em situação mais vulnerável dos 3 grandes, e a contestação aparecerá ao mínimo deslize. O calendário, exceção feita à visita a Famalicão (embora normalmente seja preferível visitar o Famalicão no início da prova do que quando a nova fornada de jovens já está entrosada) na jornada 1, é bastante simpático, um fator que pode ajudar a acalmar as águas.
    No inferno da Luz continuam Di María, Otamendi e João Mário, elementos que se pensava que terminariam a sua ligação ao clube no Verão, e tudo o que se pede a Schmidt é que o alemão tenha aprendido com os seus erros. Aprendeu? Temos muitas dúvidas.
    Sem contar com a velocidade de Rafa (ligado a 37 golos na última temporada), o Benfica 2024/ 25 está a dar os primeiros passos num 4-2-3-1 hiper-prudente e semi-alérgico à criatividade, mantendo Florentino e Leandro Barreiro em dueto, quando em princípio um dos dois terá que cair do 11 inicial. O meio-campo das águias levanta interessantes questões: queremos analisar como a inexistência de João Neves impacta o desempenho de Kökçu, julgamos imprudente que se confie na condição física de Renato Sanches (oxalá estejamos todos errados) e acreditamos muito na importância que o adaptado Rollheiser vai ter.
    A nova temporada pode aliás ficar marcada pelo tango de Rollheiser e Prestianni, dois argentinos que já estavam na Luz mas que podem agora explodir em definitivo. A qualidade do miúdo de 18 anos surpreende a cada jogo. 
    Quanto aos reforços além de Barreiro (fazíamo-lo pior jogador do que é) e Renato, são ótimos os indicadores de Pavlidis, goleador e muito inteligente a movimentar-se, e do alemão Jan-Niklas Beste, o novo dono das bolas paradas encarnadas e melhor amigo de Aursnes. Espera-se o queimar de novas etapas por parte de Marcos Leonardo e Schjelderup, e que Tomás Araújo passe a ser o nome mais indiscutível na defesa do Benfica. 

Treinador: Roger Schmidt
Onze-Base (4-2-3-1): Trubin; Bah, Tomás Araújo, António Silva, Beste; Florentino (Barreiro), Rollheiser; Di María (Kökçu), Prestianni, Aursnes; Pavlidis

Atenção a: Gianluca Prestianni, Vangelis Pavlidis, Benjamín Rollheiser, Jan-Niklas Beste, Tomás Araújo

 PORTO (3)

    Saiu Pinto da Costa, entrou André Villas-Boas. Saiu Sérgio Conceição, entrou Vítor Bruno. O FC Porto inicia um novo ciclo em 2024/ 25, e o pontapé de saída (épica reviravolta na Supertaça) mostrou o pior e o melhor: evidenciou quanto a defesa precisa de um central e líder, provou que a pré-época permitiu "ganhar" reforços que já estavam em casa e demonstrou a união e crença do grupo de trabalho.
    Na Invicta, o grau de exigência é sempre o mais alto, mas em certa medida será dada ao estreante Vítor Bruno, sempre confortável com os seus icónicos calções, maior margem de erro do que aos rivais Amorim e Schmidt. O atual quadro financeiro condicionará também a composição do elenco até 31 de Agosto - o clube precisa de vender (Diogo Costa, Francisco Conceição e Galeno devem ser os jogadores mais requisitados, e o cenário ideal seria perder apenas o extremo brasileiro) e qualquer contratação (Nehuén Pérez melhorava claramente a defesa) terá que ser cirúrgica e a preço acessível.
    Ficando, Diogo Costa continuará a ser um dos melhores guarda-redes em Portugal, e quanto menos for melhorada a linha defensiva neste mercado, mais determinante e mais testado será o titular da Seleção Nacional. Na defesa pós-Pepe, Otávio e Martim Fernandes prometem crescer, e no meio-campo, onde Alan Varela é craque, atenção ao renovado papel de Nico González, mais liberto para surgir em zonas adiantadas.
    Francisco Conceição deve ser um dos temas até ao fecho do mercado. Compreendemos que se considere que o camisola 10 está numa situação delicada (jogador emotivo e transparente, é filho de Sérgio Conceição e a relação entre o seu pai e Vítor Bruno terminou em maus termos) mas honestamente quase só vemos vantagens na sua continuidade: Chico mostraria o seu profissionalismo e compromisso com o clube, ajudaria a agregar ainda mais a massa adepta, e com 21 anos este ainda não é o timing certo para a sua saída. Precisa de uma grande época completa a titular, com alto impacto. Precisa desta época.
    Num 4-2-3-1 em vias de ser catapultado pela criatividade de Pepê, pedem-se minutos para os talentos do Olival (o imparável Vasco Sousa e o predestinado Rodrigo Mora), podendo Iván Jaime sorrir (assunto encerrado, importa agora que o espanhol não insista nesse dossier) e Gonçalo Borges, quem sabe, jogar como nunca antes. No mundo depois de Taremi, Evanilson continua a ser o melhor avançado do FC Porto, cabendo a Fran Navarro e Toni Martínez tentar baralhar as contas.

