Balanço Final - Liga NOS 18/ 19

A análise detalhada ao campeonato em que houve um antes e um depois de Bruno Lage. Em 2018/ 2019 houve Reconquista.

Prémios BPF Liga NOS 2018/ 19

Portugal viu um médio carregar sozinho o Sporting, assistiu ao nascer de um prodígio, ao renascer de um suiço, sagrando-se campeão quem teve um maestro e um velocista.

Balanço Final - Premier League 18/ 19

Na melhor Liga do mundo, foram 98 contra 97 pontos. Entre citizens e reds, entre Bernardo Silva e van Dijk, ninguém merecia perder.

Os Filmes mais Aguardados de 2019

Em 2019, Scorsese reúne a velha guarda toda, Brad Pitt será duplo de Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig comanda um elenco feminino de luxo, Waititi será Hitler, e Joaquin Phoenix enlouquecerá debaixo da maquilhagem já usada por Nicholson ou Ledger.

21 Novas Séries a Não Perder em 2019

Renasce The Twilight Zone, Ryan Murphy muda-se para a Netflix, o Disney+ arranca com uma série Star Wars e há ainda projectos de topo na HBO e no FX.

29 de fevereiro de 2016

E os Óscares 2016 foram para ...

E pela noite dentro lá teve lugar a 88.ª edição dos Óscares da Academia. Numa cerimónia com uma ou outra surpresa, 'Spotlight' acabou por ser eleito o Filme do Ano, com 'The Revenant' a ganhar duas categorias-chave (DiCaprio como Melhor Actor e Iñárritu como Melhor Realizador), enquanto que 'Mad Max: Fury Road' limpou quase todas as categorias técnicas, somando um total de 6 óscares, tornando-se o filme mais galardoado do ano.
    Chris Rock conduziu uma gala na qual quase todas as piadas foram parar a questões raciais (pelo meio o sério "We want opportunity") e pelo palco passaram C-3PO, R2-D2 e BB-8, os minions, o vice-presidente norte-americano Joe Biden, mas em termos de humor quem deixou a sua marca com maior qualidade foi o actor e comediante Louis C. K. (como arrasar num monólogo que envolva um Honda Civic), quem sabe um possível apresentador da 89.ª edição. Embora o habitual in memoriam tenha contado com Dave Grohl numa acústica "Blackbird", o grande momento musical da noite acabou por pertencer a Lady Gaga, com "Til it Happens to You", canção que no entanto viria a perder o óscar para a versão 007 de Sam Smith.

    Tal como esperado, 2016 fica como: o ano de Leonardo DiCaprio. À sexta nomeação, o actor de 'The Revenant' ganhou mesmo e foi justamente reconhecido por uma plateia a aplaudi-lo de pé, antes de Leo ter o melhor discurso de agradecimento da noite, com Tom Hardy, Iñárritu, Scorsese (!) e os seus pais envolvidos. Como seria expectável, o actor aproveitou ainda para fazer um apelo em nome do ambiente, rematando com um "Let us not take this planet for granted. I do not take tonight for granted". Para além de DiCaprio, Brie Larson, Alicia Vikander e Mark Rylance foram os restantes actores distinguidos, com o actor de 'Bridge of Spies' a suplantar o favorito Sylvester Stallone.
    Alejandro González Iñárritu conseguiu entrar para o lote incrivelmente restrito de realizadores que ganharam em anos consecutivos (junta-se a John Ford e Joseph L. Mankiewicz) mas não conseguiu fazer História ao ser o primeiro realizador a ter dois filmes seus em anos seguidos a arrecadarem o óscar principal.

Melhor Filme: Spotlight
Melhor Realizador: Alejandro G. Iñárritu (The Revenant)
Melhor Actor: Leonardo DiCaprio (The Revenant)
Melhor Actriz: Brie Larson (Room)
Melhor Actor Secundário: Mark Rylance (Bridge of Spies)
Melhor Actriz Secundária: Alicia Vikander (The Danish Girl)
Melhor Argumento Original: Spotlight
Melhor Argumento Adaptado: The Big Short
Melhor Design de Produção: Mad Max: Fury Road
Melhor Fotografia: The Revenant
Melhor Guarda-Roupa: Mad Max: Fury Road
Melhor Edição/ Montagem: Mad Max: Fury Road
Melhor Caracterização: Mad Max: Fury Road
Melhor Banda Sonora: The Hateful Eight
Melhor Mixagem de Som: Mad Max: Fury Road
Melhor Edição/ Montagem de Som: Mad Max: Fury Road
Melhores Efeitos Visuais: Ex Machina
Melhor Música: "Writing's on the Wall", Spectre
Melhor Filme de Animação: Inside Out
Melhor Filme Estrangeiro: Son of Saul
Melhor Documentário: Amy
Melhor Curta-Metragem: Stutterer
Melhor Documentário (Curta): A Girl in the River: The Price of Forgiveness
Melhor Curta de Animação: Bear Story

    Depois de chamarmos o nosso contabilista concluímos que 'Mad Max: Fury Road' arrecadou 6 estatuetas douradas (Design de Produção, Guarda-Roupa, Edição/ Montagem, Caracterização, Mixagem de Som e Edição/ Montagem de Som), confirmando-se como um "papa-técnicos", enquanto que 'The Revenant' (3: Realizador, Actor e Fotografia) e 'Spotlight' (2: Filme e Argumento Original) ganharam poucas categorias mas com peso significativo.
    Para nós, as vitórias mais inesperadas foram de 'Ex Machina' nos efeitos visuais e Sam Smith na melhor canção original (o "Til it Happens to You" de Lady Gaga era mais forte, como ficou provado em palco, mas os membros da Academia terão recorrido ao voto fácil), com algumas semi-surpresas nas curtas-metragens. Quando fizemos as nossas Previsões dissemos que DiCaprio e Larson eram dados adquiridos mas que tínhamos algumas reticências em relação aos desempenhos secundários, principalmente Stallone, e acabou por ser Mark Rylance a deixar Rocky Balboa K.O.
    Emmanuel "Chivo" Lubezki conseguiu o seu terceiro óscar consecutivo, Ennio Morricone subiu ao palco pela primeira vez aos 87 anos enquanto que os igualmente favoritos 'Inside Out', 'Son of Saul' e 'Amy' foram respectivamente Melhor Filme de Animação, Filme Estrangeiro e Documentário.
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Quando o teu filme não está a ganhar nada mas sabes que no fim vai sacar o "Melhor Filme"
    Um pouco como no rescaldo de quaisquer eleições políticas em Portugal, vários são aqueles que se podem afirmar como vencedores. Três, mais precisamente. 'Mad Max' foi em termos meramente estatísticos o grande vencedor com 6 óscares (ganhou 6 em 10), mas o facto de 'Spotlight' ter arrecadado Melhor Filme e 'The Revenant' ter a combinação Realizador+Actor (venceu no conjunto 3 óscares entre as suas 12 nomeações) dão a este trio diversas razões para todos dormirem com um sorriso na cara. Provavelmente pode-se considerar 'The Revenant' o vencedor da noite, mas acabou por comprovar-se aquela suspeita de que, ao ser um filme capaz de dividir opiniões, saiu prejudicado em relação a algo mais consensual como 'Spotlight'.

    Em 2017 cá estaremos outra vez. E agora podem ir todos apagar as velinhas que colocaram algures para dar força a DiCaprio.

The Oscars happy excited leonardo dicaprio oscars 2016
The Oscars excited oscars michael keaton oscars 2016

    PS.: Se alguma vez a Alicia Vikander entrar numa divisão em que vocês estejam, a única coisa que têm a fazer é agir como o pequeno Jacob Tremblay.
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28 de fevereiro de 2016

Óscares Barba Por Fazer 2016

E cá estamos nós outra vez. Senhoras e senhores, bem-vindos a uma cerimónia digital em que a raça não se sobrepõe ao talento, bem-vindos a uma realidade alternativa na qual DiCaprio já ganhou no passado. Bem-vindos a uma gala na qual o scroll com o rato finta o suspense, intervalos publicitários e comentários de pseudo-comentadores. Bem-vindos aos Óscares Barba Por Fazer 2016.

