É amanhã à noite! Los Angeles veste-se de dourado (ou preto, em protesto #MeToo) para a 90.ª edição dos Óscares da Academia.
Jimmy Kimmel regressa como apresentador - é preciso recuarmos até 1996 e 1997 para encontrarmos um anfitrião, Billy Crystal, ao qual foi dada a honra de conduzir duas cerimónias consecutivas - e embora vá ter Harvey Weinstein como alvo fácil do seu monólogo introdutório terá que equilibrar sensibilidade, humor e criticismo com elegância. Mas é menino para o fazer com distinção. Inevitáveis serão as referências à troca de envelopes da última edição e ao seu nemesis de sempre, Matt Damon.
Pelo palco passarão para apresentar as mais diversas categorias Gal Gadot, Chadwick Boseman, Mark Hamill, Margot Robbie, Nicole Kidman, Matthew McConaughey, Emma Stone, Patrick Stewart, Mahershala Ali, Viola Davis ou Sandra Bullock. A Academia confiou em Warren Beatty e Faye Dunaway para apresentar novamente o derradeiro óscar e, numa cerimónia invariavelmente marcada pelas mulheres, caberá à super-dupla Jane Fonda e Helen Mirren apresentar o óscar de melhor actor, enquanto que Jodie Foster e Jennifer Lawrence vão apresentar o de melhor actriz.
Mary J. Blige, Miguel, Common ou Keala Settle vão todos interpretar as canções nomeadas, embora da nossa parte as expectativas estejam concentradas em ver Sufjan Stevens com St. Vincent a mostrar ao mundo porque é que "Mistery of Love" de Call Me By Your Name devia vencer. O que dificilmente acontecerá.
Desta vez, The Shape of Water é o filme mais nomeado com vantagem (13 nomeações). Dunkirk (8) e Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (7) fecham o pódio. E é bastante provável que a Academia, seguindo a sua tendência recente, distribua o bem pelas aldeias. Não afastamos um cenário em que Shape vença 4 óscares, e Billboards e Dunkirk três. Mas já passaremos a desconstruir hipóteses e cenários.
Interpretando os "sinais" do meio e dos mais diversos sindicatos, os Producers Guild Awards - cuja correlação relativamente ao vencedor da Academia tem perdido força nos últimos anos - escolheram The Shape of Water como filme do ano, os DGA aclamaram o mexicano Guillermo del Toro, e os SGA aplaudiram o trabalho do quarteto Frances McDormand, Gary Oldman, Allison Janney e Sam Rockwell. Também por isso são eles os favoritos amanhã à noite.
Embora The Shape of Water "cheire" mais a óscares, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri é até ver o grande vencedor da awards season. Nos globos de ouro subiu ao palco 4 vezes (melhor filme de drama, melhor actriz, melhor actor secundário e melhor argumento) e nos BAFTA conquistou cinco categorias - melhor filme, melhor actriz, melhor actor secundário, melhor argumento original e melhor filme britânico. The Shape of Water venceu melhor realizador e melhor banda sonora em ambas as cerimónias, juntando ainda o melhor design de produção nos prémios britânicos.
Um outsider chamado Get Out, algumas disputas técnicas entre Dunkirk e Baby Driver, Roger Deakins a poder agarrar o que lhe escapou nas 13 ocasiões anteriores e a importância do óscar de melhor argumento original na definição do vencedor final são alguns dos pontos fortes da análise que apresentamos abaixo.
Amanhã poderão ver os nossos Óscares Barba Por Fazer 2018, uma cerimónia digital já com alguns anos aqui no blog e que muitas vezes se afasta da Academia em termos de nomeados/ vencedores. Mas para já, estas são as nossas previsões para a realidade:
Melhor Filme: The Shape of Water | Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Jimmy Kimmel regressa como apresentador - é preciso recuarmos até 1996 e 1997 para encontrarmos um anfitrião, Billy Crystal, ao qual foi dada a honra de conduzir duas cerimónias consecutivas - e embora vá ter Harvey Weinstein como alvo fácil do seu monólogo introdutório terá que equilibrar sensibilidade, humor e criticismo com elegância. Mas é menino para o fazer com distinção. Inevitáveis serão as referências à troca de envelopes da última edição e ao seu nemesis de sempre, Matt Damon.
Pelo palco passarão para apresentar as mais diversas categorias Gal Gadot, Chadwick Boseman, Mark Hamill, Margot Robbie, Nicole Kidman, Matthew McConaughey, Emma Stone, Patrick Stewart, Mahershala Ali, Viola Davis ou Sandra Bullock. A Academia confiou em Warren Beatty e Faye Dunaway para apresentar novamente o derradeiro óscar e, numa cerimónia invariavelmente marcada pelas mulheres, caberá à super-dupla Jane Fonda e Helen Mirren apresentar o óscar de melhor actor, enquanto que Jodie Foster e Jennifer Lawrence vão apresentar o de melhor actriz.