Treinador: Vítor Bruno
Onze-Base (4-2-3-1): Diogo Costa; João Mário, Zé Pedro, Otávio, Martim Fernandes; Alan Varela, Nico González; Francisco Conceição, Pepê, Galeno (Iván Jaime); Evanilson

Atenção a: Francisco Conceição, Alan Varela, Iván Jaime, Nico González, Diogo Costa

 BRAGA (4)


     A normalidade do Sporting de Braga é este quarto lugar. Depois do extraordinário segundo lugar de 2009/ 10, em 14 temporadas os arsenalistas ficaram nove vezes em 4º, três vezes em 3º e uma vez em 9º (13/14) e em 5º. Intrometer-se até o mais tarde possível na luta pelo pódio e quiçá pelo título será o objetivo de António Salvador e Daniel Sousa, parecendo-nos esta uma temporada em que as imperfeições e vulnerabilidades dos 4 da frente podem originar deslizes e perdas de pontos improváveis.
    Começando pelo treinador, Daniel Sousa parece-nos um passo na direção certa. Aos 39 anos, o técnico chega ao ponto mais alto da sua curta carreira, mantendo a compostura, o foco e a humildade que o parecem caraterizar. O antigo adjunto e analista de André Villas-Boas vai para o seu terceiro trabalho como protagonista, tendo valorizado sempre jogadores, especialmente os espanhóis (Fran Navarro em Barcelos, Mújica e Cristo no Arouca).
    O Braga vendeu Álvaro Djaló e Abel Ruiz à La Liga, teve em Rodrigo Gomes (emprestado ao Estoril em 23/ 24) o seu maior encaixe, com o ala a mudar-se para o Wolves, e ainda deve juntar uns quantos milhões aos seus cofres com a venda de Banza.
    Os restantes craques continuam na Pedreira, parecendo-nos que Rodrigo Zalazar e Ricardo Horta podem exibir o seu melhor futebol com Daniel Sousa, e sendo o teenager Roger Fernandes um dos jogadores para seguir com muita atenção. Os primeiros indicadores são de que Gorby pode ser um dos projetos do treinador, faltando depois perceber como corre a incorporação dos reforços, vários deles demonstrativos de uma prospeção atenta: Arrey-Mbi (contratação mais cara) acrescentará velocidade à defesa; Gabri Martínez vai dificultar a titularidade de Bruma; entre El Ouazzani e Roberto Fernández veremos quem agarra o lugar que Banza tudo indica vai deixar livre, sendo certo que o Braga contará com muitos golos vindos dos homens de apoio ao avançado, mas convém ter também um 9 eficaz. 

Treinador: Daniel Sousa
Onze-Base (4-2-3-1): Matheus; Victor Gómez, Niakaté, Arrey-Mbi, Adrián Marín; Zalazar, João Moutinho (Gorby); Roger, Ricardo Horta, Bruma (Gabri Martínez); El Ouazzani (R. Fernández)

Atenção a: Rodrigo Zalazar, Roger, Ricardo Horta, Gabri Martínez, Bright Arrey-Mbi

 VIT. GUIMARÃES (5)

    Os ingredientes parecem estar reunidos para uma boa época em Guimarães. Sempre sob o escrutínio dos seus exigentes adeptos, o Vitória tem alternado desde 2019 entre este 5º e o 7º lugar, impondo-se cada vez mais que os vitorianos consigam fugir à condição de ilha na tabela entre os 4 primeiros e todos os outros, dando passos no sentido de uma aproximação ao rival minhoto. Convém recordar que na última época - em que esteve bem (fixou recorde de pontos, 63) sem estar brilhante ofensivamente e foi orientado por 5 treinadores diferentes ao longo do tempo - o Vitória esteve a apenas 2 pts do pódio a seis jornadas do fim. Os conquistadores foram uma das 4 equipas com melhor registo caseiro, e espera-se que o D. Afonso Henriques continue a ser um terreno muito desconfortável para os adversários.
    Depois de um grande trabalho no Moreirense, Rui Borges subiu um degrau na classificação e terá neste novo projeto jogadores com mais qualidade para interpretar as suas ideias. O 3-5-2 ou 3-4-3 vimaranense ficou no passado, e o técnico natural de Mirandela deve preferir o 4-3-3, esquema com que a equipa se apresentou nos jogos oficiais, nas fases de acesso à Liga Conferência. Após eliminar o Floriana, o Vitória pode aliás tornar-se o primeiro clube português na Conference, precisando para tal de ultrapassar o Zurique e depois o Botev Plovdiv ou o Zrinjski Mostar.
    Sem contar com o frenético e carismático Jota Silva (transferido para o Nottingham Forest), o Vitória continua com as mesmas caras numa defesa assertiva que apenas tem João Mendes (ex-FC Porto) como novidade do lado esquerdo. No meio-campo, esta pode ser a temporada em que Tomás Händel se torna um dos médios da moda em Portugal, tendo Rui Borges vários médios muito completos às suas ordens: à sapiência de Tiago Silva e Samu (ex-Vizela) juntam-se João Mendes e Nuno Santos, dois jogadores que também podem atuar mais adiantados.
    Chegando ao ataque, Jesús "Chuchu" Ramírez é a aposta para matador, tendo apontado 20 golos e ajudado o Nacional a subir; Guimarães será palco do reencontro do venezuelano com Gustavo Silva (15 golos e 12 assistências pelo Nacional), o substituto de Jota, que ajuda a manter a elevada quota de Silvas na equipa. Kaio, mais adaptado, pode surgir mais maduro, e Ricardo Mangas começou a época a todo o gás na frente, o que pode convidar a que continue a ser aposta adiantado em vez de recuar para a lateral esquerda.