    Esta é a quinta vez que nos reunimos para eleger aqueles que foram, para nós, os melhores do ano na Sétima Arte. Pela 3.ª vez esta iniciativa é-vos oferecida em formato individualizado das previsões, e por isso abaixo terão os nossos devaneios: as opiniões, vencedores (e mesmo nomeados) que surgem abaixo são os nossos e não os da Academia.
    Ontem publicámos as nossas Previsões para os Óscares, mas por agora vamos lá fazer justiça como podemos. Como o dinheiro não dá para muito, esqueçam lá a red carpet. O mais provável era termos vestido os fatos do ano passado. Porém, gostamos de enfrentar o perigo que nem Simbas e optámos por um estilo casual. Parecemos ou não uns manequins... da Zara? Estilo é connosco. Miguel Pontares apresenta-se com um hoodie carregado de estilo com bolsos ao centro, perfeito para colocar suas mãos. Um estilo descontraído e acompanhado por umas jeans castanhas com bolsos cozidos à mão. Já Tiago Moreira presenteia-vos com um estilo mais à fresca. Uma t-shirt muscle fit 100% de algodão com uma brilhante estampagem a contrastar com a cor da camisola. As calças são de ganga, daquelas que não apertam. Ambos estão vestidos por si próprios.
    Como a tendência é crescer, à medida que aumenta o nosso conhecimento e contacto com o universo cinematográfico, este ano foram acrescentadas algumas categorias técnicas. Em jeito de balanço, podemos dizer que foi um bom ano para o Cinema - não fomos presenteados com nenhum filme incrível de fazer cair o queixo, nenhum Excelente, mas muitos num nível Bom. Este é o ano de DiCaprio, o ano em que Stallone passou o testemunho, em que o amor entre mãe e filho provou ser inesgotável tanto num quarto claustrofóbico como num mundo que afinal existe fora da televisão. Guardamos a expressão final de Leo em 'The Revenant', as palavras finais de Agu (Abraham Attah) em 'Beasts of No Nation', o rosto carregado de múltiplas emoções com que Charlotte Rampling fecha '45 Years'. Michael B. Jordan corre pelas ruas em 'Creed', Tom Hardy desafia DiCaprio a piscar os olhos, Idris Elba grita These are the ones that killed your father!, Fassbender olha para a filha antes do ecrã ir a preto. Vamos lá a isto: Oh, what a day! What a lovely day!


MELHOR FILME
Vencedor: The Revenant
Outros Nomeados: Beasts of No Nation, The Big Short, Ex Machina, Creed, Mad Max: Fury Road, Me and Earl and the Dying Girl, Room

    'The Revenant' tem falhas - é extenso demais (sai beneficiada a Fotografia, prejudicado o Argumento que carece de sumo e tem subplots que parecem desnecessários) mas, mesmo imperfeito, é o nosso Filme do Ano. Visualmente é o filme mais forte - Iñárritu e Lubezki deixaram-nos sem palavras - e junta a isso Leonardo DiCaprio e Tom Hardy num verdadeiro duelo de titãs. A eleição de 'The Revenant' acaba por ser uma consequência natural, o resultado da soma das vitórias nas várias partes/ categorias. É a primeira vez que distinguimos um filme do mexicano Alejandro González Iñárritu, um visionário que juntou às filmagens só com luz natural o brilhantismo técnico (o urso, mas não só) e a capacidade de nos fazer sentir algo, numa Natureza como poucas vezes a vimos tão majestosa. 'The Revenant' não representa nenhuma inovação nem marca um virar de página no Cinema, e a lenga-lenga do "passámos tantas dificuldades e fomos sujeitos a condições extremas" não nos influencia porque não estamos a avaliar o Bear Grylls, mas é ainda assim o filme que mais mexeu connosco.
    Depois, igualando em número como sempre fazemos os nomeados que a Academia dita (oito, neste caso), era impossível deixar de fora 'Beasts of No Nation', o filme da Netflix no qual Fukunaga apostou forte, conseguindo expor a realidade das crianças-soldado e dos exércitos mercenários de um modo visceral e intenso. 'The Big Short' sai valorizado pelo seu dinamismo, pertinência, pelo fantástico elenco e pela capacidade de - embora seja quase um documentário - quebrar a quarta parede, oferecendo-nos muitas explicações relevantes, tornando o complexo mais simples, enquanto que 'Ex Machina' reuniu os actores do futuro, com Alex Garland a explorar um conceito futurista e capaz de nos deixar intrigados do princípio ao fim.
    'Creed' mostrou ao mundo que esteve muito longe de ser um erro, 'Mad Max: Fury Road' é o blockbuster/ filme de acção pura do ano, e tanto 'Me and Earl and the Dying Girl' como 'Room' souberam passar emoções, usando como "armas" a simplicidade e as relações humanas. 

MELHOR REALIZADOR
Vencedor: Alejandro González Iñárritu (The Revenant)
Outros Nomeados: Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation), George Miller (Mad Max: Fury Road), Ryan Coogler (Creed), Alfonso Gomez-Rejon (Me and Earl and the Dying Girl)

    O homem está imparável! Não nos parece que haja muito a dizer, tal a superioridade de Alejandro González Iñárritu em relação à concorrência. O realizador mexicano é um perfeccionista, um homem que persegue desafios como ninguém, e essa ousadia, conjugada com a poderosa dupla de actores ao seu serviço, vale-lhe um lugar ao Sol. E tem barba por fazer, o que é sempre é um bónus.
    Decidimos nomear a juventude - Cary Joji Fukunaga (38 anos) e Ryan Coogler (29 anos!) - porque ambos já deixaram bem claro que o futuro do Cinema está em boas mãos. Mas ambos, multi-facetados nos seus projectos (Fukunaga realizou, adaptou o argumento e foi o Director de Fotografia; Coogler escreveu o argumento, convenceu Stallone a avançar, e realizou), estão aqui porque já merecem este posto no Presente. A subir e bem a média de idades, George Miller foi capaz de ressuscitar as aventuras de Max Rockatansky, injectando o espectador com uma dose incrível de adrenalina durante duas horas. Por fim, embora Adam McKay (The Big Short) e Lenny Abrahamson (Room) pudessem também ser metidos ao barulho, atribuímos a nossa 5.ª vaga ao menos badalado Alfonso Gomez-Rejon, outrora pupilo e assistente de Scorsese e Iñárritu, que mostrou em 'Me and Earl and the Dying Girl' o quanto aprendeu com eles.

MELHOR ACTOR
Vencedor: Leonardo DiCaprio (The Revenant)
Outros Nomeados: Michael Fassbender (Steve Jobs), Abraham Attah (Beasts of No Nation), Jason Segel (The End of the Tour), Michael B. Jordan (Creed)

    É muito complicado comparar os desempenhos de Leonardo DiCaprio e Michael Fassbender. Dois actores extraordinários, um com tão pouco para nos dizer através do diálogo mas com muita emoção e sofrimento para fazer passar; e o outro a dominar a linguagem sorkiniana como poucos. Embora a vitória pudesse ser de qualquer um (ambos já aqui ganharam no BPF, em 2014, com 'The Wolf of Wall Street' e '12 Years a Slave'), privilegiámos DiCaprio. Não pela conversa de já ter sido nomeado antes 5 vezes sem nunca ter ganho, mas sim pela fisicalidade, pela capacidade de passar emoções, e porque aquele misto de vulnerabilidade e determinação não é fácil de alcançar. Em relação a Fassbender, foi Steve Jobs. Parece-nos elogio suficiente.
    Num ano em que dois miúdos tiveram das melhores interpretações de actores-criança que vimos nos últimos anos largos, Abraham Attah conseguiu a proeza de estar ao nível de Idris Elba em 'Beasts of No Nation'. Um talento natural, uma estreia de sonho.
    Entregando menções honrosas a Ben Mendelsohn (Mississippi Grind) e Bryan Cranston (Trumbo), o quinteto fica fechado com dois actores que a Academia ignorou - Jason Segel e Michael B. Jordan. O actor que se tornou famoso na série de comédia How I Met Your Mother transformou-se por completo para "ser" o escritor David Foster Wallace, e bastou James Ponsoldt confiar nele depois de lhe confessar que sempre que o via em comédias notava um estranho olhar triste atrás da personagem, e das gargalhadas enlatadas. B. Jordan chegou para ser herdeiro de Rocky Balboa, e provar que não foi um erro de Apollo Creed, e conseguiu assim a sua segunda nomeação ('Fruitvale Station' em 2014) connosco. 

MELHOR ACTRIZ
Vencedora: Brie Larson (Room)
Outras Nomeadas: Bel Powley (The Diary of a Teenage Girl), Cate Blanchett (Carol), Charlotte Rampling (45 Years), Olivia Wilde (Meadowland)

    E a sucessora de Rosamund Pike é... Brie Larson. Tal como será para a Academia, como foi para os Screen Actor Guild Awards e para a generalidade das entregas de prémios. Desde 'Short Term 12' que ficámos despertos para o talento da actriz norte-americana, mas como Ma em 'Room' convenceu-nos de vez! Num filme pesado, conseguiu criar uma química assustadoramente real com o pequeno Jacob Tremblay (mérito também do realizador, Lenny Abrahamson, brilhante a dirigir actores) e demonstrou a força de uma mãe, uma mulher em conflito.
    Bel Powley entra também direitinha no nosso Top-5 depois de um desempenho ao nível do que Ellen Page fez em 'Juno' há vários anos, mas que infelizmente não contou com grande "publicidade" neste despertar sexual de uma jovem rapariga. A poderosa Cate Blanchett, a veterana em conflito com o passado Charlotte Rampling e Olivia Wilde, uma excelente surpresa no indie 'Meadowland' completam as nossas nomeadas, num ano forte em termos de actrizes principais - basta ver que Saoirse Ronan (Brooklyn), Charlize Theron (Mad Max: Fury Road) e Sarah Silverman (I Smile Back) estiveram igualmente incríveis, a última talvez com o papel mais perturbador do ano no género feminino.

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Vencedor: Tom Hardy (The Revenant)
Outros Nomeados: Idris Elba (Beasts of No Nation), Paul Dano (Love & Mercy), Christian Bale (The Big Short), Mark Rylance (Bridge of Spies)

    Este ano pode até não ter sido particularmente forte em algumas categorias, mas esse não é certamente o caso no que diz respeito aos Actores Secundários. Quase que podíamos enumerar uma dezena de candidatos fortes (basta ver que Jacob Tremblay (Room) e Benicio del Toro (Sicario) são as nossas menções honrosas, deixando de fora Mark Ruffalo, Michael Shannon, Walton Goggins e Sylvester Stallone, que não foi capaz de nos amolecer como a muita gente).
    O grande destaque, embora seja taco-a-taco entre ele e Elba, é Tom Hardy. O actor britânico de 38 anos - uma "besta" como DiCaprio já se referiu a ele - é uma fatia significativa do sucesso de 'The Revenant'. Um antagonista brilhante, ao qual Hardy se entregou de corpo e alma, e o melhor elogio que lhe pode ser feito é que nas cenas que DiCaprio e Hardy partilham, o íman de "energia" da cena faz-nos estar primordialmente de olhos postos em Hardy.
    Idris Elba, o Commandant de 'Beasts of No Nation', é quanto a nós a ausência mais escandalosa entre os nomeados da Academia, funcionando ao mesmo tempo como figura paternal e adulteração/ subversão moral do pequeno Agu. O sotaque, a postura, o carisma, um dos nossos actores-fetiche da actualidade.
    Em relação à Academia temos em comum, para além de Tom Hardy, as nomeações de Christian Bale e Mark Rylance, e tivemos que incluir Paul Dano, actor subvalorizado que se transcendeu (mais uma vez) na pele de Brian Wilson.

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Vencedora: Alicia Vikander (The Danish Girl)
Outras Nomeadas: Jennifer Jason Leigh (The Hateful Eight), Kate Winslet (Steve Jobs), Rachel Weisz (The Lobster), Alicia Vikander (Ex Machina)

    Quem nos acompanha há vários anos poderá ter reparado que em 2012 nomeámos Jessica Chastain duas vezes como Actriz Secundária ('Take Shelter' e 'The Help'). Desta vez acontece o mesmo, mas com a sueca Alicia Vikander. O ano foi dela! Em 'Ex Machina' mostrou-se um robot perfeito e manipulador, mas o maior mérito foi em 'The Danish Girl' ao ter sido capaz de ofuscar Eddie Redmayne, sem precisar de mudar de sexo.
    Jennifer Jason Leigh foi o principal destaque de 'The Hateful Eight', Kate Winslet voltou a perder-se numa personagem, parecendo quase irreconhecível; e o papel de Rachel Weisz em 'The Lobster' vale-lhe o bilhete este ano.

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Vencedor: Alex Garland (Ex Machina)
Outros Nomeados: Pete Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley (Inside Out), Efthymis Filippou e Yorgos Lanthimos (The Lobster), Tom McCarthy e Josh Singer (Spotlight),  Quentin Tarantino (The Hateful Eight)

    O ano teve um maior número de filmes fortes na categoria de Argumentos Adaptados, e aqui o nosso Top-5 é uma incrível miscelânea. Desde 'Spotlight', uma ode à investigação, ao jornalismo e à verdade, à sátira de Yorgos Lanthimos em 'The Lobster', passando por um guião de Tarantino que nos desiludiu, mas que merece ainda assim integrar o lote dos melhores. Deixando 'Mistress America', argumento de Noah Baumbach com a sua musa Greta Gerwig, à porta, 'Inside Out' quase nos convenceu de que merecia a vitória - é porventura o filme mas adulto da Pixar, e um conceito extraordinariamente bem explorado. Mas a vitória é para 'Ex Machina', de Alex Garland, pela capacidade de nos fazer pensar, ao longo e depois do filme, pelos diálogos que o constituem e pela própria construção de personagens (matéria em que 'The Hateful Eight' nos desiludiu um pouco).

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Vencedor: Adam McKay e Charles Randolph (The Big Short)
Outros Nomeados: Donald Margulies (The End of the Tour), Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation), Emma Donoghue (Room), Charlie Kaufman (Anomalisa)

    O nível é alto, equilibrado por cima entre as adaptações, mas a escolha Barba Por Fazer recaiu em 'The Big Short'. É certo que foge ao modelo de narrativa em ficção, e parece inclusive em vários momentos um mockumentary, mas Adam McKay e Charles Randolph fizeram um trabalho extraordinário a converter algo que parecia impossível num filme dinâmico e elucidativo.
    As adaptações de 'The End of the Tour' (surreal, uma vez que é 90% Jason Segel e Jesse Eisenberg a falarem sobre tudo e sobre nada), 'Beasts of No Nation' e 'Room' (Emma Donoghue a adaptar para guião a sua obra) completam o grupo de nomeados, do qual faz também parte a animação em stop-motion 'Anomalisa'. Só Charlie Kaufman para criar algo assim. 'Steve Jobs' e 'Me and Earl and the Dying Girl' foram equacionados, mas não havia espaço para todos no elevador.

MELHOR EDIÇÃO/ MONTAGEM
Vencedor: Hank Corwin (The Big Short)
Outros Nomeados: Margaret Sixel (Mad Max: Fury Road), Elliot Graham (Steve Jobs), Mikkel E. G. Nielsen e Pete Beaudreau (Beasts of No Nation), Stephen Mirrione (The Revenant)


MELHOR FOTOGRAFIA
Vencedor: Emmanuel Lubezki (The Revenant)
Outros Nomeados: Roger Deakins (Sicario), Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation), John Seale (Mad Max: Fury Road), Adam Arkapaw (Macbeth)


MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
Vencedor: Junkie XL (Mad Max: Fury Road)
Outros Nomeados: Ennio Morricone (The Hateful Eight), Dan Romer (Beasts of No Nation), Thomas Newman (Bridge of Spies), Jóhann Jóhannsson (Sicario)


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Vencedor: "Manta Ray"(Racing Extinction)
Outros Nomeados: "Sing Along" (Rudderless), "One Kind of Love" (Love & Mercy), "Waiting For My Moment" (Creed), "Simple Song #3" (Youth)

    Entre as Categorias Técnicas, 'The Big Short' superiorizou-se à concorrência na Edição/ Montagem, conseguindo contar a história com muita dinâmica (muito 'The Wolf of Wall Street') mantendo o ritmo adequado e cativando do início ao fim o espectador. É impossível não apanhar o "comboio" do enredo. O trabalho de Emmanuel "Chivo" Lubezki na Fotografia de 'The Revenant' é um dos pontos fortes do filme fazendo valer a pena uma ida ao cinema para visionar o seu trabalho, e a Banda Sonora Original (não houve nenhuma que nos convencesse de caras) de Junkie XL em 'Mad Max: Fury Road' garantiu a pole position com o seu tema principal, servindo transversalmente a história de modo frenético e electrizante. Nas Canções, optámos pela delicadeza de 'Manta Ray' do documentário 'Racing Extinction', coadjuvado pelo actor Billy Crudup em 'Rudderless', por Brian Wilson no filme sobre si próprio, Childish Gambino, Jhene Aiko e Vince Staples  ao serviço de 'Creed' e por fim a mestria de Sumi Jo e Viktoria Mullova com a orquestra BBC em 'Youth'. 


Total de Nomeações Barba Por Fazer:

8 - Beasts of No Nation;
6 - The Revenant;
5 - Mad Max: Fury Road;
4 - The Big Short, Creed;
3 - Ex Machina, Room, Steve Jobs, The Hateful Eight;
2 - Me and Earl and the Dying Girl, The End of the Tour, Bridge of Spies, Love & Mercy, The Lobster, Sicario;
1 - Carol, The Diary of a Teenage Girl, 45 Years, Meadowland, The Danish Girl, Inside Out, Spotlight, Anomalisa, Macbeth, Youth, Racing Extinction, Rudderless;


Tal como nos últimos anos, fechamos então a nossa cerimónia-em-formato-digital com mais duas categorias, uma em reconhecimento da consistência ao longo do ano ou de algum impacto significativo na área, e a outra de olhos postos no futuro.


Personalidade do Ano: Alicia Vikander | Tom Hardy
Rookie do Ano: Bel Powley. Outros nomeados: Daisy Ridley, Jacob Tremblay, Abraham Attah, Taron Egerton.

    Incapazes de tomar uma decisão, ficámos por um empate técnico entre Alicia Vikander e Tom Hardy na Personalidade do Ano no Cinema. A actriz sueca foi omnipresente - 'Testament of Youth', 'Ex Machina', 'The Man from U.N.C.L.E.', 'Burnt' e 'The Danish Girl' é muita fruta, e só os seus colegas de 'Ex Machina', Oscar Isaac e principalmente Domhnall Gleeson tiveram um ano com tantos projectos de relevo. Já Tom Hardy teve um ano de consagração, e basta pensar que sozinho representa 22 nomeações da Academia (12 de 'The Revenant' mais 10 de 'Mad Max: Fury Road') para percebermos o seu impacto no sector.
    Nos Rookies o nosso destaque é a actriz inglesa Bel Powley, uma verdadeira revelação em 'The Diary of a Teenage Girl'. Anualmente tentamos destacar jovens actores e actrizes que tenham dado os seus primeiros passos a sério, e que apresentem potencial para manterem o nível no futuro, e seguindo esse raciocínio cá estão Daisy Ridley e Taron Egerton. A primeira provou ser uma aposta ganha em 'Star Wars', capaz de se tornar um ícone feminino e progredir em termos de notoriedade nos próximos anos, e Egerton ('Kingsman: The Secret Service') tem tudo para ser um caso sério em filmes de acção e comédia. O risco de distinguir o talento de um actor precoce foi totalmente colocado de parte nos casos de Abraham Attah e Jacob Tremblay. Com o nível deles tão cedo o Cinema não teve muitos.




Estejam, naturalmente, à vontade para dar as vossas opiniões. Nós até agradecemos nestes nossos novos trajes. Estas são as nossas.
E agora vão lá às vossas vidas e preparem-se para uma noite longa onde se comemora, mais que nunca, a Sétima Arte.
Um bem haja a todos vós!


Miguel Pontares e Tiago Moreira

27 de fevereiro de 2016

Previsões Vencedores Óscares 2016

Preparem-se, vêm aí os óscares mais difíceis de prever dos últimos anos! Amanhã à noite o Dolby Theatre em Los Angeles será mais uma vez palco da cerimónia dos Óscares da Academia. A 88.ª edição contará com a apresentação de Chris Rock, que certamente irá referir a ironia de, num ano em que foram sugeridos boicotes e o sistema de votação foi repensado (tudo movido pelo movimento #OscarsSoWhite), ser um afro-americano o anfitrião da noite. Questões raciais à parte, houve de facto algumas injustiças este ano, sendo a ausência de Idris Elba (Beasts of No Nation) uma delas. 'The Revenant' (12 nomeações) e 'Mad Max: Fury Road' (10) são este ano os dois filmes mais nomeados, e também por isso os principais favoritos a somar várias estatuetas - o filme de Alejandro González Iñárritu, com Leonardo DiCaprio e Tom Hardy nos principais papéis, é o grande favorito da noite, mas 'Mad Max: Fury Road' (que conta igualmente com Tom Hardy) pode ser o papa-técnicos da noite, sucedendo a 'The Grand Budapest Hotel' e 'Gravity'.
    Ao contrário doutros anos, olhar para as várias entregas de prémios que antecedem e ajudam a prever os Óscares serve de pouco ou nada. 'The Big Short' venceu nos Producers Guild Awards (nos últimos 8 anos o vencedor dos PGA ganhou sempre o óscar máximo), nos SAG Awards foi 'Spotlight' a vencer, enquanto que 'The Revenant' juntou às vitórias nos Globos de Ouro e nos BAFTA o destaque para Iñárritu por parte dos Directors Guild Awards. Neste caso, o bem foi espalhado pelas aldeias.
    Assim, 'The Revenant', 'The Big Short' e 'Spotlight' parecem ombrear entre si pela estatueta mais desejada, com vantagem para o primeiro. Os restantes dois parecem certezas nos Argumentos - adaptado e original, respectivamente - e face ao método de votação da Academia pode dar-se uma surpresa, algo como 'Room' ou 'Mad Max: Fury Road' terem uma noite, inesperada, em cheio. Algo que está mais perto de acontecer para o quarto filme do franchise de George Miller - que deve obter entre 4 e 8 óscares, o que o poderia deixar como uma espécie de vencedor se um desses fosse o de Realizador. Nota importante: se o mexicano Alejandro G. Iñárritu conseguir que 'The Revenant' ganhe Melhor Filme e Melhor Realizador torna-se o 3.º realizador a ganhar duas vezes consecutivas (depois de John Ford e Joseph L. Mankiewicz) na sua categoria, mas o primeiro da História a conseguir que dois filmes seus sejam vencedores em anos consecutivos. Veremos o que acontece, uma vez que 'The Revenant' tem a seu favor a possível combo Realizador+Actor+Fotografia+Som, sem excluir uma vitória nos efeitos visuais graças àquele ursinho, mas contra si o facto de ser mais drástico na divisão de opiniões, ao contrário de filmes mais consensuais como 'The Big Short' e 'Spotlight'.

    Pelo palco, para apresentar os vários nomeados e entregar as estatuetas aos vencedores, vão passar figuras como Morgan Freeman, Jared Leto, Margot Robbie, J. K. Simmons, Tina Fey, Ryan Gosling, Whoopi Goldberg, Daisy Ridley, Jacob Tremblay, J. J. Abrams e Russell Crowe.
    Amanhã poderão ler os nossos Óscares Barba Por Fazer 2016, mas por agora estas são as nossas previsões para a realidade.

Melhor Filme: The Revenant (Spotlight, The Big Short)
Melhor Realizador: Alejandro G. Iñárritu (George Miller)
Melhor Actor: Leonardo DiCaprio
Melhor Actriz: Brie Larson
Melhor Actor Secundário: Sylvester Stallone (Mark Rylance, Tom Hardy)
Melhor Actriz Secundária: Alicia Vikander (Kate Winslet)
Melhor Argumento Original: Spotlight
Melhor Argumento Adaptado: The Big Short
Melhor Design de Produção: Mad Max: Fury Road
Melhor Fotografia: The Revenant
Melhor Guarda-Roupa: Mad Max: Fury Road
Melhor Edição/ Montagem: Mad Max: Fury Road | The Big Short
Melhor Caracterização: Mad Max: Fury Road
Melhor Banda Sonora: The Hateful Eight
Melhor Mixagem de Som: The Revenant (Mad Max: Fury Road)
Melhor Edição/ Montagem de Som: The Revenant | Mad Max: Fury Road
Melhores Efeitos Visuais: Star Wars: The Force Awakens | The Revenant (Mad Max: Fury Road)
Melhor Música: "Til it Happens to You", The Hunting Ground
Melhor Filme de Animação: Inside Out
Melhor Filme Estrangeiro: Son of Saul
Melhor Documentário: Amy
Melhor Curta-Metragem: Shok (Ave Maria, Stutterer)
Melhor Documentário (Curta): Body Team 12 | A Girl in the River: The Price of Forgiveness | Claude Lanzmann: Spectres of the Shoah
Melhor Curta de Animação: World of Tomorrow | Sanjay's Super Team (Bear Story)


Conclusões finais:

    Ao contrário de anos anteriores, desta vez há várias categorias que estão longe de estar "fechadas", e parece-nos que poderão acontecer algumas surpresas.
    Diz a lógica que 'The Revenant' e 'Mad Max: Fury Road' sejam os filmes mais galardoados da noite. Competem entre si em diversas categorias técnicas, e nesse sentido pode dar-se o caso de 'Mad Max' ser o filme que leva mais figuras douradas para casa, sendo ainda assim 'The Revenant' o vencedor da noite.
    Desconstruindo, há algumas categorias em que, essas sim, a vitória parece absolutamente garantida: Leonardo DiCaprio vai finalmente ganhar o óscar (à sexta nomeação) e Brie Larson também já há-de ter o discurso bem preparado. Os argumentistas de 'Spotlight' e 'The Big Short' devem subir ao palco, e Emmanuel "Chivo" Lubezki deve conseguir o seu 3.º óscar consecutivo de Melhor Fotografia (Roger Deakins tem com 'Sicario' a sua 13.ª nomeação e nunca ganhou, ele sim um mártir maior que Leo) depois de ter ganho em 2014 com 'Gravity' e 2015 com 'Birdman'. As categorias de Melhor Filme de Animação ('Inside Out'), Melhor Documentário ('Amy') e Melhor Filme Estrangeiro (o húngaro 'Son of Saul') também parecem muitíssimo bem encaminhadas. Tendo como indicadores outras entregas de prémios, é improvável que 'Anomalisa' e 'Mustang' roubem o protagonismo na animação e no filme estrangeiro. Lady Gaga deve vencer pela música de 'The Hunting Ground', e o compositor italiano Ennio Morricone deve conseguir aos 87 anos o seu primeiro óscar graças a 'The Hateful Eight'. Entre as várias distinções técnicas que deve recolher, 'Mad Max: Fury Road' parte na pole position como Melhor Design de Produção e Melhor Caracterização, enquanto que no Melhor Figurino há que ter em conta que a nomeada Sandy Powell está duplamente nomeada (por 'Cinderella' e 'Carol'), o que pode funcionar a seu favor, ou a favor de 'Mad Max'. Curiosamente, nos prémios da área 'Mad Max' ganhou mas quem lhe fez companhia foi 'The Danish Girl'.
    A Edição e Mistura de Som deve decidir-se entre os 2 filmes com mais nomeações da noite - podendo dar-se o caso de cada qual ganhar uma categoria - e a Edição ou Montagem pode ir parar às mãos da mulher de George Miller, Margaret Sixel, mas muita atenção ao dinamismo de 'The Big Short'. Já nos efeitos visuais a Academia deve enfrentar uma dúvida a três: premiar o despertar da força do sci-fi 'Star Wars', o mundo pós-apocalíptico de 'Mad Max' ou o momento poderoso de 'The Revenant' que envolve o urso.
    Se DiCaprio e Larson são dados adquiridos, temos algumas reticências em relação aos desempenhos secundários. Alicia Vikander parece estar numa situação mais confortável, mas pode ver o seu incrível ano de 2015 beliscado por Kate Winslet (é mesmo a pedir, aquela fotografia dela e DiCaprio com os óscares na mão...), enquanto que a segunda nomeação de Sylvester Stallone no papel de Rocky Balboa, 39 anos depois, pode funcionar pelo lado emocional; mas não pomos de parte uma surpresa chamada Tom Hardy, Mark Rylance ou mesmo Christian Bale.
    Para acertar as 24 categorias dos Óscares é preciso acertar nas 3 de curtas e esse é o verdadeiro 31 da coisa. Na Animação, o futurista 'World of Tomorrow' de Don Hertzfeldt parece-nos o favorito, uma curta complexa no conteúdo mas muito simples na técnica, na mensagem final e na utilização da voz da sobrinha do autor. 'Sanjay's Super Team', da Pixar, e o chileno 'Bear Story' têm também uma palavra a dizer, claramente. Nos documentários em curta-metragem, todos eles abordam temas pesados e com "cheiro" a óscar, e por isso mesmo não nos atrevemos a opinar entre o trio que destacámos. Por fim, a Melhor Curta-Metragem apresenta-se este ano em força - apostamos em 'Shok', com a amizade de dois miúdos em plena guerra do Kosovo no centro da acção, mas as freiras de 'Ave Maria' a cumprir voto de silêncio e 'Stutterer' têm similar força, e mesmo o alemão 'Everything Will Be Okay' sobre um pai e uma filha tem hipóteses.
    Os óscares de Melhor Filme e Melhor Realizador serão decisivos na eleição do "vencedor da noite". Pode ser uma dupla vitória de 'The Revenant', pode ser algo como Revenant+G.Miller, BigShort ou Spotlight+Iñárritu, ou então uma cartada inesperada. Estaremos cá depois para comentar.


Fiquem ligados!
Miguel Pontares e Tiago Moreira

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 54



Série: Penny Dreadful
Actriz: Eva Green


por Miguel Pontares

    Qualquer texto que envolva Eva Green devia começar com um suspiro. Por isso, juntos, suspiremos.
    Agora sim. 'Penny Dreadful', uma co-produção britânica e norte-americana criada por John Logan e com Sam Mendes como produtor executivo, é um bom exemplo de produto equilibrado: começa com um dos melhores genéricos da TV actual, envolve grandes actores (um misto entre a notoriedade de Timothy Dalton, Eva Green, Josh Hartnett e Helen McCrory com os menos badalados mas não menos talentosos Reeve Carney, Rory Kinnear e Harry Treadaway), conta com uma boa realização, e foi capaz de reunir os monstros e mitos do fantástico que caminham pelas ruas à noite, inspirando-se na obra de Oscar Wilde, Bram Stoker, Mary Shelley e - na próxima temporada (a terceira) - também de Robert Louis Stevenson.
    A ficção britânica e irlandesa do século XIX já deu origem a muitos filmes, mas é através do cruzamento das várias penny dreadfuls (conceito), apimentado pela adição de algumas personagens e de alguns twists, que 'Penny Dreadful' conseguiu criar algo novo, macabro e original com a era vitoriana como enquadramento.
    Dorian Gray, Victor Frankenstein e principalmente John Clare (figurou nas nossas menções honrosas) representam muito bem o que é 'Penny Dreadful', quer pelo desenvolvimento dado no papel às personagens, quer pelas excelentes interpretações dos actores. No entanto, achámos que era mais justo ser Vanessa Ives (Eva Green) a dizer presente neste Top-100. A bond girl, conotada como sex symbol durante vários anos por já ter aparecido nua em várias produções, tem em 'Penny Dreadful' uma personagem que grita quão incrível é como actriz.
    Quando se consegue ter Eva Green num projecto, tem-se um íman. Atrai olhares e atenções, por ser enigmática, desvairada, carismática e, sem medos, vou bloquear também a opção sexy. A actriz francesa é uma garantia de mistério, e talvez comece aí a explicação para Vanessa Ives lhe assentar tão bem na pele. É uma medium com poderes sobrenaturais (o que não é nada o meu género), mas que se torna interessante pela interpretação brutal de Green (alguém me explique como não foi nomeada todos os anos para tudo o que havia de prémios) e pela luta constante que Ives vive a combater os seus próprios demónios, ela que fala a língua do Diabo.
    Posto isto, e agora que já me fui limpar ali com um paninho porque estava a começar a dar sinais de me estar a transformar num exorcista/ catequista fanático, Vanessa Ives está aqui por tudo o que foi dito, pelo extraordinário 'Closer than Sisters' (episódio 5 da primeira season, que revela o terrível passado da personagem), pela sua descida à loucura, pelas perturbações sexuais, e pela capacidade única de perfumar cada cena com charme e elegância, seja qual for a personagem ao seu lado.   
                           
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

25 de fevereiro de 2016

Dicas Fantasy Premier League - Jornada 27

Duas semanas depois a Barclays Premier League está de volta na primeira jornada do Fantasy 2015-16 que não conta com a totalidade das equipas (10 jogos). A final da Capital One Cup (Liverpool-Manchester City, Domingo à tarde) impôs o adiamento dos dois jogos que envolviam reds (contra o rival Everton) e City (em casa do Newcastle). Estas circunstâncias extraordinárias e condicionantes voltarão a acontecer na jornada 30, para a qual no Fantasy estão, para já, calendarizados apenas 6 jogos. E tudo isto significa que na recta final deverão existir pelo menos duas jornadas que serão "duplas" para muitas equipas - o cenário perfeito para utilizar tanto o Triple Captain como o Bench Boost, para quem ainda os tem na manga.
    Para que não haja dúvidas, recordamos que jogadores de Liverpool, Everton, Manchester City e Newcastle não pontuam nesta jornada. Terão que gerir o vosso 15 (plantel) de forma a garantir que têm onze craques que entrem em campo nesta jornada 27, conscientes no entanto que jogadores como Agüero, Firmino, Lukaku, Barkley e Wijnaldum terão a médio-prazo rondas a duplicar.
    O jogo grande desta jornada é então o Manchester United-Arsenal, um embate em que a tradição favorece os red devils que desta vez não contarão com o capitão Rooney, sendo que na primeira volta o Arsenal teve uma exibição de gala no Emirates Stadium (3-0 com Sánchez, Özil e Walcott endiabrados). A vitória do Arsenal sobre o Leicester fez os gunners reentrarem na luta pelo título, e o facto de transitarem de um confronto europeu com o Barcelona para um duelo com o United pode ajudar a "soltar" alguns elementos da equipa de Wenger. Destaque noutros campos para o Southampton-Chelsea (duas das equipas com melhor rendimento nas últimas jornadas). O Southampton é, aliás, a equipa que mais pontos fez (16) nos últimos seis jogos, tendo Tottenham, Leicester e... Chelsea, no seu encalço. Aguardamos com expectativa a recepção do West Ham ao Sunderland, o embate entre Watford e Bournemouth e, claro está, mais um passo da caminhada da equipa de Ranieri no seu sonho - o Leicester recebe o Norwich e inicia uma sequência bastante apetecível.
    Olhando para a tabela é inegável que Leicester e Tottenham têm sido as duas melhores equipas do campeonato, e também por isso é curioso verificar as diferentes abordagens de Ranieri e Pochettino nesta fase - o italiano quer sacudir a pressão do grupo, e deu inclusive vários dias de férias aos seus jogadores neste período; já Pochettino, conhecido pela sua exigência (as pré-épocas do argentino focam-se muito mais na componente física do que a maioria dos técnicos) chega a fazer nesta altura treinos bi-diários. Veremos que método trará melhores resultados quando chegarmos a meados de Maio.
    Em termos de pontos, a jornada anterior ficou marcada sobretudo pelas vitórias gordas de Liverpool (6-0) e Chelsea (5-1). Coutinho (15 pontos, com origem nas suas 3 assistências), Pedro (igualmente 15 pts), Willian, Kolo Touré e Clyne foram os jogadores dessas duas partidas que mais pontuaram; Payet, Deeney, Afellay, Olsson e van Dijk estiveram também em bom plano, podendo estes 5 elementos transportar o bom momento de forma para esta jornada.
(Podem-se juntar à Liga Barba Por Fazer: Código - 114493-481221)

Nesta 27.ª jornada, as sugestões são:

Jamie Vardy - Leicester City - 7.6
    Agora, é com Vardy até ao fim. Depois de ultrapassar van Nistelrooy e fixar um novo recorde na Premier League, Vardy marcou apenas 1 golo numa sequência de oito jogos, acumulando pelo meio uma ou outra assistência. Mas o mote Jamie Vardy is having a party voltou a ser cantado nas últimas jornadas, com o inglês a marcar 4 golos em 3 jogos absolutamento decisivos - bisou contra o Liverpool (um dos golos é provavelmente o golo da época), não marcou ao City apenas porque Hart brilhou no 1 contra 1 contra o companheiro de selecção, e voltou a destacar-se em casa do Arsenal, ao converter uma grande penalidade que o próprio "sacou".
    Pois bem, seguem-se agora 3 jogos em casa (Norwich, West Brom e Newcastle) nos próximos 4 capítulos da caminhada do Leicester, uma sequência fundamental para que os foxes cheguem às derradeiras jornadas a depender de si para completar o sonho. A electricidade constante de Vardy promete fazer estragos, fresco depois de um descanso merecido, mas focado como sempre naquilo que aos poucos se começa a tornar um objectivo.
    Uma curiosidade - na sua sequência de 11 jogos a marcar, Norwich, West Brom e Newcastle foram três das vítimas. A todos, fora, Vardy marcou um golo. O Fantasy deve ser racional, mas é impossível não escolher jogadores do Leicester e "participar" no acreditar. Mahrez e Vardy são por agora obrigatórios, e é recomendável ter também um elemento defensivo (Fuchs, Huth ou Schmeichel).    


Xherdan Shaqiri - Stoke - 6.4
    Uma vez que Arnautovic ainda está em dúvida, optámos pelo suiço Shaqiri na antevisão desta jornada 27. Depois de três jogos consecutivos a perder por 3-0, o Stoke deu o murro na mesa no campo do Bournemouth e derrotou os cherries por 3-1, sem qualquer contestação possível. Imbula e Afellay foram os principais destaques, e Shaqiri fez apenas uma assistência.
    Desta vez, o Stoke recebe o lanterna vermelha Aston Villa, que para além de parecer cada vez mais condenado à descida, pode ter ficado K.O. ao ser atropelado pelo Liverpool diante dos seus próprios adeptos.
    No Villa Park, foi Arnautovic a dar a vitória com um golo solitário, mas tudo aponta para uma vitória mais folgada do Stoke City. Bojan, Diouf, Joselu, Walters.. são vários os jogadores que podem compor a frente de ataque da equipa de Mark Hughes, mas da nossa parte acreditamos que pode ser uma jornada particularmente produtiva para Shaqiri, e Arnautovic (caso seja dado como apto a 100%).    


Toby Alderweireld - Tottenham - 6.3
    A diferença de golos de +27 (melhor registo entre as 20 equipas) não engana. O Tottenham tem sido uma das equipas mais consistentes ao longo da época, e a provar isso está o facto de ser a melhor defesa (20 golos sofridos) e estar a apenas 1 golo dos 48 de Leicester e Manchester City.
    Não é fácil marcar golos à equipa de Pochettino porque poucas equipas pressionam como estes spurs, muitíssimo bem orientados, concentrados ao longo dos 90 minutos e sempre conscientes do que têm que fazer nos vários momentos do jogo. O mérito defensivo deve-se também à serenidade que Lloris oferece, mas também ao comportamento da linha de 4 à sua frente. Certo é que Trippier já tirou alguns jogos a Walker, e na esquerda Rose e Davies alternaram amíode. A ausência de Vertonghen (lesionado) não se tem feito notar graças às boas performances de Wimmer, o que nos traz ao único indiscutível no quarteto defensivo: Toby Alderweireld.
    O central belga é o defesa com mais pontos no Fantasy (116), acima de José Fonte, Scott Dann e Virgil van Dijk, um estatuto que merece pela consistência que tem apresentado. Marcou 2 golos, fez 3 assistências, e amealhou 12 pontos em Bónus.
    Contra o Swansea veremos se Ashley Williams se torna o polícia de Kane (deve jogar com máscara) ou de Alderweireld nas bolas paradas, mas os spurs são altamente favoritos, e Alderweireld promete liderar uma defesa com fortes hipóteses de alcançar a 10.ª clean sheet.   


Michail Antonio - West Ham - 5.3
    Sim, normalmente este espaço seria de Dimitri Payet, mas não o é por dois motivos: porque o francês, dada a qualidade técnica, virtuosismo e magia que oferece ao jogo estaria aqui jogo sim-jogo sim, e porque Payet foi um dos nossos 5 elementos destacados na antevisão da jornada 26 (na qual acabou por marcar, assistir e ter Bónus 3).
    Payet voltou a brilhar contra o Blackburn na FA Cup - dois golos, um de livre directo e outro a passar por meio mundo -, mas nesse jogo Moses e Emenike souberam estar quase ao nível do camisola 27 do West Ham. Com algumas dúvidas na frente, pode até dar-se o caso de Emenike ser titular, algo que só acontecerá com Victor Moses se Bilic optar - como deveria - pelo 4-2-3-1. Lanzini está recuperado, o quarteto Noble, Obiang, Kouyaté e Song compete por 2 ou 3 lugares (consoante a abordagem seja um 4-2-3-1 ou um 4-3-3), mas nesta fase, depois de Payet, Michail Antonio parece ser o indiscutível nº 2 na hierarquia.
    Contratado ao Nottingham Forest, o extremo inglês aproveitou da melhor forma as baixas que houve na equipa, e desde então já marcou 3 golos e fez 5 assistências. Outro factor que joga a favor de Antonio é a sua capacidade de recuar e ajudar a equipa no momento defensivo. Nesta jornada o West Ham-Sunderland promete ser animado, visto que o West Ham está a 1 ponto de um lugar de apuramento para a Liga Europa, enquanto que o Sunderland começa a dar sinais de vida (e tem Khazri num excelente momento, depois de uma adaptação instantânea). Parece-nos o jogo certo para Payet, mas também para Antonio.
        

Salomón Rondón - West Bromwich - 6.5
    Provavelmente, no final da época, vamos olhar para o rendimento do Crystal Palace e dividir a temporada em 3 momentos: uma primeira fase extraordinária, uma fase intermédia péssima, e uma recta final em crescendo. A equipa de Pardew começou bem acima das expectativas, a aproveitar o arranque em falso doutras equipas, mas daí para cá (e graças a várias lesões de jogadores importantes) desceu e desceu, estando inclusive já atrás do Chelsea.
    Posto isto, WBA e Palace chegam a esta jornada 27 em igualdade pontual (32 pts), e embora não nos pareçam equipas que correm o risco de descer, os 3 pontos desta ronda ajudariam a respirar melhor.
    O regresso de alguns elementos pode ser crucial para o Crystal Palace, mas por outro lado as equipas de Tony Pulis são letais neste tipo de jogos. Salomón Rondón (2 golos nos últimos 3 jogos) é bem capaz de marcar contra uma equipa que sofreu sempre nas últimas sete jornadas, mas atenção porque pode dar-se o caso de termos um 0-0 que se arraste.. até ao apito final.


Outras Opções:
- Guarda-Redes: Entre os postes este parece-nos ser o momento certo para voltar a confiar em Jack Butland (5.2). O guardião inglês sofreu golos nas últimas 4 partidas (Shawcross faz muita falta) e até já foi justamete ultrapassado por Cech como GR com mais pontos, mas uma recepção ao Aston Villa pode ditar o regresso das clean sheets, algo que dependerá também da defesa que o Stoke for capaz de apresentar.
    Hugo Lloris (5.2) e Kasper Schmeichel (4.6) têm também excelentes hipóteses de não sofrerem qualquer golo, numa jornada em que estaremos atentos aos desempenhos de Forster, Cech, Foster, Hennessey e Gomes.

- Defesas: Na defesa, já mencionámos Alderweireld, mas damos-lhe a companhia de dois laterais-esquerdos no conjunto de 3 melhores desta ronda - Christian Fuchs (4.8) e Aaron Cresswell (5.7). Ambos têm a seu favor integrarem boas defesas (quanto cresceu a defesa do Leicester..) e podem assistir no apoio ao ataque, sendo que Fuchs junta ainda o factor "bolas paradas".
    Outro defesa do Leicester, o gigante Robert Huth (4.6) deve também ser tido em conta, e caso o Southampton consiga segurar o Chelsea e alcançar a 6.ª clean sheet d.F. (depois de Forster) elementos como José Fonte e van Dijk serão certamente preponderantes.

- Médios: No meio-campo Dimitri Payet (8.3) e Riyad Mahrez (7.2) prometem acrescentar muita magia e rivalizam com nomes como Vardy e Kane como melhores opções para capitão, e no apoio a Kane, Christian Eriksen (8.6) e Alli vão tornar a vida do Swansea bastante complicada (atenção, porque Eriksen costuma dar-se muito bem com os swans).
    O Tottenham terá que estar atento ao bom momento de Sigurdsson (5 golos nos últimos 7 jogos), e temos muita curiosidade para ver o desempenho do Arsenal em Old Trafford - principalmente se não houver De Gea, pode muito bem dar-se um espectáculo de Özil e Sánchez, num jogo de cariz importantíssimo para o United, que com uma derrota pode ver o Top-4 ficar cada vez mais longe, e pode inclusive ser ultrapassado por West Ham e/ ou Southampton. Problemas para van Gaal? Certamente, mas muito provavelmente também para Mourinho.

- Avançados: Na frente, para além de Vardy, o mascarado Harry Kane (10.1) e o nigeriano Odion Ighalo (6.2) são indiscutivelmente quem partilha o favoritismo para marcar. No entanto, Deeney, Diego Costa e Rondón são também bem capazes de fazer a diferença.



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11 (3-4-3): Butland; Alderweireld, Fuchs, Cresswell; Eriksen, Shaqiri, Mahrez, Payet; Ighalo, Vardy, Kane

Atenção a (Clássico; Diferencial):
West Ham v Sunderland - Dimitri Payet; Michail Antonio
Leicester City v Norwich - Jamie Vardy; Robert Huth
Southampton v Chelsea - Virgil van Dijk; Eden Hazard
Stoke v Aston Villa - Jack Butland; Xherdan Shaqiri
Watford v Bournemouth - Odion Ighalo; Troy Deeney
West Brom v Crystal Palace - Yohan Cabaye; Salomón Rondón
Manchester United v Arsenal - Mesut Özil; Alexis Sánchez
Tottenham v Swansea - Harry Kane; Christian Eriksen

24 de fevereiro de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 55



Série: Suits
Actor: Rick Hoffman


por Miguel Pontares

    Para quem nunca viu 'Suits', a melhor série do USA até 'Mr. Robot' entrar em cena, e que já teve direito a uma personagem neste Top 100 (87), aqui vai a premissa: Mike Ross, um rapaz que nunca tirou um curso superior mas que tem uma brilhante memória fotográfica (que lhe permitira ganhar a vida a fazer exames da Ordem de Advogados em nome de outros estudantes) cruza-se furtuitamente com Harvey Specter numa entrevista, e é contratado pelo advogado carismático e egocêntrico, consciente este último que Mike não tem qualquer diploma (o "segredo" da série) e que a sua firma só contrata associados vindos de Harvard.
    Nesta série de advogacia, na outrora Pearson Hardman (actualmente Pearson Specter Litt), Louis Litt serviu no começo como comic relief. Pudera.. o homem teve um gato chamado Bruno, teve uma secretária chamada Norma que nunca chegámos a ver, relaxa em sessões em que se cobre de lama, regista todos os seus pensamentos num ditafone que tem sempre à mão, gosta de ver um bom ballet e por vezes parece um roedor-sósia do castor da Colgate.
    Quando 'Suits' começou, mal Louis entrava em cena já sabíamos que daí a pouco tempo o espectador teria motivos para rir. Mas, considerando que em 5 temporadas 'Suits' manteve sempre o foco no núcleo duro (Harvey, Mike, Louis, Donna, Jessica e Rachel), daí para cá houve tempo para descobrirmos o homem atrás de momentos cómicos e inoportunos, as camadas do "terror dos novos associados".
    Falar de Louis Litt é falar de timing. Aquilo que ele não tem nas relações, aquilo que tem e de que maneira para proporcionar momentos hilariantes. Mas, sobretudo, falar de Louis Litt é falar da necessidade de aceitação. Louis é um advogado brilhante, muitas vezes subvalorizado por Jessica. Alguém para quem a Lei está acima de tudo, e que só quer sentir-se parte da família, parte das dinâmicas Harvey-Mike, Jessica-Harvey, Harvey-Donna. Essa necessidade de pertença levou Louis a ser o antagonista em vários momentos das últimas temporadas, pela inveja que tem de Harvey, embora só queira dele respeito, um elogio, um you're the man, sentir que estão ao mesmo nível.
    A sua relação com Sheila Sazs (nome para criar facilmente a piada Sheila's ass) é uma tragicomédia, com a irmã Esther revela-se protector, e com Donna constrói com o passar das temporadas uma relação de grande proximidade e confiança.
    Quando tudo está bem, Louis costuma fazer asneira, tramar quem está finalmente pronto para lhe apertar a mão e dar um abraço. Quando descobre que Mike é uma fraude, usa isso para ser promovido a senior partner, e a intensidade dos vários passos da descoberta (primeiro na sala de arquivos de Harvard, depois pela nota "dada" a Mike pelo professor Gerard, e finalmente pelo olhar desligado de Mike para uma chave carregada de simbolismo) só ajudou a tornar Louis uma personagem com maior peso. 
    O destino de Louis é fazer-nos rir. É frustar-nos por tomar a decisão errada quando tudo se está a compor para ele. 
    Para acabar, tomem lá: isto.
                                  
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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.

22 de fevereiro de 2016

100 Melhores Personagens de Séries - Nº 56



Série: All in the Family
Actor: Carroll O'Connor


por Miguel Pontares

    Sejam bem-vindos à máquina do tempo Barba Por Fazer. 
    Era uma vez um período em que a SIC tinha um canal chamado SIC Gold. O canal era um fiasco, então deu lugar à SIC Sempre Gold. Só que esse canal também era um fiasco de audiências, e por isso surgiu em substituição a SIC Comédia. Até que alguém (infelizmente) sensato olhou para os números e matou o canal mais cómico da SIC. Fim. Até para a semana pessoal! Entre 2000 e 2006, especialmente nas versões "Sempre Gold" e "Comédia", foram diversas as sitcoms de culto que o canal teve - Cheers, Everybody Loves Raymond, Alf, Family Ties, 'Allo 'Allo! e Seinfeld, nomeadamente. Tudo bem, na versão "Sempre Gold" também tinha O Juíz Decide e o Médico de Família, uma dupla que não serve o propósito deste texto.
    No meio de personagens como Jerry Seinfeld, Ray Barone e Alf, havia um trabalhador obstinado, intolerante e capaz de ferver em pouca água chamado Archie Bunker.
    A série? All in the Family, ou numa tradução feita à base do copo estragado, Uma Família às Direitas. Personagem de uma série dos anos 70, Archie Bunker marcou a televisão, sempre com a sua Edith ao lado. Criado por Norman Lear, que pensou que toda a gente iria odiar Archie, graças ao trabalho único do já falecido actor Carroll O'Connor, Archie tornou-se um titular indiscutível nas cadernetas de cromos de Melhores Personagens de sempre.
    Descontruindo a personagem temos alguém racista, altamente preconceituoso, misógeno, conservador, o rosto de uns EUA educados com valores ultrapassados. É difícil imaginar algo como All in the Family a ser uma série aprovada em 2016, mas embora seja um exemplo de série de humor que não se pode dizer que envelheceu mal (há muitas outras que, com o passar dos anos, não nos fazem rir do mesmo modo), serviu também como base para e inspiração para muitas outras sitcoms de sucesso posteriores.
    Archie Bunker, o republicano, protestante e veterano da II Guerra Mundial, funcionou muitas vezes para fazer passar a mensagem de uma forma inversa, abordando assim temas tabus. É indiscutível a forma como o homem que tinha opinião sobre tudo marcou a cultura norte-americana - tal como Homer Simpson, que apareceu anos mais tarde - e para sempre fica, para além da sua rabugice, a relação com a sua mulher Edith (Jean Stapleton) e as suas quezílias com o genro Michael (o lendário Rob Reiner).

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Nota Editorial: A compilação/ organização e ordem das personagens deste Top é responsabilidade de Miguel Pontares e Tiago Moreira. Os textos tiveram a colaboração de Lorena Wildering, Nuno Cunha, Cê e SWP.
Foram tidos em consideração séries com pelo menos 1 temporada, concluída a 1 de Outubro de 2015. Mais informamos que poderão existir spoilers relativos às personagens e/ ou às séries que elas integram, passíveis de constar na defesa e caracterização de cada uma das 100 personagens.