Mary J. Blige, Miguel, Common ou Keala Settle vão todos interpretar as canções nomeadas, embora da nossa parte as expectativas estejam concentradas em ver Sufjan Stevens com St. Vincent a mostrar ao mundo porque é que "Mistery of Love" de Call Me By Your Name devia vencer. O que dificilmente acontecerá.
Desta vez, The Shape of Water é o filme mais nomeado com vantagem (13 nomeações). Dunkirk (8) e Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (7) fecham o pódio. E é bastante provável que a Academia, seguindo a sua tendência recente, distribua o bem pelas aldeias. Não afastamos um cenário em que Shape vença 4 óscares, e Billboards e Dunkirk três. Mas já passaremos a desconstruir hipóteses e cenários.
Interpretando os "sinais" do meio e dos mais diversos sindicatos, os Producers Guild Awards - cuja correlação relativamente ao vencedor da Academia tem perdido força nos últimos anos - escolheram The Shape of Water como filme do ano, os DGA aclamaram o mexicano Guillermo del Toro, e os SGA aplaudiram o trabalho do quarteto Frances McDormand, Gary Oldman, Allison Janney e Sam Rockwell. Também por isso são eles os favoritos amanhã à noite.
Embora The Shape of Water "cheire" mais a óscares, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri é até ver o grande vencedor da awards season. Nos globos de ouro subiu ao palco 4 vezes (melhor filme de drama, melhor actriz, melhor actor secundário e melhor argumento) e nos BAFTA conquistou cinco categorias - melhor filme, melhor actriz, melhor actor secundário, melhor argumento original e melhor filme britânico. The Shape of Water venceu melhor realizador e melhor banda sonora em ambas as cerimónias, juntando ainda o melhor design de produção nos prémios britânicos.
Um outsider chamado Get Out, algumas disputas técnicas entre Dunkirk e Baby Driver, Roger Deakins a poder agarrar o que lhe escapou nas 13 ocasiões anteriores e a importância do óscar de melhor argumento original na definição do vencedor final são alguns dos pontos fortes da análise que apresentamos abaixo.
Amanhã poderão ver os nossos Óscares Barba Por Fazer 2018, uma cerimónia digital já com alguns anos aqui no blog e que muitas vezes se afasta da Academia em termos de nomeados/ vencedores. Mas para já, estas são as nossas previsões para a realidade:
Melhor Realizador: Guillermo del Toro
Melhor Actor: Gary Oldman
Melhor Actriz: Frances McDormand
Melhor Actor Secundário: Sam Rockwell
Melhor Actriz Secundária: Allison Janney (Laurie Metcalf)
Melhor Argumento Original: Get Out (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Melhor Argumento Adaptado: Call Me By Your Name
Melhor Actor: Gary Oldman
Melhor Actriz: Frances McDormand
Melhor Actor Secundário: Sam Rockwell
Melhor Argumento Original: Get Out (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Melhor Argumento Adaptado: Call Me By Your Name
Melhor Design de Produção: The Shape of Water (Blade Runner 2049)
Melhor Fotografia: Blade Runner 2049
Melhor Guarda-Roupa: Phantom Thread
Melhor Edição/ Montagem: Dunkirk | Baby Driver
Melhor Edição/ Montagem: Dunkirk | Baby Driver
Melhor Caracterização: Darkest Hour
Melhor Banda Sonora: The Shape of Water
Melhor Banda Sonora: The Shape of Water
Melhor Mixagem de Som: Dunkirk (Baby Driver)
Melhor Edição/ Montagem de Som: Dunkirk
Melhor Edição/ Montagem de Som: Dunkirk
Melhores Efeitos Visuais: War for the Planet of the Apes | Blade Runner 2049
Melhor Música: "Remember Me", Coco
Melhor Filme de Animação: Coco
Melhor Filme de Animação: Coco
Melhor Filme Estrangeiro: A Fantastic Woman
Melhor Documentário: Faces Places (Icarus)
Melhor Documentário: Faces Places (Icarus)
Melhor Curta-Metragem: DeKalb Elementary (The Silent Child)
Melhor Documentário (Curta): Edith+Eddie (Heroine(e), Heaven is a Traffic Jam on the 405)
Melhor Documentário (Curta): Edith+Eddie (Heroine(e), Heaven is a Traffic Jam on the 405)
Melhor Curta de Animação: Dear Basketball
A Academia adora realizadores mexicanos. A anunciada vitória de Guillermo del Toro colocará o realizador de The Shape of Water ao lado dos compatriotas Alfonso Cuarón e Alejandro G. Iñárritu, ditando um México 4-1 EUA no espaço de cinco edições, com o prodígio Damien Chazelle (vencedor mais jovem de sempre) pelo meio.
Na noite dos sonhos dos produtores de The Shape of Water, o romance inter-espécies e à prova de água venceria 7 categorias - filme, realizador, actriz, argumento original, design de produção, fotografia e banda sonora, podendo no máximo ir aos 8 com o guarda-roupa (honestamente, seria criminoso Phantom Thread não ganhar). Porém, e uma vez que pelo menos os óscares de melhor actriz e argumento original devem ser entregues a outros filmes, Shape deve-se ficar pelas 4-5 estatuetas.
Mas podem ser menos. Blade Runner 2049 é a concorrência directa nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção. Apostamos e desejamos que o incrível sci-fi de Denis Villeneuve permita a Roger Deakins (esta é a 14.ª nomeação, e nunca ganhou) a vitória que nunca teve. Longe dos óscares técnicos, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, o grande vencedor dos Globos e dos BAFTA, é um sério candidato apenas em categorias que "interessam" - melhor filme, actriz, actor secundário e argumento original. E se as duas categorias de interpretação parecem garantidas (duvidamos que Sally Hawkins belisque Frances McDormand e a afaste do 2.º óscar da carreira), as outras duas ajudarão a definir o vencedor da noite.
Tirando significativas surpresas como Dunkirk ganhar melhor filme ou Lady Bird ganhar melhor argumento original, o mais provável será, face ao modelo de votação da Academia, o óscar principal ser disputado entre The Shape of Water, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri e Get Out. Enquanto que melhor argumento original parece representar uma disputa entre Get Out e Billboards com vantagem, parece-nos, para o primeiro.
No cômputo geral, é improvável surgir um vencedor claríssimo. The Shape of Water deverá andar entre os 3 e os 6 óscares, Three Billboards entre os 2 e os 4, interessando depois a rivalidade entre Dunkirk e Baby Driver nas categorias de edição, montagem de som e mixagem de som. Blade Runner 2049 pode, na melhor das hipóteses, vencer melhor fotografia, melhores efeitos visuais e melhor design de produção, mas também não vencer qualquer uma.
Coco já tem uma mão no óscar de melhor filme de animação, não sendo tão certa a vitória na categoria de melhor canção original, e temos bastantes dúvidas em relação ao melhor filme estrangeiro. Call Me By Your Name merecia mais, mas é quase impossível que alguém tire a James Ivory (89 anos) o óscar de melhor argumento adaptado.
Conclusões finais:
Na noite dos sonhos dos produtores de The Shape of Water, o romance inter-espécies e à prova de água venceria 7 categorias - filme, realizador, actriz, argumento original, design de produção, fotografia e banda sonora, podendo no máximo ir aos 8 com o guarda-roupa (honestamente, seria criminoso Phantom Thread não ganhar). Porém, e uma vez que pelo menos os óscares de melhor actriz e argumento original devem ser entregues a outros filmes, Shape deve-se ficar pelas 4-5 estatuetas.
Mas podem ser menos. Blade Runner 2049 é a concorrência directa nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção. Apostamos e desejamos que o incrível sci-fi de Denis Villeneuve permita a Roger Deakins (esta é a 14.ª nomeação, e nunca ganhou) a vitória que nunca teve. Longe dos óscares técnicos, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, o grande vencedor dos Globos e dos BAFTA, é um sério candidato apenas em categorias que "interessam" - melhor filme, actriz, actor secundário e argumento original. E se as duas categorias de interpretação parecem garantidas (duvidamos que Sally Hawkins belisque Frances McDormand e a afaste do 2.º óscar da carreira), as outras duas ajudarão a definir o vencedor da noite.
Tirando significativas surpresas como Dunkirk ganhar melhor filme ou Lady Bird ganhar melhor argumento original, o mais provável será, face ao modelo de votação da Academia, o óscar principal ser disputado entre The Shape of Water, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri e Get Out. Enquanto que melhor argumento original parece representar uma disputa entre Get Out e Billboards com vantagem, parece-nos, para o primeiro.
No cômputo geral, é improvável surgir um vencedor claríssimo. The Shape of Water deverá andar entre os 3 e os 6 óscares, Three Billboards entre os 2 e os 4, interessando depois a rivalidade entre Dunkirk e Baby Driver nas categorias de edição, montagem de som e mixagem de som. Blade Runner 2049 pode, na melhor das hipóteses, vencer melhor fotografia, melhores efeitos visuais e melhor design de produção, mas também não vencer qualquer uma.
Coco já tem uma mão no óscar de melhor filme de animação, não sendo tão certa a vitória na categoria de melhor canção original, e temos bastantes dúvidas em relação ao melhor filme estrangeiro. Call Me By Your Name merecia mais, mas é quase impossível que alguém tire a James Ivory (89 anos) o óscar de melhor argumento adaptado.
É tudo, por agora.
Miguel Pontares e Tiago Moreira
A Forma da Água: 4*
ResponderEliminarO pior foi a cena cantada, o melhor foi a parte final.
Cumprimentos, Frederico Daniel.