Treinador: Rui Borges
Onze-Base (4-3-3): Bruno Varela; Bruno Gaspar, Borevkovic, Jorge Fernandes, João Mendes; Tomás Händel, Tiago Silva, João Mendes (Nuno Santos); Gustavo Silva (Kaio), Ricardo Mangas, Jesús Ramírez

Atenção a: Jesús "Chuchu" Ramírez, Tomás Händel, Gustavo Silva, Ricardo Mangas, Kaio

 FAMALICÃO (6)

    O Famalicão tem sido uma das equipas mais regulares na Liga. Rampa de lançamento para jogadores como Pedro Gonçalves, Ugarte, Banza ou Iván Jaime, ficou em oitavo nas últimas três edições. Está na altura de terminar um pouco acima.
    O clube presidido por Miguel Ribeiro manteve Armando Evangelista (trabalho satisfatório nas últimas 9 jornadas, período em que herdou a equipa de João Pedro Sousa) e em termos de jogadores perdeu basicamente a frente de ataque - Cádiz foi por 3M para o México, Puma Rodríguez foi por 3M para a Sérvia e Chiquinho regressou ao Wolves. Olhando em exclusivo para essa zona do campo, os reforços parecem bastante decentes: Sorriso assinou em definitivo, Gil Dias e Rochinha podem fazer a diferença, e Mario González ambiciona reviver os seus tempos de Tondela.
    O que nos faz colocar o Famalicão à beira do Top-5 é a continuidade de Luiz Júnior (um dos melhores guarda-redes em Portugal), a manutenção do trio de médios, com especial destaque para Gustavo Sá que, ficando, parece estar no ponto para ser um dos craques de 24/ 25, e temos também muita curiosidade para ver como se adapta o lateral-direito Calegari, visto como um dos mais talentosos no Brasileirão. 

Treinador: Armando Evangelista
Onze-Base (4-3-3): Luiz Júnior; Calegari (Rodrigo Pinheiro), Mihaj, de Haas (Riccieli), Francisco Moura; Topic, Zaydou Youssouf, Gustavo Sá; Sorriso, Gil Dias (Rochinha, Aranda), Mario González 

Atenção a: Gustavo Sá, Luiz Júnior, Calegari, Mario González, Sorriso

 AROUCA (7)

    A equipa sensação da temporada anterior traz consigo várias dúvidas. Daniel Sousa deu um justíssimo salto para o Sporting de Braga, e o Arouca numa decisão bastante hipster arriscou em Gonzalo García, técnico uruguaio cujo último trabalho tinha sido na Croácia.
    A aposta em García vai ao encontro da política de mercado seguida, com cada vez mais elementos do plantel a falar castelhano, mas não podemos negar que há um grau bastante elevado de incerteza quanto à valia do novo comandante. Pela positiva, o plantel continua muito capaz e, se Gonzalo García não resultar e for despedido, não será difícil atrair interessados.
    No comparativo com a época anterior, Arruabarrena e Mújica são as saídas mais assinaláveis. O uruguaio, figura incontornável do clube nos últimos 2 anos, terminou contrato; e o dianteiro espanhol (20 golos na Liga) foi ganhar dinheiro para o Qatar, pagando o Al-Sadd ao Arouca 10 milhões pelos seus serviços.
    Cristo González (pensámos que alguém o contrataria) e Jason continuam no plantel, e entre os novos reforços recai maior pressão sobre os substitutos diretos de Arruabarrena e Mújica: o alemão Nico Mantl calçará as luvas, e Henrique Araújo (perfil técnico com algumas parecenças com Mújica) terá a oportunidade de marcar todos os golos que não marcou em Famalicão. 

Treinador: Gonzalo García
Onze-Base (4-3-3): Nico Mantl; Tiago Esgaio, Matías Rocha, Jose Fontán (Galovic), Weverson; David Simão, Pedro Santos, Sylla; Jason, Cristo González, Henrique Araújo (Trezza)

Atenção a: Cristo González, Henrique Araújo, Jason Remeseiro, Pedro Santos, Nico Mantl

 RIO AVE (8)
    Somos francos admiradores de Luís Freire e, em certa medida, torcemos para que esta seja a temporada em que o treinador luso de 38 anos consegue finalmente colher o crédito que merece. O Rio Ave atravessou bastantes dificuldades na época passada - o embargo de transferências até Janeiro e a saída posterior de Guga seriam fatores suficientes para outras equipas descerem de divisão. Mas os vilacondenses mantiveram-se coesos e terminaram num confortável 11º lugar.
    O Verão fez com que Costinha se mudasse para o Olympiacos (os "grandes" ficaram todos a dormir) e o pequenino e talentoso Joca, que acabou muito bem a temporada, abraçou nova aventura na China. No entanto, o sagaz reforço do plantel permite especular que o Rio Ave será capaz de integrar o pelotão formado por Estoril, Arouca e Famalicão. Salvo o fenótipo similar, não estamos 100% certos que João Tomé conseguirá agarrar a vaga deixada por Costinha; não excluímos por completo que o polaco Miszta retire a titularidade a Jhonatan entre os postes; e no meio-campo o regressado João Novais acrescenta meia distância e qualidade nas bolas paradas, e o germânico formado no Dortmund, Ole "Olinho" Pohlmann, deixou boas indicações na pré-época.
    Clayton (ex-Casa Pia) deve partir na frente para ser o 9, mas é nas faixas que este Rio Ave pode encher as medidas dos seus adeptos e cativar os neutros: Tiago Morais não se afirmou no Lille mas é um craque, e o prodigioso Kiko Bondoso deixou Israel para voltar a espalhar classe em solo nacional. A coexistência de Morais, Bondoso e Fábio Ronaldo deixa-nos apenas a refletir se o 3-5-2 continuará a ser o Plano A, ou se vêm aí tempos mais em 3-4-3.

Treinador: Luís Freire
Onze-Base (3-5-2): Jhonatan (Miszta); Patrick William (Nóbrega), Aderllan, Renato Pantalon; João Tomé, Olinho, João Novais, Oudrhiri, Kiko Bondoso (Fábio Ronaldo); Tiago Morais, Clayton

Atenção a: Tiago Morais, Olinho, Kiko Bondoso, João Novais, Cezary Miszta

 ESTORIL (9)

    O Estoril terá esta época, salvo erro, o único treinador ruivo em Portugal e um dos 4 estrangeiros (Schmidt, García e Bacci são os restantes). O escocês Ian Cathro (38 anos) chegou à Linha claramente com o patrocínio de Jorge Mendes, depois de ter sido adjunto de Nuno Espírito Santo durante vários anos.
    A "cunha" tem o contra de demonstrar que o Estoril passa a estar semi(?) dependente do empresário português, como o Famalicão também está e o Rio Ave já esteve mais, mas também é sintoma que os canarinhos terão um plantel com reforços improváveis para a sua realidade. Sem o promissor João Marques (há muito anunciado como reforço do Braga) e Rodrigo Gomes (terminou o empréstimo e o Braga vendeu-o ao Wolves), o Estoril optou por emprestar Rodrigo Ramos ao Tondela, uma opção que nos desagrada já que o jovem de 20 anos merecia uma chance.
    Rafik Guitane continua no Mágico, mas é altamente provável que o fantasista argelino dê o salto para um clube com outras ambições (substituirá Neres no Benfica?) até ao último dia de Agosto. Joel Robles certamente assumirá a baliza, Hélder Costa regressa a Portugal com 30 anos e Gonçalo Costa (ex-Portimonense) tem condições para conquistar a pole position à esquerda a Pedro Amaral e Tiago Araújo, podendo este último ainda sair.
    Guitane à parte, o principal fator de interesse deste Estoril parece-nos poder ser Jandro Orellana. O médio defensivo espanhol de 23 anos, outrora visto como um potencial sucessor de Busquets no Barcelona, tem obrigação de fazer com que esta seja a sua equipa.

Treinador: Ian Cathro
Onze-Base (4-3-3): Joel Robles; Wagner Pina, Mangala (Vital), Pedro Álvaro, Gonçalo Costa; Orellana, Zanocelo, Michel Costa; Guitane (Fabrício), Hélder Costa, Marqués

Atenção a: Rafik Guitane, Jandro Orellana, Vinícius Zanocelo, Hélder Costa, Gonçalo Costa

 MOREIRENSE (10)

    O Moreirense surpreendeu tudo e todos com o seu sexto lugar, mas parece-nos difícil que seja dada continuidade ao ótimo momento. Moreira de Cónegos teve a quarta melhor defesa da temporada passada, e César Peixoto (técnico a que se associa um futebol mais ofensivo) procurará por certo manter o mais possível os elementos do setor recuado - Kewin na baliza, e a defesa com Fabiano e Godfried Frimpong como laterais, e 2 centrais saídos do trio Maracás, Marcelo e Ponck.
    Certamente em 4-3-3, é natural que a equipa sinta a falta do incansável Gonçalo Franco, transferido para o Swansea do Championship, surgindo Benny (ou André Castro) como provável novo companheiro de Ofori e Alanzinho. 
    No tridente mais adiantado, João Camacho rumou à Turquia e Kodisang voltou à África do Sul. Madson já vinha a jogar com frequência e, assim, a sua promoção ao 11 titular não causará estranheza. O extremo Pedro Santos, emprestado pelo Benfica, pode afirmar-se como um dos jovens desta edição, estando Gabrielzinho à espreita de uma oportunidade. E entre Asué e Guilherme Schettine, confiamos mais na veia goleadora do brasileiro.
    César Peixoto tem matéria-prima para fazer uma época tranquila, e bons hábitos deixados por Rui Borges. Falhando, começará a ser difícil imaginar que o namorado de Diana Chaves volte a merecer a confiança de qualquer clube da Primeira Liga.

Treinador: César Peixoto
Onze-Base (4-3-3): Kewin; Fabiano, Marcelo (Ponck), Maracás, Frimpong; Ofori, Benny (Castro), Alanzinho; Madson, Pedro Santos, Guilherme Schettine (Asué)

Atenção a: Alanzinho, Pedro Santos, Guilherme Schettine, Maracás, Kewin

 SANTA CLARA (11)


    O Santa Clara está de regresso. Clube habituado a boas classificações na sua estadia no principal escalão (entre 2019 e 2022 ficou sempre entre 6º e 10º caindo brutalmente em 22/ 23), o emblema açoriano não perdeu tempo na SABSEG e à primeira oportunidade voltou à piscina dos grandes. Também na Taça de Portugal houve boa campanha, durando até aos quartos-de-final, fase em que o Santa Clara perdeu com o FC Porto (2-1) num jogo invulgar disputado em 2 dias diferentes devido às condições climatéricas.
    Vasco Matos realizou um trabalho meritório e viu o seu contrato renovado até 2026, impressionando sobretudo o registo defensivo da equipa - apenas 19 golos sofridos em 34 jogos.
    Dos 10 jogadores com mais minutos disputados na época passada, todos continuam no clube, e é segundo essa noção de estabilidade, conjugada com o rigor a defender, que nos faz confiar numa época convincente. Pedro Pacheco, Lucas Soares (sólido lateral/ ala direito) e Paulo Henrique fizeram parte do onze do ano da II Liga, onde estranhamente não figurou Bruno Almeida. O médio ofensivo canhoto de 27 anos marcou 15 golos e estamos ansiosos para ver se é desta que transporta para o patamar mais alto todo o brilho e magia que o têm caraterizado nos escalões secundários.
    Com um plantel de apenas duas nacionalidades (63% brasileiro e 37% português), o Santa Clara deposita as suas esperanças em Alisson Safira como homem-golo, Gabriel Silva pode virar um caso sério se der o "clique", e é de certa forma um pequeno luxo poder contar à esquerda com MT e Matheus Pereira em simultâneo.

Treinador: Vasco Matos
Onze-Base (3-4-3): Gabriel Batista; Pedro Pacheco, Frederico Venâncio (Sidney Lima), Paulo Henrique; Lucas Soares, Klismahn, Adriano Firmino (Ricardinho), MT (Matheus Pereira); Gabriel Silva, Bruno Almeida, Safira 

Atenção a: Bruno Almeida, Safira, Matheus Pereira, Gabriel Silva, Pedro Pacheco

 FARENSE (12)

    O facto de prevermos um registo idêntico a 23/ 24 (décimo segundo lugar em vez de 10º) traduz a impressão que temos que poderá ser uma temporada nos mesmos moldes para a turma de José Mota.
    Entre as equipas do 6º até este 12º lugar, o Farense será porventura a que ainda pode enfrentar uma reta final de mercado mais problemática, caso tenha ainda que vir a reforçar-se para suprir potenciais saídas de Ricardo Velho e Mohamed Belloumi, os dois melhores jogadores da equipa. O guarda-redes de 25 anos foi o melhor na sua posição na época passada, acumulando 135 defesas e defendendo 77,9% dos remates que enfrentou, e custa a acreditar como é que continua nos leões de Faro.
    Com algumas perdas significativas (Fabrício Isidoro, Mattheus, Gonçalo Silva, Zé Luís e o goleador Bruno Duarte), os algarvios passarão a ter Raúl Silva e Lucas Áfrico como dupla de centrais, e no miolo Cláudio Falcão tem Ângelo Neto e Filipe Soares como novos amigos. Este último interessa-nos especialmente, visto que não resultou em Famalicão mas exibiu-se em grande plano no Moreirense, antes de se mudar para o estrangeiro. Na frente, o argelino Belloumi continua, e se ficar é expectável que marque mais e assista mais, e caberá ao hispânico Darío Poveda ou a Tomané fazerem esquecer Bruno Duarte.

Treinador: José Mota
Onze-Base (4-3-3): Ricardo Velho; Pastor, Lucas Áfrico, Raúl Silva, Talocha; Cláudio Falcão, Ângelo Neto, Filipe Soares; Belloumi, Marco Matias, Poveda (Tomané)

Atenção a: Ricardo Velho, Mohamed Belloumi, Darío Poveda, Filipe Soares, Ângelo Neto

 ESTRELA DA AMADORA (13)

    Colocamos o Estrela apenas um lugar acima da classificação final de 2023/ 24, mas gostamos do trabalho desenvolvido pelo clube neste defeso. Na última edição, os tricolores ficaram a somente 1 ponto do despromovido Portimonense e, com 33 golos marcados, foram a segunda pior defesa da competição.
    A saída do grande central Kialonda Gaspar (mudou-se para o Lecce, da Serie A italiana, por 2 milhões de euros) era uma inevitabilidade, e temos muita curiosidade para ver se Issiar Dramé (1,97m) mostra ser um legítimo herdeiro. A defesa conta também com o antigo benfiquista Ferro, e na baliza surpreende-nos como é que o FC Porto libertou Francisco Meixedo em definitivo. O jovem guardião de 23 anos, que numa primeira fase talvez seja suplente de Brígido, pode ser um dos destaques das balizas nesta Liga Portugal Betclic.
    Filipe Martins (3 épocas e mais uns meses no Casa Pia) parece um match perfeito para este plantel. O meio-campo viu chegar Alan Ruiz, que da última vez que esteve em Portugal deslumbrou no Arouca, e Nani é o reforço mais mediático. Campeão europeu, 112 vezes internacional por Portugal, pode acrescentar se for bem gerida a sua utilização, festejando com o seu caraterístico mortal quando marcar. A equipa teve pouco golo na temporada passada, mas é precisamente a pensar nos golos que pode representar desta feita o trio Rodrigo Pinho, André Luiz e Kikas que confiamos ao Estrela da Amadora um lugar tão distante das posições de aperto. Têm a palavra os homens da frente.

Treinador: Filipe Martins
Onze-Base (3-4-3): Francisco Meixedo; Miguel Lopes, Dramé, Ferro; Jean Filipe (Danilo), Léo Cordeiro, Alan Ruiz, Rúben Lima (Nilton Varela); Nani (Kikas), Rodrigo Pinho, André Luiz 

Atenção a: Rodrigo Pinho, André Luiz, Kikas, Francisco Meixedo, Alan Ruiz

 CASA PIA (14)
    Numa Liga em que a idade média dos treinadores é 43 anos, o Casa Pia apresenta-se com o treinador mais jovem de todos. João Pereira, o homem que guiou o Alverca à Segunda Liga, tem 32 anos.
    Os resultados nos jogos de preparação não têm impressionado, mas o arranque de campeonato (nas primeiras 6 jornadas, a deslocação à Luz é o único jogo verdadeiramente difícil) pode ajudar a ganhar confiança. O sistema encabeçado por 3 centrais era a preferência tanto de Filipe Martins como de Gonçalo Santos (mudou-se para Inglaterra para colaborar como adjunto de Marco Silva) e João Pereira deverá seguir a mesma disposição tática, até porque o seu Alverca também jogava assim.
    Além de passar a contar com a liderança de José Fonte (40 anos) no coração da defesa e no balneário, os casapianos continuam a ter em Pablo Roberto e Segovia dois jogadores que podem dar muito mais, e há muita variedade de extremos à disposição do treinador. Henrique Pereira era há uns anos uma das promessas mais cativantes do Seixal e Nuno Moreira parece estar sempre a um pequeno passo de explodir. No entanto, as principais armas no ataque renovado podem mesmo ser dois jogadores vindos de Espanha - o esquerdino Raúl Blanco, novo camisola 10, era capitão no Celta de Vigo B, e Clau Mendes tem excelentes caraterísticas para singrar em Portugal.
    Uma defesa experiente, um velocista pela direita (Larrazabal), um meio-campo com boa capacidade de ligar jogo (será que Beni vai dar o salto?) e um ataque com criatividade e alguma potência parecem os ingredientes certos para almejar até o meio da tabela. Um autêntico mistério a continuidade de Leonardo Lelo nesta equipa, com qualidade para voos mais altos.

Treinador: João Pereira
Onze-Base (3-4-3): Ricardo Batista; João Goulart (Zolotic), José Fonte, Tchamba; Larrazabal, Segovia (Beni), Pablo Roberto, Lelo; Raúl Blanco, Nuno Moreira (Henrique Pereira), Clau Mendes

Atenção a: Raúl Blanco, Clau Mendes, Pablo Roberto, Gaizka Larrazabal, Telasco Segovia

 NACIONAL (15)

    Segundo classificado na II Liga quando a prova terminou, o Nacional veio à posteriori a ser considerado campeão quando o Tribunal Arbitral do Desporto deu razão aos alvinegros, transformando um empate diante do Leixões numa vitória. Os 2 pontos conquistados na secretaria foram suficientes para ultrapassar o Santa Clara (73 vs 73), mediante a vantagem nos jogos entre ambos. No segundo escalão, os açorianos impressionaram pelo rigor defensivo, os madeirenses pelo ataque.
    A subida do Nacional traz consigo uma claque emblemática nos decibéis e na percussão e um aumento da probabilidade de jogos adiados por causa do nevoeiro. Tiago Margarido (35 anos) é um dos treinadores a seguir com atenção.
    Num 4-3-3 que tem entre os postes um verdadeiro especialista a defender grandes penalidades (Lucas França defendeu 9 penáltis em 23/ 24) é bom ver regressar ao 1º escalão o veterano João Aurélio, numa defesa que perdeu Paulo Vitor, em que Chico Gonçalves pode ser boa surpresa e que contará com duelo à esquerda entre José Gomes e Afonso Freitas. No meio-campo, o #10 Luís Esteves é sinónimo de consistência, podendo fazer-se acompanhar por Bruno Costa e uma de duas novidades, Matheus Dias ou Miguel Baeza. 
    Temos pena que o extremo Carlos Daniel não tenha acompanhado a equipa na subida, mas no ataque o principal sinal de alarme será a necessidade de substituir os 2 jogadores mais produtivos - Chuchu Ramírez (20 golos) e Gustavo Silva (15 golos e 12 assistências) assinaram pelo Vitória. Margarido tentará fazer de Isaac Tomich (muito potencial e excelentes números na formação do Atlético Mineiro) o seu novo goleador, embora deva começar Butzke a titular, esperando-se desequilíbrio de elementos como Nigel Thomas (teve bons momentos no Paços de Ferreira), Arvin Appiah e Gabriel Santos.
    Temos consciência do grande desafio que é colmatar as saídas de Chuchu e Gustavo Silva, mas o meio-campo equilibrado e a crença em Tiago Margarido levam-nos a acreditar que serão encontradas soluções, podendo o Nacional da Madeira garantir uma respiração mais folgada perto do fim da prova. 

Treinador: Tiago Margarido
Onze-Base (4-3-3): Lucas França; João Aurélio, Chico Gonçalves, Ulisses Wilson (Zé Vitor), José Gomes (Afonso Freitas); Luís Esteves, Bruno Costa, Baeza (Matheus Dias); Nigel Thomas, Appiah, Isaac (Butzke)

Atenção a: Luís Esteves, Isaac, Lucas França, Chico Gonçalves, Arvin Appiah

 GIL VICENTE (16)

    Depois de um razoavelmente tranquilo 12º lugar na época passada, pensamos que o Gil Vicente pode acabar envolvido na acesa luta pela manutenção este ano. Os galos de Barcelos têm um plantel curto e nunca é abonatório arrancar em falso. Tozé Marreco (orientou a equipa nas cinco jornadas finais da última edição) esteve no comando toda a pré-época, mas alegadas divergências com a direção originaram o fim do seu trabalho na véspera do campeonato começar. Segue-se, tudo indica, Bruno Pinheiro, que terá que fazer a sua pré-época já em competição, com um calendário inicial nada fácil para os gilistas.
    No plantel, a principal baixa é mesmo o central Gabriel Pereira (venda mais cara de sempre, mudando-se para o Copenhaga a troco de 5 milhões + 2 em objetivos), tendo também o seu peso o fim dos préstimos de Pedro Tiba e Martim Neto. Pela positiva, os emprestados Félix Correia e Mory Gbane (excelente médio defensivo) passaram a ser jogadores do Gil em definitivo. E na hora de estudar o mercado, as divisões secundárias de Espanha foram a base de recrutamento privilegiada - Santi García (médio ofensivo interessante que fez boa pré-época), Jorge Aguirre (avançado com bons movimentos) e o extremo Diego Collado são as novidades.
    Com mais ou menos sofrimento, o Gil Vicente pode safar-se depois do tumulto inicial autoinfligido, tendo o bónus de ser uma equipa que muito dificilmente tratará mal a bola. Se Maxime Domínguez estiver toda a temporada ao nível do que fez no primeiro quarto de 23/ 24 e se entre Depú e Aguirre um deles virar matador, então a vida será mais tranquila.

Treinador: Bruno Pinheiro (?)
Onze-Base (4-3-3): Andrew; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Felipe Silva (Josué Sá), Marcos Fernández (Sandro Cruz); Gbane, Maxime Domínguez, Santi García; Kanya Fujimoto (Touré), Félix Correia, Depú (Aguirre)

Atenção a: Maxime Domínguez, Santi García, Mory Gbane, Félix Correia, Depú

 AVS (17)

    O AVS (antigo Vilafranquense e sem qualquer relação com o Desportivo das Aves para além da partilha das instalações) carimbou a subida ao vencer o Portimonense, em casa e fora, duas vezes por 2-1, no Play-Off de promoção/ despromoção. O 3º lugar na Liga SABSEG foi determinado pela vantagem no confronto direto com o Marítimo, caso contrário os insulares até tinham mais golos marcados e menos golos sofridos do que a equipa então orientada por Jorge Costa.
    Como é sabido, Jorge Costa tornou-se diretor de futebol do FC Porto, e Vítor Campelos (boa escolha) é o novo treinador. Mesmo que o plantel não impressione, se a direção acreditar no projeto e for paciente com o ex-Gil Vicente e Chaves, é claramente razoável falar-se num cenário de manutenção.
    Falar do AVS é falar de Nenê. O ponta de lança brasileiro de 41 anos, que em 2008/ 09 foi o melhor marcador da Liga Sagres ao serviço do Nacional da Madeira e acima de Cardozo e Liedson, continua com o instinto apurado, brilhando com pouca mobilidade mas muita experiência e técnica. Jogador especial, ícone do clube, ótimo cobrador de livres, não nos surpreende se mesmo quarentão marcar marcar 15 ou mais golos.
    Léo Alaba (não se deixem levar pelo nome, é destro e atua pela direita) e Clayton são bons valores que vêm da época passada, o equatoriano Jhon Mercado será a principal contracena de Nenê no ataque, e o mercado tem servido para acrescentar qualidade (Aburjania deixou boas indicações no Gil Vicente, Lucas Piazón tem o seu pedigree e Rafael Rodrigues quererá aproveitar a oportunidade para regressar à Luz com outra cotação).
    Podemos estar a ser injustos com o AVS, dada a competência de Campelos e o fator Nenê (ter um avançado assim pode fazer toda a diferença), visto que na verdade vemos o clube a terminar algures entre este 17º e o 14º lugares.

Treinador: Vítor Campelos
Onze-Base (3-4-3): Pedro Trigueira; Clayton, Roux, Devenish; Léo Alaba, Aburjania, Lucas Piazón, Rafael Rodrigues; Samuel Granada (Vasco Lopes), Jhon Mercado, Nenê

Atenção a: Nenê, Jhon Mercado, Léo Alaba, Clayton, Giorgi Aburjania

 BOAVISTA (18)

    Não deverá ser chocante apontarmos o Boavista ao posto de "lanterna vermelha". Os axadrezados evitaram uma perigosa experiência no Play-Off de descida/ subida com uma grande penalidade convertida por Miguel Reisinho (que responsabilidade!) aos 90+10 da última jornada diante do Vizela, e têm procurado sobreviver numa realidade de grande aperto financeiro, acumulando inclusive na temporada passada salários em atraso e enfrentando problemas quanto à inscrição de jogadores.
    Fary (presidente da SAD) escolheu Cristiano Bacci como novo treinador. O italiano esteve longe de ser brilhante quando orientou o Olhanense há alguns anos, tendo desde então assumido um papel secundário como adjunto na Grécia, na Arábia Saudita e em Itália. Suspeitamos que até ao final da época haja pelo menos uma mudança no comando técnico.
    Desconstruindo o plantel, as preocupações adensam-se. Pedro Malheiro, Makouta e Bruno Lourenço saíram para o futebol turco, e excetuando o lateral direito (transferência de 2 milhões de euros) as restantes saídas não permitiram ao Boavista encaixar qualquer montante. Houve encaixe sim com Chidozie, central que se mudou para os EUA por 500 mil euros, um décimo do que o clube pagou por ele ao Porto em 2021. A custo zero, as principais novidades são Bruninho (emprestado pelo Atlético Mineiro) e o gigante Ibrahim Alhassan. Para já, o ponta de lança eslovaco Bozeník continua no clube das panteras regras, e no meio-campo há qualidade e esforço com Reisinho, Vukotic e Seba Pérez.
    Tudo somado, é o clube cujo diagnóstico apresenta mais pontos críticos. Acabará o Boavista a chamar Petit de urgência?

Treinador: Cristiano Bacci
Onze-Base (3-5-2): João Gonçalves; Pedro Gomes, Abascal, Filipe Ferreira; Salvador Agra, Vukotic, Sebastián Pérez (Alhassan), Miguel Reisinho, Onyemaechi; Bruninho (Tiago Machado), Bozeník

Atenção: Róbert Bozeník, Miguel Reisinho, Ilija Vukotic, Bruninho, Rodrigo Abascal