18 de fevereiro de 2012

A Caminho dos Óscares

Hugo

Realizador: Martin Scorsese
Argumento: John Logan, Brian Selznick
Elenco: Asa Butterfield, Chloë Grace Moretz, Ben Kingsley, Christopher Lee, Sacha Baron Cohen, Helen McCrory, Jude Law
Classificação IMDb: 8.2

E eis o filme mais nomeado para estes Óscares. Nomeado para 11 diferentes categorias. Se é justo? Se pensarmos que o último Senhor dos Anéis foi também nomeado para 11 óscares (e ganhou-os todos), não é justo porque Hugo fica a anos de luz do filme de Peter Jackson. Mas também a verdade é que Hugo não ganhará de certeza 11 óscares. O ano passado, por exemplo, O Indomável, dos irmãos Cohen, estava nomeado para 10 óscares e não ganhou nenhum (apesar de merecer um). Este ano, tendo em conta os PGA Awards, será The Artist a vencer o óscar de melhor filme. Isto porque nos Producers Guild Awards vários membros que votam são os mesmos da Academia e daí nos últimos 4 anos o filme vencedor dos PGA ter sido o que venceu o óscar de melhor filme. No entanto, noutras categorias Hugo rivalizará com The Artist e Scorsese com Hazanavicius. Mas o que me traz aqui é o filme em si. Hugo conta a história dum rapaz chamado Hugo Cabret (que raio de apelido), um jovem órfão que vive numa estação de comboios em Paris, reparando os relógios da estação e procurando consertar a única coisa que conseguiu guardar dos tempos com o seu pai (Jude Law) – um autómato, ou seja, um robôzinho. A acção passa-se em Paris, nos anos 30 e, vivendo-se o pós-1ª Guerra Mundial (1914-1918) o cinema tinha perdido o seu encanto, e as pessoas com a guerra tinham perdido a capacidade de imaginar, perdendo-se os trabalhos de vários realizadores. O conserto do autómato leva Hugo a desvendar um segredo sobre um homem próximo de si, um antigo realizador, desmoralizado e esquecido por muitos. O conserto do autómato leva Hugo, através da mensagem que o seu pai lhe deixara, a uma nova casa.
   Nos 9 filmes nomeados encontramos temas variados, mas a verdade seja dita é que os mais nomeados (Hugo e The Artist) são filmes de realizadores que optaram por de certa forma abordar o cinema em si. Um deles (Hugo) mostrando uma história que envolve um realizador esquecido, indo aos primórdios da 7ª arte e o outro (The Artist) que nos faz recuar e apreciar um filme integralmente a preto e branco e mudo, como antigamente.
    A nível de interpretações, este não é um daqueles filmes em que os actores sobressaiam muito, mas ter Ben Kingsley é logo à partida ter um figura de respeito, juntamente com Asa Butterfield (o amigo do “Rapaz do Pijama às Riscas) e Chloë Grace Moretz, que parece estar muito na moda agora. Junta-se a tudo isto ainda Sacha Baron Cohen (sem estar na pele de Borat, mas cómico na mesma) e Christopher Lee (sem estar na pele de Saruman, mas imponente na mesma). Scorsese é Scorsese, não tem que prestar provas a ninguém, mas a meu ver desta vez não fez um filme surreal e marcante, como anteriormente já conseguiu com “The Departed”, “Goodfellas” ou o filme de culto, goste-se ou não, “Taxi Driver”. De qualquer modo, estejam atentos aos próximos filmes dele: Silence e Sinatra.

The Iron Lady

Realizador: Phyllida Lloyd
Argumento: Abi Morgan
Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Olivia Colman, Alexandra Roach
Classificação IMDb: 6.2

Não sou o maior fã do mundo de Meryl Streep. Já nomeada para 17 óscares (contando com a nomeação de melhor actriz por este filme), ganhou apenas 2: melhor actriz principal em “A Escolha de Sofia” e melhor actriz secundária em “Kramer contra Kramer”. Devia ter ganho em 1986 com “África Minha” e em 1996 com “As Pontes de Madison County”. Chamam-lhe algumas vezes “a maior derrotada de sempre da História dos Óscares” mas, para todos os efeitos, não há ninguém que tenha conseguido ser nomeado 17 vezes. Eu a defender a Meryl, ao que eu cheguei. Concentro-me nela porque a verdade é que “The Iron Lady” é um filme que vive única e exclusivamente da interpretação de Meryl Streep. Com uma realização de Phyllida Llyod (Oh não, é a mulher que fez o Mamma Mia!) e um argumento de Abi Morgan que podia estar bem mais interessante, Meryl Streep faz de Margaret Thatcher, a “dama de ferro”, antiga primeira-ministra do Reino Unido durante 11 anos e meio. Apesar de as características históricas e o “peso” da personagem jogarem claramente a favor, tem que se dar de qualquer forma todo o mérito a Meryl Streep pela interpretação. Já venceu o globo de ouro e disputará com Viola Davis o óscar (para mim Rooney Mara também entrava nas contas). “The Iron Lady” foca-se na ascensão ao poder de Margaret Thatcher, na luta constante por ser aceite e por se emancipar num mundo de homens. A perspectiva com que vemos o filme é através das memórias duma já octogenária Margaret Thatcher, que nos mostra a que sacrifícios se sujeitou na sua vida privada e familiar pelo seu país e pela sua carreira. A conservadora ex-primeira ministra britânica, pela voz, rosto e talento de Meryl Streep dá-nos duas frases a que nós portugueses devíamos dar atenção neste período. No mundo político, o facto de antigamente ser integrado por pessoas que queriam fazer algo de importante e não por pessoas que queriam ser importantes (“It used to be about trying to do something. Now it’s about trying to be someone”) e, já agora, “Watch your thoughts for they become words. Watch your words for they become actions. Watch your action for they become habits. Watch your habits, for they become your character. And watch your character, for it becomes your destiny! What we think we become”. MP